2018, Vol. 4(1): 14-21
Validação
da versão portuguesa de Spiritual Well-Being Questionnaire em idosos
institucionalizados
Artigo Original
Mariana Neves ⓘ, Inês Queiroz Garcia ⓘ, Helena
Espírito-Santo ⓘ, Laura Lemos ⓘ
✉
https://doi.org/10.7342/ismt.rpics.2018.4.1.70
Recebido 15 fevereiro 2018
Aceite 26 fevereiro 2018
Objetivo: É
incontornável a importância que o conceito de bem-estar espiritual assume nos
dias de hoje. A investigação é escassa na população idosa institucionalizada,
sendo assim importante o desenvolvimento de instrumentos no âmbito do bem-estar
espiritual validados para esta população. Este estudo tem como principal
objetivo a análise das qualidades psicométricas e a validação da versão
portuguesa do Spiritual Well-Being
Questionnaire (SWBQ).
Métodos: A amostra
incluiu 101 pessoas idosas institucionalizadas da zona de Coimbra (n = 51; 50,5%) e Aveiro (n = 50; 49,5%), com idades compreendidas
entre os 65 e os 96 anos, 33 (32,7%) eram do sexo masculino e 68 (67,3%) do
sexo feminino. Para além do SWBQ, foram administrados a Escala sobre a
Esperança, a Escala de Otimismo, o Geriatric
Anxiety Inventory e a Geriatric
Depression Scale.
Resultados: O SWBQ
apresentou uma estrutura fatorial de três fatores (ambiental, transcendental e humanitário),
diferente da versão original cuja estrutura fatorial apontava para quatro
fatores. A consistência interna foi adequada e a validade convergente e
divergente não atestaram a sua validade de constructo. O bem-estar espiritual
foi diferente de forma estatisticamente significativa a nível do sexo (p < 0,01), estado civil (p < 0,05) e profissão (p < 0,05).
Conclusões: Este
estudo contribuiu para a disponibilização de um novo instrumento para a
avaliação do bem-estar espiritual nas pessoas de idade avançada
institucionalizadas, tendo evidenciado características psicométricas razoáveis,
devendo, no entanto, ser replicado em amostras com outras características para
a confirmação destes dados.
Palavras chave:
Pessoas idosas
· Institucionalização · Avaliação · SWBQ · Bem-estar
espiritual
O envelhecimento é um processo inevitável
que envolve um conjunto de alterações físicas e cognitivas que requerem a
adaptação não só do indivíduo, mas também da sociedade (Dhara &
Jogsan, 2013; Lima, 2010; Smith &
Rush, 2006). Atualmente, no mundo ocidental, assiste-se a um aumento da
esperança média de vida e a uma diminuição do número de nascimentos. O índice
de envelhecimento em Portugal situava-se, no ano de 2015, em 143,9 (PORDATA, 2015).
O processo de envelhecimento individual é
influenciado não só pela idade e biologia, mas também por fatores sociais,
económicos, históricos e culturais, revelando-se diferente de indivíduo para indivíduo
(Direção-Geral da Saúde, 2017; Schneider
& Irigaray, 2008). À medida que a esperança média de vida aumenta, a
frequência de doenças ligadas ao envelhecimento tende também a aumentar. Assim,
de forma a dar resposta às necessidades que esta realidade impõe, surgem
diferentes tipos de resposta social, adequadas às necessidades das pessoas
idosas e familiares, tornando-se a institucionalização um fenómeno em
crescimento (Chao et al., 2008). Na ausência ou
indisponibilidade de familiares, o cuidado de pessoas idosas com diferentes
graus de dependência, doença física e/ou défice cognitivo é muitas vezes
assegurado por estas instituições havendo cada vez mais uma preocupação com a
promoção da saúde e bem-estar.
Neste contexto, para além da importância atribuída
à saúde física, psicológica e social surgiu também a ênfase à dimensão
espiritual da saúde e o crescente interesse da comunidade científica pelo
estudo da espiritualidade e da religiosidade e da sua relação com o bem-estar e
saúde mental (Amjad & Bokharey, 2014; Hadzic,
2011; Velasco-Gonzalez & Rioux, 2014; World Health Organization, 1998). A investigação tem, de
facto, indicado que a espiritualidade se relaciona com a qualidade de vida (Ando
et al., 2010),
bem-estar (Marcoen, 1994) e com a saúde física e mental (Hadzic,
2011; Singh & Kedare, 2014; Velasco-Gonzalez
& Rioux, 2014).
Enquanto processo, a espiritualidade é uma
vivência contínua e dinâmica (Meraviglia, 1999) sendo
vista como uma necessidade de todos os indivíduos (Frankl,
1988) orientando na busca de respostas a questões tão cruciais como o
propósito e o significado da vida, a realidade, o amor, o bom, o mau, a doença
e a morte (Rahimi, Anoosheh, Ahmadi, & Foroughan, 2013).
Ainda assim, a espiritualidade pode ter
vários significados e ser entendida de diversas formas por diferentes pessoas (Fisher, 2011), importando distinguir espiritualidade de
religiosidade. A religiosidade relaciona-se com as crenças e práticas
simbólicas que aproximam a pessoa do sagrado e a espiritualidade caracteriza-se
por uma reflexão pessoal, uma busca pelo significado da vida numa relação com o
sagrado ou o transcendente (Crowther, Parker, Achenbaum,
Larimore, & Koenig, 2002; Kimura, Sakuma, Isaka,
Uchida, & Yamaoka, 2016; Koenig, 2001; Zinnbauer & Pargament, 2002).
A investigação aponta para a importância da
espiritualidade e a sua relação com todos os domínios do bem-estar (Kreitzer, 2012), o que conduziu à criação do conceito de
bem-estar espiritual (Gomez & Fisher, 2003; Gouveia, Marques, & Pais-Ribeiro, 2009). O
bem-estar espiritual engloba questões como o sentido de significado e o
propósito; a transcendência; a ligação com o eu, os outros, o mundo e um poder maior; e as buscas espirituais (Lou, 2015). O significado
e propósito englobam sentimentos como
a paz e a esperança; a transcendência
envolve a sensação de bem-estar transtemporal e transespacial; a ligação envolve a sensação de
integridade com significado, propósito e esperança; e as buscas espirituais traduzem-se numa sensação ótima do ser e de
significado (Lou,
2015).
Em várias definições de bem-estar espiritual
está latente a vertente relacional que envolve a ligação consigo mesmo, com os
outros e com o transcendente (Gouveia, 2011).
De acordo com Wink e Dillon (2002),
não existem estudos longitudinais que abordem o desenvolvimento espiritual na
idade adulta, no entanto, o desenvolvimento espiritual parece ocorrer com maior
frequência nas fases de transição e crise do que nas fases de maior
estabilidade (Stokes, 1990, tal como citado por Wink &
Dillon, 2002). Assim, o desenvolvimento espiritual será mais influenciado
pelas mudanças sociais e pessoais do que pela idade cronológica (Wink
& Dillon, 2002). Apesar disso, estes conceitos estão relacionados, já
que ser idoso pode aumentar a probabilidade de experienciar a crise e
consequentemente a adversidade (Wink & Dillon, 2002),
estando, por exemplo, mais sujeito a vivenciar a morte de um ente querido (Tornstam, 1999) ou a adotar o papel de cuidador perante o
cônjuge (Payne, 1994). Ainda, de acordo com Atchley (1997), a ideia de que as etapas mais avançadas do ciclo
vital estão relacionadas com o desenvolvimento espiritual pode ser encontrada
nas estruturas sociais e culturais das sociedades ocidentais. Na teoria
psicossocial de Erikson (Bester, Naidoo, & Botha, 2016)
é também defendido que o envelhecimento se caracteriza pela reflexão sobre a
vida com o objetivo de perceber se ela foi vivida de uma forma significativa (Bester et al., 2016). Esta procura de significado e sentido
da vida conduzirá, por conseguinte, a um maior desenvolvimento espiritual (Nelson, 2009).
Neste sentido, esta investigação tem como
principal objetivo o estudo das qualidades psicométricas e validação de um instrumento
de medição do bem-estar espiritual para pessoas idosas institucionalizadas,
designado Spiritual Well-Being
Questionnaire.
Este questionário foi desenvolvido por Gomez
e Fisher (2003), sendo constituído por 20 itens,
distribuídos por quatro subescalas (ambiental, transcendental, comunitária e
pessoal), tendo como base o modelo de bem-estar espiritual desenvolvido por
Fisher (1999). O Spiritual
Well-Being Questionnaire foi validado em quatro estudos realizados com
estudantes ingleses, tendo sempre revelado boas qualidades psicométricas (Gomez & Fisher, 2003). O bem-estar espiritual é entendido
como um conceito dinâmico que se reflete na qualidade das relações que o indivíduo
estabelece nos domínios ambiental, transcendental, comunitário e pessoal. O
domínio pessoal refere-se à relação
que o indivíduo tem consigo próprio no que concerne ao significado, propósito e
valores de vida. O domínio comunitário
refere-se às relações interpessoais, sua qualidade e profundidade, em termos de
moralidade, cultura e religião. A dimensão ambiental
refere-se às relações com o mundo físico e biológico. Por fim, a dimensão transcendental refere-se à relação da
pessoa com algo ou alguém para além do humano (Fisher,
1999). De acordo com este autor, o nível de pontuações em cada domínio
indica o bem-estar espiritual nessa dimensão (Fisher,
1999). Logo, o bem-estar espiritual global resultará do efeito combinado de
cada uma das subescalas. Este instrumento é o único que avalia cada uma das
dimensões propostas pelo modelo de Fisher, tendo sido este modelo confirmado em
outros estudos (Fisher, 2006, 2007;
Fisher, Francis, & Johnson, 2000, 2002; Gouveia et al., 2009).
Considerando o conceito de espiritualidade
de Lou (2015) e de Meraviglia (1999),
no estudo da validade de constructo foi considerada para a validade convergente
a Escala Sobre a Esperança e a Escala de Otimismo (devido à associação entre o
constructo de esperança e o do otimismo). Dadas as relações negativas entre
espiritualidade e doença mental (Hadzic,
2011; Velasco-Gonzalez & Rioux, 2014), para o estudo da validade
divergente foi considerado o Geriatric
Anxiety Inventory e a Geriatric
Depression Scale.
Os estudos realizados para analisar as
qualidades psicométricas do Spiritual
Well-Being Questionnaire revelaram valores similares. Num dos estudos mais
antigos (Gomez & Fisher, 2003), o alfa de Cronbach
variou entre 0,74 e 0,90. Numa investigação portuguesa (Gouveia
et al., 2009), o alfa de Cronbach situou-se entre 0,72 e 0,89 (n = 439; idades: 16-71 anos). No estudo
mais recente (Bester et al., 2016), o alfa de Cronbach do
bem-estar espiritual global foi de 0,93, variando nos seus quatro fatores entre
0,78 e 0,93 (n = 122; idades: 60-69
anos).
Procedimentos
Este
estudo insere-se no Projeto “Trajetórias do Envelhecimento” do Instituto
Superior Miguel Torga. Para recolher a amostra foram contactadas oito
instituições das zonas de Coimbra e Aveiro, sendo que uma das instituições se
recusou a participar no estudo. Todas as instituições foram contactadas
primeiro via e-mail e posteriormente presencialmente com o objetivo de
apresentar o estudo, assim como de explicar o protocolo que seria administrado.
O protocolo foi constituído por um questionário sociodemográfico e 15
instrumentos heteroadministrados: Questionário de Bem-Estar Espiritual (SWBQ),
Escala do Arrependimento, Escala sobre a Esperança, Escala de Otimismo,
Inventário de Mindfulness de Freiburg, Inventário de Ansiedade
Geriátrico (GAI), Escala Geriátrica da Depressão (GDS), Questionário da Saúde
Física do Idoso, Escala de Satisfação com a Vida, Lista de Afetos Positivos e
Negativos, Questionário sobre o Sono da Terceira Idade, Escala de Auto
Compaixão, Escala de Solidão da Universidade da Califórnia, Bateria de
Avaliação Frontal e a Avaliação Cognitiva de Montreal.
Após
as autorizações por parte das instituições contactadas e das dúvidas
esclarecidas, bem como da autorização da autora da versão portuguesa para o uso
do instrumento neste estudo, procedeu-se à administração do protocolo. Este
protocolo foi aplicado por três mestrandas de psicologia com treino e prática
na aplicação de testes neuropsicológicos. Antes de cada administração, foi
explicado aos idosos qual o objetivo do estudo e em que consistia o mesmo,
assim como foram respondidas todas as dúvidas. O protocolo continha um
consentimento informado que era lido a todos os idosos antes da administração
dos instrumentos propriamente dita, onde era assegurado o anonimato, a
confidencialidade e o caráter voluntário, assim como a possibilidade de
desistência a qualquer momento sem qualquer desvantagem para o participante.
Não se verificou qualquer caso de recusa por parte dos participantes. A recolha
ocorreu entre dezembro de 2015 e setembro de 2016. A administração de cada
protocolo demorou aproximadamente de 1 a 2 horas.
Amostra
Os critérios de inclusão para a
amostra do presente estudo foram: ter idade igual ou superior a 65 anos, ter
capacidade de entender a linguagem falada (sem afasia sensorial), ter
capacidade de falar (sem afasia anterior) e sem demência diagnosticada. Deste
estudo foram excluídos 202 idosos por não cumprirem os critérios de inclusão.
A amostra ficou constituída por
101 pessoas idosas institucionalizadas da zona de Coimbra (n = 51; 50,5%) e Aveiro (n
= 50; 49,5%) com idades compreendidas entre os 65 e os 96 anos (M = 81,88; DP = 7,86), sendo que 33 (32,7%) eram do sexo masculino e 68
(67,3%) eram do sexo feminino. Sessenta e oito idosos tinham mais de 80 anos
(68%), sendo considerados velhos-velhos.
Quanto ao estado civil, verificámos que a maior parte da amostra não tinha
companheiro (n = 80; 79,2%). Quanto
ao nível de escolaridade, a maior parte dos idosos tinha o ensino básico (n = 48; 47,5%), seguido dos idosos que
não tinham escolaridade (n = 35;
34,7%). Quanto à profissão, a maioria dos idosos da nossa amostra tinha uma
profissão manual (n = 88; 88%) e 12
idosos tinham uma profissão intelectual (12%).
Instrumentos
Para este estudo foram utilizadas cinco medidas de um conjunto de quinze
instrumentos.
O Questionário de Bem-estar Espiritual ou Spiritual Well-Being
Questionnaire (SWBQ; Gomez & Fisher, 2003;
adaptação portuguesa de Gouveia et al., 2009) é um
questionário de autopreenchimento constituído por 20 itens distribuídos por
quatro subescalas: pessoal, comunitária, ambiental e transcendental. A
subescala Pessoal compreende os itens
5 (identidade pessoal), 9 (autoconsciência), 14 (alegria na vida), 16 (paz
interior) e 18 (sentido para a vida). A subescala Comunitária compreende os itens 1 (amor pelos outros), 3 (bondade
para com os outros), 8 (confiança nos outros), 17 (respeito pelos outros) e 19
(generosidade com os outros). A subescala Ambiental
compreende os itens 4 (ligação com a natureza), 7 (admiração da paisagem), 10
(união com a natureza), 12 (harmonia com o ambiente) e 20 (magia na natureza).
A subescala Transcendental compreende
os itens 2 (relação com Deus), 6 (admiração pela criação), 11 (união com Deus),
13 (paz com Deus) e 15 (vida de meditação ou oração). É pedido ao indivíduo que
indique em que medida sente que cada afirmação reflete a sua experiência
pessoal atual sendo avaliado numa escala que varia entre “1” (muito pouco), “2”
(pouco), “3” (moderadamente), “4” (muito) e “5” (muitíssimo). As pontuações são
calculadas através da média das respostas dadas aos itens das subescalas. É
também possível calcular a pontuação total do SWBQ através da soma das
subescalas. Quanto maior a pontuação, maior o bem-estar espiritual. No que
concerne à consistência interna obtida na versão portuguesa, esta foi adequada,
com valores de alfa de Cronbach de 0,89 no total do SWBQ e variando entre 0,72
na subescala pessoal e 0,88 na subescala transcendental (Gouveia
et al., 2009).
A Escala sobre a Esperança
(Barros-Oliveira, 2003) é constituída por
seis itens respondidos numa escala tipo Likert de cinco pontos (1 = “Totalmente
em desacordo” a 5 = “Totalmente de acordo”). A pontuação total calcula-se
somando as pontuações das respostas aos itens, variando entre 6 e 30 pontos.
São considerados sujeitos com pouca esperança os que obtiverem pontuações
inferiores a 15 e com muita esperança os que pontuam acima de 15. Neste estudo
a consistência interna foi adequada para efeitos da investigação (a de
Cronbach = 0,82), à semelhança do estudo de Barros-Oliveira (2003) que obteve um valor de 0,80.
A Escala de Otimismo (Barros-Oliveira,
1998) pretende medir o otimismo disposicional através de quatro itens. A
resposta é dada numa escala ordinal de 5 posições em formato tipo Likert,
variando entre 1 (“totalmente em desacordo”) e 5 (“totalmente de acordo”). A
pontuação total calcula-se somando as pontuações das respostas aos itens, variando
entre 4 e 20 pontos. Neste estudo, a
confiabilidade foi elevada (a
de Cronbach = 0,88), em conformidade com o estudo original com um alfa de
Cronbach de 0,80 (Barros-Oliveira, 2010).
A Escala Geriátrica da Depressão ou Geriatric Depression Scale (GDS; Yesavage et
al., 1983; versão portuguesa de Barreto, Leuschner,
Santos, & Sobral, 2003) é uma escala de heteroavaliação dirigida a idosos.
Esta é uma escala composta por 30 itens que medem a presença de sintomas
depressivos tendo apenas duas opções de resposta: Sim/Não. Quanto à cotação, atribui-se
um ponto a cada resposta positiva nos itens 2, 3, 4, 6, 8, 10, 11, 12, 13, 14,
16, 17, 18, 20, 22, 23, 24, 25, 26 e 28, bem como a cada resposta negativa nos
itens 1, 5, 7, 9, 15, 19, 21, 27, 29 e 30. Assim, a pontuação pode variar entre
0 e 30. Uma pontuação de 0 a 10 é considerada ausência de depressão; entre 11 e
20 pontos é considerada depressão ligeira e entre 21 e 30 pontos é considerada
depressão grave. O estudo da validação da escala original obteve boas
propriedades psicométricas, tendo o alfa de Cronbach sido de 0,94 (Yesavage et al., 1983). Neste estudo a consistência
interna foi considerada adequada para efeitos de investigação (a de
Cronbach = 0,79).
O Inventário de Ansiedade Geriátrica ou Geriatric Anxiety Inventory (GAI; Pachana et
al., 2007; versão portuguesa: Espírito-Santo &
Daniel, 2010) é um instrumento de administração rápida constituído por 20
itens que pretende avaliar a presença de sintomas de ansiedade nas pessoas
idosas. É pedido ao indivíduo que indique em que medida concorda ou discorda
sobre a sintomatologia ansiógena experienciada na última semana. Os autores da versão
original encontraram boas propriedades psicométricas, com um alfa de Cronbach
de 0,91 (Pachana et al., 2007). Existem duas validações
portuguesas deste instrumento, de Ribeiro, Paúl, Simões e Firmino (2011) e de Espírito Santo e Daniel (2010). No entanto, a confiabilidade neste estudo foi
elevada (a de
Cronbach = 0,95), à semelhança do estudo de Espírito Santo e Daniel (2010), onde foi encontrada uma consistência
interna muito boa (α de Cronbach = 0,93).
Análise estatística
Com o objetivo de analisar os
dados foi utilizado o programa Statistical
Package for the Science (SPSS), versão 25 para Macintosh Mavericks. A análise
da consistência interna dos instrumentos foi feita através do alfa de Cronbach,
considerada a melhor estimativa de fidelidade para um teste (Pallant,
2011). Adicionalmente e para a validade do constructo, foi feita uma
análise fatorial do SWBQ.
Procedeu-se a uma análise
fatorial exploratória (AFE) com o objetivo de analisar a estrutura dimensional
da versão portuguesa do SWBQ. Recorreu-se ao método da análise dos componentes
principais (ACP) para a extração dos fatores, seguindo-se uma rotação varimax
com normalização de Kaiser. Através da rotação varimax com normalização de
Kaiser, os fatores retidos foram os que apresentavam um valor próprio (eigenvalue) superior a 1, estando em
consonância com a representação gráfica dos valores próprios e com a análise
paralela (Marôco, 2014). Foi utilizado o critério de
Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) e o teste de
esfericidade de Bartlett para avaliar a adequação do modelo AFE. A análise
paralela foi feita através do PCA Monte Carlo (Watkins, 2000).
Para a validade de constructo, computaram-se as correlações de Pearson e os
respetivos coeficientes de determinação (r2)
como estimativas do tamanho do efeito (Espírito-Santo
& Daniel, 2017). Finalmente, para a análise da influência das variáveis
sociodemográficas sobre o SWBQ, recorremos às correlações ponto bisserial.
Análise fatorial
Procedeu-se à análise fatorial exploratória
com o objetivo de analisar a estrutura dimensional da versão portuguesa do
SWBQ. O valor de Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) foi de 0,74, valor que remete
para uma boa indicação para a análise fatorial (Marôco, 2014).
O teste de esfericidade de Bartlett apresenta um valor de χ2 = 1092,602 (p < 0,001), sendo inferior a
0,05, pelo que rejeitamos a H0, concluindo que as variáveis estão
correlacionadas significativamente. Tendo como base o valor próprio (eigenvalue)
superior a 1, a análise paralela de Monte Carlo e o gráfico de
sedimentação, foram indicados 3 fatores que explicaram 54% da variância total.
Assim, como mostra a Tabela 1, o Fator 1 (ambiental) ficou constituído pelos
itens 4, 7, 10, 12 e 20, explicando 24% da variância; o Fator 2
(transcendental) pelos itens 2, 6, 11, 13 e 15, explicando 19% da variância; e,
por fim, o Fator 3 pelos itens 1, 3, 17 e 19 da subescala comunitária e pelos
itens 14 e 18 da subescala pessoal de acordo com o estudo de validação para a
população portuguesa (Gouveia et al., 2009), explicando 11% da variância. Considerando a
natureza dos itens incluídos neste terceiro fator, designámo-lo por fator Humanitário.
Como se pode ver na Tabela 1, face aos baixos pesos
fatoriais (< 0,45; Pearson & Hall, 1993), foram
excluídos quatro itens desta versão para pessoas idosas (um item da subescala comunitária
e três itens da subescala pessoal).
|
TABELA 1 Análise
de Componentes Principais do Questionário de Bem-estar Espiritual numa
Amostra de Pessoas Idosas Institucionalizadas (N = 101) |
|
||||
Item |
Componentes |
h2 |
||||
1 |
2 |
3 |
||||
1 |
0,469 |
0,303 |
||||
2 |
0,860 |
0,756 |
||||
3 |
0,648 |
0,470 |
||||
4 |
0,876 |
0,784 |
||||
6 |
0,774 |
0,612 |
||||
7 |
0,860 |
|
|
0,746 |
||
10 |
0,919 |
|
|
0,846 |
||
11 |
|
0,865 |
|
0,773 |
||
12 |
0,906 |
|
|
0,833 |
||
13 |
|
0,770 |
|
0,603 |
||
14 |
|
|
0,590 |
0,363 |
||
15 |
|
0,729 |
|
0,593 |
||
17 |
|
|
0,652 |
0,434 |
||
18 |
|
|
0,678 |
0,516 |
||
19 |
|
|
0,769 |
0,600 |
||
20 |
0,897 |
|
|
0,819 |
||
% de
variância |
24 |
19 |
11 |
54 |
||
Eigenvalues |
4,71 |
3,78 |
2,24 |
|
||
Nota. h2
= comunalidades. Na tabela são apresentados somente os valores de
correlação acima de 0,45 (Pearson & Hall, 1993). |
Consistência interna
Com o objetivo de determinar a consistência interna
calculou-se o alfa de Cronbach para todos os itens do questionário e para cada
uma das suas dimensões (ambiental, transcendental e humanitário). O SWBQ
mostrou ter uma consistência interna adequada (Murphy &
Davidshofer, 2004), com valores de alfa de Cronbach de 0,79 no SWBQ Total
(16 itens), de 0,95 na subescala ambiental, de 0,87 na subescala transcendental
e de 0,68 na subescala humanitário.
Validade convergente
A análise correlacional para o estudo da validade
convergente é apresentada na Tabela 2.
O SWBQ Total correlacionou-se elevada e
significativamente com todas as suas subescalas (r2 variando entre 26,0% e 44,9%). Nem o SWBQ Total, nem
as suas subescalas se correlacionaram de forma estatisticamente significativa
com a Escala sobre a Esperança ou com a Escala de Otimismo.
|
TABELA 2 Correlações
de Pearson entre as Pontuações do Spiritual Well-Being Questionnaire (SWBQ),
da Escala de Otimismo e da Escala Sobre a Esperança |
|
|||||||
|
|
1 |
2 |
3 |
4 |
5 |
6 |
|
|
|
SWBQ |
1. Total |
— |
0,52** |
0,70** |
0,69** |
0,14 |
-0,05 |
|
|
2. Ambiental |
— |
0,02 |
0,15 |
0,07 |
-0,06 |
|
||
|
3. Transcendental |
— |
0,20* |
0,10 |
-0,08 |
|
|||
|
4. Humanitário |
— |
0,13 |
0,08 |
|
||||
|
5.
Otimismo |
— |
0,69** |
|
|||||
|
6.
Esperança |
|
|
|
|
|
— |
|
|
|
Nota. * A correlação é
significativa no nível 0,05. ** A correlação é significativa no nível 0,01. |
|
Validade divergente
A análise
correlacional para o estudo da validade divergente é apresentado na Tabela 3. O SWBQ Total (r2 = 6,8%) e as subescalas Transcendental (r2
= 4,0%) e Humanitário (r2 = 11,6%) correlacionaram-se
negativamente de forma estatisticamente significativa, mas fracamente, com a
GDS. Nem o SWBQ Total, nem as suas subescalas se correlacionaram de forma
estatisticamente significativa com o GAI.
|
TABELA 3 Correlações
de Pearson entre as Pontuações do Spiritual Well-Being Questionnaire (SWBQ),
do Geriatric Anxiety Inventory (GAI) e da Geriatric Depression Scale (GDS) |
|
|||||||
|
|
1 |
2 |
3 |
4 |
5 |
6 |
|
|
|
SWBQ |
1. Total |
— |
0,52** |
0,70** |
0,69** |
-0,02 |
-0,26** |
|
|
2. Ambiental |
— |
0,02 |
0,15 |
0,07 |
0,04 |
|
||
|
3. Transcendental |
— |
0,20* |
0,03 |
-0,20* |
|
|||
|
4. Humanitário |
— |
-0,15 |
-0,34** |
|
||||
|
5. GAI |
— |
0,61** |
|
|||||
|
6. GDS |
|
|
|
|
|
— |
|
|
|
Nota. * A correlação é
significativa no nível 0,05. ** A correlação é significativa no nível 0,01. |
|
Influência das variáveis sociodemográficas
O SWBQ Total
(sem os itens que tiveram baixa saturação) correlacionou-se significativamente
com o sexo (r = 0,30; p < 0,01), o estado civil (r = -0,25; p < 0,05) e a profissão (r
= -0,21; p < 0,05). A subescala Humanitário correlacionou-se somente com
os anos de estudos (r = 0,37; p < 0,01; r2 = 13,7%). A subescala Transcendental correlacionou-se significativamente com o sexo (r = 0,43; p < 0,01; r2
= 18,5%), o estado civil (r = -0,21; p < 0,05; r2 = 4,4%) e a profissão (r = -0,30; p < 0,01; r2 = 9,0%).
DISCUSSÃO E CONCLUSÃO
O principal
objetivo da presente investigação foi o estudo das qualidades psicométricas e a
validação de um instrumento de medição do bem-estar espiritual para pessoas
idosas institucionalizadas, designado Spiritual
Well-Being Questionnaire (SWBQ). Assim, procedeu-se à análise fatorial, à análise
da consistência interna, da validade convergente e divergente e da influência
das variáveis sociodemográficas.
Com o objetivo
de analisar a estrutura dimensional da versão portuguesa do SWBQ recorreu-se à
análise fatorial. A estrutura fatorial em estudo apresentou resultados que
diferem da validação original e da validação portuguesa. A análise fatorial
realizada demonstrou que o modelo a quatro fatores defendido por Gouveia et al.
(2009) poderá não ser adequado à população
portuguesa idosa e institucionalizada, evidenciando que o modelo a três fatores
parece ser o mais adequado para esta população. Estes resultados poderão
dever-se às especificidades da população em estudo, já que o estudo de Gouveia
et al. (2009) recorreu a população adulta da
comunidade.
Quanto à análise
da validade convergente, foi escolhido o constructo da esperança uma vez que a
revisão bibliográfica apontou para a sua relação com a espiritualidade. A
esperança permite que as pessoas confiem no amanhã, acreditem num futuro
melhor, sendo, por isso, muitas vezes, considerada como a base da
espiritualidade (Davis, 2005), no entanto, não foi
encontrada correlação entre esperança e espiritualidade neste estudo.
Ainda no âmbito
da análise correlacional para o estudo da validade convergente não se verificou
uma relação entre otimismo e bem-estar espiritual, não sendo confirmado o
resultado de outros estudos de que pessoas idosas com maiores níveis de
espiritualidade são mais otimistas em relação ao futuro (Poor,
Borgi, Borgi, & Moslemi, 2016).
No que diz
respeito à análise correlacional para o estudo da validade divergente, foi
possível verificar que o SWBQ Total se correlacionou negativamente, embora de
forma fraca, com a GDS. O que significa que pessoas com maiores níveis de
bem-estar espiritual apresentam menor sintomatologia depressiva, sublinhando a
relação entre a espiritualidade e a saúde mental (Jun, Lee, &
Bolin, 2015; Koenig & McConnell, 2001).
Relativamente ao
GAI, usado também para o estudo da validade divergente, nem o SWBQ Total, nem
as suas subescalas se relacionaram com a sintomatologia ansiosa. Este resultado
não vai ao encontro da ideia de que pessoas com maiores níveis de
espiritualidade parecem mostrar maior tranquilidade apresentando menores
índices de ansiedade (Taghiabadi, Kavosi, Mirhafez,
Keshvari, & Mehrabi, 2017).
Relativamente às
variáveis sociodemográficas, foram encontradas diferenças estatisticamente
significativas no sexo, estado civil e profissão no bem-estar espiritual.
Quanto ao sexo,
verificou-se que as mulheres registaram pontuações mais elevadas do que os
homens no bem-estar espiritual. Os dados deste estudo vão ao encontro de outros
estudos (Rodrigues et al., 2017; Wink
& Dillon, 2002),
que defendem que à medida que a idade avança a espiritualidade aumenta, sendo
as mulheres idosas a demonstrarem essa preocupação mais cedo e ocorrendo o seu
desenvolvimento espiritual a um ritmo mais acelerado do que nos homens. As
diferenças nas pontuações do bem-estar espiritual podem dever-se às
aprendizagens prévias relacionadas com os papéis de género (Atchley,
1997; Burke, 1999), assim como a diferenças
individuais na personalidade da idade adulta jovem (McFadden,
1999). Apesar disso, estes resultados devem ser analisados com cautela já
que 67,3% da amostra é constituída por mulheres.
No que respeita
ao estado civil, verificou-se que os indivíduos sem companheiro registaram
pontuações mais elevadas de bem-estar espiritual do que os indivíduos com
companheiro. Estes dados parecem ir ao encontro de outros estudos (McFadden, 1999; Monteiro, 2009).
Este resultado pode dever-se, por um lado, ao facto dos indivíduos com
companheiro se apoiarem neste, enquanto que os indivíduos sem companheiro têm
de procurar outro tipo de apoio, podendo surgir aqui a espiritualidade como um
recurso muito importante (Büssing, Ostermann, &
Matthiessen, 2005). Por outro lado, as perdas (emocionais, físicas e
sociais) na idade adulta avançada parecem favorecer uma maior aproximação à
espiritualidade (McFadden, 1999), e, assim, a perda de
um companheiro poderá potenciar o desenvolvimento da espiritualidade.
No nosso estudo
verificou-se que os indivíduos que tiveram ao longo da vida uma profissão do
tipo manual, registaram pontuações mais elevadas de bem-estar espiritual do que
os indivíduos com uma profissão intelectual. A investigação aponta para que o
estilo de vida na idade adulta jovem, a escolaridade, a ocupação e a posição
social, influenciem a forma como envelhecemos (e.g., saúde, bem-estar; Marques, 2003; World Health
Organization, 2015), gerando iniquidades no acesso a um estilo de vida
saudável e também no acesso a cuidados de saúde. Assim, profissões de tipo
manual, socialmente menos valorizadas e com uma retribuição financeira menor,
poderão, de alguma forma, contribuir para um envelhecimento com mais problemas
de saúde e consequentemente com mais perdas (emocionais, sociais, funcionais).
De acordo com os dados desta investigação, pessoas com uma profissão de tipo
manual e, portanto, potencialmente com mais perdas na idade adulta avançada,
apresentam maiores níveis de espiritualidade, indo ao encontro dos estudos que
concluem que mais perdas na adultez tardia parecem favorecer uma maior
aproximação à espiritualidade, proporcionando maiores níveis de bem-estar (McFadden, 1999; Taghiabadi et al.,
2017).
Podem ser
apontadas algumas limitações ao presente estudo. A escassez de estudos acerca
do bem-estar espiritual na população idosa, especialmente entre as pessoas
idosas institucionalizadas, foi uma realidade, pelo que seria importante
replicar este estudo com uma amostra significativamente maior. O facto de
incluir apenas pessoas idosas em resposta social será também uma limitação,
pelo que seria pertinente, em estudos futuros, incluir também idosos da
comunidade. A validade convergente e divergente também não ficou comprovada, havendo
necessidade de no futuro este estudo ser replicado com outros instrumentos que
atestem a validade de constructo do SWBQ.
Em conclusão,
este estudo contribuiu para a disponibilização de um novo instrumento para a
avaliação do bem-estar espiritual nas pessoas de idade avançada
institucionalizadas, tendo evidenciado características psicométricas razoáveis.
Conflito de interesses: Nenhum.
Fontes de financiamento: Nenhuma.
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ⓘ PsyM.
Recolha de dados, redação do manuscrito e análise estatística. Instituto Superior Miguel Torga, Coimbra, Portugal.
ⓘ PsyM. Redação e revisão do manuscrito e análise
estatística. Instituto Superior Miguel Torga, Coimbra, Portugal.
ⓘ PhD. Coordenação do Projeto Trajetórias do Envelhecimento, revisão
do manuscrito e análise estatística. Instituto
Superior Miguel Torga, Coimbra, Portugal.
ⓘ PhD. Redação e revisão do manuscrito. Instituto Superior Miguel Torga, Coimbra, Portugal.