2017, Vol. 3(2): 42-51
Uma análise das motivações dos voluntários em Associações
Humanitárias de Bombeiros
Artigo Original
Vasco Almeida ⓘ
✉, Fernanda Daniel ⓘ, Henrique
Fernandes ⓘ
https://doi.org/10.7342/ismt.rpics.2017.3.2.61
Recebido 31 julho 2017
Aceite 21 setembro 2017
Objetivos: Identificar
os fatores que motivam bombeiros para o voluntariado e perceber de que forma
características tais como sexo, idade, grau de escolarização, rendimento e anos
de voluntariado, podem influenciar os tipos de motivação.
Metodologia: Participaram
126 bombeiros voluntários de duas Associações Humanitárias, com uma idade média
de 36,06 anos (DP=12,46), a maioria dos participantes pertence ao sexo
masculino (n = 84; 66,7%), é casada (n = 53; 42,1%), tem como
habilitações o ensino secundário (n = 74; 58,7%), 83 (65,9%), aufere um
rendimento mensal compreendido entre os 500€ e os 1000€ e encontra-se há mais
de dez anos na respetiva Associação como voluntário/a (n = 66; 52,4%). Os instrumentos utilizados foram um questionário de
caracterização sociodemográfica e uma escala composta por 17 afirmações
elaborados por Anne Ward e Donal Mckillop (2011).
Resultados: A escala
apresenta boas caraterísticas psicométricas (α = 0,83). É nos “resultados” que obtemos os
valores médios mais elevados e mais baixos - indicador “altruísta - K” (M = 6,27; DP = 1,10) versus “necessidades - Q” (M = 4,23; DP = 2,39). Na
análise das variáveis motivacionais, segundo as características
sociodemográficas, verificamos que os indicadores que apresentam maior número
de diferenças, estatisticamente significativas, são o “egoísta” do “capital
humano” (H), o “altruísta” (K, L, M) e a “necessidade” (O) dos “resultados”.
Discussão e
Conclusões: Os resultados globais do nosso estudo mostram que o altruísmo
é o fator dominante na explicação do comportamento dos bombeiros voluntários,
o que é consistente com investigações anteriores sobre a motivação para o
voluntariado. Todavia, quando desagregamos a análise através das
características dos voluntários, os resultados nem sempre coincidem com aqueles
que se encontram na literatura. O contexto sociocultural e as especificidades
da própria atividade dos bombeiros voluntários podem ser responsáveis pelas
diferenças encontradas. Serão precisos mais estudos comparativos a nível
internacional e que tenham em conta as características específicas da atividade
dos bombeiros voluntários, nomeadamente a questão do risco.
Palavras chave:
Fatores de motivação · Bombeiros voluntários · Portugal
Em 2015, estavam referenciados em Portugal
472 corpos de bombeiros e um total de 28 957 bombeiros. O Continente
apresentava 445 corpos de bombeiros (27 427 bombeiros), a Região Autónoma dos
Açores 17 (886 bombeiros) e a Região Autónoma da Madeira 10 (644 bombeiros).
Refira-se que a maioria dos bombeiros são voluntários, representando 70,7% do
total nacional (INE, 2017).
Uma parte muito significativa das
organizações não lucrativas, como é o caso das Associações Humanitárias de
Bombeiros, debate-se com as questões de recrutamento e retenção dos voluntários
(Ward & McKillop, 2011; Jäger,
Kreutzer, & Beyes, 2009). Em Portugal, um país que tem sido fustigado todos
os anos por um número elevado de incêndios, alguns de consequências trágicas, o
recrutamento e retenção de bombeiros voluntários reveste-se de uma particular
relevância. Vários autores têm chamado a atenção para o facto de que o estudo
do perfil e das motivações dos voluntários poder melhorar significativamente as
estratégias do seu recrutamento e retenção. Por exemplo, o estudo de Andersen (2003) sobre o voluntariado dos estudantes em hospitais
mostra que a ligação que os indivíduos sentem com a organização determina a
opção pela continuação do voluntariado. De forma idêntica, Tidwell (2005), utilizando como suporte teórico a teoria da
identidade social, chega à conclusão que a retenção de voluntários está
associada ao seu vínculo com a organização.
Normalmente, distinguem-se vários tipos de
motivação, muitas vezes associados a modelos microeconómicos de investimento e
de consumo (ver, por exemplo, Ziemek, 2006). A motivação,
segundo o modelo de investimento,
explica a oferta de voluntariado pelo desejo que os indivíduos têm de melhorar
o seu capital humano, seja para ampliarem as possibilidades de emprego, seja
para obterem uma mais valia salarial. O modelo de consumo, por outro lado,
enfatiza a utilidade subjetiva que é retirada pelo prazer de dar e ajudar os
outros. É também comum, na literatura especializada, relacionar os diferentes
tipos ou modelos de motivação com diversas características dos voluntários. De
uma forma geral, alguns atributos dos voluntários, designadamente o sexo, a
idade, o grau de escolarização, o rendimento e os anos de voluntariado, têm
sido relacionados com diferentes tipos de motivação.
Em relação às diferenças segundo o sexo, são
vários os estudos que apontam que as mulheres, em relação aos homens, são mais
motivadas para o voluntariado por razões altruístas (Eckel
& Grossman, 2008; Themudo, 2006; Wilson, 2000). Por outro lado, as principais motivações para
o voluntariado nos homens residem nas razões sociais (Madaran
& Caterrall, 2000) e no interesse próprio (Ziemek,
2006). Porém, os resultados são, por vezes, bastante ambíguos. Por exemplo,
Andreoni e Vesterlund (2001) defendem que a questão
sobre quem é “o sexo mais generoso” não tem uma resposta fácil. Os resultados
investigação destes autores, baseados na teoria dos jogos, salientam que o
altruísmo depende do tipo de voluntariado. Quando o altruísmo envolve custos
mais elevados, as mulheres são mais generosas, mas quando implica custos mais
baixos os homens tendem a ser mais altruístas. Para outros autores, a cultura
institucional e o papel das mulheres na sociedade são elementos determinantes
na configuração das preferências e das tendências altruístas (Gneezy,
Leonard, & List, 2009; Gong, Yan, & Yang, 2014).
Assim, o padrão frequentemente encontrado nos estudos norte-americanos
caracterizado por um maior altruísmo das mulheres, não pode ser universalizado
para todo o tipo de sociedades. Na verdade, os autores mostram que, em
determinadas sociedades de características matriarcais, as mulheres parecem ser
mais guiadas pelo interesse próprio e menos pelo altruísmo.
É também avançado por vários autores que a
idade é um fator diferenciador no tipo de motivação para o voluntariado. Ziemek
(2006) e Peterson (2004) mostram
que os jovens tendem a apresentar motivações mais ligadas a um modelo de
investimento pessoal, isto é, veem no voluntariado uma forma de elevar o seu
capital humano e as suas perspetivas de empregabilidade. De forma idêntica,
Nichols e Raltson (2016) concluem, num estudo sobre o
voluntariado nos Jogos Olímpicos de 2012, em Londres, que os voluntários de
escalões etários mais elevados tendem a expressar valores altruístas, enquanto
as camadas etárias mais jovens são maioritariamente motivadas pela perspetiva
de melhorar a sua empregabilidade. Todavia, esta dicotomia torna-se mais
esbatida quando os autores combinam a análise quantitativa com métodos qualitativos,
demonstrando que os voluntários de maior idade podem também ser motivados pelo
interesse próprio. Okun e Schuktz (2003), mostram que a
relação entre a idade, os valores e as razões sociais que motivam voluntariado
está longe de ser linear, o que contraria uma boa parte dos estudos sobre o
voluntariado.
O nível de escolarização também é uma das
variáveis apontadas como influenciadora do tipo de motivação que explicam as
atividades de voluntariado. As hipóteses adiantadas na literatura sustentam que
os fatores determinantes para o voluntariado nos grupos sociais com níveis mais
baixos de escolarização estão ligados à vontade de ganhar experiência
educacional e prática, elevando dessa forma o seu perfil na comunidade (Clary, Snyder, & Stukas, 1996). Por sua vez, os
indivíduos com níveis de escolarização mais elevados estão dominantemente
motivados por razões altruístas (Ward & McKillop, 2011;
Wilson, 2000).
Alguns estudos sobre a relação entre o nível
de rendimento e a motivação para o voluntariado têm mostrado que existe uma
correlação positiva entre aquelas duas variáveis. Desta forma, indivíduos que
auferem rendimentos mais elevados encontram-se, globalmente, mais motivados
para dedicarem algum do seu tempo às atividades de voluntariado do que aqueles
que se situam nos escalões de rendimento mais baixo (Detollenaere, Baert, & Willems, 2017).
Porém, escasseiam as investigações sobre a relação entre os diferentes tipos de
motivação para o voluntariado e os níveis de rendimento. As referências que
existem sobre esta relação apontam no sentido de que os escalões mais baixos de
rendimento tendem a voluntariar-se para elevar o seu nível de capital humano e,
assim, aumentarem as possibilidades de obtenção de uma mais valia salarial,
enquanto as razões que explicam as atividades de voluntariado das classes de
rendimentos mais elevado estão, sobretudo, ligadas a razões altruístas e às
necessidades de interação social. No entanto, uma vez mais os resultados
empíricos são, por vezes, ambíguos e aquelas relações nem sempre são lineares (Hackl, Halla, & Pruckner, 2007).
A relação entre o tempo de permanência na
organização e as determinantes do voluntariado é, igualmente, um dos temas
abordados na literatura sobre o voluntariado. Os resultados encontrados em
diferentes estudos apontam para a distinção entre dois tipos de voluntários: os
iniciantes e os experientes. É sugerido que os motivos que justificam a oferta de
trabalho voluntário evoluem ao longo do tempo (Thomas &
Finch, 1990; Tschirhart, Mesh, Miller, & Lee,
2001), defendendo-se que os voluntários de longo prazo são mais motivados
pelo altruísmo, enquanto os voluntários que estão há menos tempo na organização
são mais estimulados pelas possibilidades de elevar o seu nível de capital
humano e pelo desejo de desenvolverem as suas interações sociais (Ward & McKillop, 2011).
O nosso estudo centra-se neste debate e tem
como objetivo perceber, em primeiro lugar, quais os fatores que, de uma forma
geral, motivam os bombeiros para o voluntariado e, em segundo lugar, perceber
de que forma as características dos voluntários, nomeadamente no que dizem
respeito ao sexo, idade, grau de escolarização, rendimento e anos de
voluntariado, podem estar relacionadas com os diferentes tipos de motivação.
Como a motivação é um constructo complexo e
difícil de entender na sua totalidade, seguimos no nosso estudo a proposta
apresentada por Ward e Mckilop (2011). Estes autores
utilizam um paradigma simplificado que utiliza um número relativamente reduzido
de fatores chave na motivação, identificados na literatura, assumindo-se que
explicam uma larga proporção das atividades de voluntariado. São assim
identificados 17 fatores de motivação, mais à frente descritos (Tabela
1), agrupados em três tipos de motivação: a motivação pelo ato do
voluntariado, a motivação pelos resultados do voluntariado (onde se inclui o
altruísmo) e a motivação para melhorar o capital humano.
Participantes
Participaram na pesquisa os corpos ativos de duas associações de
bombeiros voluntários (n = 126).
Apresentam uma idade média de 36,06 anos (DP = 12,46), a maioria dos
participantes pertence ao sexo masculino (n = 84; 66,7%), é casada (n
= 53; 42,1%), tem como habilitações o ensino secundário (n = 74; 58,7%),
83 (65,9%) aufere um rendimento mensal compreendido entre os 500€ e os 1000€ e
encontra-se há mais de dez anos na associação respetiva como voluntários (n = 66; 52,4%) (Tabela 1).
|
TABELA 1 Caracterização Sociodemográfica |
|
|||
|
|
M(DP) |
|
||
|
Idade |
36,06 (12,46) |
|
||
|
n |
% |
|
||
|
Sexo |
Masculino
|
84 |
66,7 |
|
|
Feminino |
41 |
32,5 |
|
|
|
Não respondeu |
1 |
0,8 |
|
|
|
Estado Civil |
Solteiro(a) |
53 |
42,1 |
|
|
Casado(a)/união de facto |
55 |
43,7 |
|
|
|
Divorciado(a) |
15 |
11,9 |
|
|
|
Viúvo(a) |
3 |
2,4 |
|
|
|
Escolaridade |
Ensino básico |
38 |
30,2 |
|
|
Ensino secundário |
74 |
58,7 |
|
|
|
Ensino superior (1.º e 2.º ciclo) |
13 |
10,4 |
|
|
|
Não responde |
1 |
0,8 |
|
|
|
Rendimento Líquido Mensal |
Entre 500-1000€ |
83 |
65,9 |
|
|
Entre 1000-1500€ |
15 |
11,9 |
|
|
|
Entre 1500-2500€ |
4 |
3,2 |
|
|
|
Mais de 2500 |
1 |
0,8 |
|
|
|
Não responde (inclui 1 desempregado e 7 estudantes) |
23 |
18,3 |
|
|
|
Tempo na instituição |
< 2 anos |
12 |
9,5 |
|
|
2-10 anos |
48 |
38,1 |
|
|
|
>10 anos |
66 |
52,4 |
|
|
|
Nota. n = Frequência; M
= Média; DP = Desvio-padrão; % = Percentagem. |
|
Instrumento
Os dados foram
recolhidos através do questionário, elaborado por Anne Ward e Donal Mckillop (2011), que avalia a motivação para o voluntariado (Quadro 1). Possui 17 afirmações pontuadas numa escala de
Likert de 7 pontos cujo ponto mínimo é 1 (discordo totalmente) e o ponto máximo
é 7 (concordo totalmente). O questionário encontra-se dividido em três tipos de
motivação: “agir”, “capital humano” e “resultados”. A dimensão “agir” (A, B, C,
D, E e F) apresenta três indicadores/áreas “prazer” (A, C e D), “interesse” (B)
e “interação social” (E e F). O “capital humano” é medido através de três itens
(G, H e I) referente a dois indicadores/áreas “egoísta no plano material” (G e
I) e “egoísta” (H). Por último, os “resultados” (J, K, L, M, N, O, P e Q)
medido através de três indicadores/áreas “altruísta” (J, K, L e M),
“necessidade” (N e O) e “dever moral” (P e Q).
No nosso estudo,
o questionário obteve bons valores de consistência interna (α/Total dos itens = 0,83; “Agir” = 0,74; “Capital Humano” =
0,60 e “Resultados” = 0,70).
|
QUADRO 1 Tipos de Motivação no Voluntariado |
|
||
|
Itens
|
Tipos de motivação
|
|
|
|
A.
Sinto-me satisfeito a fazer voluntariado. |
Agir (prazer) |
|
|
|
|
B.
Faço voluntariado porque é interessante. |
Agir (prazer)
|
|
|
|
C.
Fico feliz com as ações de voluntariado. |
Agir (prazer)
|
|
|
|
D. Faço voluntariado
porque gosto de estar ocupado. |
Agir (prazer)
|
|
|
|
E. Faço voluntariado
porque gosto de conhecer pessoas e da interação social. |
Agir (social)
|
|
|
|
F. Voluntario-me
porque conheço os outros voluntários. |
Agir (social)
|
|
|
|
G.
Ganho uma experiência educacional/cultural. |
Capital humano (material-egoísta)
|
|
|
|
H. Ao voluntariar-me
melhoro a minha imagem para com a comunidade. |
Capital humano (egoísta)
|
|
|
|
I. Voluntario-me
porque estou a ganhar experiência prática para um emprego pago no futuro. |
Capital humano (material-egoísta)
|
|
|
|
J.
Estou a fazer algo útil. |
Resultados/Saída
(altruísta) |
|
|
|
K. É uma grande
oportunidade para ajudar quem mais precisa na comunidade. |
Resultados/Saída
(altruísta) |
|
|
|
L.
Estou a contribuir para uma sociedade melhor. |
Resultados/Saída
(altruísta) |
|
|
|
M. Voluntario-me porque
estou a contribuir para o futuro da empresa/organização. |
Resultados/Saída
(altruísta) |
|
|
|
N. Faço voluntariado
porque a empresa/organização teria dificuldade em arranjar outros
voluntários. |
Resultados/Saída
(necessidade) |
|
|
|
O. Voluntario-me porque
a empresa/organização beneficia com a minha experiência. |
Resultados/Saída
(necessidade) |
|
|
|
P. Faco voluntariado
porque já o fiz no passado ou a minha família o fez. |
Resultados/Saída
(dever moral) |
|
|
|
Q. Faço voluntariado
porque a minha família / amigos esperam isso de mim. |
Resultados/Saída
(dever moral) |
|
|
Nota. Baseado
em Ward e Mckillop
(2011). |
|
Análise estatística
Na análise dos
dados foi utilizado o Statistical Package
for the Social Sciences (IBM-SPSS), versão 24. Calculámos medidas de
estatísticas descritivas nomeadamente medidas de tendência central a par das
medidas de dispersão. Os testes não paramétricos Kruskal-Wallis e o U de Mann-Whitney foram utilizados para
determinar diferenças. Usou-se o nível de significância de 0,05.
Como se pode observar, na Tabela
2, é nos “Resultados” que obtemos os valores médios simultaneamente mais elevados
e mais baixos. O item K – “É uma grande oportunidade para ajudar quem mais
precisa na comunidade”, relativo ao indicador/área “altruísta”, obtém a média
superior (M = 6,27; DP = 1,10) enquanto o item Q – “Faço
voluntariado porque a minha família / amigos esperam isso de mim”,
indicador/área relativo ao “dever moral”, obtém a média mais baixa (M =
4,23; DP = 2,39).
|
TABELA 2 Medidas de Tendência Central e de Dispersão dos
Itens da Escala |
|
|||||||||||||||||||
|
|
Agir |
|
Capital Humano |
|
Resultados |
|
||||||||||||||
|
|
A |
B |
C |
D |
E |
F |
|
G |
H |
I |
|
J |
K |
L |
M |
N |
O |
P |
Q |
|
|
Ordem |
4 |
6 |
2,5 |
10 |
9 |
12 |
|
7 |
9 |
16 |
|
5 |
1 |
2,5 |
8 |
13 |
11 |
14 |
15 |
|
|
M |
6,18 |
5,90 |
6,22 |
5,12 |
5,51 |
4,94 |
|
5,87 |
5,19 |
4,21 |
|
6,10 |
6,27 |
6,22 |
5,54 |
4,58 |
5,06 |
4,56 |
4,23 |
|
|
Md |
7 |
6 |
7 |
6 |
6 |
5 |
|
6 |
6 |
4 |
|
6 |
7 |
7 |
6 |
5 |
6 |
5 |
5 |
|
|
DP |
1,17 |
1,28 |
1,07 |
1,86 |
1,57 |
1,84 |
|
1,27 |
1,85 |
2,21 |
|
1,15 |
1,10 |
0,97 |
1,59 |
2,07 |
1,85 |
2,12 |
2,39 |
|
|
R |
6 |
6 |
6 |
6 |
6 |
6 |
|
6 |
6 |
6 |
|
6 |
6 |
4 |
6 |
6 |
6 |
6 |
6 |
|
|
Min-Max |
1
- 7 |
1
- 7 |
1
- 7 |
1
- 7 |
1
- 7 |
1
- 7 |
|
— |
1
- 7 |
1
- 7 |
|
1
- 7 |
— |
1
- 7 |
1
- 7 |
3
- 7 |
1
- 7 |
1
- 7 |
1
- 7 |
|
|
% (5 - 7)* |
93,6 |
89,5 |
94,3 |
74,2 |
80 |
68 |
|
86,4 |
72,8 |
58,4 |
|
92 |
93,6 |
92 |
80 |
61,6 |
71,8 |
61,3 |
69,6 |
|
|
Nota. *
percentagem de respostas obtidas nos pontos 5, 6 e 7 da escala de Likert de
7 pontos em que o ponto mínimo é 1 (discordo totalmente)
e o ponto máximo é de 7 (concordo totalmente). Cores
relativas às dimensões/áreas: Ato/agir → azul = prazer, amarelo = interesse, verde = social; Capital Humano → amarelo = material-egoísta, verde = egoísta; Resultados → verde = altruísta, amarelo = necessidade e azul
= dever moral. |
|
A Tabela 3 apresenta as
pontuações obtidas nos itens relativos à motivação para o voluntariado, segundo
o sexo. É nos itens relativos ao “capital humano” e aos “resultados” que se
observam diferenças estatisticamente significativas, quando comparamos os
efetivos do sexo masculino com os do sexo feminino nos corpos de bombeiros. O
teste Mann-Whitney revela diferenças estatisticamente significativas entre os
elementos do sexo masculino (Md = 6; n = 83) e do sexo feminino (Md
= 5; n = 41) no item “H - Ao voluntariar-me melhoro a minha imagem para
com a comunidade”, indicador “egoísta” do “capital humano”, U = 1280,00;
z = –2,302; p = 0,021. São, igualmente, reportadas diferenças
estatisticamente significativas, nos itens “L – Estou a contribuir para uma
sociedade melhor” e “M – Voluntario-me porque estou a contribuir para o futuro da
empresa/organização”, indicadores “altruístas” dos “resultados” quando
comparamos os elementos do sexo masculino (Md = 7; n = 83 – L; Md
= 6, n = 83 – M) com os elementos do sexo feminino (Md = 6; n
= 41 – L; Md = 5; n = 41 –
M), U = 1291,50, z = –2.376, p = 0,018 e U =
1138,50; z = –3,101, p = 0,002, respetivamente. No item “O –
Voluntario-me porque a empresa/organização beneficia com a minha experiência”,
indicador “necessidade” dos “resultados” são igualmente detetadas diferenças
estaticamente significativas entre os elementos do sexo masculino (Md =
6; n = 83) e do sexo feminino (Md = 5; n = 41); U =
1253,00; z = –2,351; p = 0,019.
|
TABELA 3 Medidas de Tendência Central, de Dispersão e de
Comparação de Grupos (U de Mann Whitney) na Motivação para o Voluntariado
Consoante o Sexo |
|
|||||||||||||||||||||
|
|
|
Agir |
|
Capital Humano |
|
Resultados |
|
|||||||||||||||
|
Sexo |
A |
B |
C |
D |
E |
F |
|
G |
H |
I |
|
J |
K |
L |
M |
N |
O |
P |
Q |
|
||
|
Masc. ① |
M |
6,22 |
5,85 |
6,28 |
5,02 |
5,45 |
4,98 |
|
5,98 |
5,47 |
4,17 |
|
6,19 |
6,37 |
6,42 |
5,83 |
4,69 |
5,26 |
4,73 |
4,35 |
|
|
|
Md |
7 |
6 |
7 |
6 |
6 |
5 |
|
6 |
6 |
4 |
|
7 |
7 |
7 |
6 |
5 |
6 |
5 |
5 |
|
||
|
DP |
1,20 |
1,40 |
1,05 |
1,96 |
1,70 |
1,93 |
|
1,22 |
1,71 |
2,29 |
|
1,08 |
1,03 |
0,74 |
1,49 |
2,14 |
1,90 |
2,13 |
2,35 |
|
||
|
R |
6 |
6 |
6 |
6 |
6 |
6 |
|
6 |
6 |
6 |
|
6 |
6 |
3 |
6 |
6 |
6 |
6 |
6 |
|
||
|
Fem. ② |
M |
6,10 |
6,00 |
6,08 |
5,32 |
5,61 |
4,83 |
|
5,63 |
4,66 |
4,37 |
|
5,88 |
6,05 |
5,85 |
5,00 |
4,37 |
4,66 |
4,24 |
4,07 |
|
|
|
Md |
6 |
6 |
6,5 |
6 |
6 |
5 |
|
6 |
5 |
5 |
|
6 |
6 |
6 |
5 |
5 |
5 |
5 |
5 |
|
||
|
DP |
1,14 |
1,05 |
1,12 |
1,67 |
1,30 |
1,69 |
|
1,36 |
2,03 |
2,02 |
|
1,25 |
1,20 |
1,22 |
1,67 |
1,97 |
1,74 |
2,10 |
2,46 |
|
||
|
R |
4 |
4 |
4 |
6 |
5 |
6 |
|
5 |
6 |
6 |
|
5 |
4 |
6 |
6 |
6 |
6 |
6 |
6 |
|
||
|
①
vs. ② |
|
+ |
- |
+ |
- |
- |
+ |
|
+ |
+* |
- |
|
+ |
+ |
+* |
+* |
+ |
+* |
+ |
+ |
|
|
|
Nota. Masc. = Sexo
masculino; Fem. = Feminino. Cores relativas às
dimensões/áreas: Ato/agir → azul = prazer, amarelo = interesse, verde = social; Capital Humano → amarelo = material-egoísta, verde = egoísta; Resultados → verde = altruísta, amarelo = necessidade e azul
= dever moral. |
|
|||||||||||||||||||||
A Tabela 4 apresenta as
pontuações obtidas nos itens relativos à motivação para o voluntariado segundo
as idades, em classes. Nos itens “G – Ganho uma experiência cultural” –
indicador “material-egoísta” do “capital humano” e “N – Faço voluntariado
porque a empresa/organização teria dificuldade em arranjar outros voluntários”,
indicador “necessidade” dos “resultados” obtemos diferenças estatisticamente
significativas, quando comparamos as pontuações desses itens, consoante as
classes etárias. O teste Kruskal-Wallis revela diferenças estatisticamente
significativas nas pontuações do item “G – Ganho uma experiência cultural”
indicador “material-egoísta” do “capital humano”, consoante as classes etárias
(Gp1, n = 80: < 40 anos; Gp2, n = 40: 40–59 anos; Gp3, n
= 5: 60+ anos), χ2(2, n = 125) = 7,41, p =
0,025. As diferenças, no caso do item “G – Ganho uma experiência
educacional/cultural”, são constatadas nas pontuações entre o Gp1 (< 40
anos) e o Gp2 (40-59 anos) (Md = 6 vs. Md = 7), U =
1178,00; z = –2,477; p = 0,013. Já no item “N – Faço voluntariado
porque a empresa/organização teria dificuldade em arranjar outros voluntários”,
indicador “necessidade” dos “resultados”, verificamos diferenças
estatisticamente significativas, χ2(2, n = 125) = 6,68, p =
0,035. As diferenças, estaticamente significativas, são obtidas quando
comparamos as pontuações dos bombeiros com idades mais baixas Gp1 (< 40
anos) e os bombeiros com idades mais elevadas Gp3 (60+ anos) (Md = 5 vs.
Md = 6), U = 82,00; z = –2,240; p = 0,025.
|
TABELA 4 Medidas de Tendência Central, de Dispersão e de
Comparação de Grupos (Kruskal-Wallis e U de Mann Whitney) na Motivação para o
Voluntariado Consoante a Idade |
|
|||||||||||||||||||||
|
|
|
Agir |
|
Capital Humano |
|
Resultados |
|
|||||||||||||||
|
Idade |
A |
B |
C |
D |
E |
F |
|
G |
H |
I |
|
J |
K |
L |
M |
N |
O |
P |
Q |
|
||
|
< 40 ① |
M |
6,33 |
6,01 |
6,35 |
5,10 |
5,69 |
4,75 |
|
5,70 |
5,00 |
3,91 |
|
6,13 |
6,33 |
6,19 |
5,44 |
4,34 |
4,94 |
4,38 |
3,91 |
|
|
|
Md |
7 |
6 |
7 |
6 |
6 |
5 |
|
6 |
5 |
4 |
|
7 |
7 |
7 |
6 |
5 |
5 |
5 |
4 |
|
||
|
DP |
0,88 |
1,04 |
0,92 |
1,83 |
1,42 |
1,85 |
|
1,32 |
1,99 |
2,14 |
|
1,11 |
1,06 |
1,04 |
1,65 |
2,02 |
1,89 |
2,11 |
2,39 |
|
||
|
R |
4 |
4 |
4 |
6 |
6 |
6 |
|
5 |
6 |
6 |
|
6 |
5 |
4 |
6 |
6 |
6 |
6 |
6 |
|
||
|
40-59 ② |
M |
6,03 |
5,73 |
6,08 |
5,08 |
5,15 |
5,20 |
|
6,33 |
5,55 |
4,68 |
|
6,10 |
6,20 |
6,30 |
5,75 |
4,85 |
5,28 |
4,85 |
4,80 |
|
|
|
Md |
7 |
6 |
7 |
6 |
6 |
6 |
|
7 |
6 |
6 |
|
7 |
7 |
7 |
6 |
6 |
6 |
6 |
6 |
|
||
|
DP |
1,56 |
1,68 |
1,25 |
2,02 |
1,83 |
1,88 |
|
0,86 |
1,58 |
2,36 |
|
1,26 |
1,22 |
0,85 |
1,56 |
2,20 |
1,88 |
2,11 |
2,34 |
|
||
|
R |
6 |
6 |
6 |
6 |
6 |
6 |
|
3 |
6 |
6 |
|
6 |
6 |
3 |
6 |
6 |
6 |
6 |
6 |
|
||
|
60 + ③ |
M |
5,20 |
5,60 |
5,40 |
5,80 |
5,60 |
5,80 |
|
5,00 |
5,40 |
5,20 |
|
5,60 |
6,00 |
6,00 |
5,60 |
6,20 |
5,40 |
5,00 |
4,80 |
|
|
|
Md |
6 |
6 |
6 |
6 |
6 |
6 |
|
6 |
6 |
5 |
|
6 |
6 |
6 |
6 |
6 |
5 |
6 |
6 |
|
||
|
DP |
1,30 |
1,14 |
1,34 |
1,10 |
1,52 |
0,84 |
|
2,24 |
0,89 |
1,30 |
|
0,89 |
0,00 |
0,71 |
0,55 |
0,45 |
0,55 |
2,35 |
2,17 |
|
||
|
R |
3 |
3 |
3 |
3 |
4 |
2 |
|
5 |
2 |
3 |
|
2 |
0 |
2 |
1 |
1 |
1 |
6 |
5 |
|
||
|
① vs. ② |
+ |
+ |
+ |
+ |
+ |
- |
|
-* |
- |
+ |
|
- |
+ |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
|
||
|
① vs. ③ |
+ |
+ |
- |
- |
- |
- |
|
+ |
- |
+ |
|
+ |
+ |
+ |
- |
-* |
+ |
+ |
- |
|
||
|
② vs. ③ |
+ |
+ |
+ |
- |
- |
- |
|
+ |
+ |
+ |
|
+ |
+ |
+ |
+ |
- |
- |
- |
= |
|
||
|
Nota. Idades
inferiores a 40 anos = ① < 40; idades compreendidas entre 40-59 anos = ② 40-59; idades superiores a 60 anos = 60+ ③. Cores relativas às dimensões/áreas: Ato/agir → azul = prazer, amarelo = interesse, verde = social; Capital Humano → amarelo = material-egoísta, verde = egoísta; Resultados → verde = altruísta, amarelo = necessidade e azul
= dever moral. |
|
|||||||||||||||||||||
Na Tabela 5 constam as pontuações dos diferentes itens consoante
a escolaridade. Existem diferenças em dois itens, o “A - Sinto-me satisfeito a
fazer voluntariado” e o “H - Ao voluntariar-me melhoro a minha imagem para com a
comunidade”. A pontuação do item “A - Sinto-me satisfeito a fazer
voluntariado”, relativo ao indicador “prazer” do “Agir” apresenta, segundo o
teste Kruskal-Wallis, diferenças estatisticamente significativas, consoante o
nível de escolaridade (Gp1, n = 37: básica; Gp2, n = 74:
secundária; Gp3, n = 13: 1.º 2.º ciclo), χ2(2, n = 125) = 7,72, p =
0,021. As diferenças, no caso do item “A – Sinto-me satisfeito a fazer
voluntariado”, são constatadas nas pontuações entre o Gp1 (básico) e o Gp2
(secundário) (Md = 6 vs. Md = 7), U = 964,00; z =
–2,781; p = 0,005. Relativamente ao item “H – Ao voluntariar-me melhoro
a minha imagem para com a comunidade”, indicador “egoísta” do “capital humano”,
este apresenta igualmente diferenças estatisticamente significativas consoante
o nível de escolaridade (Gp1, n = 37: básica; Gp2, n = 74:
secundária; Gp3, n = 13: 1.º 2.º ciclo), χ2(2, n = 125)
= 6,39; p = 0,041. As diferenças, no caso do item “H - Ao voluntariar-me
melhoro a minha imagem para com a comunidade”, são constatadas nas pontuações
entre o Gp1 (básico) e o Gp3 (1.º e 2.º ciclo) (Md = 6 vs. Md =
5), U = 138,00; z = –2,339, p = 0,019.
|
TABELA 5 Medidas de Tendência Central, de Dispersão e de
Comparação de Grupos (Kruskal-Wallis e U de Mann Whitney) na Motivação para o
Voluntariado Consoante o Nível de Escolaridade |
|
|||||||||||||||||||||
|
|
|
Agir |
|
Capital Humano |
|
Resultados |
|
|||||||||||||||
|
Escolaridade |
A |
B |
C |
D |
E |
F |
|
G |
H |
I |
|
J |
K |
L |
M |
N |
O |
P |
Q |
|
||
|
Básica ① |
M |
5,73 |
5,57 |
6,05 |
5,27 |
5,35 |
5,16 |
|
6,05 |
5,76 |
4,51 |
|
6,00 |
6,27 |
6,41 |
5,89 |
4,86 |
5,41 |
4,78 |
4,81 |
|
|
|
Md |
6 |
6 |
6 |
6 |
6 |
5 |
|
6 |
6 |
5 |
|
6 |
7 |
7 |
6 |
5 |
6 |
6 |
6 |
|
||
|
DP |
1,54 |
1,69 |
1,35 |
1,84 |
1,74 |
1,74 |
|
1,20 |
1,52 |
2,13 |
|
1,22 |
1,12 |
0,76 |
1,24 |
2,08 |
1,71 |
2,11 |
2,32 |
|
||
|
R |
6 |
6 |
6 |
6 |
6 |
6 |
|
6 |
6 |
6 |
|
6 |
6 |
3 |
6 |
6 |
6 |
6 |
6 |
|
||
|
Sec. ② |
M |
6,41 |
6,07 |
6,32 |
5,03 |
5,70 |
4,85 |
|
5,91 |
5,07 |
4,01 |
|
6,26 |
6,39 |
6,23 |
5,51 |
4,32 |
4,88 |
4,47 |
3,88 |
|
|
|
Md |
7 |
6 |
7 |
6 |
6 |
5 |
|
6 |
5 |
4 |
|
7 |
7 |
7 |
6 |
5 |
6 |
5 |
4 |
|
||
|
DP |
0,94 |
1,07 |
0,92 |
1,95 |
1,33 |
1,89 |
|
1,14 |
1,90 |
2,17 |
|
0,94 |
0,86 |
0,96 |
1,64 |
2,13 |
1,97 |
2,12 |
2,38 |
|
||
|
R |
4 |
5 |
3 |
6 |
6 |
6 |
|
4 |
6 |
6 |
|
3 |
3 |
3 |
6 |
6 |
6 |
6 |
6 |
|
||
|
1º e 2º ③ |
M |
6,31 |
6,00 |
6,15 |
5,15 |
4,77 |
4,62 |
|
5,15 |
4,31 |
4,38 |
|
5,46 |
5,62 |
5,69 |
4,77 |
5,08 |
5,15 |
4,31 |
4,54 |
|
|
|
Md |
7 |
6 |
7 |
5 |
5 |
5 |
|
6 |
5 |
6 |
|
6 |
7 |
6 |
4 |
6 |
5 |
5 |
6 |
|
||
|
DP |
0,85 |
0,91 |
0,99 |
1,52 |
2,17 |
1,85 |
|
1,95 |
2,10 |
2,75 |
|
1,76 |
1,89 |
1,38 |
2,05 |
1,61 |
1,57 |
2,29 |
2,54 |
|
||
|
R |
2 |
3 |
2 |
6 |
6 |
5 |
|
5 |
6 |
6 |
|
6 |
5 |
4 |
6 |
5 |
5 |
6 |
6 |
|
||
|
① vs. ② |
– * |
– |
– |
+ |
– |
+ |
|
+ |
+ |
+ |
|
– |
– |
+ |
+ |
+ |
+ |
+ |
+ |
|
||
|
① vs. ③ |
– |
– |
– |
+ |
+ |
+ |
|
+ |
+* |
+ |
|
+ |
+ |
+ |
+ |
– |
+ |
+ |
+ |
|
||
|
② vs. ③ |
+ |
+ |
+ |
– |
+ |
+ |
|
+ |
+ |
– |
|
+ |
+ |
+ |
+ |
– |
– |
+ |
– |
|
||
|
Nota. Escolaridade
básica = Básica ①; Secundária = Sec. ②; Primeiro e segundo ciclos = 1º e 2º ③. Cores relativas às
dimensões/áreas: Ato/agir → azul = prazer, amarelo = interesse, verde = social; Capital Humano → amarelo = material-egoísta, verde = egoísta; Resultados → verde = altruísta, amarelo = necessidade e azul
= dever moral. |
|
|||||||||||||||||||||
A Tabela 6 apresenta
as pontuações dos diferentes itens consoante o rendimento. Segundo o teste
Kruskal-Wallis existem diferenças estatisticamente significativas, nas
pontuações dos itens “J - Estou a fazer algo útil”, “K – É uma grande
oportunidade para ajudar quem mais precisa na comunidade” e “M – Voluntario-me
porque estou a contribuir para o futuro da empresa/organização”, relativas ao
indicador “egoísta” dos “resultados” consoante o rendimento (Gp1, n =
82: 500-1000; Gp2, n = 15: 1000-1500, Gp3, n = 4: l500-2500) χ2(2, n = 126) = 6,272; p =
0,043, χ2(2, n = 126) = 9,750; p = 0,008 e χ2(2, n = 126) = 8,808; p =
0,012, respetivamente. As diferenças, no caso do item “J – Estou a fazer algo
útil”, são constatadas nas pontuações entre o Gp1 (500-1000) e o Gp3
(1500-2500) (Md = 7 vs. Md
= 5), U = 59,00; z = –2,328, p = 0,020. No item “K – É uma
grande oportunidade para ajudar quem mais precisa na comunidade”, são
constatadas diferenças nas pontuações tanto entre o Gp1 (500-1000) e o Gp3
(1500-2500) (Md = 7 vs. Md = 4), U = 27,00; z =
–3,133, p = 0,002, como entre o Gp2 (1000-1500) e o Gp3 (1500-2500) (Md
= 7 vs. Md = 4), U = 8,00; z = –2,310; p = 0,021.
No que concerne ao item “M – Voluntario-me porque estou a contribuir para o
futuro da empresa/organização”, são constatadas diferenças nas pontuações entre
o Gp1 (500-1000) e o Gp3 (1500-2500) (Md = 6 vs. Md = 4), U
= 30,50; z = –2,858; p = 0,004 como entre o Gp2 (1000-1500) e o
Gp3 (1500-2500) (Md = 6 vs. Md = 4), U = 8,50; z =
–2,243; p = 0,025.
|
TABELA 6 Medidas de Tendência Central, de Dispersão e de
Comparação de Grupos (Kruskal-Wallis e U de Mann Whitney) na Motivação para o
Voluntariado Consoante o Rendimento |
|
|||||||||||||||||||||
|
|
|
Agir |
|
Capital Humano |
|
Resultados |
|
|||||||||||||||
|
Rendimento |
A |
B |
C |
D |
E |
F |
|
G |
H |
I |
|
J |
K |
L |
M |
N |
O |
P |
Q |
|
||
|
500-1000 ① |
M |
6,18 |
5,86 |
6,14 |
5,20 |
5,62 |
5,09 |
|
5,94 |
5,46 |
4,38 |
|
6,17 |
6,37 |
6,22 |
5,80 |
4,60 |
5,25 |
4,52 |
4,29 |
|
|
|
Md |
7,0 |
6,0 |
6,0 |
6,0 |
6,0 |
5,0 |
|
6,0 |
6,0 |
5,0 |
|
7,0 |
7,0 |
6,5 |
6,0 |
5,0 |
6,0 |
5,0 |
5,0 |
|
||
|
DP |
1,17 |
1,31 |
1,12 |
1,79 |
1,51 |
1,75 |
|
1,21 |
1,69 |
2,15 |
|
1,12 |
1,00 |
0,94 |
1,40 |
2,03 |
1,75 |
2,03 |
2,42 |
|
||
|
R |
6 |
6 |
6 |
6 |
6 |
6 |
|
6 |
6 |
6 |
|
6 |
6 |
3 |
6 |
6 |
6 |
6 |
6 |
|
||
|
1000-1500 ② |
M |
6,13 |
6,07 |
6,07 |
5,13 |
5,13 |
4,80 |
|
5,60 |
4,87 |
4,73 |
|
5,80 |
6,13 |
6,00 |
5,33 |
5,20 |
4,93 |
5,07 |
5,27 |
|
|
|
Md |
6 |
6 |
6 |
6 |
6 |
5 |
|
6 |
5 |
6 |
|
6 |
7 |
6 |
6 |
6 |
5 |
6 |
6 |
|
||
|
DP |
1,13 |
1,10 |
1,16 |
1,96 |
1,77 |
2,01 |
|
1,64 |
2,13 |
2,46 |
|
1,52 |
1,36 |
1,25 |
1,68 |
2,08 |
1,83 |
2,31 |
2,19 |
|
||
|
R |
4 |
4 |
4 |
6 |
6 |
6 |
|
5 |
6 |
6 |
|
6 |
5 |
4 |
5 |
6 |
6 |
6 |
6 |
|
||
|
1500-2500 ③ |
M |
5,00 |
4,80 |
5,60 |
4,40 |
4,00 |
4,00 |
|
5,60 |
5,40 |
4,40 |
|
5,40 |
4,60 |
5,80 |
3,80 |
4,20 |
5,40 |
4,80 |
5,00 |
|
|
|
Md |
5 |
5 |
5 |
5 |
6 |
5 |
|
6 |
6 |
4 |
|
5 |
4 |
6 |
4 |
4 |
6 |
5 |
6 |
|
||
|
DP |
2,45 |
2,28 |
0,89 |
2,07 |
2,74 |
2,35 |
|
2,07 |
2,07 |
2,61 |
|
1,14 |
1,82 |
1,30 |
2,39 |
2,39 |
1,82 |
2,49 |
2,55 |
|
||
|
R |
6 |
6 |
2 |
5 |
5 |
5 |
|
5 |
5 |
6 |
|
3 |
4 |
3 |
6 |
6 |
4 |
6 |
6 |
|
||
|
① vs. ② |
+ |
- |
+ |
+ |
+ |
+ |
|
+ |
+ |
- |
|
+ |
+ |
+ |
- |
- |
+ |
- |
- |
|
||
|
① vs. ③ |
+ |
+ |
+ |
+ |
+ |
+ |
|
+ |
+ |
- |
|
+* |
-* |
+ |
+* |
+ |
- |
- |
- |
|
||
|
② vs. ③ |
+ |
+ |
+ |
+ |
+ |
+ |
|
= |
- |
+ |
|
+ |
+* |
+ |
+* |
+ |
- |
- |
- |
|
||
|
Nota. Rendimento
entre 500 e 1000€ = 500-1000 ①; Rendimento
entre 1000 e 1500€ = 1000-1500 ②; Rendimento
entre 1500 e 2500€ = 1500-2500 ③. Cores relativas às dimensões/áreas: Ato/agir → azul = prazer, amarelo = interesse, verde = social; Capital Humano → amarelo = material-egoísta, verde = egoísta; Resultados → verde = altruísta, amarelo = necessidade e azul
= dever moral. |
|
|||||||||||||||||||||
A Tabela 7 apresenta as pontuações dos diferentes itens
consoante os anos de voluntariado. Foram observadas diferenças estatisticamente
significativas em itens dos “resultados”, nomeadamente no indicador “K – É uma
grande oportunidade para ajudar quem mais precisa na comunidade”, indicador
“altruísta” e “O Voluntario-me porque a empresa/organização beneficia com a
minha experiência”, indicador “necessidade”, quando comparamos os bombeiros com
diferentes anos de voluntariado (Gp1, n = 12: > 2 anos; Gp2, n =
48: 2-10 anos, Gp3, n = 66: >10 anos), χ2(2, n = 126) = 7,173; p =
0,028, e χ2(2, n = 126) = 9,160; p = 0,010, respetivamente. No que concerne ao
indicador “K – É uma grande oportunidade para ajudar quem mais precisa na
comunidade”, indicador “altruísta”, são constatadas diferenças tanto nas
pontuações entre o Gp1 (> 2 anos) e o Gp2 (2-10 anos) (Md = 6
vs. Md = 7), U = 162,50; z
= –2,496; p = 0,013, como entre o Gp1 (> 2 anos) e o Gp3 (>10
anos) (Md = 6 vs. Md = 7), U = 231,50; z = –2,504; p
= 0,012. Relativamente ao indicador “O Voluntario-me porque a empresa/organização
beneficia com a minha experiência”, indicador “necessidade”, são constatadas
diferenças nas pontuações entre o Gp2 (2-10 anos) e o Gp3 (>10 anos) (Md
= 5 vs. Md = 6), U = 1032,00; z = –2,95; p = 0,003.
|
TABELA 7 Medidas de Tendência Central, de Dispersão e de
Comparação de Grupos (Kruskal-Wallis e U de Mann Whitney) na Motivação para o
Voluntariado Consoante os Anos de Voluntariado |
|
|||||||||||||||||||||
|
|
|
Agir |
|
Capital Humano |
|
Resultados |
|
|||||||||||||||
|
Anos |
A |
B |
C |
D |
E |
F |
|
G |
H |
I |
|
J |
K |
L |
M |
N |
O |
P |
Q |
|
||
|
< 2 ① |
M |
5,67 |
5,33 |
5,92 |
5,25 |
4,92 |
5,00 |
|
5,33 |
4,75 |
5,25 |
|
5,58 |
5,50 |
5,83 |
5,00 |
4,75 |
5,25 |
4,75 |
4,67 |
|
|
|
Md |
6,0 |
5,5 |
6,0 |
5,5 |
5,0 |
5,0 |
|
5,5 |
5,0 |
5,5 |
|
6,0 |
6,0 |
6,0 |
5,0 |
5,0 |
5,0 |
4,5 |
4,5 |
|
||
|
DP |
1,23 |
1,23 |
1,31 |
1,14 |
1,51 |
1,41 |
|
1,56 |
1,14 |
1,29 |
|
1,00 |
1,31 |
1,03 |
1,71 |
1,66 |
1,14 |
1,29 |
1,83 |
|
||
|
R |
4 |
4 |
4 |
4 |
6 |
5 |
|
5 |
4 |
4 |
|
3 |
4 |
3 |
5 |
6 |
3 |
4 |
5 |
|
||
|
2 – 10 ② |
M |
6,17 |
6,09 |
6,24 |
4,87 |
5,62 |
4,74 |
|
5,79 |
5,00 |
4,34 |
|
6,23 |
6,38 |
6,17 |
5,38 |
4,28 |
4,48 |
4,54 |
3,68 |
|
|
|
Md |
6 |
6 |
7 |
6 |
6 |
5 |
|
6 |
5 |
5 |
|
7 |
7 |
7 |
6 |
5 |
5 |
5 |
4 |
|
||
|
DP |
1,03 |
0,98 |
0,95 |
2,00 |
1,17 |
1,88 |
|
1,32 |
2,03 |
2,33 |
|
0,91 |
0,97 |
1,05 |
1,70 |
2,02 |
1,97 |
2,19 |
2,42 |
|
||
|
R |
4 |
3 |
3 |
6 |
4 |
6 |
|
5 |
6 |
6 |
|
3 |
4 |
3 |
6 |
6 |
6 |
6 |
6 |
|
||
|
> 10 ③ |
M |
6,29 |
5,88 |
6,26 |
5,28 |
5,55 |
5,06 |
|
6,03 |
5,41 |
3,92 |
|
6,09 |
6,33 |
6,32 |
5,76 |
4,76 |
5,44 |
4,53 |
4,55 |
|
|
|
Md |
7,0 |
6,0 |
7,0 |
6,0 |
6,0 |
6,0 |
|
6,0 |
6,0 |
4,0 |
|
6,5 |
7,0 |
7,0 |
6,0 |
5,0 |
6,0 |
5,0 |
5,5 |
|
||
|
DP |
1,25 |
1,45 |
1,11 |
1,87 |
1,82 |
1,89 |
|
1,16 |
1,81 |
2,21 |
|
1,30 |
1,10 |
0,90 |
1,48 |
2,18 |
1,78 |
2,21 |
2,41 |
|
||
|
R |
6 |
6 |
6 |
6 |
6 |
6 |
|
6 |
6 |
6 |
|
6 |
6 |
4 |
6 |
6 |
6 |
6 |
6 |
|
||
|
① vs. ② |
- |
- |
- |
+ |
- |
+ |
|
- |
- |
+ |
|
- |
-* |
- |
- |
+ |
+ |
+ |
+ |
|
||
|
① vs. ③ |
- |
- |
- |
- |
+ |
- |
|
- |
- |
+ |
|
- |
-* |
- |
- |
- |
- |
+ |
+ |
|
||
|
② vs. ③ |
- |
+ |
- |
- |
+ |
- |
|
- |
- |
+ |
|
+ |
+ |
- |
- |
- |
-* |
+ |
- |
|
||
|
Nota. Inferior a 2
anos de voluntariado = < 2 ①; Entre 2 e 10
anos de voluntariado = 2-10 ②; Superior a
10 anos de voluntariado = > 10 ③. Cores relativas às dimensões/áreas: Ato/agir → azul = prazer, amarelo = interesse, verde = social; Capital Humano → amarelo = material-egoísta, verde = egoísta; Resultados → verde = altruísta, amarelo = necessidade e azul
= dever moral. |
|
|||||||||||||||||||||
As Associações de Bombeiros Humanitários desempenham
um papel importante, principalmente em países como Portugal, onde o número de
incêndios é elevado, dando origem a consequências económicas, sociais,
materiais e humanas de vária ordem, designadamente destruição dos recursos
naturais, custos elevados na afetação de meios materiais e humanos, destruição
de bens materiais e, inclusivamente, perda de vidas humanas. O recrutamento e a
retenção de voluntários nas Associações de Bombeiros Humanitários tornam-se,
assim, assuntos de particular relevância que importa analisar. O nosso estudo
tenta preencher um défice que existe na literatura sobre este assunto, pois são
muito escassas as investigações sobre os fatores que determinam a motivação dos
bombeiros voluntários, quer a nível internacional, quer em Portugal.
Os resultados globais do nosso estudo são consistentes
com investigações precedentes sobre os fatores que explicam a motivação para o
voluntariado. Na verdade, o altruísmo é o fator dominante na explicação do
comportamento dos bombeiros voluntários, uma vez que entre as cinco razões mais
pontuadas para o voluntariado, três estão diretamente ligadas a indicadores de
altruísmo. De acordo com a tabela 2, o item de valor mais elevado é o K: Eu
voluntario-me porque “É uma grande oportunidade para ajudar quem mais precisa”
logo seguido do L “Estou a contribuir para uma sociedade melhor”. Refira-se
ainda a pontuação alta do item J “Estou a fazer algo útil”. O número de vezes
que os diversos itens são pontuados entre 5 a 7 na escala de Likert, valor que
é fornecido pela última linha da tabela 2, revela igualmente a importância
elevada das razões altruístas. Também de acordo com a literatura segue-se,
depois da motivação pelo altruísmo, aquela que resulta do próprio ato de
voluntariado, tal como é ilustrado pelos valores do item C: “Fico feliz com as
ações de voluntariado” (o segundo item mais pontuado, juntamente com o L, atrás
referido) e do item A: “Sinto-me satisfeito a fazer voluntariado”, o quarto
item mais valorizado. Estes resultados são consistentes com os estudos de Ward
e Mckillop (2011) e Ziemek (2006).
As razões consideradas menos importantes, que
fundamentam a motivação dos bombeiros voluntários, estão ligadas à categoria
“capital humano”, em particular à questão I (Voluntario-me porque estou a
ganhar experiência prática para um emprego pago no futuro) e à categoria
“resultados” na questão Q, relacionada com o dever moral, o que mais uma vez
está de acordo com as investigações realizadas por outros autores (cf. Ward & McKillop, 2011).
Todavia, quando desagregamos a análise através das
características dos voluntários (sexo, idade, grau de escolarização, rendimento
e anos de voluntariado), os resultados nem sempre coincidem com aqueles que se
encontram na literatura especializada.
Em relação ao sexo, como atrás se referiu,
encontram-se diferenças estatisticamente significativas em alguns indicadores
ligados ao altruísmo (itens L e M), ao capital humano (item H) e ao dever moral
(item O). De acordo com os nossos resultados, os homens são mais altruístas do
que as mulheres, valorizam mais o capital humano e o dever moral. Desta forma,
as diferenças nos resultados obtidos, quando confrontados com outras investigações,
residem essencialmente no facto da motivação para o altruísmo encontrar valores
mais elevados no sexo masculino. Refira-se, no entanto, que esta aparente
diferença pode ter várias explicações. Em primeiro lugar, no caso dos bombeiros
voluntários, estamos perante uma atividade muito particular que envolve uma
situação de risco e que não tem sido considerada nos estudos sobre a motivação
para o voluntariado. Esta situação de risco poderá ser mais facilmente assumida
pelo sexo masculino, devido às condicionantes culturais próprias das sociedades
ocidentais que remetem para a figura do homem enquanto “bravo”, “corajoso”,
“capaz de tudo" (Honório, 2011, p. 10). Em segundo
lugar, alguns estudos sobre o voluntariado têm chamado a atenção para o facto
de a motivação segundo o sexo depender do tipo de voluntariado (Andreoni & Vesterlund, 2001) e do contexto cultural (Gneezy et al., 2009; Gong et al., 2014).
Associado a estes argumentos, convém também salientar que alguns estudos sobre
motivação e género têm apresentado resultados ambíguos. Em suma, a afirmação
generalizada de que as mulheres são mais altruístas parece, assim, um pouco
precipitada, já que o altruísmo parece depender do contexto institucional e do
tipo de atividade considerado.
O nosso estudo evidencia também que, em relação à
variável “idade”, as diferenças estatisticamente significativas encontram-se
nos itens G e N, associados ao “capital humano” e à “necessidade”. De acordo
com os nossos resultados, a motivação pela melhoria do capital humano no
escalão etário abaixo dos 40 anos tem uma importância mais baixa do que na
classe situada entre os 40 e 59 anos, o que contraria os resultados de grande
parte das investigações sobre o tema (ver, por exemplo, Peterson,
2004; Ziemek, 2006). Convém, no entanto,
lembrar que a relação entre a idade e as razões sociais que motivam o
voluntariado nem sempre é linear, pois alguns estudos mostram que os
voluntários de maior idade podem também ser motivados pelo interesse próprio (Okun & Schuktz, 2003).
Em relação ao grau de escolarização, as diferenças
significativas que os nossos resultados revelam situam-se no item H,
relacionado com o capital humano e A, associado à satisfação obtida com as
interações sociais estabelecidas através das atividades de voluntariado. A
motivação pela necessidade de elevar o nível de capital humano é
significativamente mais elevada nos voluntários com grau de escolarização
básica, em relação aos que têm a escolarização secundária, o que está de acordo
com os principais estudos atrás referidos (Clary et al., 1996).
Quanto ao item A, associado à satisfação obtida através do voluntariado, os
nossos resultados mostram que as pontuações mais elevadas são atribuídas pelos
indivíduos com grau secundário de escolarização, relativamente àqueles com grau
de escolarização básico. Este resultado, embora não consistente com alguns
estudos (Ward & McKillop, 2011),
pode ser explicado pelo facto do primeiro grupo centrar as suas principais
motivações nas razões ligadas à melhoria do seu nível de capital humano e
considerar menos importante o estabelecimento de interações sociais.
No nosso estudo, os níveis mais elevados dos escalões
de rendimento não correspondem a valores mais altos nos indicadores altruístas
(Detollenaere et
al., 2017), o que contraria alguns estudos sobre o
tema, apesar de estes serem escassos, como atrás se referiu. Na verdade, as
diferenças estatisticamente significativas apontam no sentido inverso, o que
significa que níveis mais baixos de rendimento estão associados a valores mais
elevados nas razões altruístas, refletidos nos itens J, K e M. Como foi
salientado, outros estudos mostram que as relações entre aquelas variáveis não
são lineares (Hackl et al., 2007). Assim, parece prematuro
avançar no estabelecimento de relações definitivas entre rendimento e
motivação, dada a escassez dos estudos e a ambiguidade dos resultados.
Quanto à relação entre níveis de rendimento e
motivação, os nossos resultados são consistentes com os trabalhos de outros
autores, onde se refere que os motivos que justificam a oferta de trabalho
voluntário evoluem ao longo do tempo (Thomas &
Finch, 1990; Tschirhart et al.,
2001; Ward & McKillop, 2011).
As razões de motivação quando associadas aos anos de voluntariado mostram de
forma clara que, quando o tempo de voluntariado na organização aumenta, os
indicadores altruístas são mais elevados. Dito de outra forma, os voluntários experientes são mais altruístas do que
os iniciantes.
Em suma, podemos retirar do nosso estudo algumas
conclusões que terão utilidade no recrutamento e retenção dos bombeiros
voluntários. Cabem, no entanto, algumas observações finais. Em primeiro lugar,
o estudo sobre os fatores determinantes da motivação deve ser enquadrado no
contexto sociocultural onde decorrem as atividades de voluntariado. Como já foi
mostrado em outros estudos, a motivação para o voluntariado varia de país para
país (Ziemek, 2006). Talvez por isso
mesmo, os resultados das investigações realizadas sobre o tema são, por vezes,
ambíguos. Daí a necessidade de se desenvolverem mais trabalhos comparativos a
nível internacional. Por outro lado, o estudo da motivação no caso dos
bombeiros voluntários não pode, também, ser desligado das especificidades da
própria atividade, o que traz a necessidade de se aprofundarem os estudos sobre
a motivação nas atividades que envolvem um risco para a segurança e para a
integridade física dos participantes.
Conflito de interesses: Nenhum.
Fontes de financiamento: Nenhuma.
Agradecimentos: Os autores agradecem à Ana Figueiredo e à Jéssica
Pereira pelo seu trabalho na recolha de dados, sem o qual este estudo não teria
sido possível.
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ⓘ PhD.
Revisão da Literatura, Discussão dos Resultados/Conclusão e Redação. Instituto Superior Miguel Torga. Centro de Estudos
Sociais da Universidade de Coimbra, Portugal.
ⓘ PhD. Análise dos dados, Redação e
Sugestões/Recomendações Gerais. Instituto
Superior Miguel Torga. Centro de Estudos e Investigação em Saúde da
Universidade de Coimbra, Portugal.
ⓘ Soc. Revisão da Literatura, Redação e Revisão geral do
texto. Instituto Superior Miguel Torga, Coimbra, Portugal.