Revista Portuguesa de Investigação Comportamental e Social 2019 Vol. 5 (1): 40-60
Portuguese Journal of
Behavioral and Social Research 2019 Vol. 5 (1): 40-60
Departamento de Investigação & Desenvolvimento • Instituto
Superior Miguel Torga
ARTIGO ORIGINAL
Estilo de vida dos adolescentes e jovens
adultos e comportamentos desviantes e delinquentes: Das vivências familiares,
escolares e individuais
Adolescents' and young adults' lifestyle and deviant and delinquent
behaviors: From family, school, and individual experiences
Sónia
Caridade (1)[a]
Ana Cristina
Martins (2)
Laura
Nunes (1)
(1) Faculdade de Ciências Humanas e Sociais, Centro de Investigação em
Ciências Sociais e do Comportamento; Observatório Permanente Violência e Crime.
Universidade Fernando Pessoa, Porto, Portugal.
(1) Faculdade de Ciências Humanas e Sociais, Universidade Fernando
Pessoa, Porto, Portugal.
Recebido: 11/08/2018; Revisto: 12/12/2018; Aceite: 21/12/2018.
https://doi.org/10.31211/rpics.2019.5.1.106
Objetivo: O conhecimento do estilo de vida dos jovens revela-se
fundamental para a identificação e intervenção nos comportamentos de risco e na
promoção de oportunidades de desenvolvimento dos jovens. Neste sentido, o
presente trabalho tem por objetivo a caraterização do estilo de vida dos jovens
e dos seus eventuais comportamentos desviantes e delinquentes. Método: A amostra foi constituída por
80 jovens (M = 19 anos; DP = 2,60), sendo 56% rapazes. Para
efeito da recolha de dados recorreu-se a um inquérito por questionário
construído para o efeito do presente estudo. Resultados: Os inquiridos relataram inexistência de supervisão
parental, falta de imposição de regras, existência de conflitos com os pares,
professores e funcionários, bem como ausência de hábitos de estudo e de
atividades extracurriculares; admitiram, ainda, passar mais tempo entre pares
do que com os familiares. Admitiram, ainda, ter já adotado diferentes condutas
desviantes e delinquentes ou mesmo criminais (e.g., agressões para com colegas,
professores e funcionários, causar dano intencional em objetos de outros, estar
envolvidos em grupos de pares desviantes, invadir propriedades privadas, e
participar em furtos, e em tráfico de droga). Estes comportamentos foram mais
assumidos por rapazes. Conclusões:
Importa, deste modo, que os esforços de prevenção da delinquência considerem o
grupo de jovens que precocemente manifestam comportamentos desviantes, dado o
seu maior risco para o desenvolvimento de futuras formas de inadaptação social,
incidindo igualmente sobre o meio escolar e familiar.
Palavras-Chave: Estilo de vida; Comportamentos
delinquentes; Comportamentos desviantes; Adolescentes; Jovens adultos; Estudo
de levantamento descritivo.
Objective: Knowledge about young people lifestyle is fundamental for identifying
and intervening in risk behaviors. It is also important for promoting
opportunities for young people's development. So, the present article aims to
characterize adolescents and young adults' lifestyle and their possible
delinquent behaviors. Method: The sample included 80 adolescents and
young adults (M = 19.00, SD = 2.60 years old), 56% of them males.
For the purpose of collecting data, we created a questionnaire for this study.
Results: The participants reported lack of parental supervision, no rules
enforcement; the occurrence of conflicts with peers, teachers and school staff,
as well as absence of study habits and extracurricular activities; they also
admitted to spending more time with peers than with family. They also admitted
that they had already adopted different deviant and delinquent or even criminal
conduct (e.g., assaults against colleagues, teachers and school staff, causing
intentional damage to another person's objects, being involved with deviant
peer groups, and having practices like the invasion of private property,
thefts, and drug trafficking). The male sex assumed more of these behaviors.
Conclusions: Therefore, in order to prevent crime, it is important to develop
efforts to consider the group of adolescents and young adults who are already
demonstrating antisocial behavior, given their greater risk for the development
of future forms of social maladjustment, also affecting the school and family
environment.
Keywords: Lifestyle; Delinquent behavior; Deviant behavior; Adolescents; Young
adults; Descriptive survey study.
A prática de condutas delinquentes por adolescentes e jovens tem
sido alvo de inúmeras designações e conceptualizações consoante a perspetiva em
análise (sociológica, legal/criminológica, psicopatológica/clínica) (Born, 2005; Negreiros,
2008). Neste trabalho adotaremos a conceptualização proposta pela abordagem
sociológica dada a maior amplitude que confere ao conceito de delinquência, ao
considerar que este pode abranger atos criminais e não criminais. A
delinquência surge, assim, definida como integrando “comportamentos que se
afastam significativamente de normas padrões de conduta e expectativas sociais
estabelecidas numa determinada cultura” (Negreiros,
2016, p. 158). Não obstante esta ausência de consenso quanto ao conceito,
tem sido amplamente defendido que a emergência deste tipo de práticas
transgressivas em idades muito precoces encontra-se associada a um maior risco
para o desenvolvimento de comportamentos delinquentes e criminais na
adolescência e na vida adulta, respetivamente, em termos de severidade,
frequência e duração (Negreiros, 2008).
A delinquência juvenil tem sido objeto de estudo desde há várias
décadas, sendo extensa e sólida a investigação internacional nesta área (Braga & Gonçalves, 2013). O estado da arte portuguesa
sobre o fenómeno da delinquência não assume as mesmas proporções, mas já é
notório o investimento científico, existindo um número considerável de estudos
que procuram explorar diferentes aspetos do comportamento delinquente: i) caracterizar
a extensão dos comportamentos delinquentes e identificar as características
daqueles que os praticam (e.g., Braga & Gonçalves,
2013; Carvalho, 2010; Gersão
& Lisboa, 1994; Mendes & Carvalho, 2010); ii) analisar a relação entre certas dimensões do
funcionamento (e.g., autoestima, narcisismo, traços psicopáticos, habilidades
sociais) dos jovens com os comportamentos antissociais (e.g., Braga, Pechorro, Jesus, & Gonçalves, 2018; Pechorro, Marôco, Vieira, Oliveira,
& Gonçalves, 2015; Sintra & Formiga, 2012); iii) analisar como as variáveis da família e do grupo de
pares se associam a diferentes percursos de reincidência (e.g., Cunha,
Soares, Veríssimo, & Matos, 2015) ou a influência do funcionamento
familiar no autocontrolo (e.g., Gomes & Gouveia-Pereira,
2014); iv) ou, ainda, os estudos que procuram dar
voz aos/às jovens com percursos delinquentes na justiça de forma a melhor
compreender as suas condutas delitivas (e.g., Conde & Teixeira, 2018; Duarte,
2013; Duarte & Carvalho, 2012; Matos, 2008).
Concomitantemente, e fruto desta vasta investigação, diversas
abordagens teóricas emergiram, tais como as biológicas, psicológicas e sociais,
no sentido de identificarem os principais fatores determinantes da delinquência
(Nunes & Trindade, 2015). De entre as diferentes
abordagens existentes, destacamos os contributos da teoria do estilo de vida
criminal de Walters (1990),
a qual preconiza que os comportamentos e pensamentos associados a um padrão de
vida criminal duradouro sofrem influência de três fatores: Condições, Escolhas e Cognições. A forma como as condições impulsionam o sujeito à adoção
de condutas delinquentes resultam do tipo de experiências de vida nos primeiros
anos, nomeadamente a forma como cada sujeito responde aos diferentes desafios
que lhe são apresentados em termos de vinculação social, estimulação, busca de
sensações e autoconceito (Walters,
1990). Estas condições, por sua vez, afetam as escolhas do sujeito, interagindo e influenciando-se mutuamente,
contribuindo para a emergência do comportamento delitivo.
As cognições, resultantes da união
entre os outros dois fatores, são fundamentais na formação e manutenção do
pensamento criminal e suportam o comportamento subsequente, alterando também o
processo de tomada de decisão e a perceção sobre as variadas condições de vida
(Walters, 1990).
O conhecimento do estilo de vida dos jovens e das suas rotinas
diárias tem sido reconhecido como sendo fulcral na identificação e subsequente
intervenção nos comportamentos de risco e no incremento de oportunidades de desenvolvimento
dos jovens (Barbosa-Ducharne,
Cruz, Marinho, & Grande, 2012), fundamentando-se, deste modo, um maior
investimento científico neste domínio. No presente trabalho, o conceito de estilo de vida é percebido como sendo
multidimensional, englobando a interação de diferentes aspetos do funcionamento
do jovem, incluindo as dinâmicas do seu funcionamento familiar, escolar, a
forma como ocupa os seus tempos livres e o seu funcionamento individual (Barbosa-Ducharne et al., 2012).
Numa outra perspetiva, também multidimensional, o estilo de vida surge
percebido como sendo o resultado da combinação do tipo de lugares onde os
jovens ocupam os seus tempos livres (e.g., locais públicos e semipúblicos,
isentos de qualquer tipo de controlo social) das suas características, das
pessoas com quem interagem nesses tempos livres (influência de pares) e do tipo
de atividades desenvolvidas nesses momentos (tais como consumir álcool ou
drogas ilegais) (Svensson & Pauwels,
2010). Enquanto problema socialmente construído e parte integrante
do processo de socialização dos jovens, a delinquência deverá ser compreendida
em relação ao contexto em que é vivida, considerando-se as experiências com os
diversos agentes de socialização (e.g., a família, a escola, o grupo de pares e
instituições de controlo formal (Carvalho, 2005).
A identificação dos fatores de risco constitui um aspeto
fundamental na prevenção do comportamento delinquente. Apesar de alguns desses
fatores serem comuns em muitos jovens com comportamentos delinquentes, a sua
combinação poderá oscilar de indivíduo para indivíduo. A literatura tem vindo a
identificar diferentes tipos de fatores de risco associados ao comportamento
delinquente (Braga, Gonçalves, Basto-Pereira, & Maia,
2017; Farrington, Gaffney, & Ttofi, 2016; Forsyth et al., 2018), desde os
fatores individuais/biológicos (e.g., complicações no parto, hiperatividade,
temperamento), fatores familiares (e.g., comportamento antissocial dos pais,
abuso de substâncias e precaridade e inconsistência da práticas parentais, maus
tratos infantis), fatores relacionados com a escola e de forma mais concreta a
associação a grupo de pares desviantes ou ainda fatores relacionados com a
comunidade. Um estilo de vida de risco, que é assinalado pela presença de
múltiplos de fatores de risco, incrementa a possibilidade de adoção de
comportamentos antissociais e delinquentes (Svensson & Pauwels, 2010).
A forma como os jovens escolhem/definem os seus hábitos de vida é,
em grande medida, determinada pela influência exercida no contexto familiar e
mais concretamente pelo apoio concedido pelos pais no decurso do seu
desenvolvimento (e.g., Newman, Harrison, Dashiff,
& Davis, 2008; Walters,
2017), e sobretudo pelo tipo de práticas parentais adotadas. A este
respeito cita-se a teoria geral do crime de Gottfredson
e Hirschi (1990) que
atribui a ausência de autocontrolo dos jovens às práticas parentais ineficazes
e desadequadas, considerando o autocontrolo como sendo a principal causa do
comportamento delinquente. Segundo esta abordagem teórica cabe aos pais criar e
garantir as condições suscetíveis de promover as capacidades de autocontrolo
das crianças e jovens, nomeadamente: i) estabelecer o vínculo dos pais à
criança, suscetível de incrementar o seu desenvolvimento saudável; ii) assegurar a devida supervisão parental de forma a
suprimir práticas desviantes; iii) monitorizar e
identificar possíveis condutas desviantes; e, ainda, iv)
corrigir o comportamento desviante, recorrendo-se a práticas educacionais
equilibradas e proporcionais à conduta. Outros autores (e.g., Meldrum, Young, Hay, & Flexon, 2012; Pauwels & Svensson,
2009) têm reafirmado o importante papel que as práticas parentais eficazes
e adequadas (i.e., pautadas por vinculação e supervisão parental) desempenham
na promoção do autocontrolo dos jovens, dirimindo a possibilidade de adoção de
comportamentos de risco e outras práticas transgressivas. De igual modo, o
ajustamento do jovem em meio escolar e em termos psicossociais tem também sido
associado ao modelo educacional que os pais adotam, e em que as manifestações
de afeto, o tipo de comunicação familiar e as práticas disciplinares ajustadas
constituem aspetos fulcrais no processo de formação e aprendizagem dos jovens (Newman et al., 2008). A exposição dos jovens a outras
dinâmicas familiares, sobretudo a práticas abusivas e violentas (e.g., maus tratos
infantis; exposição à violência doméstica; e.g., Braga et
al., 2017; Sani, Nunes, & Caridade,
2016) poderá também desempenhar um papel constrangedor no seu
desenvolvimento, promovendo igualmente condutas não normativas. Considerando
esta influência das vivências familiares ao nível da capacidade de autocontrolo
e o comportamento delinquente dos jovens, Gomes e Gouveia-Pereira (2014) conduziram um estudo junto de 181 adolescentes, com
idades compreendidas entre os 12 e os 19 anos de idade, inseridos em escolas da
área da Grande Lisboa. Neste estudo, o funcionamento familiar revelou estar
positivamente relacionado com o autocontrolo dos adolescentes, constituindo
este um importante mediador da relação estabelecida entre o funcionamento
familiar e a delinquência juvenil; além disso, os autores verificaram que
quanto mais equilibrado for o sistema familiar (traduzido em níveis balanceados
de coesão e flexibilidade familiar) maior a capacidade de autocontrolo dos
adolescentes e a probabilidade de estes apresentarem um desenvolvimento
individual saudável (Gomes & Gouveia-Pereira, 2014).
Por sua vez, a escola constitui um contexto privilegiado para a
promoção e consolidação de múltiplas aprendizagens, propiciando também
múltiplas interações (seja com pares, professores e outros agentes educativos)
e condutas nem sempre favoráveis a um desenvolvimento normativo (e.g., Nunes, Caridade, & Sani, 2017).
De entre as condutas que se revelam mais problemáticas, destacam-se o uso de
drogas (e.g., Nunes, Beça, & Dinis, 2017), a
prática de incivilidades, enquanto ações antissociais perturbadoras da harmonia
social quotidiana (Garcia, 2006). Destaque, ainda, para a
influência que as características do espaço físico escolar e sua configuração
poderão ter no comportamento desviante dos jovens (Pimenta
& Nunes, 2017) ou mesmo a influência do grupo de pares na adoção de
comportamentos delinquentes (Walters,
2016), e mais especificamente no consumo de drogas (Cardoso & Malbergier, 2014).
A análise da delinquência juvenil em função da lente de género tem
sido percebida como sendo marcadamente insuficiente e assinalada por uma perspetiva de género «por defeito», com
a figura masculina tida como norma e omitindo-se a feminina (Duarte & Carvalho, 2012, p. 3). Neste sentido, a
variável género tem sido conceptualizada como elemento diferenciador do
comportamento transgressivo e em que tradicionalmente se associa o sexo
masculino à agressão e ao exercício da autoridade e o sexo feminino como sendo
mais suscetível à vitimização (Chesney-Lind,
1997). Efetivamente, os estudos (e.g., Chesney-Lind, 1997; Duarte, 2013;
Matos, 2008) conduzidos com raparigas em conflito com a
lei sugerem a existência de algumas especificidades e diferenças ao nível do
comportamento delinquente apresentado por rapazes e raparigas. Mais
concretamente, têm sido identificadas especificidades sobretudo ao nível da
trajetória transgressiva, dos fatores de risco e do impacto da conduta
transgressiva (Hipwell & Loeber, 2006).
Neste sentido, tem sido defendido que na análise da delinquência juvenil no
feminino, caracterizada por uma pluralidade de expressões e dimensões
envolvidas, há que atender aos modos de vida das raparigas os quais parecem
estar intrinsecamente associados a uma construção identitária de género (Duarte & Carvalho, 2012).
Atendendo ao documentado
impacto do estilo de vida dos jovens no seu comportamento desviante e/ou
delinquente, o presente estudo tem como principal objetivo caracterizar o
estilo de vida dos jovens, inseridos numa área rural, e o seu eventual
comportamento desviante e/ou delinquente. De referir que grande parte dos
estudos desenvolvidos sobre delinquência juvenil e comportamento desviante em
Portugal foca-se nas realidades urbanas e em estilos de vida urbanos (e.g., Carvalho, 2010; Carvalho &
Duarte, 2013; Gomes & Gouveia-Pereira, 2014), ou,
ainda em jovens em conflito com a lei (Braga et al., 2018;
Conde & Teixeira, 2018; Cunha et al.,
2015; Duarte, 2013) pelo que consideramos que o
presente trabalho poderá constituir um importante contributo para o avanço do
conhecimento neste domínio em Portugal. Mais especificamente, procurou-se: i)
descrever o estilo de vida dos adolescentes e jovens, tomando em consideração
as vivências familiares, escolares e individuais; ii)
caracterizar os potenciais comportamentos desviantes e/ou delinquentes
assumidos pelos adolescentes e jovens, nos últimos 12 meses anteriores à
realização do estudo; iii) comparar a frequência dos
comportamentos desviantes e/ou delinquentes em função do sexo dos participantes.
Participantes
A amostra foi constituída por 80
adolescentes e jovens adultos, com idades entre os 15 e os 25 anos (M = 19 anos; DP = 2,60). A escolha deste grupo etário deveu-se ao facto de este
constituir um período particularmente propício ao envolvimento em
comportamentos de risco e à adoção de condutas antissociais. Para além do
critério idade, os adolescentes e jovens adultos teriam que residir em
território nacional, do distrito de Viana do Castelo, encontrando-se inseridos
em área rural. Não foram colocadas quaisquer outras restrições de participação,
tendo a amostra sido constituída por adolescentes e jovens adultos que cumpriram
os referidos critérios de inclusão e que aceitaram participar no presente
estudo, consistindo numa amostra não probabilística, por conveniência.
Todos os participantes residiam no
distrito de Viana do Castelo (norte de Portugal) e eram oriundos de uma área
rural; 98% tinham nacionalidade portuguesa e 3% eram oriundos de outras
nacionalidades (e.g., Cabo Verdiana). Quanto ao sexo, 56% dos participantes
pertenciam ao sexo masculino (56%) e cerca de 43,8% ao sexo feminino.
Relativamente ao ano escolar, cerca de 40% frequentava o ensino secundário, 40%
o ensino superior e, em menor número, cursos profissionais (14%) e o ensino
básico (6%).
No que ao agregado
familiar diz respeito, a maioria dos inquiridos afirmou residir com os pais e
os irmãos (61%) ou apenas com os pais (20%). Apenas 6% relatou residir somente
com a mãe e irmãos. Aproximadamente 25% dos participantes afirmou que não tinha
irmãos; 35% indicou ter apenas um irmão; 28,7% dois irmãos e 11% três ou mais
irmãos (Tabela 1).
|
Caracterização Sociodemográfica da Amostra |
|
|||
|
Variáveis |
Frequência Absoluta (n) |
Frequência Relativa (%) |
|
|
|
Residência |
Viana
do Castelo |
80 |
100 |
|
|
Nacionalidade |
Portuguesa |
78 |
98 |
|
|
Outra |
2 |
3 |
|
|
|
Sexo |
Masculino |
45 |
56 |
|
|
Feminino |
35 |
44 |
|
|
|
Ano Escolar |
Ensino
básico |
5 |
6 |
|
|
Ensino
secundário |
32 |
40 |
|
|
|
Ensino
universitário |
32 |
40 |
|
|
|
|
Ensino
profissional |
11 |
13 |
|
|
Agregado Familiar |
Pai/mãe/irmãos |
49 |
61 |
|
|
Pai/mãe |
16 |
20 |
|
|
|
Mãe/irmãos |
5 |
6 |
|
|
|
Só
com a mãe |
3 |
4 |
|
|
|
Pai/irmãos |
2 |
3 |
|
|
|
Pais/irmãos/avós |
2 |
3 |
|
|
|
Pais/avós/irmãos |
1 |
1 |
|
|
|
Número de Irmãos |
Sem
irmãos |
20 |
25 |
|
|
Um
irmão |
28 |
35 |
|
|
|
Dois
irmãos |
23 |
29 |
|
|
|
Três
ou mais |
9 |
11 |
|
Medidas
Para a recolha de dados recorremos a um
inquérito por questionário desenvolvido para o efeito. Este encontrava-se
estruturado em cinco grupos de questões: o primeiro grupo destinou-se a
recolher a informação sociodemográfica dos adolescentes e jovens adultos (e.g.,
sexo, idade, grau de escolaridade, número de irmãos); o terceiro grupo de
questões procurou explorar o funcionamento familiar dos participantes (e.g.,
identificar a profissão dos pais, caracterizar o ambiente e as dinâmicas
familiares, a relação com os pais e irmãos), através de uma escala que vai de
“Muito bom”; “Bom”; “Razoável”; a “Mau”. Pretendeu também identificar-se as
regras e rotinas familiares através de uma escala que começou em “Sempre”,
“Frequentemente”, “Raramente” e “Nunca”. Analisou-se seguidamente o funcionamento
escolar/ocupacional dos adolescentes e jovens, designadamente a descrição do seu
ambiente escolar, a sua com os professores, entre outros aspetos. Cada item
deste grupo foi analisado através de uma escala que começou em “Muito bom”,
“Bom”, “Razoável” e “Mau”. No quarto grupo, caracterizou-se o estilo de vida e
a ocupação de tempos livres dos adolescentes e jovens adultos, pesquisando-se
as atividades em que aqueles estavam envolvidos, através de uma escala que
começou em “Todos os dias”, “Uma vez por semana”, “Só aos fins de semana” e
“Nunca”, num conjunto de atividades desportivas, religiosas, de lazer,
familiares e saídas noturnas. Por fim, no quinto grupo, caracterizou-se a
frequência da execução de determinados comportamentos desviantes por parte dos
adolescentes e jovens adultos, nos últimos 12 meses. Para esse fim, os
participantes tiveram de identificar a frequência com que realizavam cada um
dos comportamentos apresentados, considerando a seguinte escala: “Nunca”, “Uma
vez”, "Duas ou três vezes", "Quatro vezes ou mais". Neste
grupo de questões, foram listados, primeiramente, um conjunto de comportamentos
desviantes (e.g., desrespeitar professores ou funcionários, faltar
constantemente às aulas), seguindo-se os comportamentos delinquentes (e.g.,
prática de furtos, roubos, tráfico de drogas) de forma a identificar o tipo de
comportamento em que o adolescente e jovem estavam inseridos.
Procedimentos
Para a realização do presente estudo tornou-se necessário proceder
a pedidos de autorização formais junto das instituições envolvidas, tendo
havido ainda submissão do projeto de investigação para validação pela comissão
de ética da Universidade que acolheu a realização deste estudo em novembro de
2015.
Uma vez que o instrumento utilizado foi construído para o efeito
do presente estudo, o mesmo foi submetido a um pré-teste junto de 10 jovens com
as características da população a quem o questionário foi dirigido. O pré-teste
foi acompanhado de reflexão falada, de forma a avaliar a eficácia e pertinência
do questionário, considerando os seguintes aspetos: i) se as expressões usadas
eram compreensíveis e inequívocas; ii) se a forma das
questões usadas possibilitava coligir as informações pretendidas; iii) se o questionário não era muito extenso e não
provocava desinteresse ou irritação; iv) e, ainda, se
as questões não apresentavam ambiguidade.
A recolha de dados foi efetuada porta-a-porta (numa área
geográfica delimitada e referenciada pelas autoridades locais como sendo
problemática em matéria de delinquência juvenil) e individualmente, estando a
investigadora presente no local de forma a esclarecer eventuais dúvidas em
relação ao estudo. Após explicar o estudo, a investigadora procurou dar um
espaço ao respondente para que este não se sentisse pressionado, promovendo um
ambiente confortável e tranquilo que apenas era interrompido caso o
participante assim o desejasse. Além disso, no sentido de assegurar os requisitos
adequados para a administração do questionário e as condições de privacidade do
respondente, foi-lhe dada a possibilidade de poder escolher um local em que se
sentisse mais confortável e tranquilo para responder ao inquérito.
No caso dos menores de idade, solicitou-se, por escrito, a
autorização e consentimento informado aos seus pais/tutores legais. A recolha
do consentimento informado foi igualmente obtida junto dos que possuíam idade
igual ou superior a 18 anos. Primeiramente, a investigadora informou os
participantes e/ou pais/tutores legais sobre os objetivos do estudo, natureza
anónima do mesmo, confidencialidade e uso meramente estatístico dos dados. Adicionalmente,
adotou-se o particular cuidado em separar os formulários dos consentimentos
informados assinados para impedir o seu emparelhamento e garantir o seu efetivo
anonimato. Para tanto, a investigadora procedeu primeiramente à recolha dos
consentimentos informados, colocando-os num envelope para esse efeito, e só
posteriormente foram entregues os questionários.
Os dados recolhidos através do inquérito por questionário foram
sujeitos a análises estatísticas com recurso ao programa informático IBM SPSS
23.0 (Statistical Package for the
Social Sciences), tendo sido realizadas
essencialmente análises descritivas para caracterização da amostra, do estilo
de vida dos adolescentes e jovens segundo as vivências familiares, escolares e
individuais, e dos comportamentos desviantes e/ou delinquentes dos adolescentes
e jovens. Para analisar as diferenças de sexo em termos do envolvimento ou não
envolvimento em comportamentos desviantes e/ou delinquentes foi realizado o
teste t de Student para amostras independentes (Marôco, 2010). Uma vez que o teste t se mostrou parcialmente significativo
foi calculado o tamanho de efeito (Espírito-Santo &
Daniel, 2015), o qual foi interpretado de acordo com as diretrizes de Cohen
(1988). Para comparar as diferenças de sexo para os
diferentes tipos de comportamentos desviantes e/ou delinquentes foi realizado o
teste Mann-Whitney (Marôco, 2010). Neste caso,
tratando-se de um teste não-paramétrico, procedeu-se ao cálculo do tamanho de
efeito de acordo com as diretrizes de Rosenthal (1991), através da fórmula r = z / √N , em que z = z - score dado pelo
SPSS e o N é relativo aos
participantes do estudo, e interpretado de acordo com os seguintes valores: r = 0,10 indicador de um efeito pequeno;
r = 0,30 indicador de efeito médio e r = 0,50 indicador de efeito amplo.
Estilo de vida dos adolescentes e jovens adultos
segundo as vivências familiares, escolares e individuais
Uma percentagem
considerável (59%) dos inquiridos qualificou o seu ambiente familiar
como bom e 31% de razoável. A relação com os pais foi classificada por 51% dos
adolescentes e jovens como boa e por 24% de razoável; quanto à relação que os
pais tinham entre si, 40% afirmou ser boa e 34% de razoável; do mesmo modo a
relação com os irmãos foi considerada pela maioria como boa (54%) e razoável
por 14%. No que concerne às atividades em família, 43% classificou-as como
sendo razoáveis e 36% como boas (Tabela 2).
|
Caracterização das Variáveis Relacionadas com o Funcionamento Familiar |
|
||||||||
|
Variáveis relacionadas com o funcionamento familiar |
Muito bom |
Bom |
Razoável |
Mau |
|
||||
|
n |
% |
n |
% |
n |
% |
n |
% |
|
|
|
Ambiente familiar |
6 |
8 |
47 |
59 |
25 |
31 |
2 |
3 |
|
|
Relação com os pais |
19 |
24 |
41 |
51 |
19 |
24 |
1 |
1 |
|
|
Relação entre os pais |
10 |
13 |
32 |
40 |
27 |
34 |
6 |
8 |
|
|
Relação com os irmãos |
11 |
14 |
43 |
54 |
11 |
14 |
— |
— |
|
|
Atividades em família |
4 |
5 |
29 |
36 |
34 |
43 |
13 |
16 |
|
A imposição de
regras no dia-a-dia foi admitida por 51%, sendo que 23% referiu que os pais
raramente estabeleciam regras. Percentagens similares foram apuradas para a
existência de imposição de tarefas e obrigações no dia-a-dia, admitidas
frequentemente por 49% dos participantes ao contrário de 28% que afirmou
raramente ter tarefas a cumprir. Relativamente à imposição de horários de
chegada a casa em saídas noturnas, 44% mencionou que raramente tinha horários
para chegar a casa e 38% que frequentemente tinha de cumprir horários. Do mesmo
modo, 45% respondeu que era raro ter castigos em caso de incumprimento das
regras ao contrário de 35% dos participantes. Também 46% admitiu que raramente
eram definidos horários de estudo pelos pais e 26% mencionou que tal ocorria
frequentemente. Um número expressivo de adolescentes e jovens (46%) referiu que
os pais incentivavam à prática de atividades extracurriculares de forma
frequente, contudo uma percentagem significativa (33%) afirmou tal não
acontecer. Por outro lado, 50% dos adolescentes e jovens adultos referiu,
ainda, que tinha de informar os pais sobre quem constituía o seu grupo de
pares, ao contrário de 26% que admitiu não ter de o fazer. Do mesmo modo, 48%
mencionou informar os pais acerca dos locais que frequentava de forma frequente
e 28% respondeu que era raro fazê-lo. Já quanto às atividades noturnas
realizadas com os pares no 41% respondeu que era raro partilhar esta informação
com os pais ao contrário do manifestado por 35% (Tabela 3).
|
Caracterização das Variáveis Relacionadas com o Funcionamento Familiar (cont.) |
|
||||||||
|
Variáveis relacionadas com o funcionamento familiar (cont.) |
Sempre |
Frequentemente |
Raramente |
Nunca |
|
||||
|
n |
% |
n |
% |
n |
% |
n |
% |
|
|
|
Imposição de regras |
13 |
16 |
41 |
51 |
19 |
23 |
7 |
9 |
|
|
Imposição de tarefas e obrigações |
15 |
19 |
39 |
49 |
22 |
28 |
4 |
5 |
|
|
Imposição de horários de chegada casa |
8 |
10 |
30 |
38 |
35 |
44 |
7 |
9 |
|
|
Castigos pelo incumprimento de regras |
4 |
5 |
28 |
35 |
36 |
45 |
12 |
15 |
|
|
Definição de horários para estudo |
6 |
8 |
21 |
26 |
37 |
46 |
15 |
19 |
|
|
Incentivo atividades extracurriculares |
6 |
8 |
37 |
46 |
26 |
33 |
10 |
13 |
|
|
Informar os pais sobre o grupo de pares |
14 |
18 |
40 |
50 |
21 |
26 |
5 |
6 |
|
|
Informar os pais sobre os locais que
frequentam à noite |
16 |
20 |
38 |
48 |
22 |
28 |
4 |
5 |
|
|
Informar os pais sobre as atividades que
fazem com os amigos em saídas noturnas |
14 |
18 |
28 |
35 |
33 |
41 |
5 |
6 |
|
No que respeita ao funcionamento
escolar, 65% dos participantes admitiu nunca ter reprovado de ano e uma
amostra expressiva (33%) admitiu retenções de ano, sendo que 26% referiu que
tal já aconteceu pelo menos uma vez.
Ainda que 39%
classificasse o seu aproveitamento escolar como bom, a maioria (44%) considerou
ser razoável, e 15% classificou-o como mau. Em termos de assiduidade, 43%
admitiu possuir uma boa assiduidade, 38% referiu ser razoável e 15% reconheceu
possuir uma má assiduidade. Da mesma forma, 44% afirmou ter boa participação
nas aulas, 36% apontou uma participação muito boa e 20% classificou-a como
razoável. Os hábitos de estudo foram classificados por 40% como sendo
razoáveis, por 34% como bons e 25% admitiu possuir maus hábitos de estudo. O
ambiente escolar foi qualificado pela maioria (58%) como sendo bom e por 31% de
razoável. De igual modo, a maioria dos participantes (55%) descreveu a relação
com os professores como sendo boa e 35% de razoável, o mesmo se verificando em
relação aos funcionários (de 54% classificou a relação com sendo boa e 36%
apontou como sendo razoável) e aos colegas, tendo a maior parte respondido que
possuía uma boa relação com estes (63%) e 25% classificou a relação como sendo
razoável (Tabela 4).
|
Caracterização das Variáveis Associadas ao Funcionamento Escolar |
|
||||||||
|
Variáveis associados ao funcionamento escolar |
Muito bom |
Bom |
Razoável |
Mau |
|
||||
|
n |
% |
n |
% |
n |
% |
n |
% |
|
|
|
Aproveitamento escolar |
2 |
3 |
31 |
39 |
35 |
44 |
12 |
15 |
|
|
Assiduidade |
4 |
5 |
34 |
43 |
30 |
38 |
12 |
15 |
|
|
Participação ativa nas aulas |
29 |
36 |
35 |
44 |
16 |
20 |
— |
— |
|
|
Hábitos de estudo |
1 |
1 |
27 |
34 |
32 |
40 |
20 |
25 |
|
|
Ambiente escolar |
6 |
8 |
46 |
58 |
25 |
31 |
3 |
4 |
|
|
Relação com professores |
3 |
4 |
44 |
55 |
28 |
35 |
5 |
6 |
|
|
Relação com funcionários |
2 |
3 |
43 |
54 |
29 |
36 |
6 |
8 |
|
|
Relação com colegas |
10 |
13 |
50 |
63 |
20 |
25 |
— |
— |
|
Dos que admitiram a
prática de atividades extracurriculares (54%), 35% referiu o envolvimento em
atividades desportivas (e.g., ginásio, futebol). Por fim, 36% admitiu que já se
tinha envolvido em algum tipo de problema na escola, com 31% a admitir a implicação
em agressões físicas, verbais ou psicológicas com os colegas.
Interpelados sobre
com quem e como ocupam os tempos livres, a grande maioria (69%) dos
participantes respondeu fazê-lo com amigos ou namorada/o e apenas 20% afirmou
permanecer sozinhos/as ou com os pais e avós. Quanto ao local escolhido para
tal, 70% identificou o café ou escola e 31% a casa.
Quanto ao tipo de
atividades realizadas nos tempos livres, 49% admitiu a prática de atividades
desportivas sobretudo ao fim-de-semana, período este igualmente destinado para
a realização de tarefas em conjunto com a família (e.g., caminhadas, passeios
ao ar livre), segundo 28% dos participantes, tendo 30% afirmado nunca realizar
tarefas em conjunto com a família. Como atividades de lazer individuais, a
maioria (69%) assumiu navegar na internet todos os dias e 30% mais do que uma
vez por semana; 49% afirmou frequentar as redes sociais diariamente e 40% mais
do que uma vez por semana; 39% afirmou que nunca lia ou escrevia e 19% referiu
fazê-lo apenas uma vez por semana; 55% revelou ter por hábito ver televisão
todos os dias e 44% mais do que uma vez por semana; 59% admitiu ir ao cinema só
aos fins-de-semana e 30% nunca ter ido; 28% admitiu jogar jogos de vídeo todos
os dias; 23% mais do que uma vez por semana (Tabela 5).
|
Caracterização das Atividades Realizadas nos Tempos Livres |
|
|
|
||||||||
|
Atividades realizadas nos tempos livres |
Todos os dias |
> 1 vez por semana |
1 vez por semana |
Aos fins-de-semana |
Nunca |
|
|||||
|
n |
% |
n |
% |
n |
% |
n |
% |
n |
% |
|
|
|
Atividades desportivas |
1 |
1 |
15 |
19 |
7 |
9 |
39 |
49 |
18 |
23 |
|
|
Realizar tarefas em conjunto com a
família |
1 |
1 |
16 |
20 |
17 |
22 |
22 |
28 |
24 |
30 |
|
|
Navegar na internet |
55 |
69 |
24 |
30 |
1 |
1 |
— |
— |
— |
— |
|
|
Frequentar redes sociais |
39 |
49 |
32 |
40 |
7 |
9 |
— |
— |
2 |
3 |
|
|
Ler e escrever |
5 |
6 |
23 |
29 |
15 |
19 |
7 |
8 |
31 |
39 |
|
|
Ver televisão |
44 |
55 |
35 |
44 |
1 |
1 |
— |
— |
— |
— |
|
|
Ir ao cinema |
— |
— |
4 |
5 |
5 |
6 |
47 |
59 |
24 |
30 |
|
|
Jogar jogos |
22 |
28 |
18 |
23 |
2 |
3 |
8 |
10 |
30 |
38 |
|
Quanto às saídas
noturnas, 70% respondeu que tinha por hábito sair com os amigos e 25% com os
amigos e com a namorada. Como atividades realizadas nas saídas à noite, 59%
identificou atividades em grupos de pares (e.g., beber, fumar, dançar,
conversar) e 41% respondeu que ia sempre e frequentemente ter com a namorada/o;
como locais frequentados 68% respondeu que frequentemente tinham por hábito ir
a bares, discotecas e pubs ou locais
de diversão noturna.
Interpelados sobre
eventuais experiências relacionadas com consumos de substâncias, 55% respondeu
que consumiu tabaco. Destes, 40% admitiu que experimentou tabaco entre os 15-18
anos e 32% revelou ter experimentado em idades precoces como os 10-14 anos. Quanto
ao consumo de bebidas alcoólicas, cerca de 66% referiu que apenas bebia ao
fim-de-semana, sendo que cerca de 43% experimentou beber entre os 15-18 anos e
38% admitiu beber entre os 10-14 anos. Quanto ao consumo de outras drogas,
cerca de 29% respondeu que consumia mais do que uma vez por semana; 16% todos
os dias e 10% apenas ao fim-de-semana. Quanto ao tipo de drogas consumidas: 36%
afirmou consumir “erva” ou “cannabis”; 18% “pólen” e 9% “haxixe”. A maior parte
(81%) dos participantes, que assumiu algum tipo de consumo, admitiu igualmente
ter experienciado alterações comportamentais, tais como: “não estão no seu
estado normal e ficam sem consciência dos seus atos” (54%); “altera-lhes o
sistema nervoso podendo alguns ficar mais agressivos e outros mais relaxados,
depende para o que lhes dá” (16%); 15% respondeu não soube explicar as aludidas
alterações. Quanto aos locais escolhidos para os consumos, 62% nomeou espaços de
convívio como o café, ou então, em locais de diversão noturna como bares e
discotecas (32%) e 25% no café ou em casa quando tivessem sozinhos, ou na
presença de amigos.
Caracterização dos comportamentos desviantes
e/ou delinquentes dos adolescentes e jovens adultos
No que respeita aos
comportamentos desviantes que os jovens assumiram praticar, pelo menos uma vez
nos últimos 12 meses anteriores ao inquérito, verificamos que os mais
reportados foram: envolvimento num grupo de amigos que se reúnem p/ameaçar,
agredir os outros (74%); envolvimento em lutas/pancadaria na escola, casa ou
rua (68%); o desrespeito ou até agressões a professores ou funcionários (66%) e
as faltas às aulas ou até mesmo reprovações (49%) (Tabela 2).
De entre os comportamentos delinquentes mais assumidos pelos adolescentes e
jovens adultos destacam-se: danificar intencionalmente objetos de outrem (61%);
a entrada em propriedades privadas (58%); prática de furtos (45%); o
envolvimento em tráfico de drogas (33%) (Tabela 6).
|
Comportamentos Desviantes e/ou
Delinquentes Relatados pelos Participantes |
|
||||
|
Comportamentos |
Nunca |
Pelo menos 1 vez |
|
||
|
n |
% |
n |
% |
|
|
|
Faltar
ao respeito ou até agredir professores e funcionários |
21 |
26 |
46 |
66 |
|
|
Faltar
constantemente às aulas, reprovar por faltas |
41 |
51 |
39 |
49 |
|
|
Fugas
de casa |
79 |
99 |
— |
— |
|
|
Ser
suspenso ou expulso da escola |
73 |
92 |
7 |
9 |
|
|
Danificar
intencionalmente objetos de outrem |
32 |
40 |
48 |
61 |
|
|
Envolvimento
em lutas/pancadaria na escola, casa ou rua |
26 |
33 |
54 |
68 |
|
|
Forçar
a entrada em propriedades privadas |
33 |
41 |
46 |
58 |
|
|
Envolvimento com amigos para ameaçar, agredir os outros |
21 |
26 |
59 |
74 |
|
|
Venda
de material roubado |
67 |
84 |
13 |
16 |
|
|
Uso
de armas ilegais |
78 |
98 |
2 |
3 |
|
|
Venda/Tráfico
de drogas |
51 |
64 |
26 |
33 |
|
|
Prática
de furtos |
44 |
55 |
36 |
45 |
|
Comportamentos desviantes e/ou delinquentes
dos adolescentes e jovens adultos em função do sexo
Analisando os
comportamentos desviantes e/ou delinquentes admitidos pelos participantes em
função do sexo, encontramos diferenças de sexo parcialmente significativas, e
em que os rapazes admitiram mais (M =
21,8; DP = 5,05) comparativamente com
as raparigas (M = 18,9; DP = 3,35) o recurso a algum tipo de
comportamento desviante e/ou delinquente [t(78)
= 2,842; p = 0,006; IC95% (0,18-1,09); d de Cohen = 0,66]. Mais concretamente, foram detetadas
diferenças de sexo estatisticamente significativas nos seguintes
comportamentos: danificar intencionalmente objetos de alguém (U = 610,50; Z = -1,988; p = 0,047; r = -0,22); venda de algum tipo de
material roubado (U = 599,50; Z = -2,850; p = 0,007; r = -0,32);
tráfico/venda de drogas (U = 546,00; Z = -2,751; p = 0,006; r = -0,31);
prática de algum tipo de furto (U = 613,50;
Z = -1,924; p = 0,054; r =-0,21);
prática de algum tipo de roubo (e.g.,
assaltos a lojas, casas, carteiras) (U
=68 2,50; Z = -2,231; p = 0,026; r =-0,25) (Tabela 7).
|
Comportamentos Desviantes e/ou
Delinquentes Admitidos por Rapazes e Raparigas |
|
|||
|
Comportamentos Desviantes e/ou Delinquentes |
Rapazes (n = 45) Média |
Raparigas (n =
35) Média |
Z |
|
|
Faltar ao respeito ou agredir professores e funcionários |
43,11 |
37,14 |
-1,273 |
|
|
Faltar constantemente às aulas, reprovar por faltas |
42,07 |
38,49 |
-0,761 |
|
|
Fugas de casa |
40,89 |
40,00 |
-0,882 |
|
|
Ser suspenso ou expulso da escola |
42,33 |
38,14 |
-1,635 |
|
|
Danificar intencionalmente objetos de alguém |
44,43 |
35,44 |
-1,988* |
|
|
Envolvimento em lutas na rua, escola, casa |
43,43 |
36,73 |
-1,401 |
|
|
Forçar entrada em propriedades privadas |
42,38 |
38,09 |
-0,892 |
|
|
Envolvimento com amigos para ameaçar, agredir os outros |
43,89 |
36,14 |
-1,584 |
|
|
Venda de algum tipo e material roubado |
44,68 |
35,13 |
-2,850* |
|
|
Uso de
armas ilegais |
41,28 |
39,50 |
-1,255 |
|
|
Tráfico/venda
de drogas |
45,87 |
33,60 |
-2,751* |
|
|
Prática de
algum tipo de furto |
44,37 |
35,53 |
-1,92+ |
|
|
Prática de
algum tipo de roubo |
42,83 |
37,50 |
-2,231* |
|
|
Nota. U= teste de Mann-Whitney; Z = Z-score; r = estimativa do tamanho do
efeito. *p < 0,05 - nível de significância. + marginalmente significativo. |
|
A caracterização do
estilo de vida dos jovens, tomando em consideração as vivências familiares,
escolares e individuais, revela-se crucial para melhor compreender o
comportamento dos mesmos, seja em termos prossociais
ou antissociais e a partir de então delinear políticas de promoção e prevenção,
respetivamente, destas condutas.
No presente estudo,
e no que concerne ao ambiente familiar e às dinâmicas inerentes a este contexto
de vida, uma grande parte dos jovens (59%) avaliou positivamente o seu ambiente
familiar (e 31% como razoável), situando a realização de atividades em família
sobretudo no período de fim-de-semana, algo que poderá ser explicado pelo facto
de uma percentagem considerável de participantes se encontrar a frequentar o
ensino superior (40%). Além disso, é comum na faixa etária em que se encontram
os participantes (15-25), e de forma mais particular no período da
adolescência, se verificar um afastamento em relação aos pais, motivado pelo
facto do quotidiano destes jovens estruturar-se fundamentalmente em torno do
grupo de pares, tal como apurado por Cunha et al. (2015).
Além disso e como bem lembram Gomes e Gouveia-Pereira (2014),
embora os jovens possam passar algum tempo separados das famílias, o importante
é que a tomada de decisões seja partilhada, haja um tipo de liderança
democrática, existem papéis estáveis que possam ser partilhados e que as regras
familiares se revelem consistentes e consentâneas com as necessidades
desenvolvimentais dos seus elementos.
Ainda no que
respeita às dinâmicas familiares, uma percentagem considerável apontou como
sendo raro as seguintes imposições e/ou obrigações: presença de regras (23%),
tarefas e obrigações (28%), horários de entrada em casa à noite (44%), horários
para estudar (46%), castigos perante o incumprimento das regras (45%) ou mesmo
o incentivo à realização de atividades extracurriculares (33%). Tais dados
parecem fazer sobressair uma certa precariedade da supervisão parental e das
práticas educativas adotadas, algo que poderá estar relacionado com a diminuída
capacidade que os pais possuem nestas idades (especialmente na adolescência)
devido à maior influência do grupo de pares, para impor disciplina e exercer o
devido controlo social (Içli & Çoban,
2012). Contudo, não será de negligenciar as evidências que comprovam
que a falta de supervisão parental, a ausência de regras e hábitos de
disciplina a par da reduzida disponibilidade de tempo que os pais dedicam às
tarefas em conjunto com os filhos e ao facto de as crianças e/ou jovens
passaram a maior parte do seu tempo em contexto escolar, encontram-se
associados ao maior risco para os jovens adotarem condutas desviantes em
virtude da ausência de limites convencionais e do afastamento do vínculo afetivo
(Bidarra, Vaz-Rebelo, Barreira, Alferes,
& Pereira, 2017). Efetivamente, a investigação tem vindo a
documentar a importância dos estilos educativos parentais e da qualidade da
vinculação na regulação e gestão de certos comportamentos dos adolescentes. A
título exemplificativo, Simões, Ferreira, Braga e Vicente (2015)
verificaram que o comportamento parental que se baseia em suporte afetivo
constitui um fator protetivo importante na adoção de certos comportamentos
específicos, como é o caso do bullying. Mais especificamente, neste estudo, a
agressividade surgiu sobretudo associada à rejeição e reduzido suporte
emocional, bem como a uma menor comunicação e confiança em relação à figura
paterna (Simões et al., 2015). Além disso, sabe-se,
ainda, que o controlo e apoio parental ajudam a moldar a autoeficácia dos
jovens na adoção de um estilo de vida convencional, e esta, por sua vez, reduz
a probabilidade de aqueles se envolverem em comportamento delinquentes futuros
(Walters, 1990, 2017).
Na análise do
funcionamento escolar dos participantes, foi possível apurar a existência de um
número expressivo de retenções escolares. Ademais, os participantes
qualificaram o seu aproveitamento escolar como razoável, admitindo ausência de
hábitos de estudos; uma percentagem significativa de estudantes (31%) avaliou o
seu ambiente escolar como razoável, qualificando de igual forma (como razoável)
a relação com os seus professores e funcionários. Tais dados afiguram-se
preocupantes se considerarmos que: i) o sucesso académico ou o alcance de
determinadas metas tende a influenciar a performance
dos comportamentos prossociais dos jovens (Almeida-Paiva & Lourenço, 2010); e ii) além disso, um bom ambiente escolar tende a fomentar
relações interpessoais saudáveis entre alunos, professores e funcionários como
também previne comportamentos violentos entre os jovens (Leão,
2010): iii) a ausência de experiências escolares
positivas e de sucesso poderá constituir um facilitador da desintegração
escolar e consequentemente conduzir ao envolvimento em condutas desviantes, tal
como o apurado no estudo de Conde e Teixeira (2018) numa
amostra de jovens portugueses em conflito com a lei. Um número considerável de participantes
(36%) admitiu, ainda, o envolvimento em agressões físicas, verbais ou
psicológicas com os colegas, corroborando o evidenciado por outros estudos
(e.g., Cho, Wooldredge,
& Park, 2016; Simões et
al., 2015) de que o bullying é uma realidade muito frequente em meio
escolar e com repercussões futuras, podendo contribuir para um maior risco de
perpetuação dos comportamentos violentos na idade adulta (Leão,
2010).
Em termos de
funcionamento individual e embora os participantes tenham verbalizado um
aumento crescente da prática de exercício físico (idas ao ginásio),
comparativamente com as outras atividades listadas no instrumento (e.g.,
atividades religiosas), uma percentagem considerável dos jovens inquiridos
revelou possuir hábitos de vida mais sedentários (e.g., 68% afirmou não
praticar qualquer atividade física). Como atividades de lazer preferenciais, os
participantes identificaram como sendo mais frequente (todos os dias) navegar
na internet, nas redes sociais e visualização de programas televisivos, sendo
que outras atividades como ler ou escrever eram menos frequentes. Efetivamente,
tem sido documentado um aumento expressivo das práticas digitais e do
funcionamento em rede, sobretudo por parte dos jovens (Amaral,
Reis, Lopes, & Quintas, 2017; Instituto
Nacional de Estatística, 2017), motivado pelos crescimento e avanço
tecnológicos registados nas últimas décadas. Um estudo conduzido por Amaral et
al. (2017) ao nível nacional entre 2014 e 2015, em 18
capitais de distrito de Portugal Continental, com estudantes de diferentes níveis
de ensino (básico, secundário e profissional) comprovou a relação intensa da
rede com as práticas juvenis quotidianas, pela frequência diária de utilização
e pelo tempo médio de exposição, elucidando desde modo a transformação
introduzida pelos media na forma como os jovens comunicam e interagem entre si;
além disso, este estudo registou uma preponderância das práticas mais lúdicas
(apuradas pelos elevados índices de consumos de práticas de entretenimento), e
das ações e interações que possibilitem obter recursos para operar juntos dos
seus pares, sendo escassa a procura de informação que possa apoiar o desempenho
escolar. Se é certo que o recurso às ferramentas digitais poderá acarretar
benefícios para o processo de socialização dos jovens (e.g., capacidade para
exercitar o autocontrolo, promover a tolerância e respeito pelo outro,
exercitar pensamento crítico) poderá também despoletar a emergência de outras
situações de risco (Pujazon-Zazik
& Park, 2010), na medida em que tornam os jovens mais acessíveis
e vulneráveis a maior intrusividade interpessoal.
Os locais de
diversão noturna (e.g., bares, discotecas e pubs)
foram identificados como os preferidos e mais frequentados pelos participantes,
bem como os locais onde habitualmente ocorrem os consumos de álcool ou drogas
(e.g., haxixe, cannabis), admitidos pelos participantes nos últimos 12 meses,
podendo ocorrer também em casa e em cafés. Efetivamente, os estudos (e.g., Malta et al., 2011) comprovam que o uso de álcool e drogas na
adolescência (a experimentação de bebidas alcoólicas em idades precoces foi de
71,4% e o consumo regular de álcool rondava os 27,3%) são muito frequentes e
que o risco de consumo aumenta com as facilidades que eles tem em adquirir
estas substâncias lícitas e ilícitas em locais de diversão noturna (e.g.,
festas, bares, discotecas e lojas de consumos ou até mesmo nas suas próprias
casas). Os consumos assumidos pelos participantes do nosso estudo ocorreram em
idades bastante precoces, entre os 10-14 anos e os 15-18 anos, algo que
corrobora o encontrado em outros trabalhos anteriores (e.g., Batista,
Carvalho, Pontes, & Antunes, 2015).
Um outro objetivo
do presente estudo envolvia a análise dos eventuais comportamentos desviantes
ou delinquentes adotados pelos jovens nos últimos 12 meses, tendo os jovens
admitido sobretudo o seu maior envolvimento em condutas antissociais tais como:
desrespeito ou agressões a professores e funcionários (58%), o dano intencional
de objetos de outra pessoa (58%) e o envolvimento em lutas, brigas ou
pancadaria (33%), sendo que uma grande parte admitiu que já o tinha feito pelo
menos uma vez. Esta maior assunção deste tipo de comportamentos poderá ser explicada
pelo facto de os jovens, neste tipo de inquéritos, assumirem sobretudo a
prática de atos de menor gravidade (Dias, 2016). Também no
estudo conduzido por Dalosto e Alencar (2013) os jovens assumiram adotar, em meio escolar,
sobretudo as agressões físicas (e.g., socos, pontapés, empurrões) e as
agressões psicológicas (e.g., humilhações, exclusão do grupo e danificar ou
atirar objetos de outros intencionalmente).
Um outro resultado
algo preocupante apurado no presente estudo refere-se ao facto de os
participantes terem admitido o seu envolvimento (uma ou mais vezes) em grupos
de pares com comportamentos antissociais (e.g., reunirem de forma a ameaçar ou
agredir os outros). Efetivamente a relação entre associação a grupos de pares
delinquentes e o desenvolvimento de comportamento delinquente futuro tem sido
bastante documentada, existindo vários esforços no sentido de identificar os
mecanismos que promovem esta relação (e.g., desde modelagem, transferência de
atitudes, atividades rotineiras, pensamento criminal proativo)
(Walters, 2016).
Por fim, foram
detetadas diferenças de sexo parcialmente significativas ao nível dos
comportamentos desviantes/e ou delinquentes dos participantes e em que os
rapazes assumiram mais, em comparação com as raparigas adotar algum tipo de
comportamento desviante e/ou delinquente, tais como: danificar intencionalmente
objetos de alguém; venda de algum tipo e material roubado; tráfico/venda de
drogas; prática de algum tipo de furto; prática de algum tipo de roubo (e.g.,
assaltos a lojas, casas, carteiras). Este dado é de resto congruente com
o apurado em outros estudos nacionais (e.g., Braga &
Gonçalves, 2013; Fonseca, 2013), onde o
comportamento antissocial surge como sendo mais frequente nos rapazes do que
nas raparigas.
Conclusão
A literatura da
especialidade comprova que a adoção de comportamentos desviantes e/ou
delinquentes é uma realidade presente em idades cada vez mais precoces. Este
disfuncionamento comportamental está, não raras vezes, associado ao estilo de
vida dos jovens, às dinâmicas familiares, e aos aspetos individual, escolar e
social. Efetivamente, no presente estudo identificou-se uma percentagem
expressiva de jovens que assumiram consumos diversos (e.g., tabaco, álcool e
cannabis) muito precocemente, o que parecer coexistir com certas práticas
parentais menos adequadas e funcionais, como reduzida supervisão e controlo
parentais. Foi igualmente possível constatar o envolvimento de jovens em grupos
de pares desviantes, seja em meio escolar, seja nas saídas noturnas. Acrescem
ainda evidências que apontam para um cada vez maior envolvimento dos jovens ao
nível das redes sociais em detrimento de outras atividades extracurriculares,
desportivas e de lazer, bem como o seu envolvimento em comportamentos
desviantes e/ou delinquentes, praticados sobretudo nos espaços escolar e de
convívio social juvenil, considerados de risco para possíveis consumos de
drogas. O facto de a amostra dos participantes no estudo ser predominantemente
oriunda de áreas rurais, constitui a nosso ver um aspeto inovador no presente
estudo, atendendo a que grande parte dos estudos desenvolvidos sobre
delinquência juvenil e comportamento desviante focam-se nas realidades urbanas
e em estilos de vida urbanos.
A realização deste
estudo não está, contudo, isenta de limitações que poderão ter influenciado os
resultados e impedido de alcançar uma leitura mais holística do fenómeno. Desde
logo trata-se de um estudo exploratório, conduzido numa determinada localidade
do país (zona norte) e, como tal, não é possível a generalização dos
resultados. Além disso, trata-se de uma amostra de conveniência, modesta, pelo
que seria importante que em estudos futuros se contemplasse uma amostra mais
alargada; acresce, ainda, o facto de se tratar de um estudo fundamentalmente descritivo,
fundamentando-se a necessidade de se desenvolverem estudos correlacionais e até
mesmo longitudinais, que possibilitassem compreender a evolução dos
comportamentos transgressivos ao longo do tempo.
Face aos dados
obtidos, particularmente a presença de vários tipos de comportamentos
desviantes (e.g., absentismo escolar; consumos de álcool e drogas) e até
delinquentes e criminais (e.g., agressões físicas com colegas, professores,
tráfico de droga, furtos, entrada em propriedades privadas) nesta localidade
torna-se necessário apostar cada vez mais na prevenção deste tipo de
comportamentos. Assim, é importante que os esforços de prevenção privilegiem
este grupo de jovens que precocemente manifestam comportamentos antissociais,
dado o seu maior risco para o desenvolvimento de futuras formas de inadaptação
social (Fonseca, 2013). Sugere-se, deste modo, a
imperativa necessidade de se continuar a apostar no desenvolvimento de
programas de prevenção dos diferentes comportamentos de risco (e.g., condutas
antissociais, consumos) associados à adolescência e à juventude, incidindo mais
diretamente junto dos jovens, inseridos em meios urbanos e rurais, em de modo a
estabelecer uma relação de confiança com ele.
Importa igualmente
atuar ao nível dos espaços escolares. Neste âmbito, a realização de programas
de mediação escolar poderá contribuir para uma resolução mais eficaz e positiva
dos conflitos em meio escolar, podendo constituir uma mais valia na prevenção do comportamento delinquente. É uma
realidade que o espaço escolar é, não raras vezes, palco para a manifestação de
diversos conflitos interpessoais (e.g., problemas de indisciplina, bullying,
insucesso ou abandono escolar e violência entre pares), atendendo a que a grande
maioria destas alterações comportamentais está sobretudo associada a dinâmicas
familiares perversas, como sejam a exposição a violência doméstica, fracas
relações parentais, desemprego, condições económicas desfavoráveis, álcool,
tráfico e consumo de droga. Importa, pois, continuar a promover esforços
interventivos e preventivos que incidam de forma particular na eliminação
destas dinâmicas familiares e promoção dos vínculos parentais.
Por fim, importa
destacar a necessidade de se privilegiar a adoção e implementação precoces de
estratégias de prevenção do comportamento delinquente, de forma a evitar que
este progrida para a idade adulta, tornando mais árduo o processo interventivo
e remediativo.
Conflito de interesses | Conflict of interest: nenhum | none.
Fontes de financiamento | Funding sources: FCT – Fundação para a
Ciência e a Tecnologia no âmbito do projeto PTDC/DIR-DCP/28120/2017 | FCT –
Fundação para a Ciência e Tecnologia [Portuguese national
funding agency for science,
research and technology] under the project
PTDC / DIR-DCP / 28120/2017.
Contributos | Contributions: SC e ACM: Revisão da
literatura; Recolha, inserção e tratamento dos dados; redação do manuscrito. LN:
Contributo na redação do manuscrito; Tratamento e discussão dos dados; Revisão
da redação final do manuscrito.
Declaração | Acknowledgments: Partes deste trabalho
foram apresentadas em cumprimento parcial dos requisitos para o
grau de mestre na Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade
Fernando Pessoa, Porto, Portugal | Portions
of this work
have been submitted in partial fulfillment of the requirements for a master degree, at Faculty
of Humanities and
Social Sciences, University
of Fernando Pessoa, Porto, Portugal.
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Acesso Aberto © 2019. O(s) Autor(es)..
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