Figura
Revista Portuguesa de Investigação Comportamental e Social 2024 Vol. 10(1): 1–16
Portuguese Journal of Behavioral and Social Research 2024 Vol. 10(1): 1–20
e-ISSN 2183-4938
Departamento de Investigação & Desenvolvimento • Instituto Superior Miguel Torga
ARTIGO ORIGINAL
Longevidade saudável e equilíbrios
dinâmicos do bem-estar, da dieta e da atividade física
Healthy
longevity and dynamic balances of well-being, diet, and physical activity
Albertina L. Oliveira 1
Tiago J. R. Sousa 2
Manuela Alvarez 2
1 Universidade de Coimbra, Centro de Estudos Interdisciplinares, Faculdade de
Psicologia e Ciências da Educação, Coimbra, Portugal
2 Universidade de Coimbra, Centro de Investigação em Antropologia e Saúde, Faculdade
de Ciências e Tecnologia, Departamento de Ciências da Vida, Coimbra, Portugal
Recebido: 20/11/2023; Revisto: 25/01/2024;
Aceite: 13/02/2024.
https://doi.org/10.31211/rpics.2024.10.1.315
Resumo
Contexto: A longevidade saudável resulta da interação dinâmica
entre fatores ambientais, biológicos e psicossociais, como a saúde e o
bem-estar subjetivos. Objetivo: Analisar como o bem-estar subjetivo, a saúde subjetiva, a atividade física e a dieta mediterrânica se relacionam com biomarcadores do envelhecimento e com o número de fármacos prescritos, e como variam em função de grupos diferenciados por idade, sexo e outras variáveis
sociodemográficas. Métodos: Utilizou-se uma metodologia
transversal não experimental envolvendo 290 pessoas, de 61 a 98 anos de idade,
não institucionalizadas, residentes na Região de Coimbra. Os biomarcadores
foram recolhidos de relatórios de análises clínicas e os restantes dados,
demográficos, psicossociais e do estilo de vida, foram recolhidos através de
questionários. Resultados: Verificou-se que o bem-estar
subjetivo apresenta invariância em função da idade cronológica e do estado
civil, mas não do sexo. A perceção da saúde revelou-se um fator diferenciador
da satisfação com a vida, da afetividade negativa, dos sintomas depressivos e
da perceção de suporte social, assim como dos biomarcadores fosfatase alcalina,
triglicerídeos e HDL e do número de fármacos. A atividade física foi
diferenciadora da sintomatologia depressiva, da rede social, do padrão
alimentar, da fosfatase alcalina e do número de medicamentos. Conclusões: Destaca-se a estabilidade do
bem-estar subjetivo ao longo da idade adulta avançada e observa-se que a
maioria dos participantes até 79 anos considera-se de boa saúde. Recomendam-se
ações que promovam os afetos positivos, a rede social e a prática de atividade
física moderada a intensa, por se revelarem associados ao bem-estar e à saúde
física e subjetiva.
Palavras-Chave: Atividade física; Bem-estar subjetivo; Dieta mediterrânica; Indicadores biofisiológicos; Longevidade saudável.
Abstract
Background:
Healthy longevity originates from the dynamic interaction between
environmental, biological, and psychosocial factors such as health and
subjective well-being. Objective: To
analyze how subjective well-being, subjective health, physical activity, and
the Mediterranean diet relate to aging biomarkers and the number of prescribed medications
and how they vary according to groups differentiated by age, sex, and other
sociodemographic variables. Method: A non-experimental cross-sectional methodology was
used involving 290 non-institutionalized people aged 61 to 98 years living in
the Coimbra Region. The biomarkers were collected from clinical analysis
reports, and the remaining demographic, psychosocial, and lifestyle data were
collected with questionnaires. Results: It was found that subjective well-being presents
invariance as a function of chronological age and marital status but not
gender. The perception of health emerged as a differentiating
factor for life satisfaction, negative affect, depressive symptoms, and perception of social support, as well as the
alkaline phosphatase, triglycerides, and HDL biomarkers and the number of medications.
Physical activity differentiated depressive symptoms, the social network, the dietary
pattern, alkaline phosphatase, and medications. Conclusions: The stability of subjective well-being throughout
advanced adulthood is highlighted, and it is observed that most participants up
to 79 years of age consider themselves in good health. Actions that promote
positive affect, social networking, and the practice of moderate to intense
physical activity are recommended, as they are associated
with physical and subjective health and subjective well-being.
Keywords: Physical activity;
Subjective well-being; Mediterranean diet; Biophysiological indicators; Healthy
longevity.
Introdução
O
aumento da esperança de vida e do envelhecimento populacional têm acentuado a
importância das investigações se centrarem na compreensão da relação entre o
avanço da idade e a saúde, à luz de uma perspetiva preventiva, positiva e de
potenciação do bem-estar e da qualidade de vida das populações (Kushlev et al., 2020; World
Health Organization [WHO], 2021). Neste contexto,
têm-se multiplicado os estudos que visam compreender o equilíbrio dinâmico
entre os fatores promotores do bem-estar, da saúde subjetiva e da longevidade
saudável, esforço no qual se enquadra o presente trabalho.
A
saúde subjetiva, definida pela perceção individual do estado de saúde, é
reconhecida como um valioso indicador da funcionalidade, evidenciando, por um
lado, a sua manutenção apesar do envelhecimento (Cheng
& Yan, 2021; Jylhä, 2009) e, por outro, a
sua potencial influência em variáveis psicossociais, como autoestima, depressão
e solidão (Iecovich & Cwikel, 2010; Mulsant
et al., 1997;
Nummela
et al., 2011;
Yang
& Gu, 2020). A saúde subjetiva tem-se revelado também um
importante preditor do bem-estar subjetivo na população adulta (Cheng & Yan, 2021; Simões
et al., 2003), incluindo nas pessoas de idade avançada, com
mais de 80 anos (Cheng
& Yan, 2021). Adicionalmente, várias revisões da
literatura e meta-análises têm sublinhado o papel do bem-estar subjetivo
enquanto preditor da saúde e da longevidade em populações saudáveis,
argumentando Diener e Chan (2011) em favor de relações de causalidade, o que
deixa antever importantes relações de ordem bidirecional entre estes
construtos.
O
bem-estar subjetivo (BES), enraizado em conceitos filosóficos como o hedonismo
e o eudemonismo, abrange tanto a felicidade subjetiva, a procura de prazer e
equilíbrio afetivo, quanto o desenvolvimento pessoal ou bem-estar psicológico (Bauger et al., 2021; Diener,
2000;
Diener
& Chan, 2011). A investigação sobre o BES,
intensificada a partir da década de 80 do século XX com os estudos iniciais de Diener e colaboradores, visou desenvolver uma formulação
teórica que permitisse a sua avaliação subjetiva. O BES foi então definido como
“uma reação avaliativa das pessoas à sua própria vida — quer em termos de
satisfação com a mesma (avaliação cognitiva), quer em termos de afetividade
(reações estáveis)” (Diener
& Diener, 1995, p. 653). Esta definição abarca uma dimensão
cognitiva, que diz respeito à satisfação global com a própria vida, e uma
dimensão afetiva, respeitante às reações emocionais a acontecimentos de vida,
subdividida em afeto positivo (tendência para experienciar sentimentos e
emoções agradáveis) e afeto negativo, traduzindo a tendência oposta (Diener et al., 2003). Diener (2009) salientou ainda três características
específicas do BES: 1) a sua natureza subjetiva, significando que, embora
influenciado por condições objetivas de vida, não é por estas definido; 2) a
associação com níveis elevados de afeto positivo e não meramente a ausência de
afeto negativo; 3) e a consideração de uma avaliação abrangente de todos os
aspetos da vida da pessoa, sendo que um estado superior de bem-estar ou
felicidade é refletido na predominância de afetividade positiva (emoções
positivas) sobre a negativa (emoções negativas).
Conceptualmente,
o BES é explicado por duas abordagens teóricas principais: a perspetiva 'base-topo'
(bottom-up), que postula que o BES resulta de
um somatório de experiências positivas, e a perspetiva ‘topo-base' (top-down), que concebe uma tendência intrínseca da pessoa para
percecionar o mundo positivamente. Na abordagem base-topo, o BES é encarado
como efeito dessas experiências, enquanto na topo-base, considera-se como uma
causa dessas mesmas experiências (Diener, 2009; Simões et al., 2000).
Estas duas teorias são complementares e oferecem uma visão integradora e
multifacetada do funcionamento psicológico, influenciada por fatores, como traços
de personalidade e estilos cognitivos (Barros-Oliveira, 2000).
Pesquisando
o fundamento empírico destas perspetivas teóricas, Diener
e Chan (2011) sistematizaram os resultados de diversas
investigações, documentando associações consistentes entre estados emocionais e
indicadores biológicos (e.g., pressão arterial, cortisol, inflamação). Tais
estudos destacam, além dos efeitos da afetividade negativa e da depressão, a
relação entre afetividade positiva e saúde física, sugerindo correlatos
biológicos distintos e benéficos das emoções positivas. Por exemplo, Lyubomirsky et al. (2005) reportaram correlações entre o afeto
positivo, induzido experimentalmente, e a função imunitária e a reatividade
cardiovascular, variando entre níveis moderados e elevados. Embora nem todas as
investigações confirmem estes resultados, um número substancial de estudos
experimentais suporta a relação entre emoções e saúde física (Diener & Chan, 2011). Estudos de revisão posteriores sublinham a
necessidade de se continuar a identificar como o BES e as emoções influenciam a
saúde e vice-versa (Diener
et al., 2017;
Kushlev
et al., 2020).
De
forma congruente com as asserções teóricas, as revisões da literatura (Buecker et al., 2021; Diener,
2009) evidenciam que os fatores sociodemográficos
contribuem modestamente para o BES, explicando apenas 10 a 15% da sua variação.
Quando analisadas as suas componentes, estudos que incluem amplas amostras e
múltiplas nacionalidades revelam que a satisfação com a vida e o afeto positivo
tendem a permanecer constantes ou a aumentar ligeiramente ao longo do ciclo de
vida (Diener & Suh, 1998). A teoria da seletividade socioemocional,
que associa o avanço da idade a uma melhoria do equilíbrio emocional (Carstensen et al., 2003; Carstensen
& DeLiema, 2018; Steptoe et al., 2015), fornece o
suporte teórico que esclarece essa associação. Empiricamente, os estudos
focados na idade adulta descrevem uma relação curvilínea em ‘U’ com o bem-estar
subjetivo atingindo o seu nível mais baixo em idades médias (35/40 anos) e o
mais alto em idades avançadas (70/75 anos) (Mroczek
& Kolarz, 1998; Stone et al., 2020). Na população
idosa, embora a investigação seja ainda escassa, Cheng (2004) reporta uma
estabilidade na afetividade positiva e um declínio na afetividade negativa com
o avançar da idade. Estes dados sustentam a asserção de que, apesar do declínio
nas condições objetivas de saúde com a idade, tal não se traduz necessariamente
numa diminuição do BES. Isso deve-se à sua natureza subjetiva e à associação
com aspetos nucleares da identidade individual, como a personalidade e a
autoestima, que são determinantes cruciais na compreensão do bem-estar humano.
Conclusões similares têm sido corroboradas por trabalhos mais recentes (e.g., Buecker et al., 2021; Carstensen
& DeLiema, 2018).
Quanto
a diferenças de género no BES, elas revelam-se inexistentes ou modestas, embora
existam evidências de diferenças sistemáticas nas emoções negativas (Blanchflower & Bryson,
2023;
Boerma
et al., 2016;
Diener
& Diener, 1995; Simões et al., 2003). Numa amostra de
grande dimensão, que envolveu a população adulta da região centro de Portugal,
Simões et al. (2003) identificaram uma influência significativa,
ainda que limitada, do género na satisfação com a vida e na afetividade
negativa. Relativamente ao nível de escolaridade, este também não parece
influenciar o BES, particularmente quando se controlam os efeitos de variáveis
intercorrentes como o nível socioeconómico (Buecker
et al., 2021;
Diener
& Suh, 1998; Keyes & Waterman, 2003; Simões
et al., 2000).
Quanto ao estado civil, os estudos apontam para uma
relação significativa com o bem-estar: pessoas casadas ou em união de facto
reportam níveis mais elevados de bem-estar e saúde, tanto física quanto mental,
em comparação com solteiras, divorciadas/separadas ou viúvas (e.g., Simões et al., 2000; Villas-Boas et al., 2019).
Para
a compreensão do bem-estar, a rede social deve ser considerada também como um
fator determinante (Farriol-Baroni et al., 2021; Simões et al., 2003; Villas-Boas et al., 2018).
Neste âmbito, o estudo de Villas-Boas et al. (2019) revelou que a rede social composta
por amigos é um dos preditores mais importantes da qualidade de vida nas fases
de jovem-adultez e meia-idade. Em contraste, a rede
social composta por familiares parece assumir maior importância em pessoas
idosas não institucionalizadas.
Relacionando
o bem-estar e o envelhecimento saudável, diversos estudos têm vindo também a
apontar para o importante papel da atividade física (Antunes et al., 2020; Cabiedes-Miragaya et al., 2021; Strachan
et al., 2010). Segundo Diener e Chan (2011), o afeto positivo e a satisfação com a vida
aumentam a probabilidade de as pessoas escolherem estilos de vida mais ativos.
A relação entre a atividade física regular e os afetos positivos e negativos
emergiu num estudo recente com idosos portugueses (Antunes et al., 2020). Ao nível do
afeto positivo, registaram-se diferenças significativas entre pessoas idosas
com pouca e muita atividade física. Quanto ao afeto negativo, o mesmo resultado
foi obtido, mas acrescido de diferenças significativas também entre os níveis
moderado e elevado de atividade, sublinhando assim a importância da atividade
física na regulação dos afetos (Antunes
et al., 2020). Quanto à relação entre atividade física e a
satisfação com a vida, o estudo longitudinal de Gellert
et al. (2019) também encontrou associações significativas.
Além disso, Gutierrez e Isaacson
(2013) destacaram que a regularidade da atividade
física é o principal fator de prevenção da fragilidade cognitiva, recomendando
pelo menos 30 minutos, três vezes por semana, de práticas variadas como
caminhadas, exercícios aeróbicos, jardinagem ou tai chi. Adicionalmente, estes
autores sugeriram a prática de exercícios aeróbicos mais intensos para reduzir
a atrofia cerebral e estimular a neurogénese, indicando sessões de 40 minutos
por dia, 5 dias por semana, durante um mínimo de seis semanas. Apesar da diversidade
de abordagens, estes estudos convergem para a importância da atividade física
na promoção da saúde e da longevidade saudável. De salientar também que
diversos estudos mostraram que a adoção da dieta
mediterrânica, rica em frutas, vegetais, nozes,
cereais, peixes e gorduras insaturadas, em detrimento do consumo de
gorduras animais saturadas, reduz o risco de
obesidade e de doenças cardiovasculares, combate o envelhecimento cerebral e reduz
a inflamação (e.g., Hoogwegt
et al., 2013;
Leitão
et al., 2022).
Considerando
a relevância da rede social, da atividade física e da dieta mediterrânica,
evidenciadas pela literatura revista, na promoção do bem-estar e da longevidade
saudável, esta investigação teve como objetivo geral aprofundar a compreensão
destes aspetos na população idosa não institucionalizada. Os objetivos
específicos foram: 1) caracterizar a saúde e a
atividade física destas pessoas por subgrupo etário; 2) comparar o BES, outras
variáveis psicossociais, de atividade física e dieta alimentar, entre os
diferentes grupos sociodemográficos; e 3) comparar as variáveis psicossociais e
fisiológicas considerando as categorias de saúde subjetiva e da atividade
física.
Método
Desenho do Estudo
Tendo em consideração os objetivos supramencionados, o
presente estudo recorreu a um desenho de investigação não experimental e
transversal.
Participantes
Este estudo incluiu 290 pessoas idosas residentes em diversos municípios da Região de Coimbra, incluindo Coimbra,
Cantanhede, Montemor-o-Velho, Figueira da Foz e Vila Nova de Poiares. As suas
idades variaram entre 61 e 98 anos, com média de 74,25 (DP = 8,04),
sendo a amostra composta por 212 mulheres (73,1%) e 78 homens (26,9%). Em
relação à idade, a amostra foi estratificada em três subgrupos etários: 60–69
anos (n = 92, 31,7%); 70–79 anos (n = 114, 39,3%); e 80 ou mais
anos (n = 84, 29%). Quanto à escolaridade, obtivemos a seguinte
distribuição: sem escolaridade (n = 12, 4,1%), 4º ano (n = 121,
41,7%), 2º ciclo (n = 48, 16,6%), 3º ciclo (n = 35, 12,1%),
ensino secundário (n = 30, 10,3%) e estudos superiores (n = 43,
15,2%). Relativamente ao estado civil, 163 participantes assinalaram
“casado/união de facto” (56,2%), 82 a opção “viúvo/a” (28,3%), 30 a opção
“separado/a” (10,3%) e 15 a de “solteiro/a” (5,2%). Quanto à zona de
residência, em meio urbano ou periurbano, registaram-se 156 participantes
(53,8%) e em meio rural 134 (46,2%).
Instrumentos
Questionário Sociodemográfico
Este instrumento foi aplicado para recolher dados
fundamentais sobre os participantes, abrangendo variáveis como idade, sexo,
estado civil, escolaridade e zona de residência.
Escala de Satisfação com a Vida (Satisfaction With Life Scale
– SWLS)
A SWLS é da autoria de Diener e
colaboradores (1985) e permite obter um
indicador da apreciação global e subjetiva que as pessoas fazem da qualidade da
sua própria vida. No presente estudo utilizou-se a adaptação de Simões (1992), sendo a escala composta por cinco
itens, com os seguintes cinco níveis de resposta: “Discordo Muito”; “Discordo
um Pouco”; “Não Concordo Nem Discordo”; “Concordo um Pouco”; e “Concordo
Muito”. Quanto mais elevada for a pontuação maior a satisfação com a vida. A
SWLS tem demonstrado consistentemente bons indicadores de validade e
fidedignidade em amostras da população idosa (e.g., Humboldt
& Leal, 2017). A consistência interna obtida nesta investigação,
medida pelo alfa de Cronbach, foi de 0,85.
Escala de Afeto Positivo e
Negativo (Positive and Negative Affect
Schedule – PANAS)
A PANAS foi desenvolvida por Watson et al. (1988) para avaliar a componente afetiva do
bem-estar subjetivo, sendo constituída pelas componentes de Afeto Positivo (PA)
e Afeto Negativo (NA). Neste estudo utilizou-se a adaptação portuguesa com 20
itens de Oliveira et al. (2011) para
pessoas idosas. Os participantes avaliam a intensidade com que experienciam
cada afeto na escala de um a cinco: “Muito pouco ou nada”; “Um pouco”; “Assim,
assim”; “Muito”; e “Muitíssimo”. As pontuações globais para cada subescala
resultam da soma dos respetivos escores, os quais podem variar entre 10 e 50
pontos. Pontuações elevadas em PA sugerem altos níveis de afeto positivo,
enquanto pontuações altas em NA indicam altos níveis de afeto negativo. A
consistência interna no presente estudo, medida pelo alfa de Cronbach, foi de
0,83 para a afetividade positiva e de 0,79 para a afetividade negativa.
Escala Geriátrica da Depressão (Geriatric Depression Scale – GDS)
A GDS é da autoria de Yesavage et
al. (1982) e avalia em que medida estão
presentes sintomas depressivos nas pessoas idosas. A versão portuguesa (Barreto et al., 2007) mantém as 30 questões
referentes à última semana, sendo respondida de forma dicotómica (Sim/Não).
Cada resposta afirmativa (“Sim”) é cotada com um ponto, e as negativas (“Não”)
com zero pontos, após o respetivo ajustamento conforme a direção do item. A
soma total dos pontos reflete a intensidade dos sintomas depressivos, indicando
as pontuações mais altas, maior severidade. Este instrumento tem apresentado
bons indicadores psicométricos (Simões et al., 2015).
Neste estudo o alfa de Cronbach foi de 0,86.
Escala Breve de Redes Sociais de Lubben (Lubben Social Network Scale – LSNS-6)
A LSNS-6, desenvolvida por Lubben (1988) especificamente para pessoas idosas,
permite obter informação sobre a sua rede social. É constituída por seis itens
distribuídos por duas subescalas, três correspondendo à subescala Família (relações
familiares) e os restantes três integrando a subescala Amigos (relações
de amizade). Este instrumento abrange seis alternativas de resposta,
correspondendo a primeira a “0 pessoas” e a sexta alternativa a “9 ou + pessoas”.
As pontuações de cada item (que variam entre 0 e 5) são somadas, resultando
numa pontuação que pode variar entre zero e 15 para cada subescala, e entre zero
e 30 para a globalidade do instrumento. Quanto mais elevado é o valor da
pontuação, mais robustos são a rede e o suporte sociais. A escala tem revelado
boas características psicométricas, quer no estudo original (Lubben,
1988), quer na adaptação portuguesa usada na presente
investigação (Ribeiro et al., 2012).
No nosso estudo, a subescala família obteve um alfa de Cronbach de 0,77 e a
subescala amigos o valor de 0,82 neste mesmo indicador.
Questionário Internacional sobre
a Atividade Física (International Physical
Activity Questionnaire –
IPAC, versão curta)
O IPAC, desenvolvido por Craig et
al. (2003) e validado internacionalmente,
incluindo em Portugal, foi projetado para medir os níveis de atividade física
em indivíduos. A versão curta compreende quatro domínios de atividade física:
atividade vigorosa, atividade moderada, caminhada e tempo sentado, avaliando a
frequência (dias por semana) e a duração (minutos por dia) dessas atividades ao
longo da última semana. Para cotar o IPAQ, os minutos por semana dedicados a
cada tipo de atividade são multiplicados pelo valor MET (Metabolic
Equivalent of Task/equivalente metabólico por tipo de atividade)
correspondente: 8,0 para atividades vigorosas, 4,0 para moderadas e 3,3 para
caminhada. A soma desses valores corresponde ao total em MET-minutos/semana, permitindo
a classificação do nível de atividade física dos indivíduos em três categorias:
Baixo, Moderado e Elevado. Um indivíduo é categorizado como tendo um nível
Baixo quando não satisfaz os critérios estabelecidos para as categorias
moderada ou elevada. Um nível Moderado de atividade física é atribuído a quem
realiza cinco dias de atividade moderada ou caminhada durante pelo menos 30
minutos por dia, ou se envolve em três dias de atividade vigorosa por, no
mínimo, 20 minutos. Alternativamente, pode ser classificado como moderado se a
soma das suas atividades atinge pelo menos 600 MET-minutos/semana. O nível
Elevado é definido pela prática de atividade vigorosa durante pelo menos 30
minutos em cinco dias da semana ou pela realização de uma combinação de
atividades que resultem em pelo menos 1500 MET-minutos/semana.
Questionário PREvención com Dieta MEDiterránea
(PREDIMED)
O PREDIMED, criado por Martínez-González
et al. (2012) e
traduzido-adaptado para a população portuguesa por Afonso et al. (2014), é destinado à avaliação do nível de
adesão à dieta mediterrânica. Este questionário inclui 14 itens que questionam
a frequência de ingestão de componentes essenciais dessa dieta. Para cada item,
atribui-se um ponto às respostas que indiquem adesão (e.g., uso de azeite,
consumo elevado de frutas e vegetais) e zero pontos a respostas que não
indiquem adesão. Uma pontuação total igual ou superior a dez pontos indica uma
boa adesão à dieta mediterrânica.
Saúde Subjetiva
A saúde subjetiva foi avaliada através de uma questão
respondida dicotomicamente (Sim/Não) e incluída num questionário genérico de
historial médico dos participantes.
Dados Clínicos
Os dados clínicos relativos a marcadores fisiológicos associados
ao envelhecimento, incluíram a fosfatase alcalina, o colesterol total, os
triglicerídeos e as lipoproteínas de alta densidade (HDL ou bom colesterol).
Estes foram recolhidos através da consulta de relatórios de exames clínicos
disponíveis.
Procedimento
Após os contactos e a obtenção das necessárias autorizações
formais para a realização do estudo, em instituições parceiras dedicadas à
população alvo (e.g., universidades sénior e associações que desenvolvem
atividades educativas de índole não formal), e da obtenção do consentimento
informado escrito por parte de todos os participantes, os dados foram
recolhidos por questionários nas respetivas instituições. Quando não se
verificou a possibilidade de completar os questionários no local, estes foram
entregues aos participantes para serem preenchidos em casa e posteriormente
devolvidos em envelope previamente endereçado e selado. Este estudo foi
aprovado pela Comissão de Ética da Faculdade de Medicina da Universidade de
Coimbra (Parecer CE_Proc.CE-113/2023).
Análise Estatística
Os dados foram analisados utilizando estatísticas descritivas
(médias e desvios-padrão) e inferenciais, recorrendo ao programa informático
SPSS Versão 27 (Chicago, IL).
As estatísticas inferenciais incluíram testes paramétricos
(teste t de Student e análises de variância,
ANOVA) e não paramétricos (teste do χ2).
O nível de significância estabelecido foi de 0,05. Tendo em
conta as limitações dos valores de p para informar sobre o real
significado dos resultados, recorremos à análise do tamanho do efeito. Para
tal, usou-se o d de Cohen nas
comparações entre duas médias e o eta quadrado (η2) na ANOVA, conforme sugerido por
Espírito-Santo e Daniel (2017, 2018) e por Richardson (2011).
Resultados
A
saúde subjetiva e a atividade física associaram-se de forma estatisticamente
significativa com a idade (p <
0,05). A perceção de boa saúde e
intensidade da atividade física diminuíram com o avanço da idade (Tabela 1).
Tabela 1
Variações da
Saúde Subjetiva e Atividade Física em Função da Idade
|
Variáveis
|
Subgrupos etários
|
Testes
|
60–69
|
70–79
|
80+
|
n
|
%
|
n
|
%
|
n
|
%
|
Perceção de
boa saúde
|
|
|
|
|
|
|
χ2(2) = 7,97*
|
Sim
|
53
|
65,5
|
68
|
62,4
|
38
|
45,8
|
|
Não
|
30
|
34,5
|
41
|
37,6
|
45
|
54,2
|
|
Atividade
física
|
|
|
|
|
|
|
χ2(4) = 42,88***
|
Baixa
|
6
|
6,5
|
11
|
10
|
31
|
40,3
|
|
Moderada
|
32
|
34,8
|
45
|
40,9
|
24
|
31,2
|
|
Elevada
|
54
|
58,7
|
54
|
49,1
|
22
|
28,6
|
|
Nota. N = 290. χ2 = teste qui-quadrado de independência.
*p
< 0,05. ***p < 0,001.
|
Para analisar a variação do BES, dos sintomas depressivos
e das redes social e familiar entre os grupos definidos pelas variáveis
sociodemográficas, procedeu-se à reclassificação do estado civil e da
escolaridade em duas categorias nominais (Tabela 2). Na reclassificação do
estado civil, a categoria “com companheiro/a” incluiu pessoas casadas ou em
união de facto, enquanto “sem companheiro/a” agregou viúvos, separados e
solteiros. Esta categorização fundamentou-se na homogeneidade encontrada nos
agrupamentos das variáveis psicossociais. Quanto à escolaridade,
constituíram-se as categorias “4.º ano ou inferior”, que englobou pessoas analfabetas
e com escolaridade até ao ensino primário, e "superior ao 4.º ano",
que reuniu desde o segundo ciclo até aos estudos superiores. Tal divisão
refletiu a predominância dos baixos níveis de escolaridade, procurando-se assim
uma análise mais ajustada às características da amostra.
Os resultados indicaram diferenças estatisticamente
significativas em diversas variáveis
psicossociais entre grupos definidos por
variáveis sociodemográficas (Tabela 2). Quanto ao
sexo, observaram-se diferenças significativas em todas as variáveis
psicossociais, exceto no afeto positivo, com tamanhos do efeito variando de
pequenos a moderados (d = 0,25–0,49).
Em relação aos subgrupos etários, observaram-se diferenças significativas nos
sintomas depressivos e na rede de amigos, ambas com magnitude pequena (respetivamente,
η² = 0,07 e 0,03). Quanto ao estado civil, as diferenças foram
significativas nos sintomas depressivos, na rede de amigos e na rede familiar,
com magnitudes do efeito de pequena a moderada (d = 0,44–0,52). Quanto ao local de residência,
verificou-se uma única diferença estatística significativa, ao nível da rede
familiar, sendo maior nas zonas rurais, com um tamanho do efeito médio (d = 0,50). No
que concerne à escolaridade, registaram-se
diferenças significativas no afeto negativo, nos sintomas depressivos, na rede de amigos e na rede familiar, com tamanhos
do efeito variando de pequeno a moderado (d = 0,41–0,63), sendo as pessoas com mais escolaridade
as que mostraram resultados mais favoráveis.
Tabela 2
Variações das Variáveis Psicossociais em Função de Características
Sociodemográficas
|
|
|
BES
|
|
GDS
|
LSNS-6
|
Variáveis
|
SWLS
|
PA
|
NA
|
Amigos
|
Família
|
M (DP)
|
M (DP)
|
M (DP)
|
M (DP)
|
M (DP)
|
M (DP)
|
Sexo (t de Student)
|
(2,48*)
|
(0,83)
|
(-3,11**)
|
(-4,82***)
|
(3,20**)
|
(3,75***)
|
Masculino (n = 78)
|
19,24 (4,38)
|
36,08 (7,63)
|
19,21 (6,22)
|
7,27 (5,16)
|
9,85 (3,31)
|
16,49 (7,58)
|
Feminino (n = 212)
|
17,75 (4,93)
|
35,33 (6,39)
|
21,97 (6,87)
|
10,87 (6,64)
|
8,26 (3,86)
|
12,89 (7,10)
|
Idade (F ANOVA)
|
(0,30)
|
(0,15)
|
(1,26)
|
(10,13***)
|
(4,52*)
|
(2,90)
|
60–69 (n = 92)
|
17,85 (4,96)
|
35,42 (6,62)
|
20,80 (7,12)
|
8,90 (6,38)
|
8,6 (3,52)
|
14,35 (7,17)
|
70–79 (n = 114)
|
18,23 (4,62)
|
35,38 (6,63)
|
20,81 (6,09)
|
8,71 (5,50)
|
9,24 (3,79)
|
14,66 (7,93)
|
80+ (n
= 84)
|
18,40 (4,99)
|
35,88 (7,09)
|
22,22 (7,30)
|
12,49 (7,05
|
7,67 (3,88)
|
12,24 (6,67)
|
Companheiro/a (t de Student)
|
(1,61)
|
(0,98)
|
(-1,69)
|
(-4,43***)
|
(3,88***)
|
(4,34***)
|
Com (n
= 163)
|
18,57 (4,57)
|
35,89 (7,05)
|
20,61 (6,55)
|
8,38 (5,77)
|
9,45 (3,65)
|
15,47 (7,22)
|
Sem (n
= 127)
|
17,64 (5,11)
|
35,10 (6,33)
|
21,98 (7,05)
|
11,77 (6,81)
|
7,75 (3,75)
|
11,84 (6,44)
|
Local de residência (t de Student)
|
(-1,77)
|
(-0,64)
|
(1,23)
|
(-1,10)
|
(0,11)
|
(-2,37*)
|
Urbano (n = 156)
|
17,31 (5,33)
|
34,98 (6,33)
|
22,28 (6,63)
|
9,90 (6,29)
|
8,19 (3,28)
|
11,04 (5,89)
|
Rural (n = 134)
|
18,47 (4,44)
|
35,57 (7,28)
|
21,14 (7,10)
|
10,88 (6,85)
|
8,14 (3,88)
|
13,01 (6,49)
|
Escolaridade (t de Student)
|
(-1,95)
|
(-0,59)
|
(-3,40**)
|
(-5,12***)
|
(-4,66***)
|
(-8,06***)
|
4º ano ou inferior (n = 133)
|
17,65(5,29)
|
35,25(6,19)
|
22,75(7,09)
|
11,84(6,56)
|
7,54(3,7)
|
10,45(5,02)
|
Superior 4º ano (n = 157)
|
18,76(4,37)
|
36(7,38)
|
20,2(6,51)
|
7,96(5,84)
|
9,58(3,59)
|
16,73(7,61)
|
Nota. BES = Bem-Estar Subjetivo; SWLS = Escala de Satisfação com a Vida; PA =
Afeto Positivo; NA = Afeto Negativo; GDS = Inventário Geriátrico da
Depressão; LSNS-6 = Escala Breve de Redes Sociais de Lubben.
*p < 0,05, **p < 0,01, ***p
< 0,001.
|
A comparação das variáveis psicossociais entre as categorias de boa ou má saúde
(saúde subjetiva) revelou diferenças significativas (Tabela 3) na satisfação com a vida, afetividade negativa, sintomas
depressivos e rede familiar, com tamanhos do efeito entre pequenos a
moderados (d = 0,25–0,52).
Já no mesmo tipo de comparação, mas relativo a marcadores fisiológicos do
envelhecimento, registaram-se diferenças significativas no número
de medicamentos prescritos e no colesterol total com uma magnitude de diferença
elevada (d = 2,99) e pequena (d = 0,35), respetivamente.
Tabela 3
Comparação das Variáveis Psicossociais, Dieta e Saúde Física em Função da
Saúde Subjetiva
|
Variáveis
|
Saúde subjetiva
|
Testes t
|
Boa saúde
|
Má saúde
|
n
|
M (DP)
|
n
|
M (DP)
|
Psicossociais
|
|
|
|
|
|
SWLS
|
162
|
19,3 (4,44)
|
115
|
16,7 (4,85)
|
4,62***
|
PA
|
162
|
36,2 (7,04)
|
114
|
34,7 (6,26)
|
1,87
|
NA
|
162
|
19,9 (6,45)
|
114
|
23,0 (6,49)
|
-3,80***
|
GDS
|
159
|
7,86 (5,58)
|
114
|
12,6 (6,68)
|
-6,42***
|
LSNS-6
Amigos
|
161
|
8,99 (3,80)
|
116
|
8,22 (3,73)
|
1,67
|
LSNS-6
Família
|
162
|
15,3 (7,62)
|
116
|
12,0 (6,60)
|
3,73***
|
Dieta
|
|
|
|
|
|
PredmScore
|
160
|
9,86 (2,4)
|
112
|
9,87 (2,07)
|
-0,48
|
Fisiológicas
|
|
|
|
|
|
N.º medicamentos
|
153
|
3,34 (2,58)
|
107
|
5,29(3,49)
|
-5,05***
|
Fosfatase
alcalina
|
39
|
69,1 (46,8)
|
32
|
77,7 (45,09)
|
-0,78
|
Colesterol
total
|
82
|
144,5 (62,93)
|
53
|
166,8 (63,00)
|
-2,02*
|
Triglicerídeos
|
82
|
118,83 (56,51)
|
51
|
127,10 (65,43)
|
-0,77
|
HDL
|
69
|
56,41 (15,20)
|
44
|
58,09 (18,22)
|
-0,53
|
Nota. SWLS = Escala de Satisfação com a Vida; PA = Afeto
Positivo; NA = Afeto Negativo; GDS = Inventário Geriátrico da Depressão;
LSNS-6 = Escala Breve de Redes Sociais de Lubben;
HDL = Lipoproteína de Alta Densidade (‘bom colesterol’).
*p < 0,05. ***p <
0,001.
|
Comparando igualmente as variáveis psicossociais em função do nível de
atividade física (Tabela 4) observaram-se diferenças significativas, de
magnitudes pequenas a moderadas, mas somente nos sintomas depressivos
e nas redes de amigos e
familiares (η² = 0,04–0,09). Quanto à saúde física, verificaram-se
diferenças
significativas nos níveis de triglicerídeos, colesterol HDL ou “bom
colesterol”, fosfatase alcalina e número de medicamentos tomados diariamente,
com tamanhos do efeito entre pequenos a moderados (η² = 0,05–0,07). Relativamente à adesão à dieta mediterrânica também se
encontraram diferenças significativas (η² = 0,05).
Tabela 4
Comparação de Variáveis Psicossociais, Dieta e Saúde Física em Função da
Atividade Física
|
Variáveis
|
Atividade Física
|
F
|
Baixo
|
Moderado
|
Elevado
|
n
|
M (DP)
|
n
|
M (DP)
|
n
|
M (DP)
|
Psicossociais
|
|
|
|
|
|
|
|
SWLS
|
48
|
18,1 (5,56)
|
101
|
17,8 (4,48)
|
128
|
18,5 (4,79)
|
0,68
|
PA
|
48
|
35,5 (6,98)
|
101
|
34,7 (6,40)
|
128
|
36,4 (6,65)
|
2,00
|
NA
|
48
|
21,9 (7,78)
|
101
|
21,6 (6,61)
|
128
|
20,9 (6,64)
|
0,44
|
GDS
|
47
|
12,9 (7,98)
|
101
|
9,95 (6,12)
|
123
|
8,68 (5,81)
|
7,64**
|
LSNS-6 Amigos
|
48
|
7,69 (4,51)
|
101
|
8,30 (3,40)
|
128
|
9,55 (3,50)
|
5,83**
|
LSNS-6 Família
|
48
|
11,8 (6,98)
|
101
|
11,8 (6,28)
|
129
|
16,2 (7,78)
|
13,24***
|
Dieta
|
|
|
|
|
|
|
|
PredmScore
|
47
|
9,68 (2,10)
|
100
|
9,51 (1,78)
|
127
|
10,5 (2,08)
|
7,51**
|
Fisiológicas
|
|
|
|
|
|
|
|
N.º
medicamentos
|
46
|
5,91 (3,79)
|
93
|
3,86 (2,97)
|
117
|
3,70 (4,54)
|
9,44***
|
Fosfatase
alcalina
|
19
|
108,5 (64,17)
|
24
|
67,58 (30,49)
|
28
|
53,54 (24,91)
|
10,69***
|
Colesterol
total
|
28
|
157,46 (53,90)
|
43
|
150,60 (57,27)
|
63
|
153,32 (72,53)
|
0,10
|
Triglicerídeos
|
27
|
159,19 (64,14)
|
43
|
116,81 (52,85)
|
62
|
110,02 (57,51)
|
7,17**
|
HDL
|
24
|
45,58 (13,38)
|
37
|
56,95 (14,82)
|
51
|
62,78 (16,16)
|
10,50***
|
Nota. SWLS = Escala de Satisfação com a Vida; PA = Afeto
Positivo; NA = Afeto Negativo; GDS = Inventário Geriátrico da Depressão;
LSNS-6 = Escala Breve de Redes Sociais de Lubben;
HDL = Lipoproteína de Alta Densidade (‘bom colesterol’).
**p < 0,01. ***p < 0,001.
|
Considerando os resultados significativos da
ANOVA (Tabela 4), recorreu-se aos testes post
hoc de Tukey para se identificar entre que grupos
se registaram diferenças significativas. Assim, as pessoas idosas praticantes
de atividade física alta e moderada apresentaram menos sintomas depressivos do
que as praticantes de atividade física baixa, com tamanho do efeito médio (η² = 0,05).
Similarmente, nas redes de amigos e familiar, os idosos com níveis mais
elevados de atividade física mostraram redes sociais mais robustas em
comparação com aqueles com níveis baixos e moderados de atividade física
(respetivamente, η² = 0,09 e η² = 0,04). Em relação ao padrão alimentar
mediterrânico, os indivíduos com atividade física elevada exibiram maior adesão
do que os grupos com atividade física baixa e moderada (η² = 0,05).
Quanto ao número de medicamentos tomados
diariamente, observou-se que idosos com atividade física elevada e moderada
ingeriram menos medicamentos do que aqueles com atividade física baixa (η² = 0,07).
No caso da fosfatase alcalina, os resultados indicaram valores mais baixos para
idosos com níveis de atividade física moderada e alta em comparação com o grupo
de baixa atividade, sendo a magnitude do efeito elevada (η² = 0,24).
Para os triglicerídeos, também se verificaram níveis inferiores nos grupos com
atividade física moderada e alta relativamente ao grupo com atividade física
baixa (η² = 0,10).
Finalmente, os níveis de colesterol HDL foram mais elevados nos idosos com
atividade física alta comparativamente aos de atividade física baixa e moderada
(η² =
0,16).
Discussão
No
presente estudo, abordámos as relações entre bem-estar, saúde subjetiva e
física, atividade física e dieta alimentar, em subgrupos de pessoas idosas da
Região de Coimbra diferenciados por variáveis sociodemográficas, com o objetivo
de aprofundar o entendimento de como estes fatores interagem na compreensão da
longevidade saudável. A literatura revista sugeriu uma ligação importante entre
estas variáveis, embora se detetassem lacunas específicas, respeitantes às
nuances dessas relações em diferentes subgrupos de idade avançada.
Em
resposta ao primeiro objetivo específico, investigaram-se as diferenças na
saúde subjetiva e na atividade física entre os três subgrupos etários em estudo
para entender como esses fatores variam com a idade. Constatou-se que, até aos
79 anos, a maioria dos indivíduos percebe a sua saúde como boa, em consonância
com resultados anteriores (e.g., Cheng
& Yan, 2021), refletindo a possível estabilidade
da saúde subjetiva nos idosos mais jovens desta faixa etária. No entanto, para
os idosos do subgrupo de 80 ou mais anos, identificou-se uma inversão nessa
perceção, com uma maioria reportando não gozar de boa saúde.
Em
consonância, a atividade física demonstrou uma tendência de declínio com o
avançar da idade, particularmente acentuada no grupo etário mais velho.
Enquanto nos grupos etários mais jovens a atividade física moderada e elevada
atingiu valores iguais ou superiores a 90%, somente cerca de 60% das pessoas
com 80 ou mais anos reportaram esses níveis de prática. Essa alteração no nível
de atividade física pode estar diretamente associada às mudanças na perceção de
saúde e reforça a importância de estratégias diferenciadas para a promoção da
atividade física entre os muito idosos.
Quanto
ao segundo objetivo específico, o bem-estar subjetivo evidenciou estabilidade
com o avanço da idade como descrito, previamente, na literatura científica. Em
particular, a satisfação com a vida e o afeto positivo mantiveram-se estáveis
nos três subgrupos etários considerados, reafirmando a importância central da
perceção subjetiva de bem-estar (e.g., Buecker et al., 2021; Diener
& Chan, 2011) e do equilíbrio emocional nas pessoas
idosas, postulado pela teoria da seletividade socioemocional
(e.g., Carstensen & DeLiema, 2018). Estes resultados sustentam a noção,
preconizada pela perspetiva top-down, de que o
BES reflete uma propensão para experienciar a vida de forma positiva. Esta
interpretação ganha relevância quando se observa, em contraste, a
intensificação da sintomatologia depressiva e a diminuição da rede social e da
atividade física no grupo etário mais avançado. O padrão de estabilidade
encontrado na satisfação com a vida e na afetividade positiva, igualmente
reportado por Cheng (2004), sugere um efeito protetor e de suporte
psicológico, que pode ser particularmente valioso diante dos desafios e das
deteriorações na saúde física observadas na idade avançada (Buecker et al., 2021). Os nossos resultados não apontam para o
declínio esperado na afetividade negativa, indicando, ao invés, um ligeiro
incremento que não alcança significância estatística. Os dados não corroboram a
existência de um aumento no equilíbrio emocional sugerido pela relação
curvilínea em ‘U’ encontrada nalguns estudos (e.g., Stone
et al., 2020), mas sustentam a ideia de que o equilíbrio
emocional se mantém na idade adulta avançada.
Quanto
ao BES em diferentes contextos residenciais, não identificámos diferenças
significativas entre moradores de áreas rurais ou urbanas, nem entre idosos que
vivem com ou sem companheiro/a, em qualquer das dimensões avaliadas. Contudo,
nota-se uma tendência para maior satisfação com a vida entre os residentes de
zonas rurais e para menor afetividade negativa entre os que vivem acompanhados.
Estes resultados sugerem que a relação entre o estado civil e o bem-estar,
previamente sinalizada (Simões
et al., 2000;
Villas-Boas
et al., 2019), permanece como um tema a ser explorado.
Ainda
relativamente ao segundo objetivo específico, identificaram-se diferenças
significativas, embora de magnitude baixa, no estado civil, observando-se menos
sintomas depressivos e redes sociais mais extensas, tanto de amigos quanto de
familiares, em pessoas idosas que vivem acompanhadas. Esta observação corrobora
a ideia amplamente reconhecida de que viver acompanhado confere benefícios
nestas dimensões psicossociais, em linha com a literatura (Villas-Boas et
al., 2018, 2019).
Relativamente
ao sexo, os nossos resultados evidenciam a sua importância no processo de
envelhecimento, em consonância com os estudos que propõem uma leitura genderizada das diferenças entre homens e mulheres (e.g., Blanchflower & Bryson,
2023;
Boerma
et al., 2016;
Flores
et al., 2022;
Kieny
et al., 2021). Observou-se que os homens registam maior
satisfação com a vida, menor afetividade negativa, menos sintomas depressivos e
redes sociais mais vastas relativamente às mulheres, ainda que com magnitudes
baixas. Contudo, não foram observadas diferenças significativas no que diz
respeito ao afeto positivo, o que mais uma vez aponta para a centralidade desta
componente do BES, como já o tinham salientado diversos autores (Diener & Chan, 2011; Diener
& Diener, 2009; Lyubomirsky et al., 2005). Estes resultados empíricos podem explicar-se
por várias razões, entre as quais, tal como surge recorrentemente na
literatura, o desfavorecimento sistemático das mulheres ao nível das condições
de saúde e no plano socioeconómico, comparativamente aos homens (Boerma et al., 2016; Flores et al., 2022; Kieny et al., 2021).
No
âmbito do objetivo específico em discussão, identificámos ainda diferenças
significativas na afetividade negativa e nos sintomas depressivos, bem como nas
redes sociais de amigos e familiares, entre pessoas com menor e maior nível de
escolaridade, em favor dos mais escolarizados. Esta vantagem pode estar
relacionada com diferenças nos estratos socioeconómicos e efeitos de coorte,
conforme verificado por outros autores (e.g., Diener & Suh, 1998; Keyes
& Waterman, 2003; Villas-Boas et al., 2019). Na
verdade, uma grande proporção da nossa amostra concluiu apenas a instrução
primária, associada a um nível socioeconómico mais baixo, decorrente do
contexto histórico português até 1974, limitativo das oportunidades educativas
e culturais. No que respeita ao local de residência, não detetámos diferenças
significativas nas variáveis psicossociais, exceto na rede familiar, que se
mostrou mais extensa entre pessoas idosas de áreas rurais, denotando ainda a
existência de famílias alargadas nestas áreas.
Respeitante ao terceiro objetivo específico, verificou-se que a saúde
subjetiva discrimina de forma significativa algumas das várias variáveis
psicossociais. Indivíduos que se percecionam com boa saúde evidenciam maior
satisfação com a vida, níveis mais baixos de afetividade negativa e de
sintomatologia depressiva e uma maior rede familiar, apesar de estas diferenças
apresentarem magnitudes baixas. Estes resultados permitem não só reforçar a
saúde subjetiva como um marcador do bem-estar subjetivo na população idosa, tal
como apontado por Cheng e Yan (2021), como também apoiar a
hipotética relação causal, postulada por alguns autores (e.g., Diener & Chan, 2011; Yang
& Gu, 2020). A maior rede familiar é exceção, parecendo-nos, neste caso, fazer todo
o sentido a interpretação em sentido inverso, i.e., de que a perceção de maior
apoio por parte da família influenciará a perceção de boa saúde, remetendo para
a importância de se considerarem simultaneamente as explicações teóricas
topo-base, assim como base-topo.
No
que concerne aos biomarcadores do envelhecimento, encontraram-se também
diferenças significativas em função da saúde subjetiva nos níveis de colesterol
total, embora de magnitude baixa, apresentando níveis mais elevados as pessoas
com perceção de má saúde. Este resultado está em consonância com estudos
anteriores, realizados com amostras de adultos desde os 18 anos de idade,
incluindo idosos, como os conduzidos por Rodríguez-Artalejo
et al. (2003) numa amostra espanhola e por Nogueira de Sá
et al. (2021) numa pesquisa brasileira. A investigação
futura deverá aprofundar a natureza dessas diferenças, particularmente no que
respeita à população idosa, esclarecendo se são consistentes, se são relações
causais ou de tipo bidirecional e que significado assumem no contexto mais
amplo da saúde e bem-estar na idade avançada.
Não
se verificou variação estatisticamente significativa das variáveis
psicossociais (satisfação com a vida, afeto positivo e afeto negativo) em
função da atividade física, categorizada como baixa, moderada e elevada. Este
resultado não era esperado, tendo em conta o reconhecido papel da atividade
física no bem-estar e saúde (Buecker
et al., 2021;
Gutierrez
& Isaacson, 2013; Strachan et al., 2010) e os resultados do estudo de Antunes et al. (2020) que, numa amostra de idosos, identificaram
diferenças significativas em termos de afeto. Tal divergência poderá estar
relacionada com diferenças demográficas entre as amostras estudadas, os
instrumentos utilizados para a avaliação da componente afetiva do BES ou outros
fatores. Poderá também estar relacionado e apoiar a perspetiva topo-base,
segundo a qual o BES pode ser visto não apenas como consequência, mas também
como fator que influencia a prática de atividade física (Diener & Chan, 2011; Kushlev
et al., 2020). Esta bidirecionalidade sugere que o BES e a
atividade física podem ter uma relação recíproca, cuja dinâmica específica
requer investigação adicional para ser plenamente compreendida. Acresce que a
ausência de diferenças no BES em função da atividade física poderá sugerir a
robustez do BES como uma dimensão fundamentalmente subjetiva e intimamente
ligada a traços de personalidade estáveis, tal como sugerido por Buecker et al. (2021).
Relativamente
às restantes variáveis psicossociais, observou-se que a atividade física se
destaca particularmente na diminuição dos sintomas depressivos e no
fortalecimento da rede de amigos, ainda que as diferenças apresentem uma
magnitude reduzida. Estes resultados podem refletir uma interação bidirecional
entre atividade física e estas variáveis psicossociais. Nos casos de sintomas
depressivos e rede de amigos, é possível que existam dinâmicas de interação
bidirecional entre estas variáveis e a atividade física. No que concerne à rede
familiar, os nossos dados sugerem que uma rede mais extensa pode contribuir
para aumentar os níveis de atividade física nos idosos, uma vez que aqueles com
menor atividade física tendem a apresentar redes familiares mais reduzidas.
Esta observação merece investigação futura para melhor se compreenderem as
relações entre estas variáveis.
Semelhante
ao observado com outras variáveis, a análise dos níveis de triglicerídeos,
colesterol HDL e fosfatase alcalina revelou diferenças significativas
associadas ao nível de atividade física. Os triglicerídeos e o bom
colesterol (HDL), que são componentes do perfil lipídico, estão associados
ao risco de doenças coronárias e cancerosas (Amin et al.,
2016; Ganjali et al., 2021). Na amostra estudada,
observaram-se níveis mais elevados de triglicerídeos e mais baixos de HDL em
indivíduos com atividade física considerada fraca, ambos com um tamanho de
efeito médio. Aumentos nos níveis de triglicerídeos com o avanço da idade têm levado
alguns investigadores a proporem que estes possam ser considerados não só
biomarcadores do envelhecimento, mas também potenciais moduladores biológicos
do envelhecimento saudável (Montoliu et al., 2014). Relativamente à fosfatase
alcalina, observaram-se diferenças significativas, com tamanhos de efeito
médios, entre os grupos de diferente intensidade de atividade física. Nos
grupos com maior atividade física, registaram-se níveis mais baixos desta enzima
em comparação com os grupos de atividade reduzida. O aumento da atividade desta
enzima está associado a doenças cardiometabólicas
e aos níveis séricos de
triglicerídeos, HDL e glicose (Son et al., 2021).
Estes biomarcadores, por sua vez, são influenciados por diversos fatores de
estilo de vida, incluindo a dieta, o consumo de álcool e tabaco. Na nossa
amostra, a maior adesão à dieta mediterrânica foi observada concomitantemente
com um aumento na intensidade da atividade física, o que pode, em parte,
explicar os benefícios observados para a saúde.
Em
síntese, os nossos resultados corroboram a
literatura existente sobre os benefícios da prática regular de atividade física
de intensidade moderada a elevada, especialmente no que respeita ao seu papel
protetor do sistema cardiovascular e na redução da mortalidade geral (Kokkinos, 2012). O nosso
estudo também aponta para um
papel relevante na melhoria da saúde mental, qualidade de vida e do bem-estar,
especialmente pela via da diminuição da sintomatologia depressiva.
Limitações
O
estudo apresentado, adotando um desenho metodológico não experimental e
transversal, está associado a diversas limitações que devem ser ponderadas.
Primeiramente,
a impossibilidade de se inferirem relações de causalidade entre as variáveis
estudadas é uma restrição significativa. Além disso, a natureza transversal do
estudo limita a capacidade de compreender processos de desenvolvimento,
especialmente por não permitir identificar efeitos de coorte.
Outra
limitação reside nos tamanhos das amostras, particularmente nas variáveis
fisiológicas, cujas subamostras têm um número de participantes reduzido,
restringindo a realização de análises estatísticas mais robustas, como
regressões múltiplas. Este fator impede uma exploração mais aprofundada das
interações entre variáveis sociodemográficas, subjetivas e objetivas, assim
como limita a deteção de diferenças significativas.
A
seleção da amostra pode também ter introduzido um viés, dado que as
características dos participantes voluntários podem não refletir a população
geral de idosos não institucionalizados. O viés de resposta é outro risco
relevante, visto que grande parte dos dados foram recolhidos por meio de
questionários de autorrelato, sujeitos à tendência dos participantes para
responderem de forma socialmente desejável.
A
diversidade dos instrumentos utilizados, embora seja enriquecedora, introduz
variabilidade devido às diferentes métricas e interpretações dos conceitos
operacionalizados. A precisão dos resultados pode, assim, ser afetada pela
falta de padronização e validação cruzada dos instrumentos.
Finalmente,
potenciais fatores confundidores não controlados podem ter influenciado os
resultados, comprometendo a possibilidade de se estabelecerem conclusões
definitivas sobre as relações entre as variáveis estudadas. Com efeito, estudos
futuros deverão considerar abordagens longitudinais e métodos que permitam um
controlo mais rigoroso desses fatores, além de expandirem o tamanho das
amostras para fortalecer a robustez das conclusões.
Conclusão
Este
estudo, ao explorar a saúde e bem-estar
subjetivos e a atividade física
de pessoas idosas não institucionalizadas na Região de Coimbra, revela
que a maioria dos indivíduos até aos 79 anos reporta boa saúde e altos níveis
de atividade física, uma tendência que se altera significativamente após os 80
anos de idade. Os resultados confirmam a estabilidade do bem-estar subjetivo
nos subgrupos etários estudados, sustentando a tese das perspetivas top-down sobre a influência da perceção subjetiva no
bem-estar com o avanço da idade.
O
estudo também evidenciou o papel do sexo e do estado civil nas diferenças
psicossociais, surgindo os homens e as pessoas a viver com companheiro/a com melhores índices de BES, menor
sintomatologia depressiva e redes sociais mais alargadas. A escolaridade surgiu
como um fator de diferenciação nos indicadores psicossociais e na componente da
afetividade negativa do BES. Respeitante ao local de residência, apenas a
rede familiar se mostrou maior nas pessoas que vivem em ambientes rurais, em
comparação com as de ambientes urbanos.
Relativamente
à saúde subjetiva constatou-se que é
diferenciadora da maioria das variáveis psicossociais, assim como do número de
medicamentos e do colesterol total, o que reitera o seu lugar de grande
relevância na compreensão da saúde e do bem-estar. Quanto à atividade
física observou-se que ela é diferenciadora das variáveis psicossociais e da
saúde física dos idosos, revelando-se associada a melhor saúde mental,
metabólica e a maior adesão à dieta mediterrânica, considerada das mais
saudáveis.
Os
resultados obtidos sublinham a importância de promover estilos de vida
saudáveis desde cedo, particularmente a partir da meia-idade, em linha com as
diretrizes da Organização Mundial de Saúde (WHO,
2021), que enfatizam a promoção da saúde e do
bem-estar ao longo da vida. A adoção de práticas como a promoção de afetos
positivos, o fortalecimento de redes sociais, a adesão à dieta mediterrânica e
a atividade física regular, de intensidade moderada a elevada, serão essenciais
para melhorar a saúde física e subjetiva e promover o bem-estar. Tais práticas
contribuem não apenas para uma melhor qualidade de vida na idade adulta
avançada, como também para a promoção da longevidade saudável.
Agradecimentos e Autoria
Agradecimentos: Os autores agradecem a disponibilidade de todas as pessoas idosas que
participaram no estudo, assim como manifestam agradecimento pela colaboração a
todos os dirigentes das seguintes instituições: ApoSénior
- Coimbra, Associação Artística e Cultural Salatina – Coimbra, Câmara Municipal
da Figueira da Foz, Câmara Municipal de Cantanhede, Geração Irresistível –
Coimbra, ICreate – Vila Nova de Poiares.
Conflito de interesses: Os autores não indicaram quaisquer
conflitos de interesse.
Fontes de financiamento: Este estudo recebeu financiamento de
CIAS (UIDB/00283/2020)
e CEIS20.
Contributos: ALO: Conceptualização,
Metodologia, Análise Formal, Investigação, Redação, Visualização. TJRS: Análise
Formal, Investigação, Redação, Visualização. MA: Conceptualização,
Metodologia, Investigação, Redação, Supervisão, Gestão de Projeto, Captação de
financiamento, Administração.
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