Revista Portuguesa de Investigação Comportamental e Social 2019 Vol. 5 (1):
14-24
Portuguese Journal of
Behavioral and Social Research 2019 Vol. 5 (1): 14-24
Departamento de Investigação & Desenvolvimento • Instituto Superior
Miguel Torga
ARTIGO ORIGINAL
Preditores da qualidade de vida e de suporte
social percebido em pessoas com doença mental crónica: Estudo preliminar
Predictors of quality of life and perceived social support in people
with chronic mental disorders: Preliminary study
Catarina
Marques Ribeiro (1)[a]
Rita Vanessa
Alexandre Salvador (2)
Paula
Saraiva Carvalho (3)
(1) Centro Municipal de Cultura e Desenvolvimento de Idanha-a-Nova
(Projeto Afirma-te), Portugal
(2) Centro Social e Paroquial de Santa Marinha de Avanca (Projeto ESTA
Integra E6G – Programa Escolhas), Portugal
(3) Departamento de Psicologia e Educação, Universidade da Beira
Interior, Covilhã, Portugal
Recebido: 06/11/2018; Revisto: 21/12/2018; Aceite: 06/02/2019.
https://doi.org/10.31211/rpics.2019.5.1.100
Objetivos: As políticas de Saúde
Mental privilegiam as práticas que incentivem a desinstitucionalização; contudo
muitas pessoas com doença mental crónica permanecem institucionalizadas,
competindo às instituições de saúde contribuir para melhorar a sua Qualidade de
Vida e a perceção de Suporte Social. Este estudo pretende caracterizar uma
amostra de pessoas com doença mental crónica institucionalizadas e identificar
as variáveis preditoras da Qualidade de Vida e de Suporte Social Percebido. Métodos: Neste estudo de design transversal e descritivo-correlacional,
participaram 60 mulheres institucionalizadas, com diagnóstico de Esquizofrenia
ou Perturbação Bipolar. Utilizou-se um Questionário Sociodemográfico, o
Questionário Breve de Avaliação da Qualidade de Vida (Vaz Serra et al., 2006) e
a Escala de Satisfação com Suporte Social (Pais-Ribeiro, 1999). Resultados: As análises de regressão múltipla efetuadas demonstraram que a
Perceção de Felicidade é preditora da Qualidade de Vida e do Suporte Social
Percebido; a Perceção do Estado de Saúde é preditora da Qualidade de Vida e a
Satisfação com a Comunidade é preditora do Suporte Social Percebido. Conclusões: Ao nível das principais conclusões e como implicações para a prática
clínica, destaca-se a importância que um maior sentimento de pertença e de
satisfação com a comunidade têm na Qualidade de Vida e no Suporte Social
Percebido.
Palavras-Chave: Doença mental; Institucionalização;
Qualidade de vida; Suporte social percebido.
Aims: Today’s new trend is
towards the deinstitutionalization of people with mental illness; however, some
of them are not capable of living in the community. This incapacity implies
that health institutions must improve their Quality of Life and perception of
Social Support. This study aimed to characterize a sample of institutionalized
people with chronic mental disorders and identify predictor variables of Quality
of Life and Perceived Social Support. Method: Sixty
institutionalized women, with a diagnosis of Schizophrenia or Bipolar Disorder,
participated in this cross-sectional and descriptive-correlational study.
Information was assessed by a Sociodemographic Questionnaire, the World Health Organization Quality of Life –
Bref Questionnaire (Vaz Serra et al., 2006), and the Social Support
Satisfaction Scale (Pais-Ribeiro, 1999). Results:
Multiple linear regression analyses provided evidence that Happiness Perception
is a Quality of Life and a Perceived Social Support predictor; Health Condition
Perception revealed to be a Quality of Life predictor and Satisfaction with
Community is a Perceived Social Support predictor. Conclusions:
As main conclusions of this study and implications for practice, it is
highlighted the importance that a greater sense of belonging and satisfaction
with the community has on the Quality of Life and Perceived Social Support.
Keywords: Mental Disorders; Institutionalization; Quality of life; Perceived social support.
Alguns estudos epidemiológicos referem como principal causa de incapacidade
e morbilidade nas sociedades atuais as perturbações psiquiátricas e os
problemas de Saúde Mental. Das dez principais causas de incapacidade, cinco são
do foro psiquiátrico (Caldas de Almeida &
Xavier, 2013). As doenças mentais crónicas, como a Esquizofrenia e a
Perturbação Bipolar, são doenças que provocam uma grande severidade a nível
sintomático, gerando perdas funcionais em diversas áreas da vida da pessoa e
causando potenciais prejuízos em termos pessoais, familiares e
socioprofissionais, com impacto na sua Qualidade
de Vida (QV) (Figueiredo, Souza, Dell´Ágilo, &
Argimon, 2009).
A QV é um conceito multidimensional e subjetivo, que incorpora
tanto os aspetos existenciais (e.g., sucesso pessoal relativo ao alcançar de
determinados objetivos, estados ou condições desejáveis) como o sentido de
bem-estar e de satisfação experienciado nas diversas áreas da vida (Canavarro, 2010). Constitui um precioso meio de avaliação
do impacto das doenças na vida da pessoa com doença mental crónica, ao inserir
um componente subjetivo que abrange as perceções da pessoa sobre si próprio,
sobre os prejuízos que a doença lhe provoca e sobre o apoio social que julga receber
ou considera essencial ou útil obter, tudo isto dentro dos seus valores
pessoais, da cultura e do sistema de valores onde se insere. A QV abrange, em
si mesmo, domínios como o da saúde física, psicológica e social, nomeadamente
sobre os seus relacionamentos (Souza & Coutinho, 2006).
Muitos autores, principalmente no início das investigações acerca da QV,
definiam esta como sinónimo de saúde (Pedroso & Pilatti,
2010). Com o passar do tempo e os desenvolvimentos em diversas áreas, estes
dois conceitos não são mais vistos como sinónimos, mas sim como contribuidores
mútuos, ou seja, a saúde é um domínio da QV. No entanto, ter QV é também
necessário para se ter uma boa saúde (Pedroso & Pilatti,
2010). A perceção de QV é usualmente utilizada como medida de resultados em
saúde, permitindo o controlo sintomatológico, auxiliando na compreensão do
impacto das doenças, do apoio assistencial recebido e a avaliação da eficácia de
determinados programas terapêuticos e de reabilitação psicossocial (Souza & Coutinho, 2006; Teixeira,
2005).
Por sua vez, o Suporte
Social Percebido (SSP) diz respeito às funções desempenhadas por grupos ou
pessoas significativas para um indivíduo em determinadas situações da vida,
sendo por isso capaz de proteger e promover a saúde dos sujeitos. Estas pessoas
podem ser familiares, amigos, vizinhos e outros, designando-se no conjunto por rede de suporte social (Antunes & Fontaine, 2010).
De acordo com Ferreira e Guerra (2014)
verifica-se uma relação entre a felicidade e o SSP com a QV, sendo a felicidade
e o SSP variáveis que predizem a adaptação física e mental dos indivíduos. As
perceções do estado de saúde, a satisfação com a vida e o SSP correlacionam-se
entre si e com as emoções positivas, como a felicidade (Cloninger
& Zohar, 2011). Assim, a felicidade é um aspeto que favorece a forma
como o sujeito se vê a si próprio e aos outros, o que pode resultar numa
sensação de maior satisfação com as situações do dia-a-dia e com os
relacionamentos com os pares, contribuindo também para a melhoria das suas
capacidades de resolução de conflitos (Passareli &
Silva, 2007). Pessoas felizes são mais sociais e geralmente apresentam
relações afetivas mais duradouras, são mais extrovertidas e afáveis (Quartilho, 2010).
Em doentes institucionalizados, a literatura evidencia que a QV é,
geralmente, mais baixa comparativamente a pessoas com doença residentes na
comunidade. Além das necessidades adicionais relacionadas com a manutenção do
tratamento, muitas vezes estas pessoas com doença mental crónica são submetidas
a formas de preconceito e estigma social, o que, invariavelmente, se repercute
na sua QV e na sua perceção de Suporte
Social (SS; Souza & Coutinho, 2006). Na literatura
é referido que a participação em programas de reabilitação psicossocial tem um
efeito positivo na perceção de QV e de SSP dos indivíduos institucionalizados (Violante, 2012).
Neste sentido, apesar das políticas de Saúde Mental atuais
privilegiarem as práticas que incentivem a desinstitucionalização, a avaliação
da QV e do SSP em pessoas com doença mental crónica institucionalizadas
continua a ser determinante pois permite, entre outras, avaliar e intervir
naquilo que se pode melhorar/alterar nas instituições, de forma a contribuir
para a promoção da satisfação e sucesso nos vários domínios da sua vida. Além
disso, a avaliação do SSP promove o desenvolvimento de estratégias de reabilitação
que contribuem para o aumento da autonomia, da realização pessoal, da
felicidade e possibilitam a participação das pessoas com doença mental crónica
na comunidade onde estão inseridas, usufruindo de atividades facilitadoras da
sua integração social e da criação de redes sociais de suporte (Lara
& Monteiro, 2014).
Assim, este estudo tem como objetivo identificar as variáveis
preditoras da QV e do SSP em mulheres com diagnóstico de esquizofrenia ou
perturbação bipolar institucionalizadas em três instituições de saúde da região
centro e norte de Portugal Continental.
Amostra
A amostra deste estudo foi não probabilística
e por conveniência, sendo constituída por 60 mulheres com diagnóstico de
esquizofrenia (n = 48) ou perturbação
bipolar (n = 12) institucionalizadas
em estabelecimentos de saúde vocacionados para a prestação de cuidados em saúde
mental. A recolha de dados foi feita de forma direta, através de autorrelato
escrito, sendo o design do estudo do
tipo transversal e descritivo-correlacional.
Foram cumpridos os critérios de inclusão
e exclusão previamente definidos: a) as participantes teriam de estar
internadas nos estabelecimentos de saúde; b) teriam de estar diagnosticadas com
esquizofrenia ou com perturbação bipolar; c) teriam de saber ler e escrever; d)
ter idade superior a 18 anos e igual ou inferior a 65 anos; e) estar internadas
por um período igual ou superior a 3 meses. Como critério de exclusão
deliberou-se a não-presença de comorbilidades no diagnóstico.
Medidas
Aplicou-se um protocolo de investigação
constituído por:
1) Um Questionário Sociodemográfico construído para este estudo e que
incluiu questões sociodemográficas, clínicas e sociorrelacionais. Também para a
caracterização da amostra foram acrescentados dois itens no questionário
focados na avaliação da perceção de felicidade e na avaliação da perceção
acerca do estado de saúde. O primeiro item era respondido através de uma
questão dicotómica (“sim” ou “não”) e o segundo item era respondido numa escala
de tipo Likert de cinco posições, em
que 1 equivalia a “péssima” e 5 equivalia a “ótima”.
2) Questionário Breve de Avaliação da Qualidade de Vida
[WHOQOL-BREF; World Health Organization (1997); traduzido e
adaptado para a população portuguesa por Vaz Serra et al. (2006)].
O WHOQOL-BREF é uma medida multidimensional que avalia subjetivamente a
perceção com a QV sendo composta por 26 itens (Canavarro
et al., 2007). Na amostra do presente estudo apresentou um valor de alfa de
Cronbach de 0,88.
3) Escala de Satisfação com o Suporte Social
[ESSS; Pais-Ribeiro (1999)]. A ESSS é constituída
por 15 itens, de resposta tipo Likert
com cinco posições. Avalia o grau de satisfação com o SS relativamente à sua
família, amigos, intimidade e atividades sociais. Na amostra do presente estudo
apresentou um valor de alfa de Cronbach de 0,70.
Procedimento e
estratégia analítica
O estudo cumpriu todos os princípios éticos formais para a
colheita de dados. Durante a recolha de dados e no cumprimento dos princípios
éticos foi assegurada a participação informada, a garantia da confidencialidade
e da participação voluntária. O estudo foi aprovado pela Comissão de Ética da
instituição de saúde (Ata n.º 12/2014) onde foi realizada a recolha de dados,
que decorreu entre janeiro e maio de 2015.
Antes da aplicação de cada protocolo era explicado a cada
participante a natureza do estudo, bem como os seus objetivos, sendo
formalizada a sua participação por meio da assinatura do Consentimento
Informado. O protocolo assumiu a forma de autorrelato escrito e
heteroadministrado pelas investigadoras.
A análise estatística dos dados obtidos foi efetuada com recurso
ao Statistical Package for Social Science (SPSS) versão 21.0. Para a caracterização
da amostra em termos de variáveis sociodemográficas, clínicas e
sociorrelacionais recorremos a estatísticas resumo (frequências absolutas e
relativas, médias e desvios-padrões). Para dar resposta ao objetivo,
realizaram-se análises de Regressão Linear Múltipla simultânea, utilizando o
método Stepwise, tendo-se confirmado
os pressupostos para a sua utilização (normalidade, homocedasticidade e
multicolinearidade) de acordo com as indicações de Aguiar (2007)
e de Pestana e Gageiro (2008).
Caracterização da amostra
Relativamente à
caracterização da amostra nos domínios considerados, trata-se de uma amostra de
mulheres com média de idade de 50 anos (DP
= 9,14 anos), variando entre os 31 e os 65 anos. Em termos de estado civil, 65%
das participantes eram solteiras e 21,7% eram divorciadas, sendo que a maioria
não tinha filhos (63,3%). No estatuto socioeconómico verificou-se que 40% das
mulheres o consideravam baixo. No que concerne ao nível de escolaridade,
observou-se uma grande heterogeneidade, onde 23,3% referiu ter o 1.º ciclo,
21,7% o 3.º ciclo e 20% o ensino secundário.
Em relação às
variáveis clínicas, quanto ao tempo de diagnóstico, verificou-se uma média de
22 anos (DP = 11,56 anos), sendo que
este variou entre o 1 ano e os 47 anos.
No que respeita ao
tempo de institucionalização, a média situou-se nos 8 anos e meio (100,82
meses), com o mínimo de 4 meses de internamento e no máximo 324 meses
(correspondendo a 27 anos).
Quanto às variáveis
sociorrelacionais, avaliou-se a frequência de visitas sendo que 35% das
participantes afirmou receber visitas mensalmente, 28,3% semanalmente e 23,3%
apenas anualmente. Mais de metade das participantes (86,7%) referiu que as
visitas eram de familiares. A maioria das participantes saía frequentemente da
instituição (66,7%), participava em atividades de convívio (88,3%) e em
atividades religiosas (83,3%) e mencionava estar satisfeita com a comunidade
onde estava inserida (88,3%). Por fim, considerou-se relevante perceber qual a
perceção sobre a sua felicidade e sobre a sua saúde em geral. Em relação à
primeira, a amostra esteve quase igualmente distribuída, ou seja, 51,7% das
respondentes afirmou não se sentir feliz e os restantes (48,3%) disseram
sentir-se felizes. Relativamente à perceção do estado de saúde geral, a
pergunta subdividiu-se em cinco categorias, sendo que a maioria (51,7%)
considerou ter uma saúde razoável, 20% afirmou ser má e 15% disse ter uma saúde
boa.
Preditores da qualidade de vida e do suporte
social percebido
Em relação à
análise dos preditores de QV nesta amostra, como podemos observar na Tabela 1, os resultados demonstraram que a perceção de felicidade
[b = 0,38, t(57) = 3,17; p < 0,001] e a perceção do estado de saúde geral [b = 0,27, t(57) = 2,25; p = 0,02] foram os dois preditores
significativos da QV neste estudo [F(2, 57) = 11,89; p <
0,00].
Todas as outras
variáveis inseridas simultaneamente (Idade, Estado Civil, Estatuto
Socioeconómico, Escolaridade, Tempo de Diagnóstico, Tempo de
Institucionalização, Frequência de Visitas, Participação em Atividades de
Convívio, Satisfação com a Comunidade, Realização da Higiene Pessoal Sozinha e
Passar muito Tempo Sozinha) não contribuíram de forma significativa para o
modelo.
A perceção de
felicidade e a perceção do estado de saúde geral explicaram, em conjunto, 29,4%
da variabilidade da QV. A perceção de felicidade registou um valor de beta superior ao da variável perceção do
estado de saúde geral (Tabela 1).
|
Preditores
de Qualidade de Vida em Pessoas com Doença Mental Crónica Institucionalizadas:
Regressão Linear Múltipla |
|
|||||||
|
Variáveis |
|
Qualidade
de vida |
|
|||||
|
B |
EP |
b |
t |
p |
R2 |
F(gl); p |
|
|
|
(Constante) |
37,53 |
4,89 |
|
7,67 |
<
0,001 |
0,29 |
|
|
|
Perceção de Felicidade |
14,46 |
4,55 |
0,38 |
3,17 |
<
0,001 |
11,89(2); < 0,001 |
|
|
|
Perceção do Estado de
Saúde Geral |
5,47 |
2,42 |
0,27 |
2,25 |
0,02 |
11,89(57);
< 0,001 |
|
|
|
Nota. N = 60; B =
Coeficiente não-padronizado de regressão; EP
= Erro Padrão; b = Coeficiente beta padronizado de
regressão; t = teste t; p = valor da significância estatística;
R2 = Coeficiente de determinação. |
|
Em relação à
identificação de fatores preditores do SSP, como podemos observar na Tabela 2, a análise permitiu identificar a satisfação com a
comunidade [b = 0,39, t(57) = 3,50; p < 0,001] e a perceção de
felicidade [b = 0,29, t(57) = 2,55; p = 0,01] como preditores
significativos da satisfação com o SSP [F(2, 57) = 10,92; p < 0,001].
A comparação entre os coeficientes beta
permitiu verificar que a satisfação com a comunidade teve mais influência do
que a perceção de felicidade na satisfação com o SSP (Tabela
2).
Todas as outras variáveis,
inseridas em simultâneo no modelo de regressão (Idade, Estado Civil, Estatuto
Socioeconómico, Escolaridade, Número de Filhos, Tempo de Institucionalização,
Frequência de Visitas, Saídas da Instituição, Participação em Atividades de
Convívio, Participação em Atividades Religiosas, Perceção do Estado de Saúde
Geral e Passar muito Tempo Sozinha), não contribuíram de forma significativa
para o modelo. Neste modelo, 25,2% da satisfação com o SSP foi explicada com as
variáveis de satisfação com a comunidade e de perceção de felicidade.
|
Tabela 2 Preditores
de Suporte Social Percebido em Pessoas com Doença Mental Crónica
Institucionalizadas: Regressão Linear Múltipla |
|
|||||||
|
Variáveis |
|
Suporte
Social Percebido |
|
|||||
|
B |
EP |
b |
t |
p |
R2 |
F(gl); p |
|
|
|
(Constante) |
38,14 |
2,87 |
|
2,87 |
<
0,001 |
0,25 |
|
|
|
Satisfação
com a Comunidade |
10,63 |
3,03 |
0,39 |
3,03 |
<
0,001 |
10,92(2); < 0,001 |
|
|
|
Perceção
de Felicidade |
4,98 |
1,94 |
0,29 |
1,94 |
0,01 |
10,91(57);
< 0,001 |
|
|
|
Nota. N = 60; B =
Coeficiente não-padronizado de regressão; EP
= Erro Padrão; b = Coeficiente beta padronizado de
regressão; t = teste t; p = valor da significância estatística;
R2 = Coeficiente de determinação. |
|
Muitos dos resultados que passamos a apresentar devem ser lidos no
âmbito do enquadramento institucional do local onde a amostra foi recolhida.
Estes estabelecimentos de saúde norteiam a sua intervenção e prática
assistencial de acordo com alguns princípios e valores, bem como pela prática
de estratégias de reabilitação que, de alguma forma, podem ter influenciado os
resultados obtidos.
Relativamente à perceção da felicidade, que foi identificada como
variável preditora da QV e do SSP neste estudo, podemos concluir que nesta
amostra as participantes ficaram quase que equitativamente distribuídas entre o
sentirem-se felizes (48,3%) ou infelizes (51,7%). Entre os principais motivos
referidos para esta infelicidade surgiram motivos de cariz pessoal e relacional,
relacionados com a doença e com o facto de esta as ter privado de viverem nas
suas casas, junto dos familiares e amigos, a consciência da gravidade da sua
doença e do motivo do internamento.
Por outro lado, as pessoas com doença mental que referiram sentirem-se
felizes, atribuíam este sentimento às condições do local onde estavam
institucionalizadas, nomeadamente o sentimento de segurança proporcionado, o
sentimento de utilidade e de competência que lhes era conferido nas tarefas que
executavam nas instituições, mas também ao sentimento de acolhimento e de
pertença à comunidade.
Apesar de, como já vimos, felicidade não ser sinónimo de QV nem de
saúde, é um constructo importante para a QV, mas também para a saúde em geral,
influenciando e sendo influenciada por estas (Quartilho, 2010). As pesquisas em Psicologia que evidenciem
a possibilidade do aumento da felicidade e o modo como fazê-lo são ainda muito
escassas, no entanto, já existem estudos que testam algumas hipóteses (e.g., Park & Peterson, 2009), como o incremento das possibilidades de
escolha e de controlo de vários aspetos na vida destas pessoas, algo que é tido
como relevante também na nossa amostra (visível através de algumas respostas
dadas). Ou seja, quando as pessoas com doença mental crónica conseguem atingir
um maior nível de autonomia, tendem a aumentar a sua satisfação com a vida e
consequentemente a sua perceção de felicidade.
Vários estudos verificaram uma ligação entre perceção de apoio e a
felicidade (e.g., Chan & Lee,
2006), reforçando a
importância dos fatores psicossociais na adaptação à doença mental crónica.
Marques (2011) menciona que o grau de satisfação com o
SSP desempenha um papel de relevo na perceção do bem-estar subjetivo,
contribuindo para a redução de estados emocionais negativos.
Um outro preditor de QV encontrado foi a perceção do estado de saúde
geral. Isto pode estar relacionado com a importância que a saúde tem para a
perceção de uma boa QV. A QV depende das reações subjetivas do sujeito às suas
vivências, à sua doença, dependendo sempre da sua experiência direta e da sua
perceção das mesmas, bem como da felicidade e satisfação por si avaliados (Pereira, Teixeira, & Santos, 2012). Neste estudo identificou-se que a maioria
destas mulheres com doença mental crónica apresenta escassez de recursos
económicos e percebeu-se que foi a admissão nestas instituições que lhes
permitiu usufruir de acesso a cuidados de saúde, estabelecimento de contactos
sociais, aquisição de competências e participação em atividades de lazer, o que
contribui para a sua perceção do estado de saúde e de felicidade e, como
consequência, para a perceção de uma boa QV.
As perceções do estado de saúde e a satisfação com a vida têm também
uma relação estreita entre si, uma vez que a perceção de felicidade afeta e é
afetada pela perceção do estado de saúde geral. De acordo com Taylor, Kemeny,
Reed, Bower e Gruenewald (2000), pessoas mais
otimistas (característica das pessoas felizes) têm crenças mais positivas
acerca do futuro, funcionando como fator protetor contra o agravamento de
determinadas doenças. Isto é explicado de acordo com mecanismos cognitivos, uma
vez que, pacientes mais otimistas têm maior probabilidade de aderir a hábitos que
promovam mais saúde, além de se apresentarem mais motivados e mais interessados
no seu tratamento, o que, invariavelmente, contribui para uma melhor perceção
do estado de saúde geral (Taylor et al., 2000).
Por fim, outro preditor do SSP que foi identificado foi a satisfação
com a comunidade. De acordo com Elvas e Moniz (2010), “quanto
maior o suporte social recebido, maior é a qualidade das relações sociais, a
auto-estima, a satisfação de vida e, consequentemente, maior é o sentimento de
comunidade” (p. 453).” Além disso parece haver uma relação entre bem-estar
pessoal e o sentimento de comunidade, sendo o SSP mediador desta relação (Elvas & Moniz, 2010). Assim, o facto de as participantes desta
amostra referirem que estão satisfeitas com a comunidade onde estão inseridas,
pode indicar que estas não se sentem estigmatizadas nem socialmente excluídas
devido à sua doença mental. A partilha de interesses e atividades que estas instituições
proporcionam com a comunidade envolvente (e.g., projetos recreativos; saídas ao
exterior; participação da comunidade nos serviços religiosos e festivos)
parecem contribuir para que as pessoas com doença mental crónica se sintam
integradas.
Fica evidente neste estudo a necessidade de avaliar a QV e o SSP em
pessoas com doença mental crónica institucionalizadas. Os resultados obtidos
vêm reforçar a importância da construção e aplicação de programas de
reabilitação que englobem a perspetiva das pessoas com doença mental crónica
que estão institucionalizadas, enfatizando novamente a importância de
identificar fatores preditores para ajudar a determinar a eficácia comparativa
de diferentes tratamentos e estratégias de reabilitação, avaliando assim o impacto
dos mesmos na QV dos sujeitos. As estratégias de reabilitação psicossocial e de
intervenção terapêutica implementadas nas instituições hospitalares onde
decorreu este estudo parecem estar a funcionar como um estímulo positivo e a
contribuir para a satisfação desta população, nomeadamente, para a perceção do
seu estado de saúde geral e para a sua perceção de felicidade.
Existe uma relação entre a QV dos indivíduos e a comunidade onde se
inserem e, por isso, pertencer a um grupo ou a uma comunidade aumenta as
convicções das pessoas com doenças e a confiança pessoal nas suas capacidades,
contribuindo assim para um possível aumento na sua QV (Ornelas, 2008).
Além disso, tanto a satisfação com a comunidade como a perceção de
felicidade revelaram-se preditoras da satisfação com o SSP, devendo estes
resultados ser tidos em consideração aquando o desenvolvimento de programas de
intervenção e reabilitação. Desta forma, pessoas com algum tipo de doença, mas
neste caso específico falamos das doenças mentais, poderão sentir-se integradas
numa determinada rede social, bem como na comunidade, contribuindo,
consequentemente, para diminuir os estados emocionais negativos e aumentar a
eficácia das intervenções terapêuticas.
Apesar dos contributos para a Investigação e para a Prática
Assistencial, este estudo apresenta também algumas limitações, nomeadamente, o
facto de ser um estudo transversal, de não englobar participantes do género
masculino e de não terem sido controladas algumas variáveis que podem também
influenciar a perceção da QV e de SSP (e.g., perceção de estigma). De forma a
poder generalizar os resultados da regressão seria necessário, também, aumentar
a dimensão da amostra (Tabachnick & Fidell, 2013).
Principais implicações
A nível das implicações teóricas futuras salientamos a necessidade de desenvolver
instrumentos específicos para este tipo de população e a realização de mais
estudos em Portugal no que diz respeito à investigação da QV e da satisfação
com o SSP em pessoas com doença mental crónica. Relativamente às implicações
para a prática clínica, destaca-se a importância que um maior sentimento de
pertença e de satisfação com a comunidade têm em níveis mais elevados de QV e
de SSP. Assim, é importante que as políticas de saúde continuem a incidir na
promoção e estabelecimento de políticas de integração em contextos comunitários
para consolidar a desinstitucionalização e possibilitar a reintegração plena
destas pessoas.
Apesar do enfoque das políticas atuais de saúde mental se centrar na
desinstitucionalização, existem pessoas com doenças mentais que não conseguem
ser reinseridas na comunidade. Compete por isso às instituições de saúde
garantir as melhores práticas assistenciais contribuindo para melhorar a QV
destas pessoas, bem como a prestação de SS, assegurando que estas possuem uma rede
social que lhes permita sentirem-se integradas e não estigmatizadas.
A identificação de fatores preditores pode ajudar a determinar a
eficácia comparativa de diferentes tratamentos e estratégias de reabilitação,
avaliando o impacto dos mesmos na QV dos sujeitos. Do mesmo modo, a
identificação de alguns preditores do SSP deverá ser tida em consideração na
conceção e desenvolvimento de programas de intervenção e reabilitação. Desta
forma, pretende-se que os profissionais de saúde mental desenvolvam práticas
assistenciais mais ajustadas às necessidades e características das pessoas com
doença mental crónica, tendo em conta a sua perceção de QV, contribuindo
consequentemente para aumentar a eficácia das intervenções terapêuticas e a
perceção de SS.
Conflito de interesses | Conflict of interest: nenhum | none.
Fontes de financiamento | Funding sources: nenhuma | none.
Contributos | Contributions: CMR e RVAS: Recolha de
Dados; Revisão de literatura; Análise estatística; Redação e revisão do
manuscrito. PSC: Coordenadora do estudo; Redação e revisão integral do
artigo.
Aguiar, P. (2007). Guia prático de
estatística em investigação epidemiológica: SPSS [Practical guide to
statistics in epidemiological research: SPSS]. Lisboa: Climepsi Editores.
Antunes, C., & Fontaine, A. M. (2010,
fevereiro). Adaptação de uma Escala de Avaliação do Suporte Social - NOS
(Network Orientation Scale) [Adaptation of a Social Support Assessment
Scale - NOS (Network Orientation Scale)]. Paper presented at the VII Simpósio
Nacional de Investigação em Psicologia (pp. 15–29). Braga, Portugal. Retrieved
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