Revista Portuguesa de Investigação Comportamental e Social 2019 Vol. 6 (1):
81–96
Portuguese Journal of
Behavioral and Social Research 2019 Vol. 6 (1): 81–96
Departamento de Investigação & Desenvolvimento • Instituto Superior
Miguel Torga
ARTIGO ORIGINAL
Velhice(s) e participação em estruturas
residenciais para idosos percecionadas por pessoas idosas e assistentes
sociais: um estudo qualitativo
Aging heterogeneity
and participation in residential structures for older people perceived
by older adults and social workers: A qualitative study
Ricardo Crispim (1)
(1) Sta Casa Misericórdia,
Leiria, Portugal
Recebido: 02/05/2020; Revisto: 24/05/2020; Aceite: 28/05/2020.
https://doi.org/10.31211/rpics.2020.6.1.172
Objetivo: Objetivo: Esta investigação tem como objetivo
trazer uma reflexão sobre as várias expressões da(s) velhice(s), associadas à
participação ativa das pessoas idosas em Estruturas Residenciais para Idosos
(ERPI) e no seu projeto de vida. Método: A amostra envolveu 12 pessoas
idosas e cinco assistentes sociais que residiam e exerciam a prática
profissional em ERPI, respetivamente. O protocolo foi composto por questionário
sociodemográfico e entrevistas em profundidade (semiestruturada), prosseguindo
uma abordagem qualitativa (análise de conteúdo). Resultados: A amostra
de pessoas idosas constitui-se maioritariamente por “idosos muito idosos” (>
85 anos). A participação nos processos decisórios em ERPI tenderam a
inclinar-se para a renúncia voluntária das pessoas idosas em contribuir para as
decisões alocadas às dinâmicas/estratégias institucionais. Na posição adotada
pelas ERPI, ainda que estas assumam um padrão diretivo associado ao cuidado,
começam a surgir disposições que apresentam um carácter mais inovador (e.g.,
comissões de idosos, biblioterapia, tertúlias),
convergindo com as abordagens atuais do envelhecimento ativo, em que as pessoas
idosas são reconhecidas como um coletivo heterogéneo. Este facto encontra
paralelo com a expressão da satisfação dos seniores, advinda da oportunidade
que lhes é dada de exercerem quotidianamente a sua cidadania. Conclusões:
O cuidado institucional tende a privilegiar uma abordagem holística no
entendimento da(s) velhice(s). Estas alterações, ainda que assumam um ritmo
lento e monótono, fazem emergir abordagens operativas capazes de privilegiar o
capital de conhecimento e sabedoria das pessoas idosas implicando-as ativamente
nos processos decisórios em contextos residenciais coletivos, associadas aos
movimentos contemporâneos do envelhecimento ativo.
Palavras-Chave: Heterogeneidade da(s) velhice(s);
Participação; Estruturas Residenciais para Idosos; Pessoas idosas; Estudo
qualitativo.
Aim: Aim: This investigation aims to bring a
reflection on the various expressions of old age heterogeneity, associated with
the active participation of the older people in Residential Structures for the
Older People (ERPI) and in their life project. Method: The sample
involved 12 older people and five Social Workers who lived and practiced their
profession in ERPI, respectively. The protocol consisted of a Sociodemographic
Questionnaire, and (semi-structured) In-Depth Interviews, using a qualitative
approach (content analysis methodology). Results: In the sample of older
adults, the majority were "old-old" adults (> 85 years old). Concerning
participation in ERPI decision-making processes, older people voluntarily
refused to contribute to the decisions allocated to the institutional
dynamics/strategies. Regarding the position adopted by ERPIs, even though they
assume a directive pattern associated with care, provisions having a more
innovative nature (e.g., older people's committee, bibliotherapy, social
gatherings) begin to emerge, converging with current approaches of active
aging, in which, older people are recognized as a heterogeneous group. This
fact is in line with the senior citizens' fulfillment that
arises from the opportunity they are given to exercise their citizenship daily.
Conclusions: Institutional care tends to favor a holistic/global
approach to understanding old age heterogeneity. These changes, although
assuming a slow and monotonous pace, lead to operational approaches capable of
privileging the knowledge and wisdom of the older people, actively involving
them in decision-making processes in collective residential contexts,
associated with the contemporary active aging movements.
Keywords: Heterogeneity of old age; Participation; Residential Structures
for the Older People; Older People; Qualitative study.
Consequência do crescimento populacional que caracterizou o século
XX e da estabilização ou até mesmo declínio populacional e envelhecimento da
população do século XXI (consequência do declínio da natalidade e do aumento da
duração média de vida), resultou, entre outros, o envelhecimento demográfico
(e.g., Fernandes, 2011). Este fenómeno traduz
atualmente um desafio de alcance mundial, configurando-se como uma nova e
moderna realidade. Este fenómeno convoca de maneira crescente a procura e o
apoio fornecido junto das Estruturas Residenciais para Idosos (ERPI). Neste
contexto, as abordagens associadas às várias expressões da velhice e à
experienciação da participação das pessoas idosas (i.e., naquilo que tem de ver
com os processos de tomada de decisão das pessoas idosas) em ERPI, revelam ser
elementos preditores de elevada relevância, no que concerne à satisfação com os
serviços e com a vida. Em concreto, tal significa, que a participação na
senescência associada à experienciação da velhice em ERPI, constituem fatores
distintivos, que se mostram inerentes ao incremento da qualidade de vida das
pessoas idosas.
Velhice “longeva”: Indicadores e tendências
no século XXI
O fenómeno do envelhecimento
demográfico, caracterizado pelo aumento do número das pessoas idosas na
população total, ocorreu e continua a ocorrer no século XXI, de forma
galopante, na maioria das zonas do globo (e.g., Rosa,
2020). Dados recentes revelam
que o envelhecimento demográfico, por exemplo, na União Europeia (UE), trará
impactos muito significativos nas próximas décadas, não só porque é claro o
declínio perigoso da fecundidade e a esperança de vida à nascença é francamente
elevada, mas também devido ao aumento do índice de longevidade e aos baixos
níveis da mortalidade em idades avançadas (i.e., permitindo que as pessoas
vivam mais tempo) (e.g., Cabral, 2017; Eurostat, 2019; Rosa, 2018). Face ao exposto, assiste-se a uma inversão quase perfeita das classes
etárias que caracterizam a pirâmide etária, o que decorre do facto de em muitos
dos países industrializados não se assistir a uma reposição das gerações,
ficando estas abaixo do equilíbrio estatístico (e.g., Cabral, 2017). Esta inversão da pirâmide etária conduz a
par, e nos termos de Mendes (2017), a uma crescente
escassez de crianças/adolescentes e mesmo de jovens adultos. Em suma, estas
variáveis demográficas traduzem indicadores que mudaram significativamente,
tendo conduzido a uma mudança no perfil etário da sociedade, a qual não apenas
envelheceu, como também se tornou mais longeva (Rosa, 2020).
Neste enquadramento, o envelhecimento
progressivo da população idosa e o avolumar dos idosos muito idosos
(i.e., pessoas com mais de 85 anos) tende a ser uma marca societal
(Cabral, 2017). Como os indicadores informam, este é o
segmento que tem vindo a crescer ao ritmo mais acelerado comparativamente a
qualquer outro segmento etário populacional. Neste sentido, prevê-se que a
percentagem das pessoas com 80 anos de idade ou mais, na população dos 28
países que constituem a UE, mais do que duplique, entre 2017 e 2080, passando
de 5,5% para 12,7% (Eurostat, 2019),
respetivamente.
Para o caso português e de acordo com a Pordata (2020a), tem-se vindo a registar um aumento
acentuado do número de pessoas com 65 ou mais anos, sobretudo a partir da
década de 70 do século XX, com maior expressividade nas pessoas idosas do sexo
feminino (Pordata, 2020b, 2020c). Neste contexto e segundo as “Projeções de
População Residente, 2015-2080” (Instituto Nacional de Estatística [INE], 2019), em Portugal irá intensificar-se o
envelhecimento da população, tendendo o número de pessoas idosas a evoluir, de
2,1 (2015) para 2,8 milhões (2080)[1].
De salientar, que tendo por base os indicadores mais recentes, Portugal é o
terceiro país mais envelhecido do mundo (Pordata, 2020d) e aquele onde o segmento dos
“idosos muito idosos” mais cresce (e.g., Rosa, 2020).
Heterogeneidade da(s) velhice(s): Elementos em construção concetual
O conceito de heterogeneidade da(s)
velhice(s) agrega em si uma multiplicidade de sentidos, assente na ideia de se
equacionar as suas múltiplas dimensões e facetas, constatando-se pelas bastas
investigações que a população com mais
de 65 anos não é homogénea, mas que ao invés, se pauta pela diversidade e
diferenciação, obrigando, por tal razão, a reconfigurar o ciclo vital e, por
conseguinte, a reconcetualizar o conceito de velhice
(e.g., Brandão et al., 2017). Neste seguimento aludimos a duas variáveis
distintivas: a leitura convencional e a leitura assente na ideia do
envelhecimento diferencial.
Numa leitura convencional centrada na
ideia do envelhecimento demográfico remete-nos para duas variáveis: uma
primeira para fatores de homogeneização, resultado de dinâmicas de
discriminação etária prevalentes, em grande medida, nas sociedades
contemporâneas; a segunda associa-se aos riscos experienciados pelas pessoas
idosas, quer referentes ao acesso a bens materiais, equipamentos, serviços e
oportunidades sociais (e.g., educação e saúde), quer à participação das pessoas
idosas nas respetivas sociedades de que são membros (e.g., Nogueira et al., 2016;
Sousa &
Batista, 2015; Stephens et al., 2015). Observa-se que tal cenário concorre para o
engrandecimento do fenómeno do idadismo (ageism na língua anglo-saxónica), termo este que é utilizado
para dar conta do fenómeno discriminatório face à idade.
O ethos
social (i.e., valores morais que balizam um dado período social histórico)
assente nas conceções biomédicas associadas ao envelhecimento (i.e., noção de
que o envelhecimento resulta essencialmente de fatores biológicos e genéticos)
e a noção tradicional de velhice que vigora em grande medida nas sociedades
pós-modernas, associa ao processo de senescência a deterioração, a patologias,
a perda de faculdades, a insuficiência, a inadequação, ao empobrecimento, a
ineficácia e a senilidade, aliando a pessoa idosa a vertentes relacionadas com
a inutilidade, a fragilidade, a incapacidade, a dependência e a tomada a cargo
(Daniel et al., 2012; Dionigi, 2015; Júnior
et al., 2017; Mendes et al., 2018). Ora, em termos genéricos, segundo alguns
autores (e.g., Dionigi, 2015;
Mendes et
al., 2018; Miguel, 2016), conotações deste tipo (essencialmente
negativas e na maioria das vezes rígidas e erróneas) conferem às pessoas idosas
maior vulnerabilidade no seu estado de saúde, maior isolamento social e
solidão, dependência física, mental e também económica; bem como aumenta em
número e tipologia os abusos físicos, psicológicos, sexuais, financeiros ou
materiais, afetando física, económica, social e psicologicamente o bem-estar
das pessoas idosas, excluindo-as e denegrindo-as (Lima, 2010; Mendes
et al., 2018). Acresce maior
negatividade às pessoas idosas que recorrem aos cuidados institucionais (e.g., Fagundes, et al.,
2017). Em resumo, colocar no
mesmo segmento concetual todas as pessoas com 65 ou mais anos, sem considerar a
especificidade de cada elemento, tira-lhes poder, aumenta a imagem
estereotipada e reduz sobremaneira as especificidades e a diversidade no seu
interior (Pinto,
2013).
Numa leitura assente na lógica do
envelhecimento diferencial, convocamos o contributo de Birren
(1995) quanto refere que o envelhecimento é um processo ecológico, resultante
da interação entre organismos/sistemas com um determinado património genético e
diversos meios físicos, sociais, históricos e culturais.
(...) o que quer
dizer que os fatores biológicos e genéticos não asseguram, por si só, a
expressão ótima do desenvolvimento humano [e que] a passagem dos anos e a
acumulação de experiências, os idosos acentuam as suas diferenças de origem,
sublinhando as competências ou as incapacidades que a sua base genética, em
interação com o meio, permite expressar (Fonseca, 2006, p. 75).
Neste seguimento, estamos capazes de
afirmar que o envelhecimento é um processo bastante individualizado que varia
substancialmente entre indivíduos, que resulta das vivências pessoais de cada
sujeito e das experiências adquiridas ao longo da vida; apresentando, por tal
razão, múltiplas expressões, pelo que a variabilidade interindividual das
pessoas idosas tende a ser superior à de outros grupos etários (Rosa, 2018; Simões & Sapeta, 2017). Ou seja, estamos perante um coletivo heterogéneo, não estático nem
uniforme e profundamente dinâmico e relativo, no ponto de vista das práticas
sociais, das representações simbólicas e das expetativas face à vida e ao
futuro. Neste seguimento importa questionar: podemos analisar este fenómeno
enquanto velhice ou enquanto velhices?
Nesta linha de argumentação deve perder
protagonismo a idade cronológica como elemento primeiro relativamente aos
processos diferenciais de envelhecimento, sendo mais pertinente recorrer a
classificações que obriguem a privilegiar a variabilidade dos estados/situações
de velhice, assentes nas diferentes idades da velhice, nas “diferentes
velhices” e na pluralidade de gerações mais idosas. Os processos de
envelhecimento, percursos de vida, potencialidades e necessidades e expetativas
das gerações mais idosas são diferentes de indivíduo para indivíduo e não podem
ser descurados (e.g., Luz, 2017).
Importa deste modo falar de velhices
e não de velhice, sendo que esta análise compreensiva induz a outras
segmentações (Luz, 2017; Simões
& Sapeta, 2017). De entre a panóplia analítica existente adquirem particular relevo as
noções de terceira e quarta idade, as quais se reportam essencialmente à ideia
de condição física e funcionalidade sensorial e intelectual, reduzindo a
importância da idade cronológica (e.g., Baltes & Smith, 2003; Fonseca, 2006).
Em termos gerais Laslett
(1994), Smith (2002) e Baltes e Smith (2003) referem que a transição da terceira para a quarta idade tem por base
parâmetros de natureza individual (i.e., específica para cada sujeito) ainda
que tenha de existir enquadramento ecológico e contextual nesta equação. Assim,
o conceito de terceira idade está frequentemente associado a designações
positivas (Laslett, 1994).
Ou seja, nesta variável cabem os aspetos mais positivos que identificam os
indivíduos com as condições e práticas de uma vida ainda autónoma e com
elevados indicadores de plasticidade e capacidade de transformar perdas em
oportunidades.
Por sua vez, a quarta idade é
relacionada a discursos mais negativos onde, acompanhadas de patologias, poucas
são as funções que permanecem robustas associadas à fase mais tardia da vida (Laslett, 1994). Baltes e Smith (2003) explicam a quarta idade configurando-a como
uma realidade diferente pautada por perdas qualitativas variadas (e não apenas
quantitativas), com menor qualidade de vida e um estatuto funcional mais pobre
não apenas em termos físicos, mas também psicológico e social colocando bastas
limitações ao nível da participação e decisão das pessoas idosas, comprometendo
o exercício da sua cidadania. Ou seja, a quarta idade não é uma mera
continuidade da terceira idade, havendo entre as pessoas mais idosas e/ou na
velhice mais tardia uma prevalência de disfunções e reduzida funcionalidade
(e.g., Berlin Aging Study –
BASE tal como citado em Fonseca, 2006).
Para Luz (2017) a diferenciação individual, coletiva e
institucional da velhice tende a ter em consideração os aspetos do ser, do
estar e do fazer. No campo do ser são valorizadas as identidades plurais
na velhice, reconhecendo-se que existem diferentes idades para se ser velho e
diferentes tipologias de idades, ganhando destaque o plano da cognição,
funcionalidade, participação social, existência de suporte familiar, entre
outros. No domínio do estar advoga-se a importância de se falar não de
velhice, mas de velhices evidenciando-se a multidimensionalidade dos estados ou
condições de se estar na velhice, uma vez que as vivências e percursos entre
indivíduos são distintos. A dimensão do fazer obriga a reequacionar os
riscos negativos da velhice (i.e., inatividade, passividade, dependência), mas
sobremaneira as oportunidades e talentos como recurso.
É, pois, neste novo panorama de
compreensão e reconfiguração das várias idades da velhice que se têm desenhado
um paradigma mais positivo acerca do envelhecimento, tentando refutar o
anterior entendimento centrado no declínio e perdas das pessoas mais velhas.
Não obstante, a incidência crescente do envelhecimento e o avolumar do número
de pessoas idosas eleva também a discussão acerca da forma como as mesmas se
adaptam a diferentes papéis, normas e expectativas, bem como, à forma como as
sociedades, as comunidades e o conjunto de organismos do terceiro setor
interagem com as pessoas mais velhas, assim como o inverso (e.g., Miguel, 2016; Sousa & Batista,
2015).
Participação das pessoas idosas: Pistas e
encruzilhadas nos caminhos das ERPI
A abordagem da temática da participação,
associada ao Envelhecimento Ativo (EA), envolvendo a população idosa, não
constitui um exercício teórico e prático frequente e sobretudo em contextos
residenciais (e.g., Gustavsson et al., 2015; Rede Europeia Anti-Pobreza/Portugal
[REAP], 2017). Esta
infrequência é decorrente do facto de ainda permanecer relativamente aos mais velhos
o estereótipo de que estes, e de forma muito particular das pessoas idosas que
residem em contextos residenciais, são pessoas desinteressadas por uma ampla
gama de questões, designadamente, de natureza política, social e cultural e que
se encontram estagnados e ultrapassados pela modernidade do tempo (Pinto, 2013).
Neste sentido, e como informa as Nações
Unidas (2002), o EA traduz um conceito que não se aplica
apenas às questões relacionadas com a manutenção de um nível de atividade
física que promova a saúde, previna doenças e garanta a produtividade em idades
avançadas. O EA carece, também de contemplar outras questões como aquelas
associadas aos conceitos de cidadania ativa, empoderamento ou
mesmo ativação.
Hoje, é amplamente reconhecido que a
participação das pessoas idosas na tomada de decisões sociais e políticas é,
não só, desejável, mas essencial em qualquer sistema democrático. No entanto,
ainda não foi estabelecido qualquer acordo sobre o que significa essa
participação, ou seja, o que é que os termos participação e pessoas
idosas querem dizer em questões que os afetam, interessam e envolvem e
muito menos em contextos residenciais (Dehi
& Mohammadi, 2020; Hees et al., 2015).
A conceção de participação e a
distinção de intervenção micro, macro e meso contribui para a compreensão dos
diferentes níveis da prática participativa e da relevância e potencial das
atividades associadas à participação. Esta perspetiva é convergente com o
pensamento de vários autores (Almeida, 2017; Dehi & Mohammadi,
2020; Vieira, 2017), os quais enfatizam a participação como
sendo um lugar de ação política alargada, interativa e dinâmica (i.e.,
negociada), comprometida entre vários interlocutores (e.g., de forma muito
particular dos destinatários da ação) e ambientes, assente num processo
pedagógico e democrático de permanente aprendizagem. Este tem em vista a (re)construção de oportunidades de desenvolvimento, de
cidadania e de melhoria da tomada de decisão pessoal e social, por forma a
serem atingidos níveis satisfatórios de autodeterminação, autocapacitação,
empoderamento e protagonismo (Almeida, 2017; Dehi & Mohammadi,
2020; Vieira, 2017). Por tal razão, a ação participativa não
pressupõe que os interlocutores apenas “estejam presentes em”, mas antes
influenciem ativamente decisões e “ações”[2] com base nas suas opiniões.
Em contextos residenciais a participação
das pessoas idosas constitui um tema parcamente explorado e defendido (REAP, 2017; Gustavsson et al., 2015). Assim, apesar de na institucionalização
ainda existirem constrangimentos vários (i.e., cuidados sociais pouco flexíveis
assentes numa esfera paliativa concentrada na saúde e na segurança),
inviabilizadores da participação, urge caminhar nestes ambientes em direção a
este desiderato; reforçando o exercício dos direitos e deveres das pessoas
idosas, respeitando a sua idiossincrasia, favorecendo e (re)compondo
e/ou fortalecendo os laços sociais das pessoas idosas com as redes envolventes
e, mais importante, resgatando e perpetuando a cidadania das pessoas idosas (Brandão et al., 2017; Luz, 2017; Marchand,
2017; Marier & van Pevenage, 2017; Reed et al., 2003; Rosa, 2018). A existência e perpetuamento de modelos rígidos no cuidado em
estruturas residenciais concorrem, por um lado, para o aumento do conflito
entre as pessoas idosas a residir em ERPI e os sistemas de apoio. Por outro
lado, reduzem a margem de independência das pessoas idosas, diminuem a
autonomia e a capacidade de tomada de decisão, o autoconceito e autoestima, a
privacidade, o sentido de pertença e o bem-estar, tornando as pessoas idosas
mais apáticas e passivas (Alaphilippe
& Bailly, 2014; Herazo-Beltrán et al., 2017; Medeiros et al., 2020; Nogueira et al., 2016).
Em virtude da atual realidade social,
surge dificultada a ativação das pessoas idosas enquanto agentes dinâmicos no design
de políticas sociais no campo da Gerontologia e nas dinâmicas
intrainstitucionais em contexto residencial (e.g., Crispim & Almeida, 2019). A este nível, conforme alguns estudos (Crispim, 2020; Marchand, 2017; Reed et al., 2003), dois fatores podem ser apontados para essa
realidade, designadamente de natureza exógena e endógena. Os primeiros
referem-se a fatores liderados pelas famílias, os amigos, a comunidade e os
profissionais, os quais quando toldados pela conceção clássica de velhice
retiram poder simbólico às pessoas idosas (nomeadamente aqueles que padecem de
algum tipo de psicopatologia e/ou deficiência motora), tendendo a não
reconhecer valor nem utilidade às pessoas idosas. Além disto, sob o pretexto da
ajuda e da proteção excessiva, assiste-se aquilo a que Pinto (2013, p. 55) define por “paternalismo
invalidante”. Este fenómeno, entre outras coisas, enfraquece os laços sociais
com a rede de suporte familiar e comunitária e retira poder de decisão e de
participação das pessoas idosas. No que concerne aos fatores endógenos, são
relevantes os discursos proferidos pelas pessoas idosas, associados à perceção
da sua velhice como negativa, reportando-se os mesmos frequentemente às suas
limitações físicas, às experiências negativas e à noção de subserviência ou de
“Agora é tempo de gozar a vida e de ser servido”. Estes últimos fatores levam
as pessoas idosas a auto excluírem-se e a demitirem-se da lógica de
“aprendizes”. Nesta linha de ideias e seguindo Azeredo (2016), a sociedade deve permitir a inclusão das
pessoas idosas e criar a oportunidade de se implicarem na dinâmica comunitária
enquanto agentes sociais e de educação, mas, por sua vez, também as pessoas
idosas devem tomar a iniciativa da mudança. A este respeito, são as pessoas
idosas, a par com a comunidade onde estão inseridos, responsáveis pela
alteração do paradigma negativo que os desvaloriza social e culturalmente
(i.e., em países industrializados) (e.g., Azeredo, 2016). Para tal, é urgente um ethos
do novo plasmado na ideia das pessoas idosas se demarcarem da imagem
tradicional de velhice representada pela inutilidade, ineficiência e
senilidade. Segue-se, então, que o estatuto social que as pessoas idosas gozam,
muito embora dependa dos significados atribuídos pela sociedade, obedece também
à narrativa que os próprios empregam à sua historicidade, ao seu presente e à
forma como querem projetar a sua vida no futuro.
No presente existem múltiplas propostas,
desafios e oportunidades para o EA e, naturalmente, às políticas setoriais são
exigidas sobretudo soluções adaptativas centradas na especificidade de cada
caso, grupo ou comunidade, quanto às abordagens nos processos e na ação das
organizações direcionadas para as pessoas idosas (Luz, 2017). O
exercício de reconfiguração da ação na realidade gerontoinstitucional
é primordial, suscitando, neste caso particular às ERPI, a adoção de uma
postura de maior abertura a novas práticas e modelos a fim de garantir a
qualidade de vida de todas as pessoas idosas que abrange.
Face à problemática apresentada, o
objetivo principal deste estudo é examinar à luz das expressões contemporâneas
da velhice, a participação ativa das pessoas idosas em ERPI e no seu projeto de
vida à luz de contributos de residentes e assistentes sociais que vivem e
laboram em respostas sociais residenciais, respetivamente.
Desenho do Estudo
Este estudo foi conduzido a partir de
uma metodologia de natureza qualitativa. A opção pela metodologia qualitativa
deveu-se ao facto desta nos permitir aceder a uma visão mais aprofundada, por
um lado acerca das perspetivas dos assistentes sociais a laborar em contexto de
ERPI no exercício da promoção da ativação das pessoas idosas em ambientes
institucionais. Por outro lado, para possibilitar uma visão mais aprofundada
acerca das perceções e por conseguinte da realidade experienciada pelas pessoas
idosas que residem em ERPI quanto à sua participação em dinâmicas associadas ao
seu projeto de vida em instituição e à participação ativa nas dinâmicas e
estratégias internas da ERPI. Foi ainda usada uma metodologia quantitativa
simples, que permitiu fazer descrições recorrendo ao tratamento estatístico dos
dados recolhidos.
Considerações éticas
Um consentimento informado, esclarecido
e livre para participação em estudo de investigação foi lido e assinado em
duplicado por todos os participantes do presente estudo, com a finalidade de
assegurar a confidencialidade e anonimato dos dados que foram recolhidos para
fins de investigação.
Participantes
Os participantes foram recrutados de
cinco ERPI no ano de 2019. De salientar que o processo de seleção da amostra
procurou reunir ERPI cuja atividade a nível de ações, políticas, programas e
projetos fosse capaz de envolver as pessoas idosas em papéis de decisão na ação
institucional. Assim, tendo por base uma pesquisa por via da internet (i.e.,
motor de busca da Google através da evocação de expressões como «comissão de
residentes» ou «comissão de idosos»), bem como decorrente de conhecimentos do
autor relativo a algumas ERPI, foi possível selecionar as instituições.
A amostra de conveniência ficou
constituída por 12 pessoas idosas (10 do sexo feminino e 2 do sexo masculino) e
cinco assistentes sociais (a totalidade do sexo feminino). Foram, em primeira
instância, contactadas as direções das ERPI, explicitando os objetivos do
estudo e solicitada a colaboração para a aplicação dos
questionários/entrevistas. Os critérios de inclusão definidos foram, no caso
das pessoas idosas, residirem na ERPI há três ou mais anos e não apresentarem
comprometimento mental/cognitivo. Quanto às assistentes sociais, estas deveriam
ter habilitações literárias em Serviço Social (i.e., licenciatura) e exercer
atividade profissional em contexto residencial de prestação de cuidados a
pessoas idosas há três ou mais anos.
Na amostra das pessoas idosas, as idades
cronológicas dos participantes oscilaram entre os 80 e os 93 anos, sendo a
média de 96,16 anos. Já a média de idades das assistentes sociais oscilava
entre os 34 e os 57 anos, sendo a média de 44,4 anos, a desempenhar funções no
quadro técnico ou da direção técnica organizacional das estruturas, em média há
14,7 anos. A Tabela 1 apresenta uma caracterização mais
detalhada do grupo de estudo das pessoas idosas.
|
Caracterização Sociodemográfica da Amostra das Pessoas Idosas |
|
|||
|
|
|
n |
% |
|
|
Sexo |
Feminino |
10 |
83 |
|
|
Masculino |
2 |
17 |
|
|
|
Estado civil |
Solteiro(a) |
2 |
14 |
|
|
Viúvo(a) |
7 |
58 |
|
|
|
Separado(a)/Divorciado(a) |
3 |
25 |
|
|
|
Habilitações literárias |
Analfabeto(a) |
2 |
17 |
|
|
Sabe ler e escrever, mas não
frequentou escola |
1 |
8 |
|
|
|
1º Ciclo |
6 |
50 |
|
|
|
3º Ciclo |
2 |
17 |
|
|
|
Ensino Superior |
1 |
8 |
|
|
|
Condição física e cognitiva atual |
Autónomo/a e funcional |
8 |
67 |
|
|
Autónomo/a e funcional, mas
mobiliza-se com materiais de apoio |
4 |
33 |
|
|
|
Processo de tomada de decisão relativa à
institucionalização |
Decisão própria |
9 |
75 |
|
|
Decisão partilhada com familiares |
2 |
17 |
|
|
|
Decisão da família |
1 |
8 |
|
|
|
|
|
|
|
|
Procedimento de
recolha de dados
A recolha dos dados foi realizada entre os dias 11 e 18 de
novembro de 2019, nos concelhos de Alcácer do Sal, Campo Maior,
Montemor-O-Velho, Leiria e Lisboa.
Em termos de instrumentos de recolha de dados, este estudo
beneficiou do questionário sociodemográfico (visando recolher informações
relativas à idade, sexo, estado civil, habilitações literárias, profissão) e de
entrevistas em profundidade (semiestruturada) contemplando perguntas abertas e
fechadas.
A entrevista aplicada às assistentes sociais estruturou-se em
cinco eixos de análise/temas, nomeadamente: 1) Dados relativos à organização de
enquadramento da ERPI; 2) Dados de caracterização/elementos relativos ao
assistente social; 3) Caracterização geral da população sénior com quem o
profissional trabalhava; 4) Vertentes da participação das pessoas idosas na
dinâmica/estratégia institucional e nas atividades institucionais; 5)
Implicações (oportunidades e constrangimentos) associadas à envolvência
colaborativa.
Por sua vez, a entrevista aplicada às pessoas idosas enquadrou
três eixos de análise, a saber: 1) Dados de caracterização/elementos relativos
ao perfil das pessoas idosas a residir em ERPI; 2) Vertentes da participação
das pessoas idosas em ERPI; 3) Implicações (oportunidades e constrangimentos) associadas
à envolvência colaborativa.
Procedimentos de análise dos dados
O tratamento e interpretação dos dados beneficiou da técnica de
análise de conteúdo, seguindo a abordagem temática categorial, sendo esta uma
das técnicas de tratamento de informação, das mais comuns nas investigações
empíricas realizadas nas diferentes ciências humanas e sociais (Bardin, 2016; Vala,
1990). Nos termos de Bardin (2016),
esta técnica permite fazer uma descrição objetiva, sistemática e quantitativa
do conteúdo manifestado das comunicações, tendo por objetivo efetuar
inferências, com base na explicitação das mensagens cujas características
careceram de inventariação e sistematização interpretativa. Esta investigação
seguiu aquilo que são, segundo Vala (1990), as várias
etapas de análise de conteúdo: a) desde a delimitação do quadro de referência
teórica (i.e., delimitação dos conceitos analíticos); b) a constituição do
corpus da análise, englobando todos os documentos-fonte que foram selecionados
tendo por base os objetivos da análise do estudo; c) desenho das categorias e
subcategorias e; d) a definição das unidades de registo, unidades de contexto e
unidades de enumeração.
Os recortes apresentados foram selecionados
tendo por base uma leitura compreensiva das entrevistas. Após essa leitura
procedeu-se a uma análise mais aprofundada e posterior categorização e
subcategorização. Neste caso, foi possível categorizar cinco categorias de
análise decorrente do guião usado junto das assistentes sociais e duas
categorias de análise decorrente do guião usado junto das pessoas idosas. Estas
categorias emergiram do conteúdo manifesto presente nas entrevistas, neste caso,
das ações e discrições das pessoas idosas, bem como das assistentes sociais.
A análise de conteúdo
das entrevistas dos 17 participantes (EPI1 – EPI12: pessoas idosas auscultadas;
EAS13 – EAS17: assistentes sociais auscultadas) resultou numa análise
compreensiva das entrevistas, que tornou possível categorizar em unidades de
sentido decorrente dos guiões usados com vista à colheita de dados juntos das
pessoas idosas e das assistentes sociais. As Tabelas 2 e
3 apresentam um compêndio das categorias mais relevantes
para o domínio deste trabalho.
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Categorias e Unidades de Sentido da
Participação das Pessoas Idosas em ERPI Decorrentes dos Contributos das
Assistentes Sociais Auscultadas |
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Categoria |
Unidade de Sentido |
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Heterogeneidade da(s) velhices(s) em ERPI |
“Dar continuidade ao projeto de vida dos
residentes e tentar ir ao encontro das particularidades de cada um” (EAS13);
“eles não são todos iguais, e não podemos estar aqui a caracterizar e justificar
que todos gostam da mesma coisa” (EAS14); “então vamos ter de adaptar
serviços… não é o facto de entrar para uma instituição que deixa de ser ele
próprio, deixa de ter os gostos dele, deixa de ter a voz dele” (EAS15). |
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Participação das pessoas idosas e manifestação de
opiniões |
Postura passiva das pessoas
idosas face ao seu envolvimento: “querem estar no seu cantinho sossegadinhos
“(EAS16); “Acho que os idosos não têm interesse (…) Porque se isolam muito…
os idosos aqui são muito individuais” (EAS10); “temos algumas pessoas que têm
este discurso “- Eu vim para aqui não é para trabalhar” (EAS13); “às vezes
por preguicite aguda ou por comodidade, elas acabam
por não o fazer” (EAS17). |
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Envolvência colaborativa (por via da opinião das
pessoas idosas) associada à participação em ERPI |
Espaços de partilha (i.e.,
comissões de residentes): “É claro que cada uma dava as suas opiniões, sobre
qualquer motivo” (EAS12); “onde eles partilham o que gostam, o que não
gostam” (EAS13); “não só para a programação de atividades lúdicas, mas também
para perceber a satisfação, ou não, dos cuidados que são prestados” (EAS14);
“nós até incentivamos que eles participem” (EAS15); “periodicamente pedimos a
opinião deles” (EAS16). |
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Vantagens decorrentes da
auscultação das opiniões das pessoas idosas: “Sentem-se ouvidos,
respeitados, e para eles dá-lhes algum poder acrescido” (EAS13). |
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Inovação e conformismo das ERPI em termos de ações
várias |
Ações atípicas: “fizemos um workshop… sobre o
Estatuto do Maior Acompanhado e tivemos os residentes lá… vamos ter um
workshop… acerca da ética e os cuidados que no fim de vida… eu não tenho
dúvidas que nós vamos ter também residentes” (EAS13); “Organizamos com
frequência comissão de residentes… fazemos reuniões multidisciplinares
semanalmente… Os familiares também são convocados para essas reuniões,
geralmente quando há uma situação que foge do trâmite normal aqui da
instituição… sessões de biblioterapia… tertúlias…
sessões de psicoeducação” (EAS14). |
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Orientações institucionais
ajustadas com maior ou menor flexibilidade: “esta casa para funcionar também
tem de ter regras… que têm de ser cumpridas” (EAS14); “era bom mudarmos estes
horários tão rígidos das instituições… depende também do que eles nos
solicitem” (E15); “Existe o envolvimento deles [pessoas idosas] sim. Existe
sempre!” (EAS16); “Aqui elas [as residentes] têm tido a liberdade” (EAS17). |
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Desafios na atuação em ERPI |
“é fazê-los [às pessoas idosas] ver, sentir e
transpirarem que eles continuam a ser pessoas com direitos e com deveres e
com vontades, [e] é eles perceberem que ainda são donos de si próprios e do
património deles” (EAS13); “trabalharmos todos para o mesmo objetivo, e neste
caso falo especificamente das ajudantes de lar… Passa muito por aqui o
serviço de educação”(EAS14); “o trabalhar com o idoso, do capacitá-lo, do
dar-lhe uma voz” (EAS15); “É fazer manifestar toda essa vivência” (EAS16);
“lutar sempre para garantir o máximo de dignidade das utentes” (EAS17). |
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Categorias e Unidades de Sentido da
Participação das Pessoas Idosas em ERPI decorrentes dos Contributos das
Pessoas Idosas Auscultadas |
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Categoria |
Unidade de Sentido |
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Participação das pessoas idosas e manifestação de
opiniões |
Opiniões subvalorizadas pelo “bom funcionamento”: “Ninguém dá a sua opinião… Está tudo bem!” (E1); “A gente
não se mete nessa vida… Elas [elementos da Equipa Técnica] não trabalham ao
ponto de a gente achar mal” (EPI3); “Não sinto o porquê de necessidade disso”
(EPI10). |
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Opiniões não verbalizadas para evitar conflitos: “que eu tenha iniciativa própria, acho que não devo ser
eu a fazer” (EPI5)”; “Não digo… Porque não quero barulho. Porque aquela que
fala é que fica mal” (EPI7); “Às vezes dava a opinião e ainda ficava mal
visto” (EPI8); “Não, não. Nunca faço queixa de ninguém… para não prejudicar
os outros” (E 9); “eu acho que não se pode dar aqui muitas opiniões… Porque
eu sinto que há medo” (EPI11). |
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Opiniões transmitidas com sentido positivo: “Se tenho alguma observação a fazer nunca num sentido
negativo” (EPI6); “Gosto, gosto [de dar opinião]” (EPI9). |
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Opiniões com cunho conciliador ou de minimização de
conflitos: “Dizemos às próprias idosas que não sejam
assim para as meninas” (EPI3); “Não. É o respeito que tenho pelas pessoas”
(EPI10). |
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Postura passiva das pessoas idosas face ao seu
envolvimento: “próprias pessoa que vivem aqui que tem
relutância com algumas atividades e também não lhes apetece colaborar”
(EPI5); “querem estar no seu cantinho sossegadinhos “(EPI16); “Acho que os
idosos não têm interesse (…) Porque se isolam muito… os idosos aqui são muito
individuais” (EPI10). |
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Envolvência colaborativa (por via da opinião das
pessoas idosas) associada à participação em ERPI |
Espaços de partilha (i.e., comissões de residentes): “É importante para saberem se estamos satisfeitos, se está
tudo a correr bem, e quanto a mim é importante” (EPI4). “dou a minha opinião às outras pessoas. Digo aos técnicos acerca
das atividades” (EPI5). “Quando
estamos em reuniões digo aquilo que penso” (EPI6); “vejo que as situações são
resolvidas” (EPI10); “na reunião desabafamos daquilo que não estava bem”; (EPI11);
“É claro que cada uma dava as suas opiniões, sobre qualquer motivo” (EPI12). |
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Vantagens decorrentes da auscultação das opiniões das
pessoas idosas: “Exercitar o cérebro é muito
importante… a nossa cabeça está ocupada com coisas boas… Porque estamos a
desenvolver” (EPI1, EPI3, EPI4); “Sinto-me
bem a nível psicológico, fisiológico, a nível de bem-estar” (EPI5); “Sou
encarada como pessoa humana liberta quando deito cá para fora o que penso”
(EPI6)”; “Porque é um dever que a gente tem. Um voto em branco não serve”
(EPI8); “sinto-me feliz…sinto-me realizada” (EPI9, EPI10, EPI11). |
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A amostra das pessoas idosas, nos termos de Smith (2002) e Baltes e Smith (2003), faz sobressair os participantes do estudo
no perfil da terceira idade, privilegiando a dimensão física e a funcionalidade
sensorial e intelectual do indivíduo. Este facto encontra paralelo naquilo que
tem de ver com a tomada de decisão relativa à institucionalização, na medida em
que a maioria assumiu todo o processo inerente ao ingresso em ERPI, o que faz
revelar elevados indicadores de autodeterminação e poder sobre si próprio.
Posturas desta natureza desafiam as visões tradicionais associadas às pessoas
idosas, principalmente residentes em ERPI, como sendo incapazes de exercer
qualquer grau de controle sobre a sua de vida (Reed et al., 2003). Não obstante, é preciso ressalvar que em grande medida, de acordo
com Reed e seus colegas (2003), o exercício da autonomia decisória das pessoas idosas na escolha da
ERPI para a qual vão viver se deve sobremaneira: a) a estarem cientes dos seus
direitos e escolhas; b) serem capazes de comunicar e debater essas escolhas e
c) serem capazes de avaliar a informação que lhes é fornecida.
A par, o estudo assinala, de forma distintiva, uma maior presença de
participantes do sexo feminino. Neste sentido, a feminização da velhice, neste
caso ERPI, advém da maior esperança média de vida, aumentando, naturalmente,
com o avançar na idade (Daniel et al., 2012; INE, 2012; Smith, 2002). Com efeito, como nos informa a Carta
Social relativa a 2018 (Gabinete de Estratégia e Planeamento [GEP], 2018), do total de beneficiários que frequentava
estruturas residenciais, cerca de 50% dos utilizadores era composto por pessoas
idosas com 80 ou mais anos, o que visibiliza uma institucionalização da
população idosa em idades muito avançadas, similarmente à investigação por nós
conduzida. A este dado há a acrescentar uma descoberta não prevista
inicialmente que tem de ver com o facto de estarmos a tratar de uma amostra que
comporta essencialmente mulheres idosas capazes de exercer a sua autonomia
decisória, algo surpreendente considerando que estamos a tratar de uma geração
onde as mulheres por defeito não tomam decisões (Daniel
et al., 2012; Fernandes,
2009).
No que se refere ao estado civil, constata‐se no estudo que a presença
em instituição tende a ser fortemente marcada por pessoas idosas que experienciam
o estado civil de viúvo(a), dado que segue a tendência já explanada na Carta
Social de 2018 (GEP, 2018). A variável concernente às habilitações
literárias denuncia valores percentuais mais expressivos nos níveis de escolarização
referentes ao 1ºciclo, facto comprovado pela Pordata
(2020d) quando dá conta de no ano de 2019 ser este
o ciclo de estudos mais expressivo de entre os demais no coletivo de pessoas
com 65 ou mais anos. Este facto não negligenciável sustenta a necessidade de
desenvolvimento de estudos que abranjam maior percentagem de pessoas idosas com
níveis educativos mais avançados, alargando, assim, a melhor compreensão acerca
do perfil que se avizinha/perspetiva da população idosa.
A abordagem referente à heterogeneidade da(s) velhice(s) em contextos
residenciais demonstra que as ERPI estão convergentes com as abordagens
teóricas associadas ao EA e amplamente explanada por diversos especialistas (Brandão
et al., 2017; Luz, 2017; Marchand, 2017;
Marier & van Pevenage, 2017;
Reed et al., 2003), que distinguem a pessoa idosa como um
todo individual, contínuo e não estático, como preditores à adaptação do ato do
cuidado, tal como no desenho do projeto de vida, o que sugere uma maior
qualidade de vida na idade avançada.
Quanto aos elementos referentes à participação das pessoas idosas e à
manifestação de opiniões naquilo que são os processos decisórios das ERPI,
percebe-se que existe, em parte, uma tendencial propensão para que as pessoas
idosas renunciem voluntariamente à tarefa de contribuir para as decisões
alocadas às dinâmicas/estratégias institucionais (i.e., assumem uma postura
mais passiva). Esta atitude, algo sedentária, protagonizada pelas pessoas
idosas encontra paralelo, nos termos de Herazo-Beltrán
e seus colegas (2017), com o facto de a experienciação da vida
em ambientes institucionais dedicados à população mais envelhecida ser
preditiva à dependência. Cenários desta natureza tendem a engrandece fenómenos idadistas e paternalistas (Azeredo,
2016; Pinto,
2013). Não obstante, estas
evidências contrastam com a ocorrência de pessoas idosas que manifestam as suas
opiniões a interlocutores vários, por forma a mitigar algum tipo de conflito
e/ou efeito negativo (i.e., pessoas idosas mais pró-ativas). Parece poder
concluir-se, tal como já sugerido por Reed e seus
colegas (2003), que em ERPI existem pessoas idosas que se
enquadram numa lógica mais exógena (i.e., assumindo uma feição mais
diretiva/paternalista ou dirigida pelos profissionais) e outras numa lógica
mais endógena (i.e., assumindo uma postura mais espontânea e de autênticos
agentes sociais).
Num outro domínio de análise, os resultados mais benéficos às pessoas
idosas encontram explicação nos ganhos que estão associados à concretização de
espaços coletivos de partilha (e.g., comissões de residentes), enquanto espaços
alternativos à convenção social normalizadora e modelos rígidos de atuação (Luz,
2017). Pressupõe-se com
metodologias desta natureza, a ocorrência de uma participação interativa
assente numa ótica dialógica entre pessoas idosas e profissionais com vista à
reformulação de planos e formulação de novas ações tendo por base os
contributos das pessoas idosas. Trata-se, portanto, de considerar e reconhecer
a pessoa idosa que vive em contexto de ERPI enquanto co-designer da dinâmica institucional e, inclusive, no
seu projeto de vida. Nesta matéria, os dados recolhidos parecem induzir-nos ao
facto de um dos pilares mais fortes e sólidos que sustenta a satisfação das
pessoas idosas, advém da oportunidade que lhes é dada de exercerem
quotidianamente a sua cidadania (Dehi
& Mohammadi, 2020; Gustavsson et al., 2015; Luz, 2017; Marchand,
2017).
Complementarmente, e no que concerne à análise do cunho inovador e/ou
conformista das ERPI em termos de ações de intervenção várias, foi possível
constatar que as ERPI apesar de ainda assumirem modelos diretivos, naquilo que
é o desenho e concretização de ações, começam a emergir disposições que
apresentam um carácter mais inovador (e.g., comissões de residentes, workshops com
e para as pessoas idosas, reuniões multidisciplinares com familiares, sessões
de biblioterapia, sessões de psicoeducação,
tertúlias). Desta forma, sem que se assuma uma tendencialização
e representatividade, os factos suprarreferidos poderão induzir-nos ao início
de uma nova e renovada corrente de atuação em ambientes institucionais que
tende a assumir o exercício da autonomia decisória das pessoas idosas como um
lugar de negociação de ações políticas, interativas e dinâmicas. Ou seja,
parece-nos que começa a surgir, ainda que de forma tímida, abordagens
operativas capazes de implicar ativamente os contributos das pessoas idosas
(e.g., as opiniões), bem como o conhecimento que estas detêm advindo da sua
experiência de vida. Esta matéria já tinha sido algo explorada em 2003 por Reed e seus colegas, tendo estes
antevisto ser imperioso dar destaque às escolhas, decisões, opiniões e
avaliações das pessoas idosas em ambientes residenciais.
Conclusões
Este estudo descreve como as pessoas idosas e as ERPI (representadas
pelos profissionais de Serviço Social) percecionam e operacionalizam o
exercício da autonomia decisória em ambientes residenciais nas decisões
internas institucionais e no seu projeto de vida. Apurou-se que os desafios na
atuação em ERPI versam precisamente naquilo que são as guidelines de ação mais recente associadas ao EA. Ou seja, o exercício quotidiano
de cidadania, a manutenção de ações preventivas naquilo que é o cuidado
individualizado, a produção de discursos emancipadores referente aos cuidados
das pessoas idosas e a cedência de poder às pessoas idosas, induz-nos que a
perspetiva da(s) velhice(s) deve ser múltipla e metamorfósica.
Assim, estes resultados mostram-nos, em termos de interpretação, da existência,
por parte das ERPI, de uma gradual perceção da velhice e do envelhecimento como
um processo e uma construção social que segue as alterações societais,
assumindo estas graduais diferenças em termos de perceção da institucionalização
e das condições de vivência associadas às estruturas residenciais.
Agradecimentos | Acknowledgements: Agradece-se a todos as pessoas idosas e assistentes sociais que participaram
nesta investigação, bem como às direções e administrações das ERPI por terem
permitido realizar esta investigação.
Conflito de interesses | Conflict of interest: nenhum | none.
Fontes de financiamento | Funding sources: nenhuma | none.
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[2] O termo ações é
usado, pois é um conceito mais amplo do que atividades e inclui ações como
pensamento e reflexão (Gustavsson et al., 2015).