2016, Vol. 2(2): 12-24

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Qualidade subjetiva do sono, sintomas depressivos, sentimentos de solidão e institucionalização em pessoas idosas

 

Artigo Original   

 

Mariana Napoleão , Bárbara Monteiro , Helena Espirito-Santo

 

https://doi.org/10.7342/ismt.rpics.2016.2.2.37

 

Recebido 25 agosto 2016

Aceite 28 setembro 2016

 

 

ÍNDICE

RESUMO

INTRODUÇÃO

MÉTODOS

RESULTADOS

DISCUSSÃO

REFERÊNCIAS

 

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RESUMO

Objetivos: A presente investigação teve como principais objetivos descrever a qualidade subjetiva do sono e as perturbações do sono e analisar a intensidade dos sintomas depressivos e dos sentimentos de solidão em idosos institucionalizados; comparar estes dados com um grupo de idosos não institucionalizados e analisar a relação entre estas variáveis nos dois grupos.

Métodos: Este estudo insere-se no Projeto Trajetórias do Envelhecimento de Idosos em Resposta Social de onde foi retirada uma amostra de cento e quarenta idosos sem défice cognitivo, com 70 institucionalizados e 70 não institucionalizados emparelhados por idade, sexo, escolaridade e estado civil. A média de idades foi de 76,58 (DP = 6,10), incluindo 104 mulheres e 36 homens. Como instrumentos foram utilizados um Questionário Sociodemográfico, o Questionário sobre o Sono na Terceira Idade, a Escala Geriátrica de depressão e a Escala de Solidão da Universidade da Califórnia, Los Angeles.

Resultados: Verificou-se que os idosos institucionalizados apresentavam mais sentimentos de solidão do que os não institucionalizados. Contudo, não se verificaram diferenças entre os dois grupos em relação aos sintomas depressivos, qualidade subjetiva do sono ou perturbações do sono, com algumas exceções: os idosos residentes na comunidade mostraram ter a perceção de demorar mais tempo a adormecer, de acordar mais cedo e de ter mais pesadelos. Através de uma análise correlacional verificou-se, na amostra global, que quanto pior a qualidade subjetiva do sono mais sintomas depressivos se observavam e quanto mais sintomas depressivos, mais sentimentos de solidão, não havendo, contudo, relação entre o sono e a solidão.

Conclusões: Concluímos que a situação de institucionalização se acompanha de mais sentimentos de solidão, mas não de sintomas depressivos ou de pior qualidade de sono. Por esse motivo, sugere-se que se desenvolvam programas de intervenção dirigidos à solidão em idosos institucionalizados.

 

Palavras chave: Idosos · Sono · Depressão · Solidão · Institucionalização

 

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INTRODUÇÃO

 

Com o envelhecimento existe uma clara redução da eficiência do sono, sendo frequente ocorrerem diversas alterações dos seus padrões (Ohayon, Carskadon, Guilleminault, & Vitiello, 2004; Redline et al., 2004). Estas alterações podem figurar no aumento de acordares noturnos, dificuldade em manter o sono, na não existência de um sono reparador e sonolência diurna (Ancoli-Israel, 2005; Crowley, 2011; Dijk, Groeger, Stanley, & Deacon, 2010; Galimi, 2010). Para além destas, ainda são observadas a perturbação do ciclo do sono-vigília, acordares precoces e redução do sono de ondas lentas (sono profundo) (Crowley, 2011; Ohayon et al., 2004). As alterações podem decorrer de distúrbios primários do sono (e.g., apneia obstrutiva, movimentos periódicos durante o sono, síndrome das pernas inquietas) ou serem secundárias a doença médica ou psiquiátrica (Crowley, 2011; Giron et al., 2002). Existem ainda fatores contributivos para o desenvolvimento de alterações do sono, entre eles o aumento da idade (Ohayon et al., 2004) e o sexo (existindo maior vulnerabilidade do sexo feminino) (Crowley, 2011; Giron et al., 2002; Redline et al., 2004). Outros fatores concorrem para estas alterações, nomeadamente o uso de antidepressivos, benzodiazepinas, ansiolíticos e hipnóticos (Armitage, 2000; Giron et al., 2002; Gursky & Krahn, 2000; Krishnan & Hawranik, 2008).

Para além das questões supracitadas, a situação residencial é outro aspeto a ter em consideração. Assim, entre idosos da comunidade (não-institucionalizados), verificam-se mais dificuldades em iniciar ou manter o sono, insónia e a realização de sestas durante o dia, sendo a insónia prevalente em indivíduos do sexo feminino e com mais idade (Foley, Ancoli-Israel, Britz, & Walsh, 2004). Em situação de institucionalização, determinados problemas do sono mostram-se prevalentes, tais como, levantar-se para ir ao quarto de banho, acordar no meio da noite ou muito cedo pela manhã, sentir muito calor e sentir dores (Araújo & Ceolim, 2010). A qualidade do sono mostra-se também pior quanto mais elevado o grau de institucionalização (Middelkoop, Kerkhof, Smilde-van den Doel, Ligthart, & Kamphuisen, 1994) ou mais “pobre” em pessoas idosas institucionalizadas (Garmendia-Leiza et al., 2013).

As dificuldades de sono em pessoas idosas são comórbidas a outros quadros, sendo o mais frequente a presença de sintomas depressivos (Ancoli-Israel, 2006, 2009; Babar et al., 2000; Cho et al., 2008; Giron et al., 2002). Quanto à relação entre insónia e depressão estas podem funcionar como fatores de risco/precipitantes uma da outra, ou seja, quando não existe intervenção, a insónia pode resultar em depressão e a presença de depressão pode contribuir para o desenvolvimento de insónia (Cole & Dendukuri, 2003).

A depressão no idoso, por seu turno, associa-se à solidão (Cacioppo, Hughes, Waite, Hawkley, & Thisted, 2006; Stek et al., 2005; Vaz & Gaspar, 2011; Zebhauser et al., 2014), sendo que esta se constitui igualmente num fator de risco para a depressão, bem como o inverso também se verifica (Holvast et al., 2015; Houtjes et al., 2014; Jacobs, Cohen, Hammerman-Rozenberg, & Stessman, 2006). O sexo poderá ainda ser uma variável de relevo tanto na solidão como na depressão. Cacioppo et al. (2006), por exemplo, mostraram que os homens experienciam sintomas mais elevados de solidão do que as mulheres. Em contraste, Zebhauser et al. (2014) verificaram que as mulheres idosas apresentam mais sintomas depressivos do que os homens, mas não encontraram diferenças quanto à solidão. Já Pinquart e Sorensen (2001), no seu estudo de metanálise, mostraram que as mulheres apresentam mais sintomas de solidão. A situação residencial parece ser novamente um fator importante, sendo comum a presença de solidão entre idosos institucionalizados (de Jong Gierveld & Havens, 2004; Pinquart & Sorensen, 2001; Stek et al., 2005; Vaz & Gaspar, 2011), assim como a presença de sintomas depressivos (Cravello, Palmer, de Girolamo, Caltagirone, & Spalletta, 2011; Plati, Covre, Lukasova, & Macedo, 2006; Szczerbińska, Hirdes, & Zyczkowska, 2012). Outros fatores a sublinhar no que respeita à solidão são o avanço na idade, mas somente em idosos ou muito mais velhos (> 80 anos) ou mais novos (< 60 anos) (Pinquart & Sorensen, 2001), a perda do cônjuge e a falta de amigos (Costa et al., 2013; Savikko, Routasalo, Tilvis, Strandberg, & Pitkälä, 2005). Para a depressão, os fatores são similares, incluindo a idade mais avançada (Blazer, 2003) e a situação de ausência de companheiro (Iachina, Jørgensen, McGue, & Christensen, 2006). Por fim, a baixa escolaridade parece ser um fator com papel diverso nas duas condições: relevante para a depressão (Goncalves, Espirito-Santo, Matreno, Fermino, & Guadalupe, 2012; Pena et al., 2012), mas não para a solidão (Costa et al., 2013).

No entrelaçar dos conceitos apresentados, parece também existir relação entre solidão e a pobre qualidade subjetiva do sono (Cacioppo et al., 2002a, 2002b), aparecendo a solidão como determinante da menor satisfação com o sono (Jacobs et al., 2006).

Em síntese, a revisão da literatura mostra que as perturbações do sono se relacionam com a depressão/sintomas depressivos e que estes se associam reciprocamente com a solidão. Existem ainda lacunas na compreensão da relação entre o sono e a solidão em pessoas idosas e especialmente em idosos institucionalizados.

Por estes motivos, e na procura de uma maior compreensão dos constructos apresentados, são objetivos desta investigação: a) analisar a qualidade subjetiva do sono, a intensidade dos sintomas depressivos e dos sentimentos de solidão em idosos institucionalizados; b) comparar estas dimensões entre idosos institucionalizados e não-institucionalizados; c) descrever e comparar o tipo de problemas de sono entre os dois grupos; d) analisar o potencial efeito de variáveis sociodemográficas sobre a qualidade subjetiva do sono, sintomas depressivos e sentimentos de solidão; e) verificar se existem relações entre o sono, depressão e solidão e se essas relações são diferentes entre os dois grupos de idosos.

 

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MÉTODOS

Procedimentos

No âmbito do Trajetórias do Envelhecimento de Idosos em Resposta Social (TEIRS) do Instituto Superior Miguel Torga foram contactadas 32 instituições que fornecem resposta social à população idosa nos concelhos de Coimbra e Soure.

A recolha de dados foi realizada por psicólogos com treino e prática na avaliação (neuro)psicológica através de um protocolo amplo que englobou questionários sociodemográficos, entrevista médica e psiquiátrica, questionários emocionais e testes neuropsicológicos administrados aos idosos. Os instrumentos foram administrados oralmente, cabendo ainda ao psicólogo o registo das respostas. Para além da avaliação, a recolha de dados incluiu a informação retirada dos processos individuais dos utentes.

Todos os idosos foram voluntários e assinaram declarações de consentimento informado.

Participantes

A amostra incluiu idosos institucionalizados (Lar e Centro de Noite), semi-institucionalizados (Centro de Dia e Unidade de Cuidados continuados) e não institucionalizados do distrito de Coimbra, Portugal, num total de 140 pessoas. A seleção das pessoas idosas para este estudo foi realizada através dos seguintes critérios de inclusão: idade igual ou superior a 65 anos; sem demência diagnosticada e com pontuações no Montreal Cognitive Assessment (MoCA; Nasreddine et al., 2005) abaixo do percentil 25 (inferior a 7 pontos); sem afasia sensorial e/ou anterior e ter respondido ao MoCA.

No TEIRS tinham sido avaliadas 1235 pessoas idosas entre novembro de 2010 e março de 2016. Destas foram retiradas das análises 803 pessoas por não cumprirem os critérios de inclusão. Entre os 432 que preenchiam os critérios de inclusão, não se verificou associação estatisticamente significativa entre sexo e tipo de situação residencial [χ2(1) = 1,03; p = 0,31]; os idosos institucionalizados eram mais velhos de forma estatisticamente significativa (M = 80,19 anos; DP = 6,48 anos; t = 8,88; p < 0,001); havia mais pessoas sem companheiro entre os idosos institucionalizados [76,8%; χ2(1) = 28,90; p < 0,001]; existiam mais pessoas sem escolaridade ou baixa escolaridade entre os idosos institucionalizados [78,4%; χ2(4) = 24,34; p < 0,001] e ainda se verificou que a situação residencial e o número de visitas não se associavam [χ2(1) = 7,68; p = 0,06].

Por fim, entre os 432 foram selecionados 70 idosos institucionalizados e 70 idosos não-institucionalizados resultantes do emparelhamento por idade, sexo, escolaridade e estado civil.

Instrumentos

Da bateria global do TEIRS, foram utilizados quatro questionários e duas entrevistas, de seguida apresentados e descritos.

Através do Questionário sociodemográfico foram recolhidas informações sobre a idade, sexo, estado civil, escolaridade, e tipo de resposta social e uma questão acerca da frequência e das pessoas que visitam o idoso (incluindo a ausência de visitas).

O Questionário Sobre o Sono na Terceira Idade (QSTI) consiste numa adaptação do Índice de Qualidade de Sono (Gomes, 2005) para pessoas idosas e avalia a qualidade de sono (Marques et al., 2012). O QSTI é constituído por uma primeira parte com sete questões, incluindo a latência do sono, dificuldade em adormecer, número de acordares noturnos, acordar espontaneamente antes da hora desejada, se o acordar mais cedo do que o desejado constitui um problema e dois itens sobre a qualidade subjetiva do sono em geral e a profundidade do sono. Nesta primeira parte, as respostas variam de 0 a 4, e o seu somatório permite obter o Índice de Qualidade Subjetiva do Sono (IQSS) que pode oscilar entre 0 (melhor) e 28 (pior). A segunda parte do QSTI, referente aos correlatos do sono, é constituída por 12 questões de resposta dicotómica (Sim/Não) para o idoso (1. sono no último mês com cinco perguntas[1]; 2. sonolência diurna; 3. medicação para dormir; 4. atividade física; 5. manutenção de horário de sono regular; 6. presença de dores que afetam o sono; 7. doença que afeta o sono com exemplos de algumas dessas doenças; 8. sestas diurnas; 9. parceiro de sono ruidoso; 10. doença de sono com listagem de doenças comuns em caso afirmativo[2]; 11. medicamentos perturbadores do sono e da vigília com listagem respetivas[3]); 12. questão para um informante (inversão do padrão/ciclo do sono-vigília[4]). O questionário apresenta uma muito boa consistência interna, com um alfa de Cronbach de 0,81 (Marques et al., 2012), ainda que tenha sido um pouco inferior no estudo presente (0,70), considerando-se ainda aceitável para fins de investigação (Pestana & Gageiro, 2014). Adicionalmente, foi criado um Índice de Insónia baseado nos critérios da DSM-5 (American Psychiatric Association, 2013)[5]: ter respondido “sim” às perguntas 1.1 a 1.4 e “não” às questões 1.6, 2.1 a 2.6, 7.1 a 7.5, 9 e 10.1 a 10.4. Com base nos pontos de corte estabelecidos pela média mais ou menos desvio padrão, criaram-se três grupos: Bons dormidores, Grupo com sintomas de insónia e Insones. O QSTI começou a ser administrado em 2012, pelo que responderam somente 108 idosos (77,1%).

A Escala Geriátrica da Depressão (Geriatric Depression Scale/GDS) avalia a presença de sintomas depressivos em pessoas idosas (Yesavage et al., 1983). Tal como na original, a versão portuguesa (Barreto, Leuschner, Santos, & Sobral, 2003), consiste em 30 questões referentes à última semana, respondidas de forma dicotómica (Sim/Não). Por cada resposta ‘Sim’ nos itens 2-4, 6, 8, 10-14, 16-18, 20, 22-26 e 28 e por cada resposta ‘não’ nos itens 1, 5, 7, 9, 15, 19, 21, 27, 29 e 30 atribui-se um ponto, variando a pontuação total entre 0 e 30 pontos (Barreto et al., 2003; Yesavage et al., 1983). As propriedades psicométicas foram adequadas na versão original (α de Cronbach = 0,94; κ = 0,94) (Yesavage et al., 1983) e no nosso estudo (α de Cronbach = 0,87). A GDS foi respondida por 139 idosos da amostra (99,3%; a resposta em falta correspondeu a desistência da avaliação).

A Escala da Solidão da Universidade da Califórnia, Los Angeles (LS-UCLA) foi desenvolvida para avaliar os sentimentos subjetivos de solidão ou isolamento social (Russell, Peplau, & Ferguson, 1978). Na sua origem era constituída por 20 itens, mas na versão portuguesa da escala (Pocinho, Farate, & Dias, 2010), que está validada para a população idosa, é constituída por 16 itens elaborados de forma negativa e cuja resposta varia do “nunca” ao “frequentemente” tal como na escala original. Nesta versão, a pontuação pode variar entre os 16 e os 64 pontos, apresentando um ponto de corte de 32 pontos, correspondendo a pontuação acima deste valor a presença de solidão. As propriedades psicométricas mostraram-se adequadas (κ = entre 0,8 e 1; escala total: α de Cronbach = 0,91), tal como no presente estudo (α de Cronbach = 0,91). Somente sessenta e nove idosos responderam à LS-UCLA, devido também ao momento em que a LS-UCLA foi incluída no projeto TEIRS (49,3%) e a duas recusas em completar a bateria.

A Entrevista Estruturada de Avaliação da Saúde Física do Idoso inclui 32 perguntas referentes à saúde física agrupadas em seis categorias e foi desenvolvida no TEIRS.  As seis categorias consistem na saúde em geral (aspetos e doenças específicas e eventos graves de saúde), problemas de visão e audição, sintomatologia cardiovascular, geniturinária, respiratória e neurológica. Para este estudo, recorreu-se às perguntas da categoria geral referentes a eventos graves de saúde (e.g., enfarte agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral, traumatismo cranioencefálico).

A Mini International Neuropsychiatric Interview (M.I.N.I. PLUS; Sheehan et al., 1997; versão portuguesa: Amorim, 2000) é uma entrevista que acompanha os critérios da DSM-IV para várias perturbações mentais, consistindo em perguntas de resposta dicotómica (sim/não). Esta entrevista foi usada para colmatar informação sobre saúde mental indisponível nos processos individuais dos utentes.

Análise Estatística

Os dados foram analisados através do Statistical Package for the Science (SPSS), versão 24 para Macintosh.

Recorreu-se à estatística descritiva para a caracterização sociodemográfica e clínica da amostra, calculando o qui-quadrado de independência, a associação linear-por-linear ou o V de Cramer consoante a natureza da variável (nominal ou ordinal e número de categorias).

Para a decisão estatística, efetuou-se previamente o estudo da normalidade através do teste de Shapiro-Wilk (Pestana & Gageiro, 2014) que revelou que as distribuições das pontuações do GDS no grupo dos institucionalizados e da LS-UCLA nos não-institucionalizados não apresentavam uma distribuição normal.

Nesse seguimento, para as análises comparativas, uma vez que os valores de assimetria e curtose do GDS (Si = 0,80; Ku = 1,56) foram aceitáveis, optou-se pelo teste paramétrico t de Student (Pestana & Gageiro, 2014). Como na LS-UCLA os valores se situaram acima dos limites (Si = 4,62; Ku = 4,71), decidiu-se então pelo teste U de Mann-Whitney (Pestana & Gageiro, 2014).

Seguindo as indicações de Espirito-Santo e Daniel (2015) recorreu-se ao d de Cohen para análise das magnitudes da diferença, seguindo a classificação seguinte: tamanho do efeito insignificante (< 0,19), pequeno (0,20 - 0,49), médio (0,50 - 0,79), grande (0,80 - 1,29) e muito grande (> 1,30).

Para a descrição dos problemas de sono fez-se uso do estudo das frequências, recorrendo à análise de qui-quadrado de independência para determinar a existência ou não de associação entre os problemas de sono e os grupos definidos por algumas variáveis clínicas de relevo e pela situação residencial.

Finalmente, computaram-se as correlações de Pearson para determinar a intensidade das relações entre IQSS, GDS e LS-UCLA, e a correlação ponto-bisserial para estudar as relações com o índice de insónia (Marôco, 2011). A interpretação das correlações seguiu a classificação seguinte: correlação baixa (0,10 - 0,29), moderada (0,30 - 0,49) e alta (≥ 0,50) (Pestana & Gageiro, 2014). Para comparar as correlações dos dois grupos, recorreu-se ao seguinte procedimento: a) os valores de r foram convertidos em z; b) o valor z observado (zobs) fora da região crítica ]-1,96 a 1,96[ foi interpretado como indicativo de correlações significativamente diferentes (Pallant, 2011).

 

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RESULTADOS

 

 

Análises preliminares

Do total das 140 pessoas (Tabela 1), a maioria era mulher (n = 104; 74,3%), casada/união de facto (n = 73; 52,1%), com escolaridade equivalente ao ensino básico (n = 73; 52,1%) e com idade média de 76,58 anos (DP = 6,10). Não se verificaram diferenças estatisticamente significativas em nenhuma das categorias sociodemográficas nos grupos definidos pela situação residencial (p > 0,05), excetuando na idade [Tabela 1; t(138) = 1,97; p = 0,05], mas com um tamanho do efeito pequeno (d = 0,33).

A acrescentar que um pequeno número de idosos institucionalizados não recebia visitas (n = 5; 12,5%), acontecendo o mesmo com idosos não-institucionalizados (n = 2; 4,3%), não havendo associação estatisticamente significativa entre a situação de residência e o ser-se ou não visitado [χ2(1) = 1,90; p > 0,05].

A frequência de visitas de familiares foi também similar entre os grupos [diária-semanalmente: institucionalizados = 65,0%; não-institucionalizados = 66,7%; χ2(4) = 1,42; p > 0,05].

Um grande número de idosos de ambos os grupos indicou viver com família (institucionalizados: 54,5%; não-institucionalizados: 59,5%), reduzindo-se a frequência no residir com outros (institucionalizados: 18,2%; não-institucionalizados: 4,8%) e, proporcionalmente, sendo mais entre os idosos não-institucionalizados que se vivia sozinho [35,7%; institucionalizados: 27,3%; χ2(1) = 1,90; p > 0,05].

 

 

 

TABELA 1

Caracterização Sociodemográfica de uma Amostra de Pessoas Idosas (N = 140), Institucionalizadas (PII: n = 70) e Não-Institucionalizadas (PNI: n = 70)

 

 

                                  

Total

PII

PNI

χ 2 / V

 

 

n

%

n

%

n

%

 

 

Idade

 

PII: M ± DP = 77,59 ± 6,62

PNI: M ± DP = 75,57 ± 5,40

61-70

71-80

81-90

91-100

25

93

19

3

17,9

66,4

13,6

2,1

12

47

9

2

17,1

67,1

12,9

2,9

13

46

10

1

18,6

65,7

14,3

1,4

0,07NS

 

 

Sexo

Masculino

Feminino

36

104

25,7

74,3

18

52

25,7

74,3

18

52

25,7

74,3

0,00NS

 

 

Estado-civil

Solteiro/a

Separado/aa

Viúvo/a

Casado/ab

4

9

54

73

2,9

6,4

38,6

52,1

2

4

28

36

2,9

5,7

40,0

51,4

2

5

26

37

2,9

7,1

37,1

52,9

0,04NS

 

 

Escolaridade

S/ escolaridade

1º ciclo

2º ciclo

Secundário

24

73

16

27

16,2

52,1

11,4

19,3

12

36

8

14

16,2

51,4

11,4

20,0

12

37

8

14

16,2

52,9

11,4

18,6

0,51NS

 

 

Nota. M = média; DP = desvio-padrão; a Separado/a ou divorciado/a; b Ou em união de facto; n = número de participantes; χ2 = Qui-Quadrado da independência para o sexo, estado-civil e linear-por-linear idade e escolaridade; V = V de Cramer. NS = Não significativo.

 

 

Dado que as alterações do sono podem ser secundárias a doença médica ou psiquiátrica (Crowley, 2011), segue-se a descrição clínica dos dois grupos (Tabela 2). A análise do qui-quadrado da independência revelou uma associação estatisticamente significativa entre a situação de saúde física/mental e a situação residencial [χ2(3) = 11,12; p = 0,011], destacando-se o maior número de pessoas idosas razoavelmente saudáveis ou sem doenças com impacto cognitivo na situação de residência na comunidade (não-institucionalizados).

 

 

 

TABELA 2

Caracterização Clínica de uma Amostra de Pessoas Idosas (N = 140), Institucionalizadas (PII: n = 70) e Não-Institucionalizadas (PNI: n = 70)

 

 

 

Total

PII

PNI

 

 

n

%

n

%

n

%

 

 

Razoavelmente saudávela

62

44,3

22

31,4

40

57,1

 

 

Doença com impacto cognitivo

Alzheimer

AVC

Parkinson

Outrasa

2

20

3

4

1,4

14,3

2,1

2,9

2

13

2

1

2,9

18,6

2,9

5,7

0

7

0

3

0

10

0

4,3

 

 

Doença mental

Depressão

10

7,1

5

7,1

5

7,1

 

 

Sem informação

39

27,9

25

35,7

14

20

 

 

Nota. n = número da amostra. AVC = Acidente vascular cerebral.  a Epilepsia, tumor cerebral, traumatismo cranioencefálico ou diabetes.

 

 

Considerando que vários fármacos têm uma influência potencial sobre o sono (Armitage, 2000; Gursky & Krahn, 2000; Krishnan & Hawranik, 2008), avaliou-se a proporção de pessoas idosas que tomam este tipo de medicação (e.g., antidepressivos, antipsicóticos, agonistas da dopamina, antiepilépticos, anti-histamínicos) pelos grupos definidos pela situação residencial (Tabela 3).

Verificou-se, por meio da análise do qui-quadrado de independência, que não houve associação estatisticamente significativa entre a toma de medicamentos e o tipo de situação residencial [χ2(1) = 0,70; p = 0,404]. É de destacar, no entanto, que 3 idosos (2,1%) não quiseram responder, 30 idosos (21,4%) não foram questionados e/ou do processo não havia indicação do tipo de fármaco e que 2 (1,4%) não souberam responder à questão “Toma medicamentos para dormir?”. A maior parte destas “não-respostas” ocorreu entre os idosos institucionalizados (20,7%; não-institucionalizados: 4,3%).

 

 

 

TABELA 3

Frequência de Medicação para Dormir por Situação Residencial de uma Amostra de Pessoas Idosas (N = 105), Institucionalizadas (PII: n = 41) e Não-Institucionalizadas (PNI: n = 64)

 

 

 

Total

PII

PNI

χ 2

 

 

n

%

n

%

n

%

 

 

Toma Medicação

41

39,0

22

53,7

29

45,3

0,70NS

 

 

Não Toma Medicação

64

61,0

19

46,3

35

54,7

 

 

Nota. n = tamanho das subamostras. χ 2 = qui-quadrado de independência. NS = não significativo estatisticamente.

 

 

Descritivas, comparações e relações

Quanto ao primeiro objetivo, as médias e desvios padrão das variáveis em estudo no grupo de pessoas idosas institucionalizadas estão patentes na Tabela 4.

Na ausência de valores de comparação com amostras diferentes ou de pontuações de corte, acrescente-se que, para a amostra global, a mediana para o IQSS foi de 18,00, o percentil 25 foi 15,00 e o percentil 75 foi de 21,00. Os valores foram similares no grupo de idosos institucionalizados (P25 = 15,00; Md = 18,00; P75 = 21,3) e não-institucionalizados (P25 = 15,00; Md = 17,00; P75 = 20,8).

Quanto ao segundo objetivo (Tabela 4), a única diferença encontrada verificou-se nos sentimentos de solidão que foram superiores nos idosos institucionalizados [t(67) = 3,62; p = 0,001). Em contraste, as pontuações do IQSS [t(106) = 0,72; p = 0,473) e do GDS [t(137) = 0,68; p = 0,500] não parecem estar relacionadas com a situação residencial. No entanto, sabendo que o valor do p é sensível ao tamanho da amostra, avaliou-se a magnitude da diferença de médias entre os dois grupos utilizando-se a medida de dimensão de d de Cohen (Espirito-Santo & Daniel, 2015). Assim, verificou-se que o IQSS apresentou uma diferença entre os dois grupos com tamanho de efeito considerado insignificante (d = 0,14), o mesmo acontecendo com o GDS (d = 0,11). De modo diferente, na LS-UCLA o tamanho do efeito foi grande (d = 0,87).

 

 

 

TABELA 4

Comparação do Índice de Qualidade Subjetiva do Sono (IQSS), Sintomas Depressivos (GDS) e Solidão (LS-UCLA) entre Dois Grupos Definidos pela Situação Residencial

 

 

 

Total

 

Grupo Institucionalizado

 

Grupo Não-institucionalizado

t/d

 

 

N

M

DP

n

M

DP

n

M

DP

 

 

IQSS

108

18,74

5,04

 

32

18,32

5,40

 

64

19,03

4,80

0,72NS/0,14

 

 

GDS

139

11,15

6,36

 

70

11,51

6,95

 

69

10,78

5,74

0,68NS/0,11

 

 

LS-UCLA

69

30,25

10,35

 

36

34,22

10,03

 

33

25,91

8,96

3,62**/0,87

 

 

Nota. GDS = Geriatric Depression Scale; LS-UCLA = Escala de Solidão da Universidade da Califórnia, Los Angeles; N = total da amostra; M = média; DP = desvio padrão; n = dimensão da subamostra; t = teste t de Student; d = d de Cohen. ** p < 0,01; NS não significativo; tamanho do efeito grande.

 

 

Relativamente ao objetivo 3, as percentagens do tipo de problemas de sono, obtidas através da análise das frequências das respostas a cada item do QSTI por situação residencial, são apresentadas na Tabela 5. Uma vez que havia células com uma frequência esperada inferior a 5 nas tabelas de referência cruzada (Pallant, 2011), procedeu-se à dicotomização dos itens com base na revisão da literatura.

Para o Item 1 considerou-se problema quando o Tempo que demora a adormecer ultrapassava os 30 minutos (Maglione et al., 2012), assim as categorias “1-14 minutos” e “15-30 minutos” foram recodificadas em Latência do adormecer normal (≤ 30 min.) e “31-45”; “46-60” e “mais de 60 minutos” em problema na Latência do adormecer (> 30 minutos).

Para o Item 2 (Dificuldade em adormecer), definiu-se como problemático sentir dificuldade em adormecer 3 noites ou mais por semana (Ram, Seirawan, Kumar, & Clark, 2010). As categorias “nunca”, “raramente” e “algumas vezes” foram reclassificadas como Adormecer difícil raro (≤ algumas vezes) e Adormecer difícil frequente (≥ 3 noites-semana).

No Item 3 (Vezes que acorda), dada a coorte etária, foi considerado normal acordar até seis vezes (Maglione et al., 2012), mas, como a última categoria de resposta incluía 6 ou mais vezes, reservou-se esta categoria para Acordares problema e as restantes para Acordares normal (“0 vezes”; “1 vez”; “2 a 3 vezes”; “4 a 5 vezes”).

Na ausência de um critério descrito previamente que se aplique ao Item 4 (Acordar antes da hora) e uma vez que a literatura mostra que há uma redução no número total de horas de sono (Crowley, 2011; Maglione et al., 2012), tomou-se como critério os quartis. Desse modo, “3 a 4 noites por semana” e “Quase todas as noites” ficaram recategorizadas em Acordar precoce (quartil superior) e as restantes “Nunca”, “Raramente” e “Algumas vezes” ficaram incluídas na categoria Acordar normal. Para os Itens 5, 6 e 7, seguiu-se o procedimento descrito para o Item 4, devido às mesmas razões.

Assim (Item 5), “Um pouco”, “Muito” e “Muitíssimo” foram incluídas na categoria Acordar precoce problemático (quartil superior); “Nada” e “Muito pouco” na categoria Acordar precoce não-problemático. No Item 6, a categoria Qualidade má incluiu “Muito mau” e “Mau” (quartil superior) e Qualidade boa incluiu “Razoável”, “Bom” e “Muito bom”. No Item 7, a categoria Profundidade má incluiu “Muito leve”, “Leve” e “Mais ou menos pesado” (quartil superior) e Profundidade boa incluiu “Pesado” e “Muito pesado”.

 

 

 

TABELA 5

Frequências das Alterações Subjetivas do Sono (QSTI, Questionário Sobre o Sono na Terceira Idade) por Situação Residencial (Institucionalizados: n = 44 e Não-Institucionalizados: n = 64)

 

 

 

Institucionalização

χ 2

 

 

Sim

Não

 

 

Itens do QSTI

Dicotomização dos Itens

n

%

n

%

 

 

Tempo que demora

a adormecer

Latência do

adormecer

Normal (≤ 30 minutos)

Anormal (≥ 31 minutos)

33

11

75,0

25,0

48

16

75,0

25,0

0,00NS

 

 

Dificuldade

em adormecer

Adormecer

difícil

Raro (≤ Algumas vezes)

Frequente (≥ 3 noites/semana)

36

8

81,8

18,2

46

18

71,9

28,1

1,4NS

 

 

Vezes que

acorda

Acordares

Normal (≤ 4 a 5 vezes)

Problema (≥ 6 vezes)

42

2

95,5

4,5

63

1

98,4

1,6

0,86NS

 

 

Acordar antes

da hora

Acordar

precoce

Normal (≤ Algumas vezes)

Problema (≥ 3 noites/semana)

34

10

77,3

22,7

42

22

65,6

34,4

1,70NS

 

 

Acordar antes

é problema

Acordar precoce

problema

Não (≤ Muito pouco)

Sim (≥ Um pouco)

27

17

61,4

38,6

42

22

65,6

34,4

0,26NS

 

 

Qualidade do

Sono

Qualidade

Boa (≥ Razoável)

Má (Mau e Muito mau)

18

26

40,9

59,1

39

25

60,9

39,1

4,20*

 

 

Profundidade

do Sono

Profundidade

Boa (Pesado e muito pesado)

Má (≥ Mais ou menos pesado)

24

20

54,5

45,5

27

37

42,2

57,8

1,60NS

 

 

Nota. n = total da subamostra; χ 2 = qui-quadrado de independência. * p < 0,05. QSTI = Questionário Sobre o Sono na Terceira Idade.

 

 

Como se pode verificar na Tabela 5, somente a Qualidade se associou à situação residencial, tendo os idosos institucionalizados reportado mais sono de boa qualidade [χ2(1) = 4,22; p = 0,04; Fi = 0,20]. Os restantes problemas de sono não se associaram à situação residencial (p > 0,05).

Através da segunda parte do QSTI, verificámos ainda ausência de associação entre a situação residencial e os seguintes parâmetros: sono no último mês, sonolência diurna, medicação para dormir, horário regular, presença de dores, doença que afeta o sono, sestas diurnas, parceiro de sono ruidoso, doença de sono, medicamentos perturbadores do sono e da vigília e com a inversão do ciclo de sono (resposta do informante). As exceções disseram respeito ao acordar cedo (institucionalizados: 32,6%; não-institucionalizados: 57,1%; χ2(1) = 1,90; p < 0,05), aos pesadelos (institucionalizados: 0,0%; não-institucionalizados: 9,8%; χ2(1) = 1,90; p < 0,05) e à atividade física (institucionalizados: 46,5%; não-institucionalizados: 68,8%; χ2(1) = 5,29; p < 0,05).

Finalmente, quanto ao Índice de Insónia do IQSS, 75,0% (n = 24) da amostra global sofriam de insónia, pertencendo a maioria dos insones ao grupo dos não-institucionalizados (n = 63; 90,0%; institucionalizados: n = 42; 60,0%). Quanto aos restantes, 1,4% (n = 2) tinham sintomas de insónia (um sujeito de cada situação residencial) e 23,6% revelaram-se como bons dormidores (n = 33), com a maioria a residir em instituição (n = 27; 38,6%; não-institucionalizados: n = 6; 8,6%).

Na Tabela 6 apresentam-se os dados referentes ao quarto objetivo, com as diferenças das pontuações médias do IQSS, GDS e LS-UCLA entre as categorias das variáveis sociodemodemográficas (sexo, idade, estado civil e escolaridade). As únicas diferenças estatisticamente diferentes foram encontradas no GDS para o estado civil, apresentando as pessoas idosas sem companheiro mais sintomas depressivos (p < 0,05).

 

 

TABELA 6

Comparação do Índice de Qualidade Subjetiva do Sono (IQSS), Sintomas depressivos (GDS) e Sentimentos de Solidão (LS-UCLA) entre os Grupos Definidos pelas Variáveis Sociodemográficas

 

 

 

 

IQSS

 

GDS

 

LS-UCLA

 

 

M

DP

 

M

DP

 

M

DP

 

 

Sexo

Masculino

17,97

4,93

 

10,03

5,87

 

27,77

9,26

 

 

Feminino

19,07

5,08

 

11,54

6,51

 

31,06

10,64

 

 

t de Student; p

t = 1,03; p = 0,304

 

t = 1,23, p = 0,220

 

t = 1,14; p = 0,258

 

 

Idade

61-70

17,67

5,65

 

9,96

6,31

 

25,75

5,66

 

 

71-80

19,16

4,57

 

12,05

6,03

 

32,25

11,18

 

 

81-90

18,06

6,28

 

8,79

7,43

 

27,62

9,31

 

 

91-100

17,67

5,65

 

9,96

6,31

 

25,75

5,66

 

 

ANOVA (F); p

F = 0,82; p = 0,444

 

F = 2,02; p = 0,114

 

F = 2,48; p = 0,091

 

 

Estado-civil

S/ companheiro

18,59

4,85

 

11,64

7,04

 

32

11,15

 

 

C/ companheiro

18,88

5,25

 

10,71

5,7

 

28,54

9,35

 

 

t de Student; p

t = 0,30; p = 0,768

 

t = 0,85; p = 0,395

 

t = 1,40; p = 0,167

 

 

Escolaridade

S/ escolaridade

18,5

4,38

 

12

7,09

 

32,9

11,79

 

 

C/ escolaridade

18,27

5,26

 

10,88

6,32

 

29,8

10,13

 

 

t de Student; p

t = 0,13; p = 0,895

 

t = 0,65; p = 0,519

 

t = 0,88; p = 0,384

 

 

Nota. p = nível de significância; ANOVA (F) = Análise de Variância; M = média; DP = Desvio padrão; GDS = Inventário Geriátrico da Depressão; LS-UCLA = Escala de Solidão da Universidade da Califórnia, Los Angeles.

 

 

Na Tabela 7, e em resposta ao último objetivo, exibem-se as correlações entre o Índice de Insónia, o IQSS, o GDS e a LS-UCLA. Verificou-se que o Índice de Insónia se relacionou de forma moderada positiva e estatisticamente significativa com o GDS no grupo dos idosos não-institucionalizados. O IQSS relacionou-se de forma positiva moderada e significativa com o GDS nos dois grupos. Por último, o índice de insónia e o IQSS não se relacionaram com a LS-UCLA em nenhum dos grupos. A subida das correlações do grupo de idosos institucionalizados para o grupo dos não-institucionalizados não se mostrou significativa (-1,96 < Zobs > 1,96).

 

 

 

TABELA 7

Correlações de Pearson (Índice de Insónia, Total do IQSS, GDS e LS-UCLA) por Situação Residencial

 

 

 

 

Institucionalizados

 

Não-institucionalizados

 

 

II

IQSS

GDS

LS-UCLA

II

IQSS

GDS

LS-UCLA

 

 

II

0,0,5

-0,21

0,05

 

0,06

-0,01

0,03

 

 

IQSS

 

0,39**

0,31

 

 

0,35**

0,08

 

 

GDS

 

 

0,58**

 

 

 

0,58**

 

 

LS-UCLA

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Nota. II = Índice de Insónia; IQSS = Índice de Qualidade Subjetiva do Sono; GDS = Inventário Geriátrico da Depressão; LS-UCLA = Escala de Solidão da Universidade da Califórnia, Los Angeles.  ** Correlação significativa no nível de significância de 0,01.

 

 

 

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DISCUSSÃO

O estudo de conceitos como o sono, a solidão e a depressão pode ser desafiador, principalmente em idosos. Alguns resultados desta investigação contrastam, surpreendentemente, com os obtidos por outras pesquisas.

A exceção ocorre ao nível da solidão, tendo-se verificado que os idosos institucionalizados apresentam mais sentimentos de solidão comparativamente com os idosos não-institucionalizados, o que é corroborado por estudos prévios (de Jong Gierveld & Havens, 2004; Stek et al., 2005), podendo este resultado decorrer do menor número de relações de amizade associado à institucionalização (Kim et al., 2009). Em oposição, o estudo de Almeida e Quintão (2012) com idosos portugueses institucionalizados das regiões do Algarve, Alentejo e Grande Lisboa não encontrou diferenças entre os dois grupos ao nível da solidão. No entanto, o seu estudo envolveu somente uma questão neste sentido (“Com que frequência se sente só”), o que pode não refletir o mesmo constructo.

Para além da solidão, e que seja de nosso conhecimento, este é o segundo estudo a mostrar que a intensidade dos sintomas depressivos é semelhante quando se comparam idosos institucionalizados com não-institucionalizados, opondo-se aos resultados de estudos anteriores (Cravello et al., 2011; Plati et al., 2006; Szczerbińska et al., 2012) os quais indicam a presença de sintomatologia ligeira ou grave em idosos institucionalizados. Supunha-se que a necessidade de adaptação a novas regras e rotinas, a quebra de laços e a limitada estimulação implicada na institucionalização (Paúl, 1997) fosse a responsável pelos sintomas depressivos, no entanto podem existir outros aspetos envolvidos. Note-se que o estudo de Almeida e Quintão (2012) mostrou igualmente que os sintomas depressivos não se distinguiam dos registados em idosos residentes na comunidade. Estas autoras concluíram que não seria a institucionalização, mas sim a qualidade do acompanhamento ao idoso a responsável pelos níveis depressivos. De sublinhar que, uma vez que alguns dos estudos do TEIRS mostram que existe associação dos sintomas depressivos com a escolaridade (Goncalves et al., 2012; Pena et al., 2012) e considerando que os nossos dois grupos ficaram emparelhados nesta variável e ambos com nível baixo, removendo o seu efeito, então talvez poder-se-ia deduzir que a depressão não se relaciona com a institucionalização. No entanto, se analisar de novo as investigações acima citadas, verifica-se que no estudo de Plati et al. (2006), os dois grupos foram também emparelhados e que o nível de escolaridade era baixo em ambos [na investigação de Szczerbińska et al. (2012), a escolaridade não é reportada]. Assim, podendo este resultado dever-se a aspetos culturais e sociais portugueses, ele deve ser confirmado em estudos futuros com amostras regionalmente mais amplas.

No que respeita à qualidade do sono medida pelo Questionário Sobre o Sono na Terceira Idade, à semelhança de outra investigação (Araújo & Ceolim, 2010), a prevalência de problemas de sono não é muito alta em qualquer um dos grupos, podendo este resultado decorrer da potencial discrepância entre a perceção da qualidade do sono e a existência real de problemas (Araújo & Ceolim, 2010). Segue-se que, a par com a pesquisa de Garmendia-Leiza et al. (2013) e de Middelkoop et al. (1994), este será um dos poucos estudos a comparar a qualidade do sono entre idosos institucionalizados e idosos residentes na comunidade. Na presente investigação não se verificam diferenças na qualidade de sono entre os dois grupos, por contraste, nas pesquisas de Middelkoop et al. (1994) e de Garmendia-Leiza et al. (2013) foram observadas diferenças, mas na última pesquisa as diferenças circunscreveram-se ao período de fim de semana (explicável pela quebra de rotina). Note-se que a investigação de Garmendia-Leiza et al. (2013) recorreu à medição objetiva do sono. Ora, a utilização de métodos objetivos e subjetivos para a medição do sono poderá conduzir a resultados diferentes. De sublinhar que noutra pesquisa, usando métodos objetivos, não foram encontradas diferenças nos padrões do sono, no entanto na medição subjetiva do sono verificaram-se diferenças entre idosos residentes na sua casa versus residentes em casa dos filhos (Johnson, 1986). Uma possível leitura para a ausência de diferenças na qualidade do sono do nosso estudo pode estar na semelhança de rotinas, sendo reconhecida a sua importância para um sono regular e recuperador (Zisberg, Gur-Yaish, & Shochat, 2010). Por norma, as rotinas são habituais nas instituições, ocorrendo ida mais cedo para a cama do que na residência pessoal (Middelkoop et al., 1994), o que pode não ter acontecido no nosso estudo (aspeto não investigado). Outra explicação está na natureza da amostra. Uma vez que foram removidos idosos da nossa amostra com défice cognitivo e com demência, o que levou consequentemente a uma potencial redução de uma grande variabilidade nos padrões do sono (Johnson, 1986), diminuíram provavelmente o número de pessoas com problemas de sono. Em abono da hipótese da semelhança de rotina, temos o achado da ausência de diferença na questão das sestas. De notar que o número de sestas é apresentado na literatura como mais frequente nas situações de institucionalização (Middelkoop et al., 1994). Por fim, outra explicação destes resultados pode residir no uso de medicação: os dados recolhidos mostraram que não há associação significativa entre a medicação e a situação residencial, não esquecendo, porém, que não se obteve informação de um grande número de pessoas. De futuro, gostaríamos de poder debruçar-nos mais sobre a questão da toma da medicação, equacionando recolher estes dados junto do pessoal de enfermagem, por forma a controlar a influência desta variável nos resultados.

Ainda quanto ao sono, as diferenças encontradas no presente estudo incluem uma maior percentagem de relato de acordar cedo, pesadelos e de atividade física entre idosos não-institucionalizados, suportando os dois primeiros a perceção de uma má qualidade subjetiva de sono por parte destes idosos. Ficam por elucidar estes resultados, podendo vir a ser clarificado em estudos futuros com o uso de medidas objetivas.

Um dos objetivos da presente investigação passou por compreender o papel das variáveis sociodemográficas nas pontuações da amostra global. Verificou-se que somente o estado civil influenciou as pontuações de exclusivamente do GDS. Como mostraram outros estudos do TEIRS (Daniel, Vicente, Guadalupe, Silva, & Santo, 2015; Silva et al., 2015; Vicente et al., 2014), na realidade institucional existe um grande número de pessoas viúvas, mas na investigação presente, devido ao emparelhamento dos grupos, removeu-se o seu papel potencial, e, talvez por isso, não se tenham encontrado diferenças entre idosos institucionalizados e idosos da comunidade a nível da sintomatologia depressiva medida através do GDS.

No que concerne ao estudo correlacional, este revelou somente algumas surpresas. Ao contrário de outras pesquisas (Ancoli-Israel, 2006, 2009; Babar et al., 2000; Cho et al., 2008; Cole & Dendukuri, 2003; Giron et al., 2002), a insónia, determinada por um índice desenvolvido para efeitos do presente estudo, não se relacionou significativamente com os sintomas depressivos em nenhum dos grupos. Tal como supracitado, o facto de haver um número substancial de idosos institucionalizados dos quais não existe informação relativamente à prescrição de fármacos, não nos permite retirar ilações, sugerindo-se que este aspeto seja controlado em pesquisas posteriores. Ainda assim, o emparelhamento das amostras reduziu substancialmente a fonte de variação na sintomatologia, o que poderá justificar o menor número de insones entre os idosos institucionalizados. Outra explicação é a própria natureza do Índice de Insónia que pode impedir a devida análise da relação. De facto, já se verifica uma relação moderada positiva e significativa entre a qualidade subjetiva do sono e os sintomas depressivos nos dois grupos.

Os índices relativos ao sono não se relacionaram com a solidão em nenhum dos grupos, contrariamente a dois estudos (Cacioppo et al., 2002a, 2002b). Mais uma vez, tendo sido removidas algumas fontes de variação dos padrões do sono, particularmente o défice cognitivo (Johnson, 1986), aspeto não controlado nos referidos estudos (Cacioppo et al., 2002a, 2002b), podemos com essa alteração ter mostrado que a solidão não se relaciona com a qualidade ou alterações do sono. Para testar esta hipótese, dever-se-á replicar a análise com idosos com défice e/ou demência.

Finalmente, à semelhança das investigações revistas (Cacioppo et al., 2006; Houtjes et al., 2014; Stek et al., 2005; Vaz & Gaspar, 2011; Zebhauser et al., 2014), verificou-se que a maior intensidade de sintomatologia depressiva se relaciona com mais sentimentos de solidão. A revisão da literatura permite concluir que a relação é bidirecional: sendo a diminuição do interesse ou prazer em quase todas as atividades durante a maior parte dos dias um dos sintomas depressivos, percebe-se que a depressão seja um fator de risco para a solidão (Houtjes et al., 2014) e, inversamente, a solidão é um fator de risco para a depressão (Cacioppo et al., 2006).

As principais limitações do presente estudo já foram apontadas (métodos de avaliação do sono subjetivos, composição da bateria de avaliação utilizada e a ausência de controlo da medicação em todos os participantes), mas há que ter em consideração outros aspetos. Primeiro, a natureza correlacional da análise não permite tirar ilações de natureza causal ou direcional, sendo necessário, para colmatar esta restrição, a realização de pesquisas de natureza prospetiva. Segundo, a amostra desta pesquisa englobou pessoas sem défice/demência e que aceitaram participar voluntariamente, pelo que não se pode generalizar a populações de pessoas idosas com défice/demência e que se recusam a ser avaliadas. A condição de recusa de participação em estudos desta natureza por parte de idosos, pode esconder problemas emocionais, cognitivos ou outros que podem ser origem de variabilidade da qualidade do sono/perturbações do sono. Em terceiro, grupos mais representativos em termos sociodemográficos e clínicos (e para esse feito, de maior dimensão), poderiam ter suportado achados diferentes. Quarto, o apoio nos auto-relatos de idosos é, potencialmente, origem de enviesamentos, pelo que se recomenda o complemento com informação obtida através de entrevistas de diagnóstico relativas a perturbações do sono e à recolha de informação com informantes. Note-se a este respeito, no entanto, que dois instrumentos previamente estudados no TEIRS dirigidos aos informantes se revelaram insatisfatórios em estruturas residenciais de apoio à terceira idade (Gomes, 2012; Reis, 2011). De referir ainda que, a falta de informação diagnóstica impede-nos de concluir taxativamente que os aspetos relacionados com a sintomatologia depressiva não seriam diferentes daqueles que se associariam aos diferentes tipos de depressão. Por fim, será também importante em estudos futuros, em torno dos constructos analisados, existir uma análise/registo das rotinas de idosos institucionalizados e de idosos da comunidade. Este ponto torna-se importante pois, para além de figurar como uma limitação do presente estudo, dificultando a leitura de resultados e com impacto na qualidade do sono, poderão existir alterações no paradigma das rotinas quer nas instituições quer nas residências individuais.

Conclusão

Apesar das limitações referidas, há que destacar que este é o primeiro estudo a comparar a qualidade do sono entre idosos institucionalizados e idosos e idosos residentes na comunidade em Portugal e que muitas variáveis de confusão potencial foram controladas. O estudo fornece evidências de que institucionalização se acompanha de mais sentimentos de solidão, destacando a necessidade de não negligenciar a sua avaliação em pessoas idosas. À avaliação impõe-se, em adição, a possibilidade de mudança por meio de intervenções destinadas a prevenir ou reduzir a solidão em pessoas idosas.

 

Conflito de interesses: nenhum.

Fontes de financiamento: nenhuma.

Agradecimentos: As autoras agradecem aos colegas do projeto que contribuíram para a recolha da amostra entre 2010 e 2015. As autoras gostariam também de agradecer a Diogo Moreira pelo apoio na tradução do Resumo.

 

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REFERÊNCIAS

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PsyM. Elaboração do trabalho, recolha e inserção de dados, análise estatística. Instituto Superior Miguel Torga, Coimbra, Portugal.

PsyM. Elaboração e revisão do texto. Instituto Superior Miguel Torga, Coimbra, Portugal.

PhD. Coordenação do projeto, elaboração do trabalho, análise estatística e revisão do texto. Instituto Superior Miguel Torga, Coimbra, Portugal.

[1] 1.1. Dificuldade em adormecer; 1.2. Acordar muitas vezes durante a noite; 1.3. Acordar muito cedo e não conseguir voltar a adormecer; 1.4. O problema em dormir tem afetado a sua vida; 1.5. Satisfação com o sono.

[2] Apneia do sono, pernas agitadas ou irrequietas, pesadelos, ereção dolorosa (no caso do sexo masculino) ou outra.

[3] Entre os fármacos perturbadores da arquitetura do sono, o avaliador deveria verificar o uso de descongestionantes, beta-agonistas, betabloqueador, cafeínico, antidepressivos ativadores, corticosteroides, diuréticos, antiarrítmicos e estatinas. Entre os perturbadores da vigília diurna, o avaliador deveria informar-se sobre o consumo de anti-histamínicos, antidepressivos sedativos, antipsicóticos (1ª geração), antimuscarínicos, agonistas da dopamina e antiepiléticos.

[4] A questão é explicada da seguinte forma: o idoso revela maior agitação/está mais vigilante durante a noite e dorme sobretudo durante o dia?

[5] Critérios: A) insatisfação com iniciar sono, manter ou acordar precoce; B) sofrimento significativo; C) dificuldades ≥ 3 noites/semana; D) dificuldades permanecem pelos menos 3 meses; E) oportunidades adequadas para dormir; F) outra perturbação do sono-vigília não explica melhor; G) não atribuível a efeitos de substâncias; H) não melhor explicada por doenças mentais ou físicas. A dimensão temporal não entrou para o Índice de Insónia.