Figura
Revista Portuguesa de Investigação Comportamental e Social 2024 Vol. 10(1): 1–16
Portuguese Journal of Behavioral and Social Research 2024 Vol. 10(1): 1–16
e-ISSN 2183-4938
Departamento de Investigação & Desenvolvimento • Instituto Superior Miguel Torga
ARTIGO de REVISÃO
Fatores na interrupção do
aleitamento materno exclusivo: Uma scoping review
Factors in the interruption of exclusive breastfeeding: A scoping review
Silvia Carvalho 1
Patrícia Rei 1
Xénia Moniz 1
Ana Paula Santos 1
Márcio Tavares 1
Patrícia Tavares 2
1
Escola Superior de Saúde da Universidade
dos Açores, Departamento de Enfermagem, Saúde da Família e Comunidade, Ponta
Delgada, Portugal
2
Hospital do Divino Espírito Santo, EPER,
Ponta Delgada, Portugal
Recebido: 13/03/2024; Revisto:
27/03/2024; Aceite: 15/04/2024.
https://doi.org/10.31211/rpics.2024.10.1.327
Resumo
Contexto: O aleitamento materno exclusivo é fundamental para a saúde e
o desenvolvimento infantil, mas muitos fatores podem levar à sua interrupção
precoce. Entender esses fatores é crucial para desenvolver intervenções
eficazes. Objetivo: Identificar e categorizar os fatores que influenciam a
interrupção precoce do aleitamento materno exclusivo antes dos seis meses de
vida. Métodos: Esta revisão scoping
utilizou o agregador de bases de dados EbscoHost.
Foram selecionados artigos publicados entre 2020 e 2023, disponíveis na íntegra
em inglês, português e espanhol. A pesquisa foi conduzida utilizando o
vocabulário DeCS/MeSH para
a obtenção de sinónimos e operadores booleanos, com a triagem e seleção dos
artigos realizada independentemente por três revisores utilizando a ferramenta Rayyan. Resultados: Sete estudos foram incluídos na revisão.
Fatores maternos como ser primípara, baixo nível educacional, atitudes
negativas em relação ao parto e falta de intenção de amamentar aumentam a
probabilidade de interrupção precoce da amamentação. A ansiedade e a depressão
maternas impactam negativamente a autoeficácia para amamentar. A introdução
precoce de alimentos sólidos e substitutos do leite materno, bem como o uso de
chupetas e tetinas, estão associados a uma duração mais curta da amamentação.
Partos por cesariana e atitudes negativas em relação ao parto também impactam
negativamente o sucesso da amamentação. Conclusões: Esta revisão destaca a necessidade
de programas de educação e aconselhamento pré-natal, políticas de apoio no
local de trabalho, intervenções de saúde mental e proteção para mulheres em
situações de violência doméstica. Além disso, recomenda práticas como o contato
pele-a-pele imediato e apoio contínuo à amamentação, conforme as diretrizes da
OMS e UNICEF, para melhorar as taxas de aleitamento materno exclusivo.
Palavras-Chave: Amamentação;
Fatores desencadeantes; Desmame precoce; Lactente; Scoping Review.
Abstract
Background: Exclusive breastfeeding is crucial for
infant health and development, but many factors can lead to its early
cessation. Understanding these factors is essential for developing effective
interventions. Objective: To identify and categorize the factors
influencing the early cessation of exclusive breastfeeding before six months of
age. Methods: This scoping review utilized the EbscoHost
database aggregator. Articles published between 2020 and 2023, available in
full English, Portuguese, and Spanish text, were selected. The search was
conducted using DeCS/MeSH
vocabulary to obtain synonyms and Boolean operators, with article screening and
selection independently performed by three reviewers using the Rayyan tool. Results:
Seven studies were included in the review. Maternal factors such as being a
first-time mother, low educational level, negative attitudes toward childbirth,
and lack of intention to breastfeed increase the likelihood of early
breastfeeding cessation. Maternal anxiety and depression negatively impact
breastfeeding self-efficacy. Early introduction of solid foods and formula, as
well as the use of pacifiers and bottle nipples, are associated with a shorter
duration of breastfeeding. Cesarean deliveries and negative attitudes toward
childbirth also negatively impact breastfeeding success. Conclusions:
This review highlights the need for prenatal education and counseling programs,
workplace support policies, mental health interventions, and protection for
women in situations of domestic violence. Additionally, it recommends practices
such as immediate skin-to-skin contact and continuous breastfeeding support, as
per WHO and UNICEF guidelines, to improve exclusive breastfeeding rates.
Keywords:
Breastfeeding; Triggering factors; Early weaning; Lactating; Scoping Review.
Introdução
O aleitamento materno tem sido extensivamente estudado e documentado
como um elemento fundamental para melhorar a saúde das mães e dos bebés ao
longo de várias décadas. Em 2015, o Parlamento Europeu e o Conselho da União
Europeia destacaram a importância da proteção, promoção e apoio ao aleitamento
materno como uma prioridade de saúde pública (Moniz Tavares et
al., 2023).
Conforme
as diretrizes da Organização Mundial de Saúde (OMS) e
o United Nations Children's
Fund (UNICEF), recomenda-se o
aleitamento materno exclusivo durante os primeiros seis meses de vida de uma
criança. Isto significa que durante este período, o lactente deve receber exclusivamente
leite materno, sem qualquer outro alimento
líquido ou sólido (Geraldo et al., 2023; World Health Organization [WHO] &
United Nations Children's Fund [UNICEF], 2020).
Do ponto de vista nutricional, o leite materno é o mais nutritivo e
adequado alimento para o bebé, sendo rico em componentes fundamentais para o
desenvolvimento infantil (Garwolińska et al., 2018).
Após os seis meses, é essencial introduzir alimentos complementares para
atender às crescentes necessidades nutricionais dos lactentes. Contudo, o leite
materno continua a ser uma fonte importante de energia e nutrientes de alta
qualidade até aos dois anos de idade ou mais (Amaral et al., 2015; Garwolińska et al., 2018).
A
amamentação oferece muito mais vantagens do que simplesmente alimentar um bebé
com leite materno. O aleitamento materno é um fator protetor da saúde da mulher
e da criança em várias dimensões, beneficiando a família como um todo,
emocional e economicamente (WHO & UNICEF, 2020). As crianças alimentadas com leite materno apresentam menor
probabilidade de adoecer, o que, em termos sociais, se traduz numa menor da
necessidade de cuidados familiares, diminuindo o absentismo laboral e
aumentando a produtividade nos locais de trabalho. Esta situação contribui para
o aumento da produtividade nas instituições empregadoras e para a diminuição
dos encargos financeiros familiares e da população em geral, uma vez que os
custos com cuidados de saúde associados a infeções e complicações decorrentes
da ausência de proteção do leite materno são elevados (Abreu et al., 2019; Lechosa-Muñiz et al., 2020).
Do
ponto de vista ambiental, o aleitamento materno exclusivo revela-se igualmente
benéfico. Constitui um método de alimentação infantil ecologicamente
sustentável, que não requer atividade agrícola, utilização de água potável,
energia, plástico, armazenamento ou transporte. Em situações de crise
humanitária, o aleitamento materno pode salvar vidas pelo seu efeito protetor
na saúde das crianças, protegendo-as de doenças infeciosas. Nenhum outro
comportamento de saúde possui um impacto tão amplo e duradouro na saúde
pública. Assim, a proteção, o apoio e a promoção do aleitamento materno
exclusivo contribuem para a salvaguarda da saúde do planeta e da saúde humana,
minimizando os danos ambientais (Long
et al., 2021; Mohapatra
& Samantaray, 2023).
Apesar
das evidências acerca dos benefícios da amamentação, o relatório "Children, Food and Nutrition" da UNICEF (2019),
revela que apenas duas em cada cinco crianças com idade inferior a seis meses
são amamentadas exclusivamente, conforme recomendado. Segundo o mesmo
relatório, o aleitamento materno exclusivo pode salvar a vida de até 820 mil
crianças anualmente em todo o mundo. As mulheres necessitam de apoio adequado
para otimizarem as suas capacidades de amamentar, em consonância com as
recomendações da OMS. O aconselhamento às mães que amamentam ou pretendem
amamentar é crucial para o sucesso da prática do aleitamento materno,
garantindo o bem-estar de mãe e bebé (Amaral et al., 2015; WHO, 2017, 2023).
De acordo com a OMS (WHO, 2023), apenas
44% das crianças de zero a seis meses em todo o mundo foram amamentadas
exclusivamente com leito materno durante o
período de 2015–2020. Em Portugal, a
prevalência do aleitamento materno exclusivo
mantém-se a níveis inferiores ao pretendido, com 80,5% das crianças
amamentadas exclusivamente à alta da maternidade e um decréscimo acentuado para
59,7% no segundo mês de vida, apesar de todas as
recomendações nacionais e internacionais (Silva et al., 2021).
Ferreira (2019), num estudo realizado em Portugal, identificou diversos fatores que influenciam o abandono
precoce da amamentação. Entre os fatores relacionados com a mãe destacaram-se
as penalizações laborais, a necessidade de mudar de trabalho, limitações
sociais e o regresso ao trabalho. Em relação ao bebé, fatores como o choro, a
recusa em mamar e doenças foram significativos. Além disso, a introdução de
leite de fórmula por terceiros também contribuiu para o abandono precoce da
amamentação. Corroborando estas observações, Santos et al. (2021), num
estudo realizado nos Açores, constataram que o principal motivo para desistir
de amamentar estava relacionado com a mãe. Os principais fatores identificados
foram o desconforto, a dor, o cansaço e a falta de motivação. Adicionalmente,
fatores associados ao trabalho da mãe e ao contexto da prestação de cuidados, e
a introdução de leite artificial, também se mostraram predominantes. Estudos em
outros países também evidenciam que o retorno ao trabalho e a falta de apoio
adequado no contexto de prestação de cuidados são barreiras significativas para
a continuidade da amamentação (Jama
et al., 2017; Mirkovic et al., 2014).
Dada
esta evidência, é crucial continuar a compreender as
razões que levam ao abandono precoce do aleitamento materno. Os profissionais de
saúde, nomeadamente os enfermeiros, pela sua formação e proximidade com as
famílias, têm uma função determinante no
sentido de orientar os pais no desempenho adequado do seu papel, devendo focar
as suas intervenções no binómio mãe-bebé, integrados numa família (Amaral et al.,
2015; Dykes & Flacking,
2010). Os enfermeiros são assim
essenciais para assegurar o sucesso da amamentação, assumindo um papel fundamental na promoção e incentivo ao aleitamento
materno, assim como na resolução de problemas e na
prevenção de complicações associadas à amamentação (Geraldo et al.,
2023; Rollins
et al., 2016). Frequentemente os desconfortos e dificuldades que surgem no
período inicial de amamentação podem conduzir à sua
interrupção e ao desmame precoce (Amaral et al., 2015; Oakley
et al., 2014).
De acordo com a UNICEF, a percentagem de bebés em amamentação exclusiva aos seis
meses é de 48%, sendo que o objetivo para 2030 é de 70% (UNICEF & WHO, 2023).
Esses dados globais são refletidos também a nível nacional. Em Portugal, o Inquérito Alimentar Nacional e de Atividade Física
de 2015–2016 revela que 46% das crianças foram
amamentadas exclusivamente com leite materno durante um período inferior a quatro
meses e apenas 21,6% durante seis ou mais meses (Lopes et al.,
2017). O desfasamento entre os objetivos globais e a realidade
nacional destaca a necessidade urgente de investigar os fatores que levam ao
abandono precoce do aleitamento materno exclusivo.
Perante
esse contexto, torna-se essencial explorar as razões subjacentes ao abandono,
já que o aleitamento materno exclusivo permanece um desafio global
significativo. Os dados indicam uma redução drástica na taxa de aleitamento
materno exclusivo até aos seis meses de vida da criança (Santos et al.,
2021; UNICEF & WHO, 2023).
Assim, a nossa pesquisa visa identificar a as razões que levam as mães a
interromper o aleitamento materno exclusivo, e desse modo contribuir para o
conhecimento e concertação de estratégias que promovam a manutenção desta
prática até os seis meses de vida do bebé.
Desta
forma, o objetivo desta revisão foi identificar, na literatura científica
disponível, os fatores que influenciam a interrupção do aleitamento materno
exclusivo antes dos seis meses de vida do bebé. Após uma análise preliminar da
literatura, foi possível identificar apenas um estudo de revisão que, embora
não tivesse o mesmo objetivo do presente estudo, forneceu resultados relevantes
para o desenvolvimento deste trabalho. A realização deste estudo justifica-se,
portanto, pela necessidade de sistematizar informações atuais e
disponibilizá-las a todos os profissionais que atuam na área do apoio à
amamentação.
Método
Tipo de Estudo
Este estudo tratou-se de uma revisão scoping.
A escolha por este tipo de revisão deveu-se à sua capacidade de reunir e
sintetizar estudos conduzidos por diversas metodologias, com o objetivo de
enriquecer o conhecimento relacionado com o tema em investigação. Para a
realização deste estudo foram seguidas as recomendações do Joanna Briggs Institute Reviewer’s Manual (Aromataris
et al., 2024) e as instruções de Tricco
et al. (2018) relativamente à extensão PRISMA para revisões scoping (PRISMA-ScR, PRISMA
Extension for Scoping Review).
Definição da Pergunta de Pesquisa
A pergunta de pesquisa foi formulada segundo a estratégia PCC
(Participantes, Conceito e Contexto), sendo definida da seguinte forma: “Quais
os fatores que influenciam a interrupção do aleitamento materno exclusivo antes
dos seis meses de vida da criança?”.
Critérios de Inclusão e Exclusão
Quanto aos critérios de inclusão, os Participantes
considerados foram mulheres que iniciaram a amamentação e/ou lactantes. O
Conceito investigado foi a interrupção do aleitamento materno exclusivo. O
Contexto abrangeu estudos que abordassem esta interrupção antes dos seis meses
de vida do bebé.
Excluíram-se artigos que mencionassem a COVID-19, situações
patológicas da mãe e/ou recém-nascido como fatores impeditivos para a
amamentação, bebés pré-termo, depressão materna e mães adolescentes. Estas
exclusões basearam-se no entendimento de que tais situações se inserem em
contextos específicos e complexos que requerem uma análise mais detalhada e
estudos específicos. Desta forma, a revisão scoping
visou uma abordagem mais ampla e geral, englobando grupos mais facilmente
identificáveis e representativos da população em estudo.
Estratégia de Pesquisa
A pesquisa foi realizada em novembro de 2023, utilizando
palavras-chave (descritores) obtidas do vocabulário DeCS/MeSH (Descritores em Ciências da Saúde) para a obtenção de
sinónimos relevantes. Os descritores foram combinados utilizando operadores
booleanos (AND e OR) e truncador (*), resultando na
seguinte expressão de pesquisa:
woman or women or lactat* or puerp* or postpart* AND breast* interrupt* or breast* cessat* or breast suspens* or breast*
stop* or breast* discont* or wean* AND precoc* or earl* or premat*
Todos os termos foram pesquisados nos
resumos (abstracts) dos artigos.
Fontes de Informação
Selecionaram-se artigos disponíveis no agregador de bases de
dados EBSCO (Cinahl Complete, Medline
Complete, Nursing & Allied
Health Collection: Comprehensive, Cochrane Central Register
of Controlled Trials, Cochrane Database of Systematic Reviews,
Cochrane Methodology Register,
Library, Information Science & Technology Abstracts, MedicLatina, Cochrane Clinical Answers), publicados
entre 2020 e 2023, disponíveis na íntegra (texto completo e acesso livre) e nos
idiomas inglês, português e espanhol.
Este período foi escolhido para garantir a inclusão da evidência mais recente
sobre a temática, de modo a orientar a prática profissional para os fenómenos
atuais.
Seleção dos Estudos
A pesquisa inicial resultou na identificação de 3071 referências.
Após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão e a remoção de
duplicações, um total de 113 estudos foi considerado para a triagem. Após a
análise de títulos e resumos, 19 artigos foram selecionados para leitura na
íntegra, dos quais sete foram incluídos na revisão final. O processo de seleção
foi representado num fluxograma, conforme as recomendações do PRISMA-ScR (Figura 1). A seleção foi realizada de forma
independente por três revisores, que efetuaram a avaliação crítica, a extração
de dados e a síntese, utilizando a ferramenta de seleção de estudos Rayyan, o que permitiu uma colaboração e
gestão eficiente do processo de seleção.
Extração e Análise de Dados
Os dados foram extraídos de cada estudo, incluindo: nomes dos
autores e ano de publicação; localização do estudo; tipo de estudo realizado;
participantes; método; objetivo; e os principais resultados do estudo. Foi
elaborada uma tabela completa para resumir os dados extraídos.
Resultados
A Tabela 1 apresenta uma síntese das principais
características dos sete estudos incluídos nesta revisão. Destes, três foram
publicados em 2020 (E1, E2, E3), um em 2021 (E4), um em 2022 (E5) e dois em
2023 (E6, E7). Cinco dos estudos seguiram o paradigma quantitativo (E2, E3, E4,
E6, E7), sendo um estudo de coorte prospetivo extraído de um estudo maior (E6),
outro um estudo prospetivo, observacional e longitudinal (E7), e os restantes
três estudos correlacionais (E2, E3, E4). Os dois estudos restantes foram de
natureza secundária (E1, E5): um consistiu numa revisão baseada em três grandes
estudos longitudinais (E1) e o outro foi uma revisão sistemática e meta-análise
(E5). Os estudos analisados provinham de diversas regiões geográficas: quatro
da Europa (Dinamarca, Israel, Reino Unido e Portugal), um dos Estados Unidos,
um do Brasil e um da Índia.
Tabela 1
Resumo dos Estudos Selecionados para a Revisão Scoping
ID
|
Autor(es) (ano)
|
País
|
Tipo
de Estudo
|
Participantes
|
Método
|
Objetivo
|
Resultados
|
E1
|
Lessa et al. (2020)
|
Reino Unido
|
Revisão sistemática
|
Crianças amamentadas
≤ 8 semanas
|
Revisão de estudos longitudinais
|
Investigar associações entre introdução precoce de sólidos e interrupção
do AM
|
Correlação entre a
introdução precoce de sólidos e uma duração mais curta do AM
|
E2
|
Metheny & Stephenson
(2020)
|
Índia
|
Quantitativo
|
6812 mulheres casadas (15–49 anos), dados da INFHS 2015
|
Entrevistas
|
Examinar
como diferentes níveis de VPI afetam a alimentação infantil no primeiro ano
de vida
|
Mulheres sujeitas a VPI física grave com
filhos ≤ 6 meses, pertencentes aos três quintis de riqueza mais altos, e
maridos sem formação universitária são menos propensas ao AME
|
E3
|
Kronborg & Foverskov (2020)
|
Dinamarca
|
Quantitativo
|
1265 mães (561 primíparas e 674 multíparas)
|
Autorrelatos
|
Examinar fatores sociodemográficos, pré/perinatais, infantis,
psicossociais e de interação que afetam a duração do AME
|
Fator associado à interrupção precoce do
AME: ser primípara. Fatores associados a uma duração mais curta de AME: menor
tempo de amamentação do filho anterior, menor contato pele a pele nas
primeiras 24 horas, menor autoeficácia, avaliação negativa da importância da
amamentação, insegurança quanto à quantidade de leite ingerida pelo bebé e
primiparidade
|
E4
|
Gabay et al. (2021)
|
Israel
|
Quantitativo
|
2119 mulheres e seus bebés, dados da Pesquisa Infantil MABAT 2009–2012
|
Questionário
|
Examinar fatores associados à cessação do AME e desenvolver modelos
preditivos
|
Fatores associados à
cessação do AME aos 2 meses: primiparidade, baixa escolaridade, inexperiência
no AM, atitude negativa ao parto e não intenção de amamentar. Aos 6 meses:
idade jovem, cesariana, numa relação, menor religiosidade, cesariana, não
tomar ácido fólico durante a gravidez e atitude negativa em relação ao parto
|
E5
|
Pérez-Escamilla
et al. (2022)
|
EUA
|
Revisão sistemática e
meta-análise
|
Dados de 48 estudos
(40 coortes, 7 ECRs, 1 longitudinal quase
experimental)
|
Revisão de estudos de coorte e ECRs
|
Avaliar impacto da introdução de pré-lácteos e SLM no AM
|
Associação entre introdução
de alimentos pré-lácteos e SLM e a redução na duração do AME
|
E6
|
Abuchaim et al. (2023)
|
Brasil
|
Quantitativo
|
83 puérperas até 210 dias pós-parto, Centro de Amamentação de um Hospital
Universitário
|
Entrevistas e observações
|
Analisar relação entre ansiedade materna, autoeficácia para a amamentação
e duração do AME
|
Ansiedade impacta
negativamente na autoeficácia materna para amamentar, aumentando o risco de
interrupção precoce da amamentação
|
E7
|
Branco et al. (2023)
|
Israel
|
Quantitativo
|
423 RN’s (324 de HAB e 99 de Hospital não-HAB)
|
Observações e questionários
|
Examinar fatores associados à cessação do AME e desenvolver modelos
preditivos
|
Fatores associados à cessação do AME
aos 2 meses: ser primípara, baixa escolaridade, inexperiência no AM, atitude
negativa ao parto e não intenção de amamentar. Aos 6 meses: idade jovem,
cesariana, numa relação, menor religiosidade, cesariana, não tomar ácido
fólico durante a gravidez e atitude negativa em relação ao parto
|
Nota. AM = Aleitamento Materno; AME =
Aleitamento Materno Exclusivo; ECR = Ensaio Clínico Randomizado; HAB = Hospital
Amigo dos Bebés; INFHS = Indian National Family Health Survey; MABAT =
Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição de Israel; SLM = Substitutos do Leite
Materno; RN = Recém-nascido; VPI = violência por parte de parceiros íntimos.
Para uma melhor compreensão do fenómeno, após a análise dos resultados,
os estudos foram agrupados em três categorias principais, conforme ilustrado na
Tabela 2.
Tabela 2
Categorias Agregadoras dos Resultados dos Estudos
Selecionados
|
Categorias
|
Resultados
|
Estudos
|
Fatores maternos
|
Idade
mais jovem
VPI
Nível
socioeconómico mais alto
Parceiros sem formação universitária
Ansiedade
Primípara
Baixa escolaridade
Regresso precoce ao trabalho
Não ter certeza de querer amamentar
Atitude negativa em relação ao nascimento
|
E2, E3, E4, E6, E7
|
Fatores associados ao AM
|
Introdução
precoce de outros alimentos
Menor tempo de AM com filho anterior
Menor tempo de
contato pele a pele
Desvalorização
da importância do AM
Insegurança na amamentação
Falta de
experiência na amamentação
Uso de chupeta e
mamilo de silicone
Baixa
autoeficácia
|
E1, E3, E4, E5, E7
|
Fatores associados ao parto
|
Parto por cesariana
Analgesia no parto
Parto prematuro
Acompanhamento por obstetra privado
|
E4, E7
|
Nota. AM =
Aleitamento Materno; VPI = violência por parte de parceiros íntimos.
|
Discussão
O sucesso do aleitamento materno é influenciado por uma
combinação complexa de fatores que podem atuar tanto de forma positiva quanto
negativa. Estes fatores incluem características individuais da mãe, e atitudes
em relação à amamentação, bem como elementos relacionados ao bebé e ao
ambiente, como as circunstâncias do nascimento e o período pós-parto. Além
disso, fatores circunstanciais, como as responsabilidades laborais da mãe e as
condições de vida, desempenham um papel significativo (Araújo et al., 2008; Kronborg & Foverskov,
2020; Metheny & Stephenson,
2020).
Fatores Maternos
Os fatores inerentes à mulher, como características físicas,
emocionais e sociais, têm um impacto significativo no sucesso do aleitamento
materno.
A pesquisa realizada em Israel por Gabay et al. (2021) destacou que ser
primípara, não ter experiência anterior em amamentar, ter pouca intenção ou
incerteza sobre amamentar, ter baixo nível educacional e atitudes negativas em
relação ao parto são fatores que aumentam a probabilidade de interrupção
precoce do aleitamento materno exclusivo aos dois meses. Fatores associados à
interrupção aos seis meses incluíram idade mais jovem, estar numa relação e
menor nível de religiosidade. Kronborg e Foverskov
(2020) também concluíram que ser primípara está associado à
interrupção precoce do aleitamento materno exclusivo e a uma menor duração
comparativamente a mães multíparas. Estas descobertas sugerem que mães com
menos experiência e apoio, particularmente aquelas com menor nível educacional,
podem sentir-se menos preparadas e confiantes para amamentar. A falta de
intenção ou incerteza sobre amamentar pode indicar uma falta de informação
adequada ou suporte pré-natal, o que pode ser uma barreira significativa para o
sucesso da amamentação (Gabay et al., 2021).
Além disso, Branco et al. (2023) e Santos et al. (2021) corroboram que um nível educacional
materno mais baixo e o regresso precoce ao trabalho estão associados ao
abandono do aleitamento materno exclusivo. Isto pode refletir a falta de
recursos e suporte para estas mães, que podem não ter acesso a informações ou
apoio contínuo para manter a amamentação (Dennis, 2002; Ogbuanu et al., 2011). Além disso, o
retorno precoce ao trabalho pode criar desafios logísticos e emocionais que
dificultam a continuidade da amamentação (Fein
& Roe, 1998).
Abuchaim et al. (2023) indicaram que, embora
não houvesse correlação entre o tempo até a interrupção da amamentação e os
sintomas de ansiedade, a ansiedade impacta negativamente na autoeficácia
materna, aumentando o risco de interrupção precoce da amamentação. Isso
significa que mães ansiosas podem sentir-se menos capazes de amamentar com
sucesso, levando a uma maior probabilidade de interromper a amamentação. Melo (2020) e Mercan e Tari (2021) reforçaram essa ideia, mostrando
que a ausência de sintomas depressivos e ansiosos está associada a níveis mais
altos de autoeficácia na amamentação, o que se reflete numa maior duração do
aleitamento materno exclusivo. Mães emocionalmente estáveis, sem sintomas de
ansiedade ou depressão, terão melhor regulação emocional (Feldman
et al., 2009), maior resiliência (Tuthill et al., 2016), e
serão mais propensas a buscar apoio (Adedinsewo et al., 2014), o
que facilitará a amamentação. Em contraste, a ansiedade pode afetar
negativamente a produção hormonal (Handlin
et al., 2009), induzir pensamentos negativos (Wouk et al., 2017)
e sintomas físicos (Cooklin
et al., 2018), dificultando a amamentação.
Metheny e Stephenson (2020) demonstraram que diferentes formas e níveis
de gravidade da VPI afetam negativamente o comportamento de alimentação do
bebé. Mulheres que sofrem VPI física grave têm uma menor probabilidade de
manter o aleitamento materno exclusivo. Este achado é apoiado pela UNICEF (2022), que afirma que a VPI reduz a probabilidade de iniciar e
manter a amamentação. Estudos prévios reforçam essa evidência, destacando os
efeitos adversos da VPI sobre a saúde materna e infantil (Kendall-Tackett, 2007; Lau & Chan, 2007; Silverman et al., 2006). A VPI afetará a amamentação ao contribuir para depressão e
ansiedade pós-parto, causar lesões físicas que dificultam a amamentação,
aumentar os níveis de cortisol que interferem na produção de ocitocina, e ao
isolar a mãe de redes de apoio social e profissional, além de permitir
interferência direta do parceiro abusivo (Kendall-Tackett, 2007; Metheny & Stephenson, 2020; UNICEF, 2022).
A introdução precoce de alimentos sólidos e substitutos do leite
materno está associada a uma duração mais curta do aleitamento materno
exclusivo (Pluymen et al., 2018). Lessa et al. (2020) confirmaram que a introdução de alimentos
sólidos antes dos quatro meses aumenta o risco de interrupção precoce do
aleitamento materno. Isso pode ser devido ao fato de que a introdução precoce
de alimentos sólidos interfere com a necessidade e a frequência da amamentação,
reduzindo a produção de leite materno e, consequentemente, levando ao desmame
precoce (Cohen et al., 1994; Lessa et al., 2020).
Pérez-Escamilla et al. (2022) verificaram que a
introdução de substitutos do leite materno durante o período neonatal também
reduz a duração da amamentação. A introdução de fórmulas ou outros substitutos
pode ser percebida pelas mães como uma alternativa mais conveniente ou
necessária, especialmente se enfrentarem dificuldades iniciais com a
amamentação (Binns et al., 2012; Brown & Lee, 2015).
Branco et al. (2023) verificaram que o abandono do aleitamento
materno exclusivo está relacionado com o atraso no contacto pele-a-pele, e que
o uso de chupeta e tetina está associado ao aleitamento misto. Ora, o contacto
pele-a-pele é fundamental para estabelecer a ligação entre mãe e bebé (Moore et al., 2012) e incentivar o comportamento de amamentação (Widström et al., 2019). Acresce que o uso de chupeta e tetina pode confundir o
bebé e dificultar a amamentação direta, levando ao aleitamento misto e,
eventualmente, ao abandono da amamentação (Howard et al.,
2003).
Kronborg e Foverskov
(2020) identificaram que a baixa
autoeficácia materna afeta negativamente a duração do aleitamento materno
exclusivo, especialmente nos primeiros meses. Menor duração da amamentação em
filhos anteriores, menor contacto pele-a-pele nas primeiras 24 horas, avaliação negativa da
importância da amamentação e insegurança quanto à quantidade de leite ingerida pelo
bebé foram fatores associados a uma duração mais curta da amamentação (Kronborg & Foverskov, 2020). Isso sugere que fortalecer a confiança das mães em sua
capacidade de amamentar e promover práticas de contato precoce pele-a-pele
serão cruciais para o sucesso da amamentação (McDonald et al., 2012).
Fatores Associados ao Parto
Práticas relacionadas ao parto têm um impacto significativo
no sucesso do aleitamento materno (WHO & UNICEF, 2020). Branco et al. (2023) e Gabay et al. (2021) verificaram que o acompanhamento
da gravidez por obstetra privado, parto por cesariana e atitudes negativas em
relação ao parto aumentam a probabilidade de interrupção do aleitamento materno
exclusivo. A cesariana, em particular, está associada a dificuldades iniciais
na amamentação, como o atraso na primeira mamada e a separação mãe-bebé, o que
pode desmotivar as mães e levar ao abandono precoce da prática (Branco et al., 2023; Gabay et al., 2021). Obstetras privados
podem ter maior tendência a recomendar cesarianas (Gibbons et al., 2010), que
frequentemente resultam em atraso na primeira mamada devido à recuperação
pós-cirúrgica (Rowe-Murray & Fisher, 2002)
e à separação mãe-bebé (Biro
et al., 2011), interferindo na lactação e no vínculo
necessário para a amamentação. Além disso, a cesariana pode causar dor e
desconforto, dificultando a posição e a frequência da amamentação (Karlström et al., 2007).
Atitudes negativas em relação ao parto podem afetar a confiança das mães na
amamentação, especialmente se as experiências de parto não corresponderem às
suas expectativas (Bai
et al., 2013), levando a sentimentos de desânimo e à
interrupção precoce da amamentação exclusiva.
Limitações
A presente
revisão scoping apresenta algumas limitações
que devem ser consideradas:
1. Seleção das Bases
de Dados. A pesquisa foi
conduzida apenas em bases de dados específicas. Esta escolha pode ter excluído
estudos relevantes disponíveis noutras bases de dados. Assim, para uma
cobertura mais abrangente, outras bases de dados que poderiam ser consideradas
incluem PubMed, Scopus, Web
of Science, Embase, PsycINFO, e Google Scholar. Além
disso, a pesquisa foi restrita a estudos publicados entre 2020 e 2023, o que
pode limitar a inclusão de pesquisas anteriores significativas.
2.
Critérios de Inclusão e Exclusão. Os critérios de inclusão e exclusão foram definidos
para focar em fatores gerais que influenciam a interrupção do aleitamento
materno exclusivo. No entanto, a exclusão de artigos que mencionam COVID-19,
situações patológicas da mãe e/ou recém-nascido, bebés pré-termo, depressão
materna e mães adolescentes pode ter omitido contextos importantes que afetam a
amamentação. Estes contextos específicos requerem estudos detalhados e,
portanto, não foram abordados nesta revisão.
3. Idioma e Acesso
Livre. A revisão
incluiu apenas artigos disponíveis em português, inglês e espanhol, com acesso
livre e texto completo. Estudos relevantes em outros idiomas ou publicados em
revistas de acesso pago podem ter sido excluídos, o que pode introduzir um viés
de seleção.
4. Métodos de
Pesquisa. A pesquisa
utilizou palavras-chave específicas e operadores booleanos, o que pode ter
limitado a abrangência dos resultados. Embora se tenha recorrido ao vocabulário
DeCS/MeSH para obtenção de
sinónimos, uma alternativa poderia ser a utilização de estratégias de pesquisa
mais avançadas, como a busca por termos MeSH
diretamente em bases de dados como PubMed. Além
disso, ferramentas de busca sensíveis que combinam termos livres com termos
controlados poderiam aumentar a abrangência e precisão dos resultados.
5. Métodos de
Triagem e Seleção. A triagem e a
seleção dos artigos foram realizadas de forma independente por três revisores
utilizando a ferramenta Rayyan, o que permitiu uma
colaboração e gestão eficiente do processo de seleção. No entanto, para
minimizar ainda mais o viés de seleção e variações na interpretação dos
critérios de inclusão e exclusão, poderia ser adotado um processo de consenso
mais estruturado, como reuniões regulares de calibração entre os revisores.
6. Limitações
Intrínsecas das Revisões Scoping. As revisões scoping,
pela sua natureza, não avaliam a qualidade dos estudos incluídos. O objetivo
principal é mapear a literatura existente e identificar lacunas no
conhecimento. Portanto, os resultados desta revisão devem ser interpretados
considerando que a qualidade metodológica dos estudos incluídos não foi
sistematicamente avaliada.
7.
Generalização dos Resultados. A heterogeneidade dos estudos incluídos, em termos
de desenho do estudo, contextos geográficos e populações, pode limitar a
generalização dos resultados. Isso significa que os achados podem não ser
aplicáveis a todas as populações ou contextos. Uma abordagem alternativa seria
realizar análises de subgrupos para examinar como diferentes fatores afetam a
amamentação em contextos específicos, permitindo uma interpretação mais
contextualizada e precisa dos dados.
Conclusão
Esta revisão scoping
identificou vários fatores que influenciam a interrupção precoce do aleitamento
materno exclusivo, categorizados em fatores maternos, associados ao aleitamento
materno e relacionados com o parto.
Fatores maternos, como ser primípara,
baixo nível educacional, atitudes negativas em relação ao parto e falta de
intenção de amamentar, aumentam a probabilidade de interrupção precoce da
amamentação. Estes achados sublinham a necessidade de programas de educação e
aconselhamento pré-natal que preparem melhor as mães para o aleitamento
materno. Além disso, mães com menor nível educacional e maiores
responsabilidades laborais precisam de ambientes de trabalho mais favoráveis à
amamentação. Acresce que a ansiedade e a depressão maternas impactam
negativamente a autoeficácia para amamentar, indicando que intervenções de
saúde mental são essenciais para prolongar a duração da amamentação. Programas
de apoio e proteção para mulheres em situações de violência doméstica são
igualmente críticos, pois a violência por parte de parceiros íntimos está
associada a uma menor probabilidade de manter a amamentação exclusiva.
Entre os fatores associados ao
aleitamento materno, a introdução precoce de alimentos sólidos e substitutos do
leite materno, bem como práticas como o uso de chupetas e tetinas, estão
associados a uma duração mais curta da amamentação. Estes achados reforçam a
importância de apoiar as mães durante o período neonatal para prevenir a
introdução precoce de substitutos, conforme as recomendações internacionais (UNICEF, 2019;
WHO, 2017; WHO & UNICEF, 2020).
Fatores relacionadas com o parto, como o
parto por cesariana e atitudes negativas em relação ao parto, também impactam
negativamente o sucesso da amamentação. Portanto, intervenções focadas em
apoiar mães que passaram por cesarianas, promovendo o contato pele-a-pele
imediato, serão essenciais para melhorar as taxas de aleitamento materno
exclusivo.
Em síntese, as descobertas desta revisão
sugerem várias intervenções necessárias para apoiar o aleitamento materno
exclusivo. Programas de educação pré-natal e aconselhamento; políticas de apoio
no local de trabalho; campanhas de sensibilização direcionadas à população em
geral sobre a importância da manutenção do aleitamento
materno exclusivo até aos seis meses de vida da criança. Também é
fundamental a estruturação de consultas de aleitamento
materno onde a mulher e a família encontrem apoio assertivo por parte dos
profissionais. Intervenções de saúde mental e proteção para mulheres em
situações de violência doméstica são cruciais. Além disso, o apoio durante o
período neonatal e as práticas recomendadas pela OMS e UNICEF, como o contato
pele-a-pele, são fundamentais para aumentar a confiança materna e promover a
amamentação.
Agradecimentos e Autoria
Agradecimentos: Os autores não indicaram quaisquer agradecimentos.
Conflito de interesses: Os autores não indicaram quaisquer
conflitos de interesse.
Fontes de financiamento: Este estudo não recebeu qualquer
financiamento específico.
Contributos: SV:
Conceptualização; Metodologia; Análise formal; Redação do rascunho original;
Redação (Revisão & Edição). PR: Metodologia; Análise formal; Redação
do rascunho original. XM:
Metodologia; Análise formal; Redação do rascunho original. AS:
Conceptualização; Metodologia; Análise formal; Revisão. MT:
Conceptualização; Metodologia; Análise formal; Revisão.
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