2018, Vol. 4(1): 1-2

 

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O bem-estar humano sob diferentes perspetivas

 

Editorial   

 

Helena Espírito-Santo , Carla Madeira Sério , Inês Queiroz Garcia  

 

https://doi.org/10.7342/ismt.rpics.2018.4.1.73

 

 

 

 

Em 2018, as editoras da Revista Portuguesa de Investigação Comportamental e Social (RPICS) continuam a privilegiar a publicação de artigos originais de investigação e de revisão nas áreas das Ciências Sociais e do Comportamento.

A RPICS continua a promover o pensamento, questionando as mudanças na sociedade, as suas realidades e repensando as suas problemáticas, promovendo uma reflexão junto do(a)s seus leitore(a)s.

O número 1 do quarto volume da RPICS agrega quatro artigos originais e um artigo de revisão. Ainda que este número da RPICS aborde conteúdos distintos, evidencia-se uma orientação no sentido de estudar variáveis psicológicas positivas e a sua relação com o bem-estar no ser humano, seja ele operacionalizado como saúde física ou mental, estudado no contexto de institucionalização ou no contexto do trabalho, avaliado ao nível da perceção subjetiva de bem-estar ou ao nível da conceção da morte com dignidade.

Assim, o primeiro artigo — “Autocompaixão, bem-estar subjetivo e estado de saúde na idade avançada” (Parente, Cunha, Galhardo, & Couto) — confirma as evidências de que o estado de saúde físico e mental na idade avançada está associado com a compaixão e com o bem-estar subjetivo. Estes fatores positivos serão elementos chave para um envelhecimento percecionado de forma mais tranquila, e para a adoção de um estilo de coping adaptativo perante as dificuldades que se apresentam na idade avançada. A evidência de que idosos que vivem no seu próprio domicílio apresentam mais compaixão do que os idosos que vivem sob resposta social vem reiterar a importância de se adotarem programas e estratégias ao nível da autocompaixão que promovam uma maior satisfação com a vida, melhor saúde mental e física, especialmente entre idosos institucionalizados.

O segundo artigo – “Percepção de brasileiros sobre a morte digna” (Melo, Bezerra, & Lima) – levantou uma questão interessante: qual a conceção dos brasileiros sobre o que é morrer com dignidade e quais as distinções nas diversidades sociodemográficas? Os resultados permitem refletir sobre os procedimentos a desenvolver na assistência a doentes em processo de finitude e aos seus familiares, e mostrando que a preocupação ultrapassa a comunidade médica estando generalizada na sociedade. Na verdade, o que está em causa é a reflexão sobre a morte e a sua remoção do contexto hospitalar.

Outro domínio que merece reflexão diz respeito ao bem-estar entre aqueles que exercem ativamente uma profissão, em concreto a profissão de docente do ensino universitário. Os autores do estudo “Avaliação de fatores de risco psicossociais: estudo com docentes do ensino superior” (Borges, Santos, Saraiva, & Pocinho) mostraram que os professores universitários vivem situações de risco psicossocial, especialmente os professores do ensino público, do sexo feminino e mais velhos. A sua descoberta estimulou os autores a sublinhar a importância da intervenção primária, mas também da intervenção secundária e terciária nas instituições universitárias.

Nesta ronda de artigos originais, termina-se como se começou voltando a focar-se no bem-estar na idade avançada, especialmente entre idosos institucionalizados. No estudo “Validação da versão portuguesa do Spiritual Well-Being Questionnaire para a população idosa institucionalizada”, Neves, Garcia, Espírito-Santo e Lemos procuraram contribuir para a análise das qualidades psicométricas e validação de um instrumento de medição do bem-estar espiritual em pessoas idosas institucionalizadas. Este é um domínio do bem-estar que se tem mostrado relevante para a qualidade de vida, saúde física e mental. Dada a sua importância, faltava um instrumento validado para a população idosa, especialmente a institucionalizada, onde, de certo, o significado e sentido da vida será posto à prova todos os dias.

Na secção Artigos de Revisão, Espírito-Santo e Daniel vêm terminar um percurso relativo à importância do cálculo e apresentação dos tamanhos do efeito a par com os testes estatísticos. Em 2015, as autoras (Espirito-Santo & Daniel, 2015) tinham revisto os tamanhos do efeito para as diferenças de médias entre dois grupos. Em 2017, tinham exposto os pressupostos teóricos, fórmulas e diretrizes para a apresentação dos tamanhos do efeito para as correlações e outras medidas de associação (Espirito-Santo & Daniel, 2017). No entanto, faltava apresentar os tamanhos do efeito para as análises da variância explicada. Desta feita, no artigo “Calcular e apresentar tamanhos do efeito em trabalhos científicos (3): Guia para reportar os tamanhos do efeito para análises de regressão e ANOVAs”, as autoras reveem os argumentos teóricos, fórmulas de cálculo e interpretação dos tamanhos do efeito mais comuns para os modelos lineares gerais (análises de regressão e ANOVA). À semelhança dos artigos anteriores, as autoras suplementam o artigo com uma folha de cálculo para auxiliar os interessados.

Terminamos este editorial agradecendo a todo(a)s o(a)s revisore(a)s e autore(a)s o contributo e a confiança que deposita(ra)m na RPICS. Desejamos a todos um bom ano.

 

 

 

 

 

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REFERÊNCIAS

 

Espirito-Santo, H., & Daniel, F. B. (2015). Calcular e apresentar tamanhos do efeito em trabalhos científicos (1): As limitações do p < 0,05 na análise de diferenças de médias de dois grupos [Calculating and reporting effect sizes on scientific papers (1): p < 0.05 limitations in the analysis of mean differences of two groups]. Revista Portuguesa de Investigação Comportamental e Social, 1(1), 3-16. [Google Scholar]  [Medra]

 

 

Espirito-Santo, H., & Daniel, F. (2017). Calcular e apresentar tamanhos do efeito em trabalhos científicos (2): Guia para reportar a força das relações [Calculating and reporting effect sizes on scientific papers (2): Guide to report the strength of relationships]. Revista Portuguesa de Investigação Comportamental e Social, 3(1), 53-64. [Google Scholar]  [CrossRef]

 

 

 

 

 



PhD. Instituto Superior Miguel Torga. Centro de Investigação do Núcleo de Estudos e Intervenção Cognitivo-Comportamental, Universidade de Coimbra, Portugal.

PsyM. Instituto Superior Miguel Torga, Coimbra, Portugal.

PsyM. Instituto Superior Miguel Torga, Coimbra, Portugal.