Editorial
https://doi.org/10.7342/ismt.rpics.2016.2.2.38
O número 2 do segundo volume da RPICS integra cinco
artigos originais, contando com os trabalhos de autore(a)s
do Instituto Superior Miguel Torga e da Escola Superior de Enfermagem de
Coimbra.
Este número da RPICS caracteriza-se por apresentar
uma diversidade de temáticas, podendo todas elas serem englobadas na área
abrangente da saúde mental. Assim, são apresentados resultados sobre: a
literacia em saúde mental em adolescentes e jovens portugueses; a qualidade subjetiva do sono, sintomas
depressivos, sentimentos de solidão em idosos institucionalizados e não
institucionalizados; e o impacto da idade na memória e no envelhecimento. Outros dois manuscritos expõem um
trabalho estatístico sobre instrumentos de avaliação da população idosa,
nomeadamente a validação da Bateria de
Avaliação Frontal em idosos com Acidente Vascular Cerebral e o estudo das propriedades
psicométricas da versão Torga do Teste Stroop.
O primeiro artigo, “Literacia em saúde mental
acerca da depressão e abuso de álcool de adolescentes e jovens Portugueses”
resultou de um estudo conduzido com uma grande amostra (n = 4938) de adolescentes e jovens
portugueses, tendo como objetivos comparar a sua literacia em saúde mental
(LSM) face à depressão e ao abuso de álcool, assim como analisar o
padrão de respostas em termos de consistência e concordância para ambas as
perturbações. De modo geral,
identificou-se um nível modesto de LSM na maioria das componentes,
destacando-se uma consistência nas componentes conhecimentos e competências para prestar a primeira
ajuda e apoio aos outros e conhecimentos acerca do modo
de prevenção das perturbações mentais (Artigo 1: Loureiro).
No segundo título deste número, “Qualidade subjetiva do sono,
sintomas depressivos, sentimentos de solidão e institucionalização: qual a relação?” descrevem-se e comparam-se duas
amostras de idosos, institucionalizados e não institucionalizados, no que
respeita à qualidade subjetiva e perturbações do sono, à intensidade dos
sintomas depressivos e dos sintomas de solidão. Concluiu-se que a institucionalização é acompanhada de mais
sentimentos de solidão, mas não de sintomas depressivos ou de pior qualidade de
sono, pelo que os autores sugerem o desenvolvimento de programas de intervenção
sobre solidão com idosos institucionalizados (Artigo 2: Napoleão, Monteiro e
Espírito-Santo).
Seguidamente, o manuscrito “Avaliação breve do défice
executivo em idosos com Acidente Vascular Cerebral: Validação da Bateria de
Avaliação Frontal” apresenta os dados normativos, precisão de
diagnóstico, propriedades psicométricas e análise fatorial da Bateria de
Avaliação Frontal (FAB) numa amostra de idosos com AVC. A FAB evidenciou boa
consistência interna, validade convergente e validade de constructo, parecendo
ser uma escala útil para avaliar o défice executivo em pessoas idosas com AVC.
Deste modo, apesar da fraca precisão diagnóstica da FAB, este instrumento
demonstrou propriedades psicométricas promissoras (Artigo 3: Espírito-Santo, Garcia,
Daniel, Monteiro e Carolino).
O quarto artigo, “Memória e envelhecimento:
Qual o real impacto da idade?” analisou o impacto da idade no funcionamento mnésico de 1126 pessoas idosas, controlando o papel de
outras variáveis (sexo, escolaridade, profissão, situação civil, situação
residencial e situação clínica). Foi possível concluir que a idade, a escolaridade e a profissão
influenciaram a memória, bem como ter um companheiro e residir na comunidade,
fatores que podem estimular cognitiva e socialmente (Artigo 4: Espírito-Santo, Pena, Garcia, Pires, Couto e Daniel).
O quinto e último artigo intitula-se “Propriedades psicométricas
da versão Torga do Teste Stroop” e apresenta um estudo psicométrico numa
amostra da população portuguesa (n = 544) de uma nova versão do Teste Stroop
(versão Torga). Esta versão mostrou uma
consistência interna muito boa nas duas provas, assim como adequada
estabilidade temporal e validade convergente. Posto isto, a versão Torga do
Teste Stroop aparenta ser um instrumento apropriado à avaliação
neuropsicológica de adultos portugueses (Artigo 5: Garcia, Pessoa, Pires, Monteiro,
Carolino, Daniel, Lemos e Espírito-Santo).
Em síntese, este número da RPICS engloba
contribuições diversificadas para a área da saúde mental, principalmente no
âmbito do estudo de populações idosas.
ⓘ PhD. Departamento de Investigação
& Desenvolvimento do Instituto Superior Miguel Torga, Coimbra, Portugal.