2016, Vol. 2(1):
38-52
Relação entre a inteligência
espiritual e a saúde mental e física em idosos
Artigo Original
Andreia Pereira ⓘ ✉, Mariana Marques
ⓘ, Sónia Simões ⓘ, Mariana Marques
ⓘ
https://doi.org/10.7342/ismt.rpics.2016.2.1.18
Recebido 04 setembro 2015
Aceite 15 fevereiro 2016
Objetivos: Analisar os níveis de inteligência espiritual, bem-estar psicológico,
sintomas depressivos e ansiosos, saúde mental e física em idosos que frequentam
instituições em Lar ou Centro de Dia e explorar as associações existentes entre
todas estas variáveis (e com algumas variáveis sociodemográficas).
Método: Neste estudo não-experimental, foram aplicados, em formato de entrevista
individual, a Escala de Inteligência Espiritual Integrada, o Questionário de
Avaliação Funcional Multidimensional de Idosos (para avaliar saúde física e
mental), a Escala de Ânimo (avalia bem-estar psicológico), a Escala de
Depressão Geriátrica e o Inventário de Ansiedade Geriátrica, a 65 idosos
(idade, M = 83,46; DP = 6,65; sexo feminino, n = 46;
70,8%).
Resultados: A maioria dos idosos percecionou a sua saúde física (80%) e mental
(84%) como insatisfatória. Uma percentagem importante apresentou sintomas
depressivos (56,9%) e ansiosos (64,6%). A pontuação total de inteligência
espiritual correlacionou-se positivamente com as atitudes face ao
envelhecimento e negativamente com a pontuação total de sintomas
depressivos. No que respeita às dimensões da inteligência espiritual, a consciência
associou-se positivamente com as atitudes face ao envelhecimento
(bem-estar psicológico) e negativamente com os sintomas depressivos. O significado
associou-se negativamente com a pontuação total do bem-estar psicológico e suas
dimensões solidão/insatisfação e agitação). A graça
associou-se positivamente com a pontuação total do bem-estar psicológico e com
a sua dimensão atitudes face ao envelhecimento e negativamente com os
sintomas depressivos e ansiosos. Por fim, refira-se que idosos a residir em Lar
apresentaram valores inferiores de graça e superiores de significado
(inteligência espiritual), bem como de sintomas depressivos e ansiosos.
Conclusões: Mostrou-se preocupante a prevalência de saúde física e mental
insatisfatória, de depressão e ansiedade. Níveis maiores totais e em algumas
dimensões de inteligência espiritual associaram-se a níveis menores de sintomas
depressivos e ansiosos e níveis maiores de bem-estar psicológico. Estes dados
parecem apontar para a eventual importância de promover a inteligência
espiritual junto de idosos institucionalizados.
Palavras chave:
Bem-estar psicológico · Idosos ·
Inteligência espiritual · Saúde mental
e física · Depressão · Ansiedade
Existem várias conceções de inteligência espiritual (IE) mas a maioria
inclui a capacidade de transcendência que permite o aprofundamento do conhecimento
de si próprio relativamente ao mundo imaterial (e.g., Vaughan, 2002). Indivíduos espiritualmente
inteligentes apresentam capacidade para a transcendência, para entrar em
estados espirituais superiores de consciência, para investir nas atividades
diárias/relações com uma sensação do sagrado, para utilizar recursos
espirituais para resolver problemas e para adotar um comportamento virtuoso (Emmons, 2000). Ainda
segundo Emmons (2000), “enquanto propriedade
dinâmica das pessoas, a inteligência espiritual fornece contexto interpretativo
para negociar as demandas da vida diária” (p. 20).
Já segundo
Hosseini, Elias, Krauss e Alshah (2010), esta
inteligência:
Permite alcançar mais
profundamente … o potencial de quem temos que ser, … a desenvolver os nossos
egos imediatos … [e] … proporciona a oportunidade de viver uma vida com um
nível mais profundo de significado. [Ajuda, ainda, a] ligar com os problemas da
vida e da morte, os problemas do bem e do mal, assim como as raízes principais
de sofrimento humano e em alturas de desespero (p. 181).
De acordo com
Stead e Stead (2014),
esta
inteligência é a usada para resolver problemas relacionados com o valor e
significado e permite transportar o comportamento e vida humanos para um
contexto mais alargado de significado, para além de incluir a capacidade de
transcendência e de integrar dois outros tipos de quocientes: o da inteligência
e o emocional. Segundo King (2008, tal como citado por King & DeCicco, 2009, p. 69)
a mesma diz respeito a um …
Conjunto de capacidades
mentais que contribuem para a consciência, integração e aplicação adaptativa
dos aspetos não materiais e transcendentes da existência de um indivíduo,
levando a tais resultados com uma reflexão existencial profunda, aumento de
significado, reconhecimento de um self transcendente e domínio de
estados espirituais.
As competências espirituais podem ser adquiridas e
desenvolvidas, havendo evidência do seu surgimento na infância e da tendência
para atingir o seu exponente máximo na velhice (Emmons, 2000; King & DeCicco, 2009). Adicionalmente, podem
existir diferenças no grau de desenvolvimento das características típicas da IE
entre indivíduos (Vaughan, 2002)
e esta não é estável ao longo do tempo, podendo haver períodos em que aumenta
exponencialmente ou podendo ser usada apenas parte do total de IE de que a
pessoa dispõe (Ronel, 2008).
Apesar de não existirem muitas investigações que tenham
estudado a IE em idosos e a sua associação com variáveis sociodemográficas,
apresentamos alguns dos dados existentes. Saad, Hatta e Mohamad (2010)
verificaram que os idosos apresentavam maior IE e saúde geral do que as idosas.
Já Jorge (2012), na validação da versão
portuguesa da Escala de Inteligência Espiritual Integrada (EIEI), com sujeitos
entre os 14 e os 81 anos, apurou maior IE (total), coping religioso e espiritual
e missão (subescalas), em mulheres. A IE aumentou, ainda, com a idade
(mais elevada entre os 41-81 anos). Kaheni, Heidar-Fard e Nasiri (2013)
verificaram que idosos com mais de 70 anos e casados apresentavam maior IE. Por
seu lado, Jain e Purohit (2006) não encontraram diferenças por
sexo, nem associação entre IE e modalidade institucional. Igualmente Wink e
Dillon (2002) relatam a presença de
diferenças entre homens e mulheres na espiritualidade, com as mulheres a
aumentarem mais a sua espiritualidade no segundo período da vida adulta,
comparativamente aos homens.
Também não existem muitos estudos que
explorem, em idosos, a associação entre a IE e correlatos físicos e
psicológicos como a saúde física e mental, depressão, ansiedade e bem-estar
psicológico, bem como o seu impacto nos mesmos. Jorge (2012) constatou que uma pior saúde
geral associou-se a maior coping religioso e espiritual e menor graça,
dimensões de IE. Numa amostra de estudantes universitários, Heravi-Karimooi,
Rejeh e Nia (2014) verificaram uma associação
positiva entre IE e saúde física. Quanto à saúde
mental, alguns estudos (e.g., Heravi-Karimooi et al., 2014)
sugerem que uma maior IE traduz maior saúde mental. Porém, o estudo de Ghasemi-Pirbalouti,
Ahmadi, Alavi-Eshgaftaki e Alavi-Eshgaftaki (2014),
com funcionários de uma empresa, não encontrou associações entre a IE e saúde
mental. Subramaniam e Panchanatham (2014) num estudo com
diretores executivos verificaram uma relação positiva entre a IE e o bem-estar
geral. Apesar do resultado desta última investigação, no geral, as pessoas
intrinsecamente espirituais têm uma autoestima mais elevada, uma maior perceção
de competência e conexão com os outros, um melhor funcionamento da personalidade e evidenciam menos
sintomas de depressão e ansiedade (Fung & Lam, 2013; Lavretsky, 2010;
Lucchetti, Lucchetti, Bassi, Nasri,
& Nacif, 2011; Koenig, 2006). Koszycki, Raab, Aldosary e Bradwejn
(2010) aplicaram, a adultos com perturbação de ansiedade generalizada,
um programa de intervenção baseado na espiritualidade (uma sessão promovia a
IE), verificando a redução dos sintomas de ansiedade e depressão. Charkhabi,
Mortazavi, Alimohammadi e Hayati (2014), aplicando um
programa de promoção e desenvolvimento da IE a estudantes (idade média de 14
anos), verificaram remissão dos sintomas de ansiedade. Para além destes estudos
que não contemplaram idosos, a literatura também refere que uma maior vivência
de espiritualidade contribui para um maior bem-estar psicológico, que se traduz em níveis mais
baixos de ansiedade, stresse, afetos negativos, solidão, desespero e
pensamentos suicidas em idosos (Chen et al., 2007;
Duarte & Wanderley, 2011; Lavretsky,
2010; Lucchetti et al., 2011;
Van Ness, Towle, O'Leary, &
Fried, 2008; Whitehead & Bergeman, 2011). Importa
referir o estudo
recente de Ibrahim (2014), com idosas, que concluiu que a IE associada
ao suporte social percebido, autoestima e desejabilidade social influenciavam o
(não) aparecimento de depressão. Assim, as crenças espirituais positivas podem
ajudar na redução do stresse e a melhorar a sensação de controlo do indivíduo
idoso, aumentando o seu bem-estar e qualidade de vida (Crowther et al., 2000).
Atendendo aos estudos internacionais que
apontam para a importância e impacto da inteligência espiritual em diferentes
correlatos psicológicos e físicos, nomeadamente em idosos, e a escassez de
estudos no nosso país sobre a inteligência espiritual em idosos, são nossos
objetivos: 1) descrever os níveis de IE numa amostra de idosos frequentando Lar
e Centro Social, bem como os níveis de alguns correlatos psicológicos e físicos
na mesma amostra: bem-estar psicológico, sintomas de depressão e ansiedade,
saúde mental e física; 2) identificar associações da IE com as variáveis
imediatamente acima referidas e com algumas variáveis sociodemográficas.
Participantes
A amostra foi não probabilística por conveniência. Como critério de inclusão
os idosos tinham de frequentar os Lares e o Centro Social que autorizaram a
realização do estudo e os critérios de exclusão implicaram falhas graves na
comunicação e défice cognitivo (avaliado com o Short Portable Mental Status
Questionnaire/SPMSQ do Questionário de Avaliação Funcional Multidimensional
de Idosos/QAFMI). Assim, não foi possível avaliar todos os idosos das
instituições, dadas as referidas falhas de comunicação e a presença de défice
cognitivo em alguns idosos. Eliminaram-se os idosos que erraram quatro ou mais
questões, visto que, nestes casos, o QAMFI deve ser aplicado a um informante (Rodrigues,
2008). A maioria dos 65 participantes deste
estudo era, então, do sexo feminino (n = 46; 70,8%) (idade média = 83,46
anos; DP = 6,65), viúvo/a (n = 48; 73,8%), sabia ler e escrever,
mesmo não tendo escolaridade oficial (n = 31; 47,7%), encontrava-se em
Lar (n = 33; 50,8%) e estava há menos de cinco anos (n = 48;
73,8%) nas instituições
(Tabela 1).
|
Caracterização Sociodemográfica |
|
||
|
M (DP) |
Intervalo |
|
|
|
Idade |
83,46 (6,65) |
65-98 |
|
|
n |
% |
|
|
|
Sexo |
|
||
|
Feminino |
46 |
70,8 |
|
|
Masculino |
19 |
29,2 |
|
|
Total |
65 |
100 |
|
|
Estado Civil |
|
||
|
Solteiro/a |
3 |
4,6 |
|
|
Casado/a |
12 |
18,5 |
|
|
Divorciado/a |
2 |
3,1 |
|
|
Viúvo/a |
48 |
73,8 |
|
|
Total |
65 |
100 |
|
|
Escolaridade |
|
||
|
Não
sabe ler, nem escrever |
25 |
38,5 |
|
|
Sabe
ler e escrevera |
31 |
47,7 |
|
|
1º
Ciclo do ensino básico |
8 |
12,3 |
|
|
Ensino
Secundário |
1 |
1,5 |
|
|
Total |
65 |
100 |
|
|
Escolaridade categorizada |
|
||
|
Não
sabe ler, nem escrever |
25 |
38,5 |
|
|
Sabe
ler e escreverb |
40 |
61,5 |
|
|
Total |
65 |
100 |
|
|
Instituição frequentada |
|
||
|
Lar |
33 |
50,8 |
|
|
Centro
Social |
32 |
49,2 |
|
|
Total |
65 |
100 |
|
|
Tempo na instituição |
|
||
|
Até
5 anos |
48 |
73,8 |
|
|
Seis
a 10 anos |
11 |
16,9 |
|
|
Mais
de 10 anos |
6 |
9,2 |
|
|
Total |
65 |
100 |
|
|
Nota. n = Frequência; M
= Média; DP = Desvio-padrão; % = Percentagem. a Sem escolaridade
oficial, mas sabe ler e escrever. b Sabe ler e escrever
(sem escolaridade) + 1º ciclo + secundário. |
|
Procedimentos
Após a definição do protocolo de investigação deste estudo não
experimental, reuniu-se com o autor do Questionário de Avaliação Funcional
Multidimensional de Idosos para discutir a hipótese de apenas aplicar duas das
suas cinco subescalas e a respetiva cotação. Em seguida, solicitou-se a
autorização para recolha dos dados num Lar e num Centro Social do concelho de
Pombal e num Lar do concelho da Figueira da Foz. Após a sua aprovação, sem
necessidade de obtenção de um parecer de uma Comissão de Ética, iniciou-se a
recolha dos dados, que decorreu entre fevereiro e maio de 2015. Foram
explicados os objetivos do estudo e solicitado o consentimento informado por
parte dos participantes, que colaboraram no estudo gratuitamente.
Os instrumentos foram aplicados em formato de entrevista,
individualmente, dada a baixa escolaridade dos participantes.
Dado a extensão do protocolo, dividiu-se a aplicação em três momentos.
Refira-se que não houve ausência de respostas a nenhum item, uma vez que o
protocolo foi aplicado em formato de entrevista.
Instrumentos
Escala de Inteligência
Espiritual Integrada/Integrated
Spiritual Intelligence Scale (EIEI/ISIS, Jorge, 2012; Amram
& Dryer, 2008). A EIEI avalia a capacidade
de interrogação sobre o sentido da vida, de se relacionar com o outro, o mundo
e com uma consciência superior, de se relacionar consigo mesmo e com os
problemas que surgem. Possui 32 questões respondidas numa escala de Likert
entre 1 (nunca ou quase nunca) a 6 (sempre ou quase sempre) e divididas em
cinco subescalas: 1) coping religioso e espiritual
(capacidade de transcendência e uso de recursos espirituais para enfrentar os
desafios/problemas/tarefas); 2) consciência (capacidade de experienciar
uma consciência ampla, transcendente e pacífica, conferindo intuição e
criatividade, expandindo o autoconhecimento e a consciência dos outros); 3) graça
(autoaceitação, otimismo, reconhecimento da beleza e harmonia relativos ao
outro, natureza e eventos quotidianos); 4) significado (reação à
frustração e transcendência do ego, dando um sentido aos acontecimentos e
experiências de vida que irão resultar num melhor funcionamento e bem-estar
mais elevado) 5) missão (capacidade para entender o trabalho/profissão
como um meio para servir um propósito maior) (Jorge,
2012). A EIEI obteve bons valores de
consistência interna (α/escala total = 0,92; fator I = 0,89; fator II = 0,86; fator
III = 0,82; fator IV = 0,67; fator V = 0,81) e a estabilidade temporal foi
elevada (r = 0,77) (Jorge, 2012). Neste estudo, o alfa
da escala total foi ligeiramente abaixo do aceitável (0,64), o alfa do fator graça
foi bom (0,72) e os outros fatores situaram-se abaixo do aceitável (coping religioso e espiritual = 0,57; consciência = 0,63; significado
= 0,52) (DeVellis, 1991). Porém, apenas
o alfa da missão foi realmente inaceitável (0,22), visto poder
considerar-se um alfa de 0,50 suficiente, em estudos exploratórios (Nunnally, 1967, tal como citado por Bean, 1980), como sucede com o
nosso.
Questionário de Avaliação
Funcional Multidimensional de Idosos/Older
Americans Resources and Services (QAFMI/OARS; Rodrigues, 2008;
Fillenbaum, 1988).
O QAFMI avalia várias dimensões da funcionalidade no idoso, possui duas partes
e é aplicado em formato de entrevista (Rodrigues, 2008).
A parte A permite a avaliação funcional multidimensional do idoso, a partir das
subescalas recursos sociais, recursos económicos, saúde mental, saúde física e
atividades de vida diária. Da parte A consta, ainda, o Short Portable Mental
Status Questionnaire (SPMSQ) (10 perguntas) que permite avaliar o défice
cognitivo.
A parte B avalia a utilização e necessidade percebida de serviços, sendo as alíneas 73 a
86 respondidas pelo entrevistador (Centro de Estudos e
Investigação em Saúde da Universidade de Coimbra, 2009). Juntando
a informação das duas partes, o entrevistador faz a classificação de cada
subescala de 1 (muito bom) a 6 (totalmente/completamente insatisfatório).
Conjugando a classificação das cinco subescalas, obtém-se um de 32 perfis
funcionais (Rodrigues, 2008).
Neste estudo, apenas utilizámos as subescalas saúde física e saúde
mental. A subescala da saúde mental inclui as questões do SPMSQ, a
avaliação da satisfação com a vida e dos sintomas psiquiátricos (Short
Psychiatric Evaluation Schedule/SPES) e a autoavaliação da saúde mental. A
saúde física avalia os últimos seis meses sobre consultas médicas, dias de
incapacidade física, hospitalização e internamento, necessidade percebida de
consultas médicas, uso de medicamentos, entre outros (Rodrigues,
2008). As subescalas obtiveram os seguintes valores de
consistência interna: recursos sociais (α = 0,64); recursos económicos (α =
0,89); saúde física (α = 0,85); saúde mental (α =
0,83); atividades de vida diária (α = 0,91). Os valores de estabilidade
temporal foram excelentes (Rodrigues, 2008).
Tendo, neste estudo, sido utilizadas apenas as subescalas saúde física e
saúde mental e não existindo um sistema de cotação para subescalas
isoladas, criou-se esse sistema: para cada questão, a opção de resposta
traduzindo melhor saúde mental/física recebeu valor zero e a que correspondia à
pior saúde mental/física recebeu o valor máximo possível, conforme o número de
respostas da questão. Assim, quanto maior a pontuação, pior a saúde
mental/física. Dicotomizámos estas duas subescalas em satisfatória
e insatisfatória com base num ponto de corte definido através da média
mais/menos desvio-padrão. Considerou-se que os idosos com pontuação acima deste
ponto de corte apresentavam saúde mental/física insatisfatória.
Dada a criação de um sistema específico de cotação, não apresentamos
dados sobre a consistência interna das subescalas.
Inventário de Ansiedade
Geriátrica/Geriatric Anxiety
Inventory (IAG/GAI; Byrne et al., 2010; Ribeiro,
Paúl, Simões, & Firmino, 2011).
O IAG avalia a gravidade dos sintomas de ansiedade em idosos e possui 20 alíneas
de autorresposta (ou aplicadas em forma de entrevista), relativas à última
semana, do tipo concordo/discordo. O ponto de corte para considerar os sintomas
de ansiedade graves situa-se nos 8/9 (Ribeiro et al., 2011).
A consistência interna do IAG foi muito boa (α = 0,97) e a estabilidade
temporal boa (Ribeiro et al., 2011). Neste estudo,
o alfa foi de 0,96, classificado como muito bom (DeVellis, 1991).
Escala de Depressão
Geriátrica/Geriatric Depression
Scale (EDG/GDS;
Yesavage et al., 1983; Pocinho, Farate, Dias, Lee,
& Yesavage, 2009). A EDG avalia sintomas de
depressão em idosos e possui 27 itens (sim/não). O ponto de corte de 11 é usado
para deteção e diagnóstico de eventual depressão.
A consistência interna e estabilidade temporal da EDG foram muito boas
(α = 0,91; r = 0,99) (Pocinho
et al., 2009). Neste estudo, obteve-se um alfa de
0,90, considerado muito bom (DeVellis, 1991).
Análise Estatística
Foi utilizado o Statistical
Package for the Social Sciences (IBM-SPSS), versão 20. Calculámos estatísticas
descritivas, medidas de tendência central, dispersão e assimetria. Todas as
variáveis, à exceção da pontuação total da Escala de Depressão Geriátrica, não
apresentavam uma distribuição normal (teste de Kolmogorov-Smirnov).
Dada a ausência de distribuição normal na maioria das variáveis e o n
reduzido em algumas categorias de algumas variáveis, optámos maioritariamente
pelos testes não paramétricos. Usou-se o nível de significância de 0,05.
Frequências,
médias, desvios-padrão e intervalos da saúde física e mental, inteligência
espiritual, bem-estar psicológico, depressão e ansiedade
Testes do qui-quadrado mostraram não existirem
associações entre o sexo e a saúde física/mental (pontos de corte explicados na
secção Instrumentos: insatisfatória/satisfatória) e entre as pontuações
dicotomizadas da Escala de Depressão Geriátrica e do Inventário de Ansiedade
Geriátrica (pontos de corte das versões portuguesas). Verificou-se, então, na
amostra total, que a maioria dos participantes tinha uma saúde física
insatisfatória (n = 52; 80,0%; satisfatória) e uma saúde mental
insatisfatória (n = 55; 84,6%). A maioria apresentava sintomas
depressivos (n = 37; 56,9%) e ansiosos (n = 42; 64,6%). Testes U
de Mann-Whitney revelaram não existir diferenças significativas por sexo nas
dimensões e pontuações totais da Escala de Inteligência Espiritual e na Escala
de Ânimo. Na Tabela 2 apresentam-se as medidas relativas
às dimensões e pontuações totais dos instrumentos na amostra total.
|
Medidas de Tendência Central/Dispersão |
|
|||||
|
M(DP) |
Md |
AIQ |
Intervalo |
Intervalo teórico |
|
|
|
EIEI
coping religioso e espiritual |
52,89 (1,99) |
54,0 |
2,0 |
46-54 |
9-54 |
|
|
EIEI
consciência |
50,48 (4,45) |
52,0 |
6,5 |
34-54 |
9-54 |
|
|
EIEI
graça |
30,80 (4,93) |
32,0 |
5,0 |
12-36 |
6-36 |
|
|
EIEI
significado |
15,32 (4,55) |
15,0 |
8,5 |
6-24 |
4-24 |
|
|
EIEI
missão |
17,08 (1,54) |
18,0 |
1,0 |
13-18 |
3-18 |
|
|
EIEI total |
166,88 (9,55) |
169,0 |
12,5 |
135-183 |
31-186 |
|
|
EA solidão/insatisfação |
1,71 (1,44) |
1,0 |
3,0 |
0-5 |
0-5 |
|
|
EA
atitudes envelhecimento |
1,75 (1,39) |
1,0 |
2,0 |
0-5 |
0-5 |
|
|
EA
agitação |
1,14 (1,16) |
1,0 |
2,0 |
0-4 |
0-4 |
|
|
EA total |
4,6 (2,94) |
5,0 |
4,5 |
0-11 |
0-14 |
|
|
EDG |
11,97 (6,69) |
12,0 |
11,5 |
1-25 |
0-27 |
|
|
Nota. M = Média; DP = Desvio padrão; Md
= Mediana; AIQ = Amplitude
Inter-Quartil; EIEI = Escala de Inteligência Espiritual Integrada; EA =
Escala de Ânimo; EDG = Escala de Depressão Geriátrica; IAG = Inventário de
Ansiedade Geriátrica. |
|
Na Tabela 3 apresentam-se as correlações entre a
Escala de Inteligência Espiritual Integrada, a Escala de Ânimo, a Escala de
Depressão Geriátrica e o Inventário de Ansiedade Geriátrica. No que respeita às
dimensões da inteligência espiritual, o coping religioso e espiritual
e a missão não se correlacionaram com nenhuma das outras medidas (Escala
de Ânimo, Escala de Depressão Geriátrica e o Inventário de Ansiedade
Geriátrica). A dimensão consciência correlacionou-se positivamente com
as atitudes face ao envelhecimento da Escala de Ânimo (magnitude
pequena) e negativamente com a Escala de Depressão Geriátrica (magnitude
moderada). A dimensão graça correlacionou-se positivamente com a
pontuação total da Escala de Ânimo (magnitude pequena) e com uma das suas
dimensões (atitudes face ao envelhecimento, com magnitude moderada) e
negativamente com a Escala de Depressão Geriátrica (magnitude moderada) e com o
Inventário de Ansiedade Geriátrica (magnitude pequena). Por seu lado, a
dimensão significado correlacionou-se negativamente com a pontuação
total da Escala de Ânimo e com as suas dimensões solidão/insatisfação e agitação
(magnitudes pequenas). Por fim, a pontuação total da inteligência espiritual
correlacionou-se positivamente com uma dimensão da Escala de Ânimo (atitudes
face ao envelhecimento) e negativamente com a Escala de Depressão
Geriátrica (magnitudes moderadas).
|
Correlações
entre Dimensões e Pontuações Totais |
|
||||||
|
|
EA solidão/insatisfação |
EA atitudes envelhecimento |
EA agitação |
EA total |
EDG |
IAG |
|
|
EIEI coping1 |
NS |
NS |
NS |
NS |
NS |
NS |
|
|
EIEI consciência |
NS |
0,27* |
NS |
NS |
-0,30* |
NS |
|
|
EIEI graça |
NS |
0,31* |
NS |
0,26* |
-0,47** |
-0,27* |
|
|
EIEI significado |
-0,28* |
NS |
-0,26* |
-0,27* |
NS |
NS |
|
|
EIEI missão |
NS |
NS |
NS |
NS |
NS |
NS |
|
|
EIEI total |
NS |
0,30* |
NS |
NS |
-0,32** |
NS |
|
|
Nota. EIEI =
Escala de Inteligência Espiritual Integrada; 1coping = coping
religioso e espiritual; EA = Escala de Ânimo; EDG = Escala de Depressão
Geriátrica; IAG = Inventário de Ansiedade Geriátrica; ** p ≤ 0,01; * p ≤ 0,05;
NS = não significativo. |
|
Todas as dimensões e a pontuação total da Escala de Ânimo
correlacionaram-se negativamente com a Escala de Depressão Geriátrica e com o
Inventário de Ansiedade Geriátrica (magnitudes moderadas a elevadas), à exceção
das atitudes face ao envelhecimento da Escala de Ânimo, que não revelou
associação com o Inventário de Ansiedade Geriátrica. Finalizando, a Escala de
Depressão Geriátrica e o Inventário de Ansiedade Geriátrica correlacionaram-se
positivamente (r = 0,75; p < 0,01) (magnitude elevada) (Tabela 4).
|
Correlações entre as Dimensões e
Pontuação Total da EA e a EDG e o IAG |
|
||
|
EDG |
IAG |
|
|
|
EA solidão/insatisfação |
-0,50** |
-0,47* |
|
|
EA atitudes
envelhecimento |
-0,39** |
NS |
|
|
EA agitação |
-0,46** |
-0,41** |
|
|
EA total |
-0,61** |
-0,49** |
|
|
Nota. EA = Escala de Ânimo; EDG = Escala de
Depressão Geriátrica; IAG = Inventário de Ansiedade Geriátrica. ** p < 0,01; * p < 0,05; NS
= Não significativo. |
|
Testes U de Mann-Whitney e de
Kruskal-Wallis testaram diferenças nas dimensões e pontuações totais da Escala
Integrada de Inteligência Espiritual, Escala de Ânimo, Escala de Depressão
Geriátrica e Inventário de Ansiedade Geriátrica por escolaridade, estado civil,
modalidade institucional e tempo na instituição. Para o efeito, foram
dicotomizadas as variáveis escolaridade (não sabe ler nem escrever vs. outras
escolaridades) e estado civil (casado vs. solteiro, viúvo e divorciado).
Testes U de Mann-Whitney
mostraram existir diferenças em função da saúde física na Escala de Depressão
Geriátrica e no Inventário de Ansiedade Geriátrica, na dimensão
solidão/insatisfação e na pontuação total da Escala de Ânimo. Assim, os idosos
com saúde física insatisfatória (vs. satisfatória) revelaram mais sintomas
depressivos e ansiosos. Os idosos com saúde física insatisfatória também
apresentaram uma pontuação total menor na Escala de Ânimo e na sua dimensão
solidão/insatisfação. Testes U de
Mann-Whitney mostraram existir diferenças por saúde mental na Escala de
Depressão Geriátrica e no Inventário de Ansiedade Geriátrica, na pontuação
total da Escala de Ânimo e nas suas dimensões solidão/insatisfação e atitudes
face ao envelhecimento. Neste sentido, os idosos com saúde mental
insatisfatória (vs. satisfatória) apresentaram maior sintomatologia depressiva
e ansiosa.
No que respeita às diferenças na Escala de Ânimo, os idosos com saúde
mental insatisfatória exibiram menor pontuação na solidão/insatisfação, nas
atitudes face ao envelhecimento e no total da Escala de Ânimo (Tabela 5).
|
Teste U de Mann-Whitney Explorando Diferenças na Inteligência Espiritual
(EIEI), no Ânimo (EA), na Sintomatologia Depressiva (EDG) e Ansiosa (IAG) em
Função da Saúde Física e da Saúde Mental |
|
|||||||
|
Saúde Física |
U/p |
Saúde Mental |
U/p |
|
||||
|
Satisfatória |
Insatisfatória |
Satisfatória |
Insatisfatória |
|
||||
|
Md |
Md |
Md |
Md |
|
||||
|
EA solidão/insatisfação |
3,0 |
1,0 |
192,500/0,014 |
3,0 |
1,0 |
128,500/0,006 |
|
|
|
EA atitudes envelhecimento |
— |
— |
— |
3,0 |
1,0 |
146,500/0,016 |
|
|
|
EA agitação |
— |
— |
— |
— |
— |
— |
|
|
|
EA total |
6,0 |
4,0 |
192,500/0,014 |
7,5 |
4,0 |
100,000/0,001 |
|
|
|
EDG |
6,0 |
13,5 |
183,000/0,011 |
4,5 |
13,0 |
92,500/0,001 |
|
|
|
IAG |
2,0 |
14,5 |
186,500/0,013 |
4,5 |
15,0 |
155,000/0,028 |
|
|
|
Nota. EA = Escala de Ânimo; EDG
= Escala de Depressão Geriátrica; IAG = Inventário de Ansiedade Geriátrica; p
= valor de significância; Md = Mediana; U = Teste U de Mann-Whitney. |
|
Testes U de Mann-Whitney mostraram existirem
diferenças significativas por modalidade institucional nas dimensões da
inteligência espiritual graça e significado e na Escala de Depressão Geriátrica
e no Inventário de Ansiedade Geriátrico. No que respeita às dimensões da
inteligência espiritual, os idosos residindo em Lar, comparativamente com os
que residem em Centro Social, apresentaram menor graça e maior significado.
Estes idosos também tiveram pontuações maiores na sintomatologia depressiva e
ansiosa (Tabela 6).
|
Teste U de
Mann-Whitney Explorando Diferenças na Inteligência Espiritual (EIEI), no
Ânimo (EA), na sintomatologia depressiva (EDG) e ansiosa (IAG) em função da
modalidade institucional |
|
|||
|
Modalidade
Institucional |
U/p |
|
||
|
Lar |
Centro Social |
|
||
|
Md |
Md |
|
||
|
EIEI coping |
— |
— |
— |
|
|
EIEI consciência |
— |
— |
— |
|
|
EIEI graça |
31,00 |
33,00 |
378,000/0,048 |
|
|
EIEI significado |
17,00 |
14,00 |
372,500/0,041 |
|
|
EIEI missão |
— |
— |
— |
|
|
EIEI total |
— |
— |
— |
|
|
EDG |
16,00 |
8,50 |
300,000/0,003 |
|
|
IAG |
16,00 |
9,0 |
331,000/0,009 |
|
|
Nota. EIEI = Escala de
Inteligência Espiritual Integrada; Coping
= coping religioso e espiritual; EDG = Escala de Depressão Geriátrica; IAG = Inventário
de Ansiedade Geriátrica; p = valor
de significância; Md = Mediana; U = Teste U de Mann-Whitney. |
|
Não foi
encontrado mais nenhum resultado estatisticamente significativo. Assim,
correlações de Spearman e teste U de Mann-Whitney
revelaram não existirem associações significativas entre a idade e as dimensões
e pontuações totais de todos os instrumentos.
Um dos objetivos do presente estudo passa por
descrever os níveis de inteligência espiritual
numa amostra de idosos em Lar e Centro Social, bem como os níveis de alguns
correlatos psicológicos e físicos,
como o bem-estar psicológico, os
sintomas de depressão e ansiedade e a saúde mental e física. Para além disso, pretendemos identificar associações entre a inteligência espiritual e os correlatos referidos, assim
como com algumas variáveis sociodemográficas.
Relativamente ao nosso primeiro objetivo, segundo
sabemos, não existem estudos em Portugal que tenham usado o mesmo instrumento
que aplicamos para avaliar a inteligência
espiritual em idosos (Escala Integrada de Inteligência Espiritual/EIEI). Porém, comparando os
valores médios do nosso estudo com os obtidos no estudo de
validação da EIEI (Jorge, 2012), constatamos que os valores da nossa amostra são superiores aos desse
mesmo estudo. Contudo, tal pode dever-se ao facto da nossa amostra ser
totalmente constituída por idosos, ao passo que o estudo de validação foi
realizado numa amostra de sujeitos entre os 14 aos 81 anos. Neste contexto,
refira-se que o aumento da idade tende a acompanhar-se do aumento na
espiritualidade, como sugerem Wink e Dillon (2002). Reportando-nos agora aos valores médios por sexo, ainda que, na nossa amostra, não
tenhamos encontrado diferenças na pontuação total e dimensões de inteligência espiritual, no estudo de Jorge (2012), as mulheres apresentaram valores superiores aos
homens (M = 126,79 vs. M = 130,80). Também no estudo de Amram e Dryer
(2008), com a versão original da EIEI, as mulheres
apresentaram valores superiores em quatro dos cinco fatores. A nível
internacional, usando outros instrumentos para avaliar IE, alguns estudos
apontam para valores maiores nos homens (e.g., Saad et al., 2010) ou para a inexistência de diferenças (e.g., Jain & Purohit, 2006). Refira-se que no nosso estudo, os idosos de ambos
os sexos provinham de meios rurais, tendo tido uma marcada educação religiosa,
o que pode ter contribuído para a ausência de
diferenças.
Comparando as médias obtidas nos instrumentos e os valores obtidos noutras
investigações, quanto ao bem-estar psicológico (avaliado com a Escala de Ânimo), os nossos
resultados foram inferiores aos de Silva (2012) (M = 7,68) e de Araújo, Gomez, Teixeira e Ribeiro (2011) (M = 6,71), o que pode dever-se ao facto de
os nossos idosos provirem de Lares e Centro Social (no primeiro estudo
provinham da comunidade e no segundo de uma Instituição Particular de
Solidariedade Social). Tal como no caso da inteligência espiritual, também quanto ao bem-estar psicológico não encontramos diferenças significativas por sexo. Já
Silva (2012)
verificou que os homens apresentavam maior pontuação total na Escala de Ânimo
(EA) e as mulheres nas dimensões solidão/insatisfação e agitação. Por seu lado, Henriqueto (2013) e Silva (2012) não encontraram diferenças por sexo na pontuação
total da Escala de Ânimo. Quanto aos sintomas ansiosos e depressivos, Catarino
(2011)
e Tomaz (2012)
encontraram, em idosos em Lar e Centro de dia, valores médios superiores (ainda que apenas cerca de dois valores) aos nossos na
pontuação total do Inventário de Ansiedade Geriátrico (sintomatologia ansiosa)
e da Escala de Depressão Geriátrica (sintomatologia
depressiva). Já Santos (2011), com idosos em Lar e da Comunidade e Gouveia (2014), com idosos em lares, obtiveram valores inferiores
aos nossos na pontuação média do Inventário
de Ansiedade Geriátrica (ainda que apenas cerca de três valores). Relativamente aos sintomas depressivos, Noronha (2011) identificou valores mais elevados em mulheres,
enquanto Gonçalves (2011) não encontrou diferenças significativas por sexo, tal como sucedeu no
nosso estudo. Quanto aos sintomas ansiosos, Gonçalves (2011) e Santos (2011) não encontraram diferenças significativas na
ansiedade por sexo. Já Maia (2011) verificou que as mulheres apresentavam mais
sintomas depressivos.
Não nos é possível comparar
a pontuação obtida no QAFMI com os resultados de outros estudos, dado termos
criado um sistema de cotação para a saúde física/mental.
Torna-se difícil justificar a falta de diferenças
por sexo em termos de saúde física/mental. A maioria dos estudos não recorreu
ao Questionário de Avaliação Funcional Multidimensional de Idosos (QAFMI) e,
quando o fizeram, consideraram a avaliação global do funcionamento do idoso e
não apenas a saúde física/mental. Adicionalmente, criámos um sistema de
cotação, o que pode ter influenciado os resultados e dificulta comparações.
Contudo, o estudo de Fernandes (usou o QAFMI) chegou aos mesmos resultados
quanto à saúde física/mental. Porém, esse estudo, como o nosso, apresenta disparidade quanto ao número de
homens e mulheres da amostra, o que pode ter comprometido os resultados.
Apesar de não ser um objetivo central do nosso
estudo não podemos deixar de discutir alguns dados de prevalência. Assim, a maioria dos nossos idosos apresentava
uma saúde física e mental insatisfatória.
No estudo de Fernandes (2011), com idosos entre os 65 e os 95 anos, institucionalizados em
Lar/Centro de dia, 78,3% apresentaram limitações físicas moderadas ou graves e 76,7% limitações
mentais moderadas ou graves. Neste estudo, uma percentagem importante (56,9%)
evidenciou sintomatologia depressiva, como no estudo de Noronha (2011) (64,3%),
realizado com idosos em Lar e Centro de dia. Já Vaz e Gaspar (2011) obtiveram resultados inferiores (46,0%) em idosos
com mais de 65 anos institucionalizados em Lar. No que respeita à presença de sintomatologia ansiosa, Gonçalves (2011) referiu que 48,7% dos idosos apresentava eventual
ansiedade, valor mais baixo do que o nosso (64,6%).
Quanto ao nosso segundo objetivo, relativo às associações entre a inteligência espiritual e diferentes correlatos, verificamos associação entre
as subescalas e pontuações totais da inteligência espiritual e bem-estar psicológico (Escala de Ânimo), à semelhança de Subramaniam e Panchanatham (2014). Não encontramos associações entre a inteligência espiritual e a saúde física/mental avaliada com
o Questionário de Avaliação Funcional Multidimensional de Idosos (QAFMI) tal
como Ghasemi-Pirbalouti e colaboradores (2014) (relativamente à saúde mental) numa amostra de funcionários de uma
empresa. Se nos focarmos apenas na avaliação da saúde física e mental com o
QAFMI, os nossos resultados também parecem
apontar para o facto da inteligência espiritual
poder não ter um impacto positivo significativo na saúde dos idosos. Porém, estudos internacionais com adultos referem uma
associação positiva entre a inteligência
espiritual e a saúde física/mental (e.g., Zamani & Hajializadeh,
2015). Assim, estudos
sugerem que programas que desenvolvam a inteligência espiritual diminuem os sintomas de ansiedade (e.g., Koszycki
et al., 2010). Se analisarmos
a saúde mental do ponto de vista da avaliação realizada através do Inventário de Ansiedade Geriátrico e da Escala
de Depressão Geriátrica, os nossos resultados
parecem apontar num outro sentido. Assim, no nosso estudo, a dimensão graça da inteligência espiritual associou-se negativamente à pontuação total do Inventário de Ansiedade Geriátrica
(sintomatologia ansiosa). Dizendo a dimensão graça respeito à autoaceitação, otimismo, reconhecimento da beleza e
harmonia relativos ao outro, à natureza e aos
eventos do dia-a-dia, faz sentido que níveis menores de graça se associem a
maior ansiedade. Similarmente, encontrámos associações negativas entre a
inteligência espiritual (a sua pontuação total e algumas
dimensões:
consciência
e graça) e sintomas depressivos (Escala
de Depressão Geriátrica). Apesar de não
podermos afirmar causalidade, por se tratar de um estudo não experimental,
hipotetizamos que a inteligência espiritual
possa reduzir a tendência de experienciar sintomas
depressivos. A propósito,
refira-se a investigação de Charkhabi e colaboradores (2014), com estudantes do ensino secundário, em que o
desenvolvimento da inteligência espiritual
associou-se à diminuição dos sintomas
depressivos.
No que respeita às associações entre as variáveis em estudo e as variáveis sociodemográficas,
para além da ausência de
associações com a variável sexo, tal como no nosso estudo, também Gonçalves (2011) não encontrou associações entre a idade e os sintomas
depressivos/ ansiosos. A falta de associação pode dever-se ao facto da amostra
ser constituída apenas por idosos. Apesar de, quanto ao estado civil,
hipotetizarmos que a existência de um
companheiro se associaria a resultados mais elevados em todas as variáveis
(devido ao efeito amortecedor que a rede social poderia ter nos sintomas,
contribuindo para o aumento do bem-estar), não encontramos diferenças em
nenhuma das variáveis em função do estado civil. Já Noronha (2011) identificou mais sintomas depressivos em idosos
sem companheiro e Ferreira e Torres (2014), estudando o bem-estar psicológico, concluiu que os solteiros e casados (vs. viúvos)
tinham atitudes face ao envelhecimento mais positivas. Por seu lado, Mónico, Frazão, Clemente e Lucas (2012) verificaram que os solteiros e divorciados (vs.
casados e viúvos) tinham atitudes mais positivas face ao envelhecimento e menor
solidão/insatisfação. No nosso estudo, apenas foram encontradas diferenças por
modalidade institucional. Assim, os idosos em Lar apresentaram pontuações
menores apenas na dimensão graça (inteligência
espiritual) e pontuações maiores na dimensão significado (inteligência espiritual), na EDG (sintomatologia depressiva)
e no IAG. Deste modo, os idosos residindo em lares evidenciam menor
autoaceitação, otimismo e valorização da beleza da vida. Parecem, porém, mais capazes de reagir à frustração e maior transcendência do ego, procurando um sentido para os acontecimentos. Apresentam,
ainda, mais sintomas depressivos e ansiosos. A este propósito, sublinha-se que durante as entrevistas, muitos
idosos referiram revolta pela institucionalização, o que pode ajudar a explicar
alguns dos resultados.
Quanto às limitações deste estudo, há a referir os valores
não totalmente favoráveis de consistência
interna da escala total e de algumas subescalas da Escala de Inteligência Espiritual Integrada, nomeadamente o coping religioso e espiritual, a consciência e o significado, e o valor inaceitável da
dimensão missão, que poderão
comprometer a leitura de alguns resultados. Estes valores podem dever-se ao número
reduzido de itens de algumas subescalas e sobretudo ao seu conteúdo (difícil compreensão para esta faixa etária), tendo sido
necessário formulá-los oralmente de outra forma. Ainda assim, tratando-se de um
estudo exploratório, os alfas superiores a
0,50 podem ser vistos com suficientes (Nunnally, 1967, tal como citado por Bean, 1980). Não obstante, sublinhe-se que importa construir e
adaptar uma escala que avalie a IE com itens mais adequados à população idosa ou reformular os itens da EIEI.
Adicionalmente, não avaliámos “formalmente”
a presença de défice cognitivo,
ainda que com o SPMSQ nenhum dos idosos que participaram no estudo apresentasse
défice cognitivo.
Importa, ainda, referir o facto do tipo de amostra
(por conveniência) impedir a generalização dos
resultados para a população idosa portuguesa. No entanto, apesar deste dado,
não podemos deixar de sublinhar algumas características da nossa amostra que a
aproximam da população geral portuguesa. Foi evidente a predominância do sexo
feminino no nosso estudo e um relatório
do Gabinete de Estratégia e Planeamento (2013) apresenta resultados concordantes: em Portugal
existem mais mulheres do que homens em Lares e Centros de dia. A nossa amostra
também parece ser
algo “envelhecida” (M = 83,46 anos). O mesmo relatório refere que 71% dos idosos que frequentam Lares têm mais de 80 anos e metade dos que frequentam
Centros de dia têm a mesma idade. Quanto à escolaridade, dados da Pordata (2015) apontam que, em 2014, 29,6% dos portugueses com
mais de 65 anos não possuía escolaridade. Quanto aos idosos
institucionalizados, no estudo de Cardoso (2013), 32% eram analfabetos. Na nossa amostra, a
percentagem foi ligeiramente mais elevada (38,5%), o que pode dever-se à localização das instituições em meios rurais. Porém, as características da nossa amostra aproximam-se
das da população idosa em Portugal.
Discutidos os
pontos anteriores, valerá a pena intervir para desenvolver a inteligência
espiritual? Acreditamos que sim, atendendo aos nossos resultados. O nosso
estudo comprovou a presença de associações entre a inteligência espiritual, o bem-estar
psicológico, a depressão e a ansiedade numa amostra de idosos em Lar
e Centro Social. É verdade que a falta de estudos em idosos sobre o tema, no
nosso país, em particular, dificulta a comparação dos resultados, e o facto
deste se tratar de um estudo não-experimental impede qualquer afirmação de
causalidade. Contudo, os resultados levam a crer que o desenvolvimento da
inteligência espiritual, nomeadamente através de programas que incluam
sessões abordando esta inteligência, à semelhança de programas apresentados em estudos
internacionais, poderá ter efeitos positivos no bem-estar e na diminuição de
sintomas de depressão/ansiedade em idosos. Assim, em estudos futuros,
eventualmente com amostras de maior dimensão,
será interessante
voltar a explorar os mesmos objetivos, bem como desenvolver e aplicar um
programa de intervenção focado no desenvolvimento da inteligência
espiritual, para explorar o seu impacto em diferentes correlatos psicológicos
e físicos em idosos portugueses. Poderá, igualmente, considerar-se a replicação
do estudo em meio citadino para explorar o sentido dos resultados. O já referido
desenvolvimento de um instrumento de avaliação da inteligência espiritual “mais” adaptado a idosos (ou adaptação do já existente),
poderá também conduzir à confirmação (mais robusta) da
associação entre as variáveis.
Conflito de interesses: nenhum.
Fontes de financiamento: nenhuma.
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ⓘ Psy M. Recolheu e inseriu os dados
para análise estatística e deu o maior contributo para a elaboração do trabalho. Instituto Superior Miguel Torga, Coimbra, Portugal.
ⓘ PhD. Deu o maior contributo, logo a seguir ao primeiro autor, para a
elaboração do trabalho; conduziu a maioria das análises estatísticas; reviu o
trabalho. Instituto Superior Miguel Torga,
Coimbra, Portugal.
ⓘ PhD. Contribuiu significativamente
para a revisão do trabalho. Instituto
Superior Miguel Torga, Coimbra, Portugal.
ⓘ PhD. Contribuiu significativamente para a revisão do trabalho. Instituto Superior Miguel Torga, Coimbra, Portugal.