Revista Portuguesa de Investigação Comportamental e Social 2019 Vol. 5 (2): 49-67
Portuguese Journal of
Behavioral and Social Research 2019 Vol. 5 (2): 49-67
Departamento de Investigação & Desenvolvimento • Instituto
Superior Miguel Torga
ARTIGO ORIGINAL
Validação
da PANAS numa amostra portuguesa de pessoas idosas em resposta social
PANAS validation in a Portuguese sample of
older adults supported by social institutions
Laura Lemos (1)
Helena Espírito-Santo
(1,2)
Cristiana
Duarte-Figueiredo (1)
Diana Santos (1)
Luís Cunha (1)
Fernanda Daniel (1,3)
(1) Centro Interdisciplinar de Investigação Psicossocial, Instituto
Superior Miguel Torga, Portugal
(2) Centro de Investigação em Neuropsicologia e Intervenção
Cognitivo-Comportamental, Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade
de Coimbra, Portugal
(3) Centro de Estudos e Investigação em Saúde da Universidade de
Coimbra, Portugal
Recebido: 12/11/2019; Revisto: 26/11/2019; Aceite: 27/11/2019.
https://doi.org/10.31211/rpics.2019.5.2.160
Contexto: O afeto
positivo e negativo são duas dimensões psicobiológicas do bem-estar subjetivo
(BES) relevantes para a forma como é experienciada a circunstância da recurso a
apoio institucional na vida de muitas pessoas idosas. Objetivo: O objetivo do estudo foi validar, no contexto de resposta
social, uma versão breve da Positive and
Negative Affect Schedule (PANAS), um questionário que permite avaliar o
afeto positivo e negativo. Métodos: Numa amostra de 389 idosos (61 – 100 anos; M = 80,89; DP
= 7,48 anos), avaliados através da PANAS, da Satisfaction With Life Scale
e da Geriatric Depression Scale-8,
testaram-se as propriedades psicométricas e realizou-se uma análise fatorial
exploratória da PANAS. Numa segunda amostra de 383 sujeitos (60 – 99 anos; M
= 80,27; DP = 7,87 anos) efetuou-se uma análise fatorial confirmatória. Resultados: Obteve-se uma versão
reduzida da PANAS, com 14 itens, estrutura bidimensional, adequadas
consistências internas, validade convergente e divergente para o Afeto
Positivo/AP e Afeto Negativo/AN. A estabilidade temporal (intervalo
= 1,44 meses) foi igualmente adequada para o AP e para o AN (p <
0,001). A análise fatorial confirmatória revelou um ajustamento adequado para a
estrutura bidimensional da PANAS-14 (AGFI = 0,91; CFI = 0,93; SRMR
= 0,05; RMSEA = 0,06; PCLOSE = 0,12). Conclusão: A PANAS-14 é um instrumento breve
psicometricamente adequado para a avaliação do PA e do NA em pessoas idosas em
resposta social.
Palavras-Chave: Envelhecimento; Resposta Social;
Bem-Estar Subjetivo; PANAS.
Background: Positive and negative
affect are two psychobiological dimensions of subjective wellbeing (BES)
relevant to the way institutional support is experienced in the lives of many
older people. Aim: The study aimed to
validate, in the context of institutional support, a brief version of the
Positive and Negative Affect Schedule (PANAS), a questionnaire that allows us
to evaluate positive and negative affect. Methods: A sample of 389 old
adults (61 – 100 years; M = 80.89; SD = 7.48 years) was assessed
with the PANAS, Satisfaction With Life Scale, and Geriatric Depression Scale-8.
In this sample, the psychometric properties of the PANAS were tested, and an
exploratory factor analysis was performed. In a second sample of 383 subjects
(60 – 99 years; M = 80.27; SD = 7.87 years), confirmatory factor
analysis was executed. Results: A reduced version of
PANAS was obtained, with 14 items, a two-dimensional structure, adequate
internal consistency, convergent, and divergent validity for the Positive
Affect/PA and Negative Affect/NA. Temporal stability (interval =
1.44 months) was equally adequate for PA and NA (p < 0.001).
Confirmatory factor analysis revealed an adequate adjustment for the
two-dimensional structure of PANAS-14 (AGFI = 0.91; CFI = 0.93; SRMR
= 0.05; RMSEA = 0.06; PCLOSE = 0.12). Conclusions: The PANAS-14 is a
brief psychometrically suitable tool for the assessment of PA and NA in
institutionalized older adults supported by social institutions.
Keywords: Aging; Social Institution; Subjective wellbeing; PANAS.
A investigação sobre o envelhecimento tem evidenciado um interesse
particular no Bem-Estar Subjetivo (BES). A preocupação sobre o possível impacto
das alterações físicas, psicológicas e sociais que acompanham o processo de
envelhecimento no BES das pessoas idosas (Diener, Scollon, & Lucas, 2003), bem como o objetivo de promoção da saúde nesta
etapa do ciclo vital, poderão explicar este movimento. De acordo com Galinha e
Ribeiro (2005), o BES remete para uma dimensão positiva da saúde, associada a um
envelhecimento saudável (Diener, 2000; Guedea
et al., 2006), sendo a promoção desta dimensão nas pessoas idosas uma
estratégia de saúde pública nos países desenvolvidos (Jivraj, Nazroo, Vanhoutte, & Chandola, 2014).
Estudos recentes apontam para uma estabilidade do BES ao longo da
vida, sugerindo que a idade não é um preditor de BES, pois se as condições de
vida se mantiverem, se houver perceção de uma saúde e rede interpessoal
satisfatórias, os níveis de BES tendem a não decrescer (Diener & Lucas, 2000;
Isaacowitz, 2005; Lima et al., 2001;
Oliveira, Queiroz, & Costa, 2012; Sposito, Diogo,
Cintra, Neri, & Guariento, 2010). Uma alteração significativa nas condições de vida das pessoas
idosas poderá ser o recurso a instituições de apoio social. Por um lado, este
apoio poderá constituir-se como essencial no acesso a cuidados de saúde e apoio
social, no entanto, poderá também promover estados emocionais negativos, na
medida em que a pessoa poderá ver-se confrontada com algum grau de dependência
e fragilidade, sobretudo quando beneficiam da valência residencial. As
instituições de apoio social, nomeadamente no que respeita ao seu ambiente
físico, têm demonstrado influenciar a qualidade de vida e o bem-estar das
pessoas idosas (Burton & Sheehan, 2010). De acordo com a investigação, a perceção que a pessoa idosa tem
do seu estado de saúde bem como a satisfação com a instituição onde reside são
variáveis que interferem com o bem-estar e com a satisfação com a vida (Bockerman, Johansson, & Saarni, 2012; Donnenwerth & Petersen, 1992). Segundo Donnenwerth e Petersen (1992), a institucionalização terá um efeito positivo quando mediada
pela perceção do idoso face à saúde, ainda que tenha um efeito negativo quando
mediada pelo fator satisfação com a residência, o que implica um efeito
negativo da variável institucionalização face ao bem-estar da pessoa idosa. Por
outro lado, Bockerman et al. (2012) realizaram um estudo
com população idosa finlandesa em que concluíram que quem vive em instituições
apresenta maiores níveis satisfação com a vida. Desta forma e de acordo com Cardão (2009) a institucionalização nesta etapa do ciclo vital poderá
apresentar vantagens e inconvenientes para a pessoa idosa. Por um lado, a
institucionalização permite maior acessibilidade a serviços sociais e médicos
que poderão ter impacto positivo na qualidade de vida do indivíduo e, por
outro, implica a perda e a quebra dos laços familiares (Ferretti, Soccol, Albrecht, & Ferraz, 2014), que influenciarão a adaptação positiva ao novo contexto (Cardão, 2009; Runcan, 2012). O recurso a outras valências institucionais poderá, também, ser
um fator que influencia os níveis de BES uma vez que, por um lado, poderá pressupor
algum nível de dependência e fragilidade em termos de saúde, e por outro,
poderá fazer face a necessidades que de outra forma haveria maior dificuldade
em serem supridas. A forma como a pessoa experiencia o apoio institucional
parece assim ter impacto nos níveis de BES, legitimando a sua investigação com
esta população.
O BES refere-se à avaliação subjetiva que as pessoas fazem das
suas vidas, incluindo julgamentos cognitivos globais de satisfação e a
experiência de emoções positivas e negativas (Diener, 1984;
Diener et al., 2003). A investigação sobre o BES centra-se na forma como as pessoas
vivem e experienciam as suas vidas, quer do ponto de vista cognitivo (Diener, 1984), caracterizado pela satisfação com a vida em domínios específicos
(p. ex., a capacidade física e mental e os relacionamentos sociais), quer do
ponto de vista afetivo, caracterizado pelo equilíbrio entre emoções positivas e
negativas (Albuquerque & Tróccoli, 2004; Diener, 2000; Diener,
Suh, Lucas, & Smith, 1999; Galinha &
Pais-Ribeiro, 2005). As emoções positivas estão relacionadas com experiências
agradáveis subjetivas, traduzindo-se num estado no qual se sente entusiasmo e
energia, das quais são exemplo a satisfação, a confiança e a felicidade (Crawford & Henry, 2004). Ao invés, as emoções negativas refletem sofrimento e
desconforto, caracterizando-se por vivências desagradáveis relativamente a
distintas atividades do dia-a-dia (Watson, Clark, & Tellegen, 1988), salientando-se, como exemplos, a tristeza e a culpa (Crawford & Henry, 2004).
Assim, o afeto positivo e negativo são dimensões da experiência
emocional e permitem diferenciar a ansiedade e a depressão. De acordo com o
modelo tripartido de Clark e Watson (1991), a ansiedade é caracterizada por níveis elevados de ativação
fisiológica, sendo a depressão caracterizada por diminuição do interesse, perda
de energia e lentificação psicomotora (Laurent et al., 1999). Assim e tendo em conta as dimensões do afeto, sujeitos com
ansiedade e depressão tendem a revelar níveis mais elevados de afeto negativo,
e os sujeitos somente com sintomatologia depressiva apresentam também baixos
níveis de afeto positivo.
As medidas de autorrelato são as mais utilizadas para avaliar os
constructos que compõem o BES. Essas medidas são rápidas, de fácil aplicação e
são sensíveis o suficiente para captar as diferentes componentes do bem-estar
com bons níveis de confiabilidade e validade. A Positive and Negative Affect
Schedule (PANAS; Watson et al., 1988) é um instrumento que permite avaliar as duas dimensões da
afetividade, constituindo-se como uma medida breve, de fácil administração e
válida que mede ambas as dimensões do afeto. Originalmente, a escala incluiu
vinte itens, dez dos quais correspondentes ao Afeto Positivo e os restantes dez
ao Afeto Negativo (Watson et al., 1988); a validação portuguesa da escala é constituída por vinte e dois
itens, onze dos quais correspondentes ao Afeto Positivo e os restantes onze ao Afeto
Negativo (Simões, 1993). Esta escala surgiu após estudos relativos à estrutura
bidimensional do afeto e com o objetivo de desenvolvimento de uma escala
reduzida, que fosse breve e de fácil administração, superando assim lacunas de
escalas anteriores no que respeita às propriedades psicométricas, as quais
tinham baixos valores de validade e fidedignidade (Watson et al., 1988).
Já no que respeita às versões portuguesas (Galinha & Pais-Ribeiro, 2005; Simões, 1993), a PANAS foi validada tendo por base os mesmos pressupostos
metodológicos adotados pelos autores da versão original, ainda que tendo em
consideração as características peculiares que definem o afeto, bem como a
disparidades lexicais, diferenças de contexto e cultura (Costa, 2013; Galinha
& Pais-Ribeiro, 2005; Simões, 1993). Desta forma, a escala portuguesa apresenta na sua generalidade
boas propriedades psicométricas (Costa, 2013; Galinha
& Pais-Ribeiro, 2005; Simões, 1993) quando comparada com a validação da versão original americana,
apresentando 13 de 22 itens similares em ambas as escalas (Costa, 2013; Simões, 1993). A PANAS tem ainda sido alvo de validação para outros países e
amostras. O Quadro 1 sintetiza a revisão da literatura dos estudos de validação
da escala.
|
Quadro 1 Revisão da Literatura |
|
|||||
|
Autor(es) (Ano) |
Amostra |
Nº Itens |
Consistência interna |
Teste-reteste |
Análise Fatorial |
|
|
Watson et al. (1988) |
N = 663 Estudantes |
20 itens |
AP = 0,88 AN = 0,87 |
AP = 0,68 AN = 0,71 |
2 fatores (AFE) |
|
|
Kercher (1992) |
N = 804 Idosos |
10 itens |
AP = 0,75 AN = 0,81 |
— |
2 fatores (AFC) |
|
|
Simões (1993) |
N = 226 Estudantes |
22 itens |
AP = 0,82 AN = 0,85 |
— |
— |
|
|
Huebner & Dew (1995) |
N = 266 Adolescentes |
10 itens |
AP = 0,85 AN = 0,84 |
— |
2 fatores (AFE) |
|
|
Wilson Gullone, &
Moss (1998) |
N = 228 Crianças e adolescentes |
20 itens |
AP = 0,78 AN = 0,81 |
— |
2 fatores (AFC) |
|
|
Mackinnon et al. (1999) |
N = 2651 Comunidade |
10 itens |
AP = 0,78 AN = 0,87 |
— |
2 fatores (AFC) |
|
|
Laurent et al. |
N = 707 Crianças |
30 itens |
AP = 0,89 AN = 0,94 |
— |
2 fatores |
|
|
Sandín et al. (1999) |
N = 712 Estudantes |
20 itens |
AP = 0,87 AN = 0,89 |
— |
2 fatores |
|
|
DePaoli & Sweeney (2000) |
N = 69 Estudantes |
20 itens |
AP = 0,85 AN = 0,86 |
— |
— |
|
|
Crawford & Henry (2004) |
N = 1003 Adultos comunidade |
20 itens |
AP = 0,89 AN = 0,85 |
— |
2 fatores (AFC) |
|
|
Galinha &
Pais-Ribeiro (2005) |
N = 348 Estudantes |
20 itens |
AP = 0,86 AN = 0,89 |
— |
2 fatores (AFE) |
|
|
Thompson (2007) |
N = 407 Estudantes |
10 itens |
AP = 0,78 AN = 0,76 |
AP = 0,84 AN = 0,84 |
2 fatores (AFC) |
|
|
Lim, Yu, Kim, & Kim (2010) |
N = 218 Amostra clínica |
20 itens |
AP = 0,87 AN = 0,91 |
AP = 0,79 AN = 0,89 |
2 fatores (AFC) |
|
|
Gyollai, Köteles, &
Demetrovics (2011) |
N = 1629 Estudantes (E) e População clínica (PC) |
20 itens |
EAP = 0,73 EAN = 0,79 PCAP = 0,65 PCAP = 0,67 |
— |
2 fatores (AFC) |
|
|
Karim, Weisz, &
Rehman (2011) |
N = 423 Estudantes |
10 itens |
AP = 0,75 AN = 0,80 |
— |
2 fatores (AFC) |
|
|
Cotigã (2012) |
N = 120 Funcionários |
11 itens |
AP = 0,83 AN = 0,80 Total = 0,81 |
AP = 0,39 AN = 0,43 |
— |
|
|
Dufey & Fernandez (2012) |
N = 437 Estudantes |
20 itens |
AP = 0,71 AN = 0,82 |
AP = 0,65 AN = 0,77 |
2 fatores (AFE) |
|
|
Costa (2013)a |
N = 555 Idosos |
20 itens |
AP = 0,79 AN = 0,84 |
AP = 0,45 AN = 0,10 |
2 fatores (AFE) |
|
|
Carvalho et al. (2013) |
N = 3728 Comunidade |
20 itens |
AP = 0,88 AN = 0,87 |
— |
2 fatores (AFE) |
|
|
Galinha, Pereira, &
Esteves (2014) |
N = 836 Estudantes |
10 itens |
AP = 0,86 AN = 0,89 |
Invariância intemporal
x 2 |
2 fatores (AFC) |
|
|
Nolla, Queral, &
Miró (2014) |
N = 436 Idosos |
20 itens |
AP = 0,91 AN = 0,90 |
— |
2 fatores (AFE) |
|
|
Buz,
Pérez-Arechaederra, Fernández-Pulido, & Urchaga (2015) |
N = 585 Idosos |
20 itens |
AP = 0,93 AN = 0,83 |
— |
2 fatores (AFE) |
|
|
Sousa, Marques-Vieira,
Severino, Pozo Rosado, & José (2016) |
N = 171 Doença renal crónica |
20 itens |
AP = 0,87 AN = 0,88 |
Total = 0,91 |
2 fatores (AFE) |
|
|
Humboldt & Leal (2017) |
N = 1291 Idosos comunidade |
20 itens |
AP = 0,92 AN = 0,88 |
— |
2 fatores |
|
|
Nota. AP = Afeto
positivo; NA = Afeto Negativo; AFE
= Análise fatorial exploratória; AFC
= Análise fatorial confirmatória; EAP = Afeto Positivo na amostra de
estudantes; EAN = Afeto Negativo na amostra de estudantes; PCAP = Afeto
Positivo na amostra da população clínica; PCAN = Afeto Negativo na
amostra da população clínica. a Este estudo está inserido no
Projeto Trajetórias do Envelhecimento. |
|
Em suma, as pessoas idosas têm de lidar com desafios físicos,
mentais e sociais particulares. Um desses desafios é o apoio prestado por
instituições que surge frequentemente como resposta à solidão e às dificuldades
físicas, mentais ou neurocognitivas. A forma como a pessoa idosa experiencia o apoio
institucional poderá influenciar as dimensões do afeto positivo e negativo, as
componentes emocionais do BES. Assim, é de relevo que este segmento da
população seja estudado na sua dimensão afetiva.
A PANAS foi validada em várias populações e culturas e existe um
estudo preliminar com pessoas idosas sob resposta social realizado pelo nosso
grupo de investigação (Costa, 2013). No entanto, os estudos com pessoas idosas que
beneficiam de apoio institucional são limitados e havia que estender o estudo
prévio a amostras maiores. Adicionalmente, versões breves de questionários são
um aspeto importante para evitar sobrecarregar uma população idosa que
caracteristicamente apresenta baixa escolarização, presença de sintomatologia
mental, neurocognitiva e física e idade avançada (e.g., Daniel, Vicente, Guadalupe, Silva, &
Espirito-Santo, 2015; Espirito-Santo & Daniel, 2018; Fastame & Cavallini, 2011;
Fastame, Hitchcott, Penna, & Murino, 2016;
Figueiredo-Duarte, Espirito-Santo, Sério, Marques, & Daniel, 2019; Runcan, 2012; Vicente et
al., 2014).
Assim, o presente estudo teve como objetivos: 1) determinar a
estrutura fatorial da PANAS numa amostra de pessoas em resposta social de idade
avançada e verificar se é possível derivar dessa análise uma versão mais curta;
2) estudar as propriedades psicométricas da PANAS na mesma amostra (Estudo 1);
3) efetuar uma análise fatorial confirmatória noutra amostra de pessoas idosas
que beneficiam de apoio institucional (Estudo 2).
Participantes
A amostra utilizada na presente
investigação foi distinta consoante o estudo (Estudo 1 e Estudo 2). Contudo,
para ambos os estudos, a amostra foi selecionada de acordo com os seguintes
critérios: sujeitos com idade igual ou superior a 60 anos em resposta social,
tendo sido excluídos os sujeitos com dificuldades de compreensão e expressão
verbal (determinadas na entrevista inicial e confirmadas nos registos médicos
dos utentes). Após a seleção, os participantes foram divididos aleatoriamente
pelos dois grupos de cada estudo. Metade da amostra, utilizada no Estudo 1,
incluiu 389 idosos e a outra metade abrangeu 383 idosos incluídos no Estudo 2.
Instrumentos
Questionário sociodemográfico. Com este questionário recolheu-se
informação sobre o sexo, idade, estado civil, profissão, nível de escolaridade,
área geográfica e tipo de resposta social.
Lista de Afetos Positivos e Negativos. A Positive
Affect and Negative Affect Schedule (PANAS, versão original de Watson et
al., 1988; versão portuguesa de Simões, 1993) é uma escala que permite avaliar a afetividade e o
bem-estar subjetivo, constituída por 22 itens, divididos em igual número quanto
pelas subescalas/fatores Afeto Positivo e Negativo. A PANAS compreende
um formato de resposta tipo Likert de cinco pontos, variando a sua pontuação
entre 11 e 55 pontos (nível mais alto de afeto) em cada subescala.
Escala de Depressão Geriátrica de 8 itens. A Geriatric
Depression Scale-8 (GDS, versão original de Yesavage et al., 1983; tradução para a
população portuguesa de Barreto, Leuschner, Santos, & Sobral, 2007; validação de Figueiredo-Duarte et al., 2019) é uma escala que objetiva o rastreio da
sintomatologia depressiva na população geriátrica institucionalizada (Figueiredo-Duarte
et al., 2019). Esta versão da GDS é constituída por
oito itens, variando a sua pontuação entre 0 e 8 (mais sintomas depressivos). O
valor de alfa de Cronbach da versão original foi de 0,94, tendo o valor da
população portuguesa sido de 0,87. No que respeita à presente investigação, o
valor de alfa de Cronbach encontrado foi de 0,85.
Escala de Satisfação com a Vida. A Satisfaction With Life Scale
(SWLS, versão original de Diener, Emmons,
Larsen e Griffin, 1985; versão portuguesa de Simões, 1992) avalia a
satisfação dos sujeitos com a vida, no que respeita ao bem-estar subjetivo dos
mesmos. A escala compreende cinco itens, com opção de resposta de cinco pontos
numa escala de Likert, variando a sua pontuação entre os 5 e os 25 pontos (Simões, 1992). O valor de
confiabilidade da versão portuguesa numa amostra prévia de pessoas idosas sob
resposta social do Projeto Trajetórias do Envelhecimento foi de 0,76 (Costa, 2013), tendo sido de
0,78 no presente estudo.
Procedimentos
A presente investigação está inserida no projeto Trajetórias do
Envelhecimento do Instituto Superior Miguel Torga, tendo para os devidos
efeitos sido elaborados pedidos de autorização aos autores das escalas
integrantes do protocolo, bem como às instituições e respetivos utentes através
de consentimento informado. O protocolo foi administrado por avaliadores
treinados de acordo com os objetivos do estudo, tendo integrado um questionário
sociodemográfico, a PANAS, a SWLS e a GDS-8. Para análise da estabilidade
temporal da escala o protocolo foi administrado num segundo momento a uma subamostra
de 120 pessoas (1,44 meses de intervalo). Todos os questionários foram lidos em
voz alta para padronizar a administração e minimizar eventuais dificuldades de
compreensão das questões.
Estudo 1: Análise Fatorial Exploratória
Participantes
A amostra incluiu 389 sujeitos, com
idades compreendidas entre os 61 e os 100 anos e uma média de idades de 81 anos
(DP = 7,48). Esta amostra foi constituída por 289 (74,3%) sujeitos do
sexo feminino e 100 (25,7%) do sexo masculino. No que respeita ao estado civil,
a amostra foi constituída por 43 (11,1%) sujeitos solteiros, 21 (5,4%) sujeitos
separados/ divorciados, 243 (62,5%) viúvos e 82 (21,1%) casados ou em união de
facto. De acordo com a ocupação prévia/profissão, 340 (88,1%) sujeitos tinham
uma profissão manual, tendo os restantes 46 (11,9%) uma profissão de índole
intelectual. Quanto ao nível de escolaridade, 118 (30,3%) sujeitos não eram
escolarizados, sendo que 49 (12,6%) dos sujeitos sabiam ler e escrever ainda
que não tivessem escolaridade; 168 (43,2%) completou o 1.º ciclo do ensino
básico; 30 (7,7%) concluiu o 2.º ciclo do ensino básico; tendo os restantes 24
(6,2%) concluído o ensino secundário. No que respeita à resposta social, dez
(2,6%) dos sujeitos frequentavam o centro de convívio; 211 (54,9%) estavam
inseridos em regime de centro de dia; 12 (3,1%) frequentavam o centro de noite;
147 (38,3%) residiam em estruturas residenciais para idosos; estando os
restantes 4 (1%) integrados no serviço de apoio domiciliário. A amostra deste
estudo contou com 152 (39,1%) de participantes provenientes de meio urbano,
sendo os restantes 237 (60,9%) provenientes de meio rural.
|
Caracterização
Sociodemográfica da Amostra para o Estudo 1 (N = 389) |
|
||||
|
Variáveis
sociodemográficas |
|
n |
% |
|
|
|
Sexo |
Feminino Masculino |
289 100 |
74,3 25,7 |
|
|
|
Faixa Etária (M = 81,00; DP = 7,48) |
61-70 71-80 81-90 91-100 |
36 129 191 33 |
9,3 33,2 49,1 8,5 |
|
|
|
Estado Civil |
Solteiro(a) Casado(a) Divorciado(a) Viúvo(a) |
43 82 21 243 |
11,1 21,1 5,4 62,5 |
|
|
|
Profissão |
Manual Intelectual |
340 46 |
88,1 11,9 |
|
|
|
Nível de Escolaridade |
Sem escolaridade Sabe ler e escrever 1º ciclo 2º ciclo Ensino secundário |
118 49 168 30 24 |
30,3 12,6 43,2 7,7 6,2 |
|
|
|
Resposta Social |
Centro de convívio Centro de dia Centro de noite Estrutural residencial Apoio domiciliário |
10 211 12 147 4 |
2,6 54,9 3,1 38,3 1,0 |
|
|
|
Área geográfica |
Rural Urbano |
237 152 |
60,9 39,1 |
|
|
|
Nota. M = Média; DP = Desvio Padrão; n = Número
de sujeitos. |
|
||||
Análise Estatística
A análise estatística no Estudo 1 foi
realizada com recurso ao programa IBM SPSS Statistics (v.25), tendo sido
utilizada estatística paramétrica tendo em conta o critério proposto por Kim (2013), que, para amostras com mais de 300
participantes, propõe que valores absolutos de assimetria inferiores a 2 e de
curtose inferiores a 4 sejam indicadores de não desvio da normalidade. Inicialmente
realizou-se uma análise fatorial exploratória por forma a analisar a estrutura
fatorial da escala, bem como a adequabilidade dos seus constituintes. De
seguida, utilizou-se a análise paralela de Monte Carlo com o intuito de
confirmar a solução fatorial rodada (Varimax
e Quartimax) mais adequada.
Seguidamente foram inspecionados os valores de fidedignidade da escala através
do valor de alfa de Cronbach, bem como os valores de alfa se item excluído no
sentido de corroborar a estrutura fatorial que anteriormente se salientou. Para
finalizar, foi ainda importante verificar os valores da escala em estudo no que
respeita à sua validade convergente e divergente com outros instrumentos,
através dos valores de correlação de Pearson e do teste t de Student
para amostras emparelhadas.
Resultados
Análise fatorial
exploratória. A PANAS de 22 itens foi submetida a uma análise
fatorial exploratória de componentes principais não rodada e rodada com rotação
Varimax e Quartimax
por forma a verificar a sua estrutura após maximização das suas saturações. Em
consequência, a escala apresentou um total de quatro fatores com uma variância
total explicada de 49,56, bem como um valor de Keyser Meyer Olkin (KMO)
de 0,87 e um teste de esfericidade de Bartlett com significância estatística (p
< 0,001). Contudo, a análise paralela de Monte Carlo (22 itens x 389
sujeitos) indicou valores de critério para os eigenvalues que conduziram
à decisão de reter apenas dois fatores. Desta forma, a análise fatorial
exploratória foi novamente realizada forçada a dois fatores, tendo
apresentado uma variância total explicada de 38,89. Após a análise não rodada
ter obtido itens com saturações em ambos os fatores, aplicámos a rotação tanto Quartimax como Varimax. As soluções foram idênticas, verificando-se que os Itens 8
(Agressivo) e 13 (Envergonhado) apresentavam saturações muito
baixas no fator Afeto Negativo, pelo que este critério levou à exclusão
dos mesmos. Por forma a obter uma versão reduzida, mas que fosse balanceada
(mesmo número de itens positivos e negativos), tiveram de ser retidos somente
itens que tivessem um valor de saturação superior a 0,63 no respetivo fator
(saturações muito boas explicativas de 40% da variância; Hair, Anderson, Tatham, & Black, 1995;
Pearson & Hall, 1993). Desta forma, excluíram-se do fator Afeto
Positivo os Itens 1 (Interessado), 10 (Orgulhoso), 17 (Atencioso)
e 21 (Emocionado), e os Itens 4 (Aborrecido) e 6 (Culpado)
do fator Afeto Negativo. Por fim, repetida a análise com a exclusão dos
itens referidos, a PANAS-14 apresentou-se como uma escala bifatorial, com uma
variância total explicada de 48,64 (KMO = 0,85; Teste de esfericidade de
Bartlett: p < 0,001).
|
Valores de
Saturação dos Itens da PANAS-14 nos Dois Fatores (Afeto Positivo e Afeto Negativo)
(N = 389) |
|
||
|
Item (# versão
original) |
Afeto Positivo |
Afeto Negativo |
|
|
1. Aflito (2) |
— |
0,67 |
|
|
2. Estimulado
(animado) (3) |
0,70 |
— |
|
|
3. Forte (5) |
0,65 |
— |
|
|
4. Assustado (7) |
— |
0,77 |
|
|
5. Entusiasmado
(arrebatado) (9) |
0,70 |
— |
|
|
6. Irritável
(11) |
— |
0,73 |
|
|
7. Atento (12) |
0,61 |
— |
|
|
8. Inspirado
(14) |
0,67 |
— |
|
|
9. Nervoso (15) |
— |
0,77 |
|
|
10. Decidido
(16) |
0,63 |
— |
|
|
11. Inquieto
(18) |
— |
0,71 |
|
|
12. Ativo (19) |
0,67 |
— |
|
|
13. Medroso (20) |
— |
0,64 |
|
|
14. Magoado (22) |
— |
0,75 |
|
Consistência interna.
Os valores de consistência interna
foram calculados através do valor de alfa de Cronbach para as subescalas do Afeto
Positivo e Negativo. No que respeita ao Afeto Positivo o
valor de alfa de Cronbach foi de 0,78, tendo o valor da subescala do Afeto
Negativo sido de 0,84. Quando inspecionados os valores de alfa-se-item-eliminado,
foi possível verificar que nenhum dos valores de alfa dos itens se sobrepunha
ao valor de alfa da escala total, o que corroborou a estrutura fatorial da
escala.
Validades convergente e
divergente. As validades convergente e divergente foram
calculadas através de correlações de Pearson com os totais das escalas GDS-8 e
SWLS. Quanto ao Afeto Positivo, no que respeita à validade convergente,
foi encontrado um valor de correlação de 0,44 (R2 x 100 = 19,4%; p
< 0,01) com a SWLS. No que respeita à validade divergente, as pontuações do Afeto
Positivo apresentaram um valor de correlação de -0,24 (R2 x 100 =
5,8%; p < 0,01) com a GDS-8 e de -0,17 (R2 x 100 = 2,9%; p
< 0,01) com subescala de Afeto Negativo. Relativamente ao Afeto
Negativo, no que respeita à validade convergente, foi encontrado um valor
de correlação de 0,61 (R2 x 100 = 37,2%; p < 0,01) com a GDS-8
e um valor de -0,34 (R2 x 100 = 11,6%; p < 0,01) com a SWLS no
que respeita à validade divergente.
|
Tabela 3 Correlações de Pearson entre o Afeto Positivo,
Afeto Negativo da PANAS, GDS e SWLS (N = 389) |
|
||||
|
Instrumentos |
1 |
2 |
3 |
4 |
|
|
1. Afeto Positivo |
— |
|
|
|
|
|
2. Afeto Negativo |
- 0,17 ** |
— |
|
|
|
|
3. GDS |
- 0,24 ** |
0,61 ** |
— |
|
|
|
4. SWLS |
0,44 ** |
- 0,34 ** |
- 0,34 ** |
— |
|
|
Nota. PANAS = Positive and Negative Affect Schedule; GDS = Geriatric Depression Scale; SWLS = Satisfaction With
Life Scale. * p <
0,05; **p < 0,01. |
|
Estabilidade temporal. Quando analisados os resultados da análise t
de Student para amostras emparelhadas foi possível depreender que no que concerne
ao Afeto Positivo houve uma diminuição das pontuações entre os primeiro
(M = 19,08; DP = 4,79) e o segundo (M = 18,11; DP =
5,78) momentos de avaliação, ainda que esta diferença não fosse
estatisticamente significativa [t(65) = 1,49 ; p = 0,15]. Quanto ao
Afeto Negativo foi também possível depreender, através da mesma análise,
a diminuição das pontuações entre o primeiro (M = 17,64; DP =
6,79) e o segundo (M = 16,05; DP = 5,43) momentos, o que também
não foi estatisticamente significativo [t(65) = 1,81; p = 0,08]. Por fim, a PANAS-14 apresentou as
pontuações que se descrevem junto com a sua conversão numa escala uniforme de 0-100 baseada na percentagem do máximo possível (POMP)
de acordo com a fórmula de Cohen, Cohen, Aiken e West (2010): MPOMP =
[M - pontuação mínima possível (7)] /
[pontuação máxima possível (35) - pontuação mínima possível (7)] x 100. No Afeto
Positivo, a média foi de 19,66 (DP = 5,71; min = 7,00; máx = 35; MPOMP
= 45,2%) e no Afeto Negativo, a média foi de 16,75 (DP =
6,96; min = 7,00; máx = 35; MPOMP = 34,8%). Como se pode observar, a
percentagem da média foi superior para o Afeto Positivo.
Estudo 2: Análise Fatorial Confirmatória
Participantes
A amostra foi
constituída por 383 sujeitos, com idades compreendidas entre os 60 e os 99 anos
e uma média de idades de 80 anos (DP = 7,87). Relativamente à
caracterização da amostra, esta constituiu-se por 289 (75,5%) mulheres e 94
(24,5%) homens. No que respeita ao estado civil, a amostra ficou constituída
por 47 (12,3%) sujeitos solteiros, 34 (8,9%) sujeitos separados/ divorciados,
222 (58,1%) viúvos e 79 (20,7%) casados ou em união de facto. De acordo com a
ocupação prévia/profissão, 325 (86,7%) sujeitos tinham uma profissão manual,
tendo os restantes 50 (13,3%) uma profissão de índole intelectual. Quanto ao
nível de escolaridade, 101 (26,4%) sujeitos não eram escolarizados, sendo que
56 (14,6%) sabiam ler e escrever, ainda que não tivessem escolaridade; 183
(47,8%) completou o 1.º ciclo do ensino básico; 26 (6,8%) concluiu o 2.º ciclo do
ensino básico; tendo os restantes 17 (4,4%) concluído o ensino secundário. No
que respeita à resposta social oito (2,1%) dos sujeitos frequentavam o centro
de convívio; 204 (53,5%) dos sujeitos estavam inseridos em regime de centro de
dia; 15 (3,9%) frequentavam o centro de noite; 143 (37,5%) residiam em
estruturas residenciais para idosos; estando os restantes 11 (2,9%) integrados
no serviço de apoio domiciliário. A amostra deste estudo contou com 137 (35,5%)
participantes provenientes de meio urbano, sendo os restantes 247 (64,5%)
provenientes de meio rural.
|
Tabela 4 Caracterização Sociodemográfica da Amostra do Estudo 2 (N = 383) |
|
|||
|
Variáveis sociodemográficas |
N |
% |
|
|
|
Sexo |
Feminino Masculino |
289 94 |
75,5 24,5 |
|
|
Faixa Etária (M = 80 ; DP = 7,87) |
61-70 71-80 81-90 91-100 |
47 133 175 25 |
12,3 34,9 45,9 6,8 |
|
|
Estado Civil |
Solteiro(a) Casado(a) Divorciado(a) Viúvo(a) |
47 79 34 222 |
12,3 20,7 8,9 58,1 |
|
|
Profissão |
Manual Intelectual |
325 50 |
86,7 13,3 |
|
|
Nível de Escolaridade |
Sem escolaridade Sabe ler e escrever 1º ciclo 2º ciclo Ensino secundário |
101 56 183 26 17 |
26,4 14,6 47,8 6,8 4,4 |
|
|
Resposta Social |
Centro de convívio Centro de dia Centro de noite Estrutural residencial Apoio domiciliário |
8 204 15 143 11 |
2,1 53,5 3,9 37,5 2,9 |
|
|
Proveniência |
Rural Urbano |
247 137 |
64,5 35,5 |
|
|
Nota. M = Média; DP = Desvio Padrão; n = Número de
sujeitos. |
|
Análise Estatística
A análise
estatística relativa ao Estudo 2 foi realizada através da utilização do programa
IBM SPSS AMOS (v.24). Por forma a avaliar o ajustamento dos dados ao modelo de
dois fatores da PANAS-14 itens, foi conduzida uma Análise fatorial
confirmatória (AFC). Quanto à qualidade de ajustamento do modelo, esta foi
avaliada tendo por base os seguintes indicadores: Qui-quadrado normalizado (c2/gl), Comparative
Fit Index (CFI), Adjusted Goodness of Fit Index (AGFI),
Standardized Root Mean Square Residual (SRMR), Root Mean Square Error of Approximation (RMSEA),
e valor de p para o teste da hipótese nula de que o RMSEA é
inferior a 0,05 (PCLOSE), sendo
seguidas as recomendações de Hu e Bentler (1999).
Resultados
Análise fatorial confirmatória. Os resultados obtidos para os
indicadores do modelo de análise fatorial confirmatória, apresentados na Tabela
5, revelaram um ajustamento adequado.
|
Tabela
5 Limites
para Valores de Ajustamento de Modelos AFC (Hu & Bentler, 1999) |
|
||
|
Indicadores |
Valores do Modelo |
Valores de Referência |
|
|
ꭓ2/gl |
2,28 |
< 3 bom; < 5
aceitável |
|
|
CFI |
0,93 |
> 0,95 excelente;
> 0,90 tradicional; |
|
|
AGFI |
0,91 |
> 0,80 |
|
|
SRMR |
0,05 |
< 0,09 |
|
|
RMSEA |
0,06 |
< 0,05 bom;
0,05-0,10 moderado; > 0,10 mau |
|
|
PCLOSE |
0,12 |
> 0,05 |
|
|
|
|
|
|
A representação
gráfica do modelo, com os pesos de regressão estandardizados e com o valor de
correlação entre as variáveis Afeto Positivo e Afeto Negativo pode
ser inspecionada na Figura 1.
Todos os valores foram estatisticamente significativos, embora a correlação
entre as variáveis latentes que representam os tipos de afeto fosse fraca.
Figura 1. Modelo de análise fatorial confirmatória para o PANAS, com duas
variáveis latentes, cada uma medida por sete indicadores. A correlação entre as
subescalas Afeto Positivo e Afeto Negativo aparece representada
na seta curva, à esquerda. Todos os valores foram significativos (p <
0,05). PANAS 2 = Aflito; PANAS 3 = Estimulado; PANAS 5 = Forte;
PANAS 7 = Assustado; PANAS 9 = Entusiasmado; PANAS 11 = Irritável;
PANAS 12 = Atento; PANAS 14 = Inspirado; PANAS 15 = Nervoso;
PANAS 16 = Decidido; PANAS 18 = Inquieto; PANAS 19 = Ativo;
PANAS 20 = Medroso; PANAS 22 = Magoado.
Consistência interna. O valor de alfa
de Cronbach para a consistência interna encontrado para as subescalas do Afeto
Positivo e Afeto Negativo foi de 0,79 e de 0,81, respetivamente.
Nesta amostra, a
PANAS-14 apresentou os seguintes valores: no Afeto Positivo, a
média foi de 19,53 (DP = 5,71; min = 7,00; máx = 35; MPOMP
= 44,8%) e no Afeto Negativo, a média foi de 16,36 (DP =
6,45; min = 7,00; máx = 34; MPOMP = 33,4%). Como se pode
observar, também nesta amostra a percentagem da média foi superior no Afeto
Positivo.
Este trabalho integra dois estudos com o objetivo de validar a Escala
de Afetos Positivos e Negativos numa amostra de pessoas de idade avançada que
frequentam instituições de apoio social. O trabalho forneceu evidência de que a
versão portuguesa da PANAS é aceitável psicometricamente para avaliar pessoas
idosas em contexto institucional.
Apesar de existirem validações portuguesas deste instrumento na sua
versão integral (Costa, 2013; Galinha &
Pais-Ribeiro, 2005; Simões, 1993; Sousa et al., 2016)
e uma proposta de uma versão reduzida (Galinha et al., 2014),
o presente estudo obteve uma versão reduzida psicometricamente adequada para
administrar a pessoas de idade avançada sob resposta social. Larsen e Diener (1992)
defenderam que a PANAS não seria um instrumento adequado para pessoas idosas,
pois nesta faixa etária a dimensão positiva e negativa do afeto estariam
substancialmente relacionadas. No entanto, Kercher (1992),
o primeiro investigador a usar este instrumento com pessoas mais velhas,
concluiu que os dois fatores se mantêm relativamente independentes, confirmado
por outros autores posteriormente (Buz, Pérez-Arechaederra,
Fernández-Pulido, & Urchaga, 2015; Costa, 2013; Hillerås, Jorm,
Herlitz, & Winblad, 1998; Kercher, 1992).
Ora, o nosso trabalho reforça essa ideia da independência do afeto positivo e
do afeto negativo em pessoas idosas, contrariando a defesa de Larsen e Diener (1992).
O Estudo 1 apresenta a análise fatorial exploratória que conduziu à eliminação
de quatro itens de cada uma das subescalas que compõem a PANAS, Afeto Positivo [Itens 1 (Interessado),
10 (Orgulhoso), 17 (Atencioso) e 21 (Emocionado)] e Afeto Negativo (Itens 4 (Aborrecido),
6 (Culpado), 8 (Hostil), 13 (Envergonhado)], partindo da
versão portuguesa de Simões (1993) de 22 itens. A PANAS-14 passa a integrar
um total de 14 itens mantendo os dois fatores encontrados noutros estudos (Galinha et al., 2014; Simões, 1993; Thompson, 2007; Watson et
al., 1988).
A subescala Afeto Positivo é composta pelos itens Estimulado/Animado,
Forte, Entusiasmado, Atento, Inspirado, Decidido
e Ativo e a subescala Afeto Negativo integra os itens Aflito,
Assustado, Irritável, Nervoso, Inquieto, Medroso
e Magoado. Alguns dos itens escolhidos para integrar a PANAS-14 diferem
de outras propostas de versões reduzidas (Galinha et al., 2014; Kercher, 1992; Thompson, 2007), o que poderá dever-se a diferenças na
escala integral que serviu de partida ao estudos, a questões culturais e
linguísticas, mas também à especificidade das populações alvo das diferentes
validações.
Os valores de consistência interna da PANAS-14 revelam-se adequados e
semelhantes aos das validações prévias com populações diferentes (Carvalho et al., 2013; Cotigă, 2012; Crawford & Henry, 2004; DePaoli
& Sweeney, 2000; Dufey & Fernandez, 2012; Galinha & Pais-Ribeiro, 2005; Galinha
et al., 2014; Gyollai et al., 2011; Huebner & Dew, 1995; Humboldt
& Leal, 2017; Karim et al., 2011; Laurent et al., 1999; Lim et al., 2010; Mackinnon et al., 1999; Sandín et
al., 1999; Simões, 1993; Sousa et al., 2016; Thompson, 2007; Watson et al., 1988; Wilson et al., 1998) e aos de validações com pessoas idosas (Buz et al., 2015; Kercher, 1992) que frequentam instituições de apoio social
(Costa, 2013).
No que diz respeito à validade convergente, encontramos correlações
positivas fortes e significativas entre o Afeto Positivo e a SWLS, o que
permite corroborar a ideia de que maiores níveis de Afeto
Positivo se correlacionam com uma maior satisfação com
a vida em pessoas idosas (Buz et al., 2015; Costa, 2013).
O Afeto Negativo apresentou uma correlação positiva forte com a GDS-8, o
que vem apoiar a relação de estados emocionais negativos e sintomatologia
depressiva (Buz et al., 2015; Costa, 2013; Crawford & Henry, 2004),
confirmando que a subescala negativa mede o que se propõe a medir.
Relativamente à validade divergente, verificamos valores de correlação
também fortes e significativos entre o Afeto Negativo e a SWLS, mas no
sentido inverso, resultado que vem fortalecer outros estudos desenvolvidos com
a mesma população (Buz et al., 2015; Costa, 2013).
O Afeto Positivo encontra-se também inversamente correlacionado com a
GDS-8, estando também em consonância com estudos prévios com pessoas idosas (Buz et al., 2015; Costa, 2013; Crawford & Henry, 2004).
A associação entre as duas dimensões da PANAS é significativa e
negativa, resultado esperado, uma vez que se propõem a medir constructos
opostos.
A estabilidade temporal foi verificada através da correlação
teste-reteste, verificando-se uma correlação estatisticamente significativa
entre os dois momentos de avaliação, embora com um valor inferior ao da
validação de Watson et al. (1988) e ao da validação da versão reduzida de Thompson (2007).
No entanto, as amostras destes dois estudos eram mais jovens, o que pode
explicar uma maior manutenção no estado dos afetos ou até uma maior lembrança
das respostas dadas no primeiro momento.
O Estudo 2 apresenta a análise fatorial confirmatória, tendo-se
verificado que a PANAS reduzida a 14 itens retém os dois fatores (i. e., Afeto Positivo e Afeto Negativo) numa
amostra de pessoas idosas sob resposta social. A estrutura de dois fatores
demonstrou adequação aceitável para uma amostra desta natureza.
Assim, o nosso primeiro estudo aponta para uma versão mais curta da
PANAS e o segundo estudo confirma a sua redução, acrescentando-se a algumas
investigações que indicam a utilidade e importância de usar versões mais
reduzidas (Cotigă, 2012; Galinha et al., 2014; Huebner & Dew, 1995; Karim et al., 2011; Mackinnon et al., 1999; Thompson, 2007).
Apesar de não ser objetivo desta investigação, analisaram-se as médias
e as percentagens do máximo possível em ambos os estudos, constatando-se
que foram similares para os dois tipos de afeto, tendo o Afeto Positivo
revelado valores superiores nas duas amostras. Comparando com outros estudos para
os quais foi possível[1]
efetuar o cálculo da percentagem do máximo possível (Bishop et al., 2011: AP = 49,5% e AN = 22,5%; Buz et al., 2015: AP = 57,6% e AN = 23,8%; Kercher, 1992: AP = 21,3% e AN = 11,3%; Nolla et al., 2014: APhomens =
35%, APmulheres = 36% e ANhomens = 27,3%, ANmulheres
= 32,2%; Ready et al., 2011: AP = 60,7% e AN = 17,2%), pode observar-se que os
níveis de Afeto Positivo são superiores aos de Afeto Negativo, em consonância com o presente estudo. No entanto, esses estudos foram
realizados com pessoas de idade avançada da comunidade e com maiores níveis de
escolaridade. A presença de maiores níveis de AP permite-nos hipotetizar sobre
a possibilidade de as pessoas de idade avançada sob resposta social terem
desenvolvido uma boa capacidade de regulação emocional (Buz et al., 2015).
Limitações
Algumas limitações são de apontar a este estudo. Primeiro, apesar de as
amostras serem numericamente expressivas, não deixaram de ser amostras de
conveniência de voluntários, pelo que a natureza da amostra pode ter
influenciado os resultados. A replicação será uma necessidade para determinar
se estes resultados não são exclusivos das amostras presentes neste estudo.
Segundo, o baixo nível de escolaridade pode ter comprometido a
compreensão dos itens da PANAS. Ainda assim, todo os questionários foram lidos
em voz alta, pelo que se terá obviado eventuais dificuldades de compreensão.
Terceiro, há limitações na análise fatorial confirmatória. Por exemplo,
a invariância dos fatores não foi analisada para as subamostras (e.g., sexo,
estado civil, área geográfica, etc.). Desta forma, futuras pesquisas devem
avaliar a influência potencial das variáveis sociodemográficas.
Conclusão
A PANAS-14 é um instrumento adequado para a avaliação do afeto positivo
e negativo em pessoas idosas que frequentam instituições de apoio social,
apresentando-se como um instrumento vantajoso pela sua menor dimensão e pela consequente
redução do tempo de administração. Adicionalmente, os nossos resultados apoiam
a ideia de que o afeto é um indicador chave do BES das pessoas idosas
institucionalizadas. Assim, a avaliação do afeto positivo e negativo em pessoas
idosas sob resposta social poderá constituir-se como um recurso importante na
compreensão holística destes sujeitos e no desenvolvimento de estratégias de
intervenção que promovam o BES. Por fim, considerando as vantagens de um
instrumento de avaliação breve sugere-se que estudos futuros investiguem a PANAS-14
de acordo com a Teoria da Resposta ao Item por forma a obter-se uma avaliação
compreensiva e precisa das características dos itens (e.g., Pires, Filgueiras,
Ribas, & Santana, 2013).
Albuquerque, A. S., & Tróccoli, B. T. (2004). Desenvolvimento de uma escala de
bem-estar subjetivo [Development of a subjective wellness scale]. Psicologia:
Teoria e Pesquisa, 20(2), 153–164.
https://doi.org/10.1590/S0102-37722004000200008
Barreto, J.,
Leuschner, A., Santos, F., & Sobral, M. (2007). Escala de Depressão
Geriátrica [Geriatric Depression Scale]. In Grupo de estudos de envelhecimento
cerebral e demência (Eds.), Livro de escalas e testes na demência (2nd
ed., pp. 65-67). Lisboa: Novartis.
Bishop, A. J., Martin, P., Poon, L., & Johnson, M. A. (2011). Exploring
positive and negative affect as key indicators of life satisfaction among
centenarians: Does cognitive performance matter? Journal of Aging Research,
2011, 1–10. https://doi.org/10.4061/2011/953031
Bockerman, P., Johansson, E.,
& Saarni, S. I. (2012). Institutionalisation and subjective wellbeing for
old-age individuals: Is life really miserable in care homes? Ageing and
Society, 32(Part 7), 1176–1192.
https://doi.org/10.1017/S0144686X1100081X
Burton, E., & Sheehan, B. (2010). Care-home environments and
well-being: Identifying the design features that most affect older residents. Journal
of Architectural and Planning Research, 27(3), 237–256. Retrieved
from www.jstor.org/stable/43030908.
Buz, J.,
Pérez-Arechaederra, D., Fernández-Pulido, R., & Urchaga, D. (2015). Factorial structure and measurement invariance of the PANAS in Spanish
older adults. The Spanish Journal of Psychology, 18(3), 1–13.
https://doi.org/10.1017/sjp.2015.6
Cardão, S. (2009). O
Idoso institucionalizado [The institutionalized elderly]. Lisboa: Coisas de
Ler.
Carvalho, H.
W. de, Andreoli, S. B., Lara, D. R., Patrick, C. J., Quintana, M. I., Bressan,
R. A., … Jorge, M. R. (2013). Structural validity and
reliability of the Positive and Negative Affect Schedule (PANAS): Evidence from
a large Brazilian community sample. Brazilian Journal of Psychiatry, 35(2),
169–172. https://doi.org/10.1590/1516-4446-2012-0957
Clark, L. A., & Watson, D. (1991). Tripartite model of anxiety and
depression: Psychometric evidence and taxonomic implications. Journal of
Abnormal Psychology, 100(3), 316–336.
https://doi.org/10.1037//0021-843x.100.3.316
Cohen, P., Cohen, J., Aiken, L. S., & West, S. G. (2010). The
problem of units and the circumstance for POMP. Multivariate Behavioral Research, 34(3),
315–346. https://doi.org/10.1207/S15327906MBR3403_2
Costa, A.
(2013). Bem-estar subjetivo: Validação das escalas PANAS e SWLS a uma
amostra de idosos portugueses institucionalizados [Subjective well-being:
Validation of PANAS and SWLS scales for a sample of institutionalized
Portuguese elderly] (Master’s Thesis, Instituto Superior Miguel Torga). Retrieved from http://repositorio.ismt.pt/handle/123456789/318
Cotigă, M. I. (2012). Development and validation of a Romanian version of the
expanded version of Positive and Negative Affect Schedule (PANAS-X). Procedia
- Social and Behavioral Sciences, 33, 248–252.
https://doi.org/10.1016/j.sbspro.2012.01.121
Crawford, J. R., & Henry, J. D. (2004). The Positive and Negative Affect
Schedule (PANAS): Construct validity, measurement properties and normative data
in a large non-clinical sample. British Journal of Clinical Psychology, 43(3),
1–22. https://doi.org/10.1348/0144665031752934
Daniel, F., Vicente, H., Guadalupe, S., Silva, A., &
Espirito-Santo, H. M. A. (2015). Propriedades psicométricas da versão
portuguesa do Inventário Geriátrico de Ansiedade numa amostra de idosos utentes
de estruturas residenciais [Psychometric properties of the Portuguese Version
of the Geriatric Anxiety Inventory in a sample of eldery people in residential
care]. Revista Portuguesa de Investigação Comportamental e Social, 1(2),
15-30. https://doi.org/10.7342/ismt.rpics.2015.1.2.22
DePaoli, L. C., & Sweeney, D. C. (2000). Further validation of the
Positive and Negative Affect Schedule. Journal of Social Behavior and
Personality, 15(4), 561–568.
Diener, E. (1984). Subjective well-being. Psychological Bulletin,
95(3), 542–575. Retrieved from http://labs.psychology.illinois.edu/~ediener/Documents/Diener_1984.pdf
Diener, E. (2000). Subjective well-being: The science of happiness and
a proposal for a national index. American Psychologist, 55(1),
34–43. https://doi.org/10.1037/0003-066X.55.1.34
Diener, E., Emmons, R. A., Larsen, R. J., & Griffin, S. (1985). The
Satisfaction With Life Scale. Journal of Personality Assessment, 49(1),
71–75. https://doi.org/10.1207/s15327752jpa4901_13
Diener, E., & Lucas, R. F. (2000). Subjective emotional well being.
In M. Lewis & J. M. Haviland-Jones (Eds.), Handbook of emotions (2nd
ed., pp. 325-337). New York: Guilford.
Diener, E., Scollon, C. N., & Lucas, R. E. (2003). The evolving
concept of subjective well-being: The multifaceted nature of happiness. Advances
in Cell Aging and Gerontology, 15, 187–2019.
https://doi.org/10.1016/S1566-3124(03)15003-1
Diener, E., Suh, E. M., Lucas, L., R. E., & Smith, H. L. (1999).
Subjective well-being: Three decades of progress. Psychological Bulletin,
125(2), 276–302. https://doi.org/10.1037/0033-2909.125.2.276
Donnenwerth, G. V., & Petersen, L. R. (1992). Institutionalization
and well-being among the elderly. Sociological Inquiry, 62(4), 437–449. https://doi.org/10.1111/j.1475-682X.1992.tb00293.x
Dufey, M.,
& Fernandez, A. M. (2012). Validez y
confiabilidad del Positive Affect and Negative Affect Schedule (PANAS) en
estudiantes universitarios chilenos. Revista Iberoamericana de Diagnóstico y Evaluación, 34(1),
157–173. Retrieved from https://www.aidep.org/03_ridep/R34/ART%208.pdf
Espirito-Santo,
H., & Daniel, F. (2018). Optimism and
well-being among institutionalized older adults. GeroPsych: The Journal of
Gerontopsychology and Geriatric Psychiatry, 31(1), 5–16.
https://doi.org/10.1024/1662-9647/a000182
Fastame, M.
C., & Cavallini, E. (2011). Working memory
functions in healthy elderly people: The impact of institutionalization and
advancing age on mnestic efficiency. Clinical Gerontologist, 34(3),
207–219. https://doi.org/10.1080/07317115.2011.555909
Fastame, M. C., Hitchcott, P. K., Penna, M. P., & Murino, G.
(2016). Does institutionalization influence perceived metamemory, psychological
well-being, and working-memory efficiency in Italian elders? A preliminary
study. Journal of Clinical Gerontology and Geriatrics, 7(1),
6–11. https://doi.org/10.1016/j.jcgg.2015.07.001
Ferretti, F., Soccol, B. F., Albrecht, D. C., & Ferraz, L. (2014).
Viver a velhice em ambiente institucionalizado [Living elderly in an
institutionalized environment]. Estudos Interdisciplinares sobre o Envelhecimento, 19(2),
423–437. Retrieved from
http://seer.ufrgs.br/index.php/RevEnvelhecer/article/view/42378/32755
Figueiredo-Duarte,
C., Espirito-Santo, H., Sério, C., Marques, M., & Daniel, F. (2019). Validity and reliability of a shorter version of the Geriatric
Depression Scale in institutionalized older Portuguese adults (Manuscript
accepted for publication). Aging and Mental Health.
https://doi.org/10.1080/13607863.2019.1695739
Galinha, I. C., & Pais-Ribeiro, J. L. (2005). Contribuição para o
estudo da versão portuguesa da Positive and Negative Affect Schedule (PANAS):
I-Abordagem teórica ao conceito de afecto [Contribution to the study of the
Portuguese version of the Positive and Negative Affect Schedule (PANAS):
I-Theoretical approach to the concept of affection]. Análise Psicológica, 2(22),
219–227. Retrieved from http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S0870-82312005000200011&lng=pt&nrm=iso
Galinha, I.
C., Pereira, C. R., & Esteves, F. (2014). Versão reduzida da escala
portuguesa de afeto positivo e negativo - PANAS-VRP: Análise fatorial
confirmatória e invariância temporal [Portuguese version of the positive and
negative affect scale - PANAS-VRP: Confirmatory factor analysis and temporal
invariance]. Psicologia, 28(1), 53–65. Retrieved from http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0874-20492014000100005
Galinha, I.,
& Ribeiro, J. L. P. (2005). História e evolução do conceito de bem-estar
subjectivo [History and evolution of the concept of subjective well-being]. Psicologia,
Saúde & Doenças, 6(2), 203–214. Retrieved from
https://pdfs.semanticscholar.org/f4c6/087802586c24274a7f70126092f90e088614.pdf
Guedea, M. T. D., Albuquerque, F. J. B. de, Tróccoli, B. T., Noriega, J. A.
V., Seabra, M. A. B., & Guedea, R. L. D. (2006). Relação do bem-estar
subjetivo, estratégias de enfrentamento e apoio social em idosos [Relationship
of subjective well-being, coping strategies and social support in the elderly].
Psicologia: Reflexão e Crítica, 19(2), 301–308.
https://doi.org/10.1590/S0102-79722006000200017
Gyollai, A.,
Simor, P., Köteles, P., & Demetrovics, Z. (2011). Psychometric properties of the Hungarian version of the original and
the short form of the Positive and Negative Affect Schedule (PANAS). Neuropsychopharmacologia
Hungarica, 13(2), 73–79. Retrieved from
http://mppt-nph.hu/images/gyollai.pdf
Hair, J. F., Jr., Anderson, R. E., Tatham, R. L., & Black, W. C.
(1995). Multivariate data analysis with readings (4th ed.). Upper Saddle
River, NJ: Prentice-Hall, Inc.
Hillerås, P. K., Jorm, A. F., Herlitz, A., & Winblad, B. (1998).
Negative and positive affect among the very old: A survey on a sample age 90
years or older. Research on Aging, 20(5), 593–610.
https://doi.org/10.1177/0164027598205003
Hu, Li-tze, & Bentler, P. M. (1999). Cutoff criteria for fit
indexes in covariance structure analysis: Conventional criteria versus new
alternatives. Structural Equation Modeling: A Multidisciplinary Journal,
6(1), 1–55. https://doi.org/10.1080/10705519909540118
Huebner, E. S., & Dew, T. (1995). Preliminary validation of the
Positive and Negative Affect Schedule with adolescents. Journal of
Psychoeducational Assessment, 13(3), 286–293.
https://doi.org/10.1177/073428299501300307
Humboldt, S. V., & Leal, I. (2017). Validation of a measure of
positive and negative affect for use with cross-national older adults. European
Psychiatry, 41, S666. https://doi.org/10.1016/j.eurpsy.2017.01.1133
Isaacowitz, D. M. (2005). Correlates of well-being in adulthood and old
age: A tale of two optimisms. Journal of Research in Personality, 39(2),
224–244. https://doi.org/10.1016/j.jrp.2004.02.003
Jivraj, S.,
Nazroo, J., Vanhoutte, B., & Chandola, T. (2014). Aging and subjective well-being in later life. The Journals of
Gerontology Series B: Psychological Sciences and Social Sciences, 69(6),
930–941. https://doi.org/10.1093/geronb/gbu006
Karim, J., Weisz, R., & Rehman, S. U. (2011). International
positive and negative affect schedule short-form (I-PANAS-SF): Testing for
factorial invariance across cultures. Procedia - Social and Behavioral
Sciences, 15, 2016–2022. https://doi.org/10.1016/j.sbspro.2011.04.046
Kercher, K. (1992). Assessing subjective well-being in the old-old: The
PANAS as a measure of orthogonal dimensions of positive and negative affect. Research
on Aging, 14(2), 131–168. https://doi.org/10.1177/0164027592142001
Kim, H.-Y. (2013). Statistical notes for clinical researchers:
Understanding standard deviations and standard errors. Restorative Dentistry
& Endodontics, 38(4), 263–265. https://doi.org/10.5395/rde.2013.38.4.263
Larsen, R. J., & Diener, E. (1992). Promises and problems with the
circumplex model of emotion. In M. S. Clark (Ed.), Review of Personality and
Social Psychology: Vol. 13. Emotion (pp. 25–59).
Thousand Oaks, CA: Sage Publications, Inc.
Laurent, J., Catanzaro, S. J., Joiner Jr., T. E., Rudolph, K. D.,
Potter, K. I., Lambert, S., … Gathright, T. (1999). A measure of positive and
negative affect for children: Scale development and preliminary validation. Psychological
Assessment, 11(3), 326–338. https://doi.org/10.1037/1040-3590.11.3.326
Lim, Y.-J., Yu, B.-H., Kim, D.-K., & Kim, J.-H. (2010). The
Positive and Negative Affect Schedule: Psychometric properties of the Korean
version. Psychiatry
Investigation, 7(3), 163–169. https://doi.org/10.4306/pi.2010.7.3.163
Lima, M. P.,
Simões, A., Vieira, C. C., Oliveira, A. L., Ferreira, J. A., Pinheiro, M. R. M.
M., & Matos, A. P. M. (2001). O bem-estar subjetivo na meia-idade: Do mito
à realidade [Subjective well-being in middle age: From myth to reality]. Revista
Portuguesa de Pedagogia, 1(31), 149–170.
Mackinnon,
A., Jorm, A. F., Christensen, H., Korten, A. E., Jacomb, P. A., & Rodgers,
B. (1999). A short form of the Positive and Negative
Affect Schedule: Evaluation of factorial validity and invariance across
demographic variables in a community sample. Personality and Individual
Differences, 27(3), 405–416.
https://doi.org/10.1016/S0191-8869(98)00251-7
Nolla, M. del C., Queral, R., & Miró, J. (2014). Las escalas PANAS de
afecto positivo y negativo: Nuevos datos de su uso en personas mayores [The
Positive and Negative Affect Schedule: Further examination of the questionnaire
when used with older patients]. Revista de Psicopatología y Psicología Clínica, 19(1),
15–7.
Oliveira, S.
F., Queiroz, M. I. N., & Costa, M. L. A. (2012). Bem estar subjetivo na
terceira idade [Subjective well-being in old age]. Motricidade, 8(2),
1038–1047. Retrieved from
https://www.redalyc.org/pdf/2730/273023568131.pdf
Pearson, L. C., & Hall, B. W. (1993). Initial construct validation
of the teaching autonomy scale. The Journal of Educational Research, 86(3),
172–178. https://doi.org/10.1080/00220671.1993.9941155
Pires, P., Filgueiras, A., Ribas, R., & Santana, C. (2013). Positive
and Negative Affect Schedule: Psychometric properties for the Brazilian
Portuguese version. The Spanish Journal of Psychology, 16, e58,
1-9. https://doi.org/10.1017/sjp.2013.60
Runcan, P.-L. (2012). Elderly institutionalization and depression. Procedia
- Social and Behavioral Sciences, 33, 109–113. https://doi.org/10.1016/j.sbspro.2012.01.093
Sandín, B., Chorot, P., Lostao, L., Joiner, T. E., Santed, M. A., &
Valiente, R. M. (1999). Escalas PANAS de afecto positivo y negativo: Validación
factorial y convergencia transcultural [PANAS Scales of Positive and Negative Affection:
Factorial Validation and Cross-Cultural Convergence]. Psicothema, 11(1),
37–51. Retrieved from http://www.psicothema.com/psicothema.asp?id=229
Simões, A.
(1992). Ulterior validação de uma escala de satisfação com a vida (SWLS) [Further
validation of a life satisfaction scale (SWLS)]. Revista Portuguesa de
Pedagogia, 26(3), 503–515.
Simões, A.
(1993). São os homens mais agressivos que as mulheres? Revista Portuguesa de
Pedagogia, 27(3), 387–404.
Sousa, L. M., Marques-Vieira, C. M. A., Severino, S., Pozo Rosado, J., &
José, H. (2016). Validação da Positive And
Negative Affect Schedule em pessoas com doença renal crônica [Positive and
Negative Affect Schedule validation in people with chronic kidney disease]. Texto & Contexto Enfermagem, 25(4),
1–8. https://doi.org/10.1590/0104-07072016005610015
Sposito, G.,
Diogo, M. J. D., Cintra, F. A., Neri, A. L., & Guariento, M. E. (2010).
Relações entre bem-estar subjetivo e mobilidade e independência funcional por
função de grupo de faixas etárias e de gêneros em idosos. Acta Fisiatra, 17(3), 103–108. Retrieved from http://www.revistas.usp.br/actafisiatrica/article/view/103339
Thompson, E. R. (2007). Development and validation of an
internationally reliable short-form of the Positive and Negative Affect Schedule
(PANAS). Journal of
Cross-Cultural Psychology, 38(2), 227–242.
https://doi.org/10.1177/0022022106297301
Vicente, F.,
Espirito-Santo, H., Cardoso, D., Silva, F. da, Costa, M., Martins, S., … Lemos,
L. (2014). Estudo longitudinal dos fatores associados à evolução de sintomas
depressivos em idosos institucionalizados [Longitudinal study of factors
associated with the evolution of depressive symptoms in institutionalized
elderly]. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, 63(4), 308–316.
https://doi.org/10.1590/0047-2085000000039
Watson, D.,
Clark, L. A., & Tellegen, A. (1988). Development and validation of brief measures of positive and negative
affect: The PANAS scales. Journal of Personality and Social Psychology, 54(6),
1063–1070. https://doi.org/10.1037//0022-3514.54.6.1063
Wilson, K., Gullone, E., & Moss, S. (1998). The youth version of
the Positive and Negative Affect Schedule: A psychometric validation. Behaviour
Change, 15(3), 187–193. https://doi.org/10.1017/S0813483900003077
Yesavage, J. A., Brink, T. L., Rose, T. L., Lum, O., Huang, V., Adey,
M., & Leirer, V. O. (1983). Development and validation of a geriatric
depression screening scale: A preliminary report. Journal of Psychiatric Research, 17(1),
37–49. https://doi.org/10.1016/0022-3956(82)90033-4
ÐPublicação em
Acesso Aberto © 2019. O(s) Autor(es).. Este é um artigo de
acesso aberto distribuído sob a Licença
Creative Commons Attribution,
que permite uso, distribuição e reprodução sem restrições em qualquer meio,
desde que o trabalho original seja devidamente citado. |
Open Access PublicationÐ © 2019. The
Author(s).. This is an open access article distributed under the Creative
Commons Attribution License, which permits unrestricted use,
distribution, and reproduction in any medium, provided the original work is
properly cited. |