2015, Vol. 1(1): 30-41
Bullying, vinculação e estilos educativos parentais em adolescentes do 3º ciclo
do ensino básico
Artigo Original
Sónia Simões, PhD (1a) Joaquim Jorge Ferreira, Psy M (1b) Sandra Braga, Psy M (1c) Henrique Testa Vicente, PhD (1d)
(1) Instituto
Superior Miguel Torga, Coimbra, Portugal.
(a) Elaboração
do trabalho, análise estatística, deu o maior contributo para a revisão do
trabalho.
(b) Elaboração
do trabalho, recolha e inserção de dados, análise estatística.
(c) Elaboração
do trabalho, recolha e inserção de dados, análise estatística.
(d) Revisão
do trabalho.
Autor para correspondência:
Sónia Simões; Largo de Celas, 1, 3000-132 Coimbra, Portugal; +351 910637946;
soniasimoes@ismt.pt
http://dx.doi.org/10.7342/ismt.rpics.2015.1.1.8
Recebido 19 abril 2014
Aceite 15 julho 2014
RESUMO
Objetivos: Dado que a literatura salienta o impacto da
vinculação e do comportamento parental nos comportamentos de bullying, temos como objetivo estudar os
comportamentos de bullying, de
visibilidade crescente em adolescentes no contexto escolar, e a sua relação com
a qualidade da vinculação e os estilos educativos parentais.
Método: A amostra deste estudo envolveu 50 adolescentes, 26
raparigas e 24 rapazes, com idades entre os 12 e os 17 anos (M = 14,24).
O protocolo foi composto por: Questionário de Exclusão Social e Violência
Escolar (QEVE), Inventário de Vinculação na Adolescência (IPPA) e A
Parental Rearing Style Questionnaire for use with Adolescents (EMBU-A).
Resultados: Os adolescentes da nossa amostra tendem a ser mais
observadores em situações de bullying,
sendo os tipos de violência mais frequentes a exclusão social e a agressão
verbal. As vítimas de bullying são
mais frequentemente jovens de nível socioeconómico baixo e as raparigas são
mais observadoras de exclusão social e agressão verbal do que os rapazes. No
que respeita à vinculação, os jovens com mais comportamentos agressivos
percecionam menor comunicação e confiança em relação ao pai e aos amigos e
quando se sentem alienados face aos seus pares, estão mais sujeitos a serem
vítimas de bullying. Por fim,
relativamente aos estilos educativos parentais, os adolescentes mais agressivos
tendem a ser os que sentem maior rejeição e menor suporte emocional maternos.
Conclusões: Fica, então, sublinhada a importância para os comportamentos
de bullying dos estilos educativos
parentais e da qualidade da vinculação dos jovens com as figuras
significativas. Estas conclusões remetem-nos para implicações ao nível da
prevenção deste fenómeno, sendo importante não só considerar variáveis individuais,
mas também como o sujeito interage em todos os seus sistemas de pertença,
focando a construção de relações afetivas.
Palavras-Chave: Vinculação; Estilos educativos parentais; Bullying; Adolescentes
INTRODUÇÃO
Caracterização do
fenómeno bullying
O bullying
é uma forma de violência entre pares, que se diferencia da agressão ocasional,
tanto pela sua persistência no tempo, como pela desigualdade de poder entre o
agressor e a vítima (Freire, Simão e Ferreira, 2006). Este tipo de violência deixa
marcas profundas nos seus intervenientes e afeta inevitavelmente o ambiente
escolar (Antunes e Zuin 2008; Carvalhosa, Lima e Matos, 2001; Carvalhosa,
Moleiro e Sales, 2009; Martins, 2007; Seixas, 2005). A violência escolar é,
então, uma preocupação social crescente, tendo objeto de inúmeros estudos nas
últimas décadas, principalmente na adolescência (Martins, 2005; Pereira, 2008;
Raimundo e Seixas, 2009). Sublinhe-se a investigação de Matos, Simões e Gaspar
(2009), inserida num estudo colaborativo da Organização Mundial de Saúde, o Health
Behaviour in School-aged Children (HBSC). Estudos referem que os alunos
vítimas e agressores e vítimas/agressores envolvidos em comportamentos de bullying exibem mais sintomas físicos e
psicológicos, um autoconceito geralmente desfavorável, sendo mais rejeitados
pelos pares, depressão, ansiedade e ideias suicidas, comparativamente com os
não envolvidos (Almeida, Pereira e Valente, 1995; Carvalhosa et al., 2001,
2009; Martins, 2005, 2007, 2009; Matos et al., 2009; Olweus, 1993; Pereira,
2008; Seixas, 2005, 2006; Simão, Freire e Ferreira, 2004).
O bullying
designa, então, determinadas condutas de agressão/vitimização que ocorrem entre
pares, de forma intencional e continuada, em que existe o abuso do agressor/bully, sobre a vítima, com intenção
deliberada de causar sofrimento ao outro, infligindo dor física ou perturbação
emocional, no contexto de uma relação assimétrica de poder (Amado e Freire,
2002; Freire et al., 2006; Martins, 2005; Olweus, 1998; Seixas, 2005). Este conjunto
de comportamentos violentos pode dividir-se em direto (físico e verbal) que
envolve ataques abertos à vítima, e indireto, como forma de isolamento social
ou exclusão intencional do grupo (Martins, 2009). O bullying pode, assim, assumir diversas formas: sexual (assédio,
abuso), físico (bater, lutar, dar pontapés, danificar pertences) e psicológico
(ameaçar, arreliar, implicar, deixar deliberadamente um indivíduo fora de um
grupo social, ignorar, ninguém falar consigo), onde se inclui a violência verbal
(dizer coisas desagradáveis, caluniar, chamar nomes) (Simão et al., 2004).
A maioria dos estudos sobre bullying sugere uma característica
grupal comum entre os intervenientes, existindo diferentes tipos de papéis na
participação deste fenómeno: agressores, vítimas, vítimas/agressores (Seixas,
2006) e observadores (Carvalhosa, 2010; Carvalhosa et al., 2001; Martins,
2007). No que respeita à caracterização destes grupos, os agressores gostam de
se evidenciar, obtendo status através
de ações de ameaça, agressão e humilhação das vítimas. As vítimas estão em
situação de vulnerabilidade, sentem-se diferentes ou prejudicadas, muitas vezes
não pedem ajuda, demonstrando medo e pouca vontade de frequentar a escola. Por
fim, os observadores aprendem a conviver com os agressores, calando-se e
tornando-se testemunhas das ações de bullying
(Barros, Carvalho e Pereira, 2009). Podem, ainda, distinguir-se vítimas
passivas (incapazes de se defenderem ou que optam conscientemente por este tipo
de não comportamento de retaliação por diversos motivos) e vítimas agressivas
(retaliam o ataque) que simultaneamente agridem e são vitimizadas (Seixas,
2005).
Pelo menos 15% dos estudantes estão
envolvidos em comportamentos de bullying
(Carvalhosa, 2010), tendo sido descritas frequências distintas nos diferentes
papéis assumidos. Assim, identificam-se valores de 25,9% para o grupo de
vítimas/agressoras, 21,4% para o grupo de vítimas e apenas 10,2% para o grupo
de agressores (Carvalhosa et al., 2001). Outras investigações apontam uma menor
percentagem no grupo de vítimas/agressoras e não encontram diferenças
significativas entre agressores e vítimas (Seixas, 2006). No que respeita aos
tipos de conduta de bullying mais
praticados, destaca-se o indireto ou relacional, com predomínio da exclusão
social. Não obstante, tem sido referido que os adolescentes experienciam
simultaneamente a condição/papel de vítima, agressor e observador nestas
situações de bullying (Martins,
2009a; Seixas, 2006) e alguns estudos documentam mesmo que o maior índice de
agressividade não provém dos agressores, mas das vítimas/agressoras, ou seja,
aqueles sujeitos que retaliam os ataques vindos dos agressores (Carrilho e
Bacelar, 2010). Portanto, as situações são diversas e não estáticas,
principalmente na adolescência, em que agressores se podem tornar vítimas ou
observadores e vice-versa, podendo haver casos em que a vítima reaja perante
uma situação de bullying e gere uma
situação de conflito físico.
As investigações realizadas procuram
igualmente compreender as características dos diferentes intervenientes no
fenómeno de bullying, sobretudo
aquilo que distingue vítimas de agressores, e as diferenças nos comportamentos
de bullying em função do sexo, nível
de escolaridade, sucesso escolar e nível socioeconómico (Barros et al. 2009;
Rech, Halpern, Tedesco e Santos, 2013; Seixas, 2006). Assim, os rapazes
aparecem mais envolvidos no bullying,
tanto no papel de vítima como de agressor (Bandeira e Hutz, 2012; Carvalhosa et
al., 2009; Seixas, 2006), com predominância da agressão física (Martins, 2009;
Rech et al., 2013). Por sua vez, existe uma tendência para as raparigas
se envolverem mais em situações de bullying
indireto ou relacional, em ambos os papéis, de vítima e agressora (Bandeira e
Hutz, 2012; Carvalhosa et al., 2001; Pereira, 2008). Porém, também há estudos
que não encontram diferenças de sexo na manifestação dos comportamentos de bullying (Kokkinos, 2013). A frequência
do bullying parece diminuir ao longo
do percurso escolar (Martins, 2005, 2009; Seixas, 2006), mas tende a
verificar-se uma maior frequência em alunos do 3º ciclo do ensino básico,
comparativamente com os alunos mais velhos, sobretudo no que respeita ao bullying físico (Carvalhosa et al.,
2009; Freire et al., 2006; Martins, 2009). Em idades posteriores, os alunos
mais velhos tendem a recorrer mais ao bullying
indireto e relacional (Martins, 2007; Simão et al., 2004). Refira-se que os
alunos com mais retenções tendem a ter mais comportamentos agressivos (Pereira,
2008). A literatura não é consensual em relação ao nível socioeconómico,
havendo estudos que referem que as condutas de vitimização e agressão estão
mais presentes em indivíduos de estatuto social mais desfavorecido (Matos et
al., 2009; Pereira, 2004), embora também se relate a não existência de
diferenças (Martins, 2009; Rech et al., 2013).
Para além das características individuais dos atores
envolvidos, têm sido igualmente salientadas variáveis associadas ao contexto
familiar. Middelton-Moz e Zawadski (2007) defendem que os agressores são, acima
de tudo, crianças tristes que adquirem comportamentos agressivos à medida que
os observam, visto serem vítimas de agressões ao longo do seu desenvolvimento.
Neste sentido, o bullying pode ser
usado como forma de proteção contra ameaças percebidas, tendo uma função
psicológica durante a adolescência, como forma de integração num grupo e de
resolução de conflitos, ou para obter experiências de poder e protagonismo
(Diaz-Aguado, Royo, Segura e Andrés, 1996).
Bullying,
vinculação e estilos educativos parentais
Os vínculos estabelecidos entre pais e
filhos e a parentalidade são temáticas frequentemente estudadas, principalmente
pelo impacto que têm durante a infância e adolescência. Ora, a literatura tem
evidenciado a importância dos estilos educativos parentais e a qualidade da
vinculação para os comportamentos dos adolescentes, designadamente as relações
com a família e grupo de pares. Neste sentido, pais com um estilo educativo
autorizado, que usam medidas de controlo com base no afeto e na compreensão
(Cruz, 2005), promovem nas crianças o desenvolvimento competências sociais, que
tendem a diminuir as tendências agressivas (Pereira, 2007; Soares, 2007). Por
outro lado, os pais de crianças/adolescentes com comportamentos de bullying, como agressores ou vítimas,
têm maior probabilidade de terem um estilo parental autoritário, serem pouco
afetuosos e usarem mais medidas punitivas para o cumprimento de regras e
limites de forma rígida (Ahmed e Braithwaite, 2004). As crianças envolvidas em
fenómenos de bullying percecionam
maior desarmonia familiar (Ahmed e Braithwaite, 2004), ainda que alguns estudos
identifiquem nos bullies menor coesão
familiar e maior ambivalência nos relacionamentos familiares (Pereira, 2008).
Do mesmo modo, os filhos de pais com um estilo educativo permissivo, têm maior
tendência para se envolverem em situações de agressão/vitimização, apresentando
um perfil de vitimização (Olweus, 1998).
Portanto, o suporte emocional dos pais desempenha um
papel importante na gestão do comportamento dos filhos, uma vez que se associa
negativamente com o seu comportamento agressivo (Gomez e Gomez, 2000; Kokkinos,
2013). Sublinhe-se que o suporte materno aos filhos na infância promove
comportamentos de vinculação seguros (Simões, 2011), os quais favorecem no
futuro a aquisição de maiores competências desenvolvimentais (Bowlby, 1982;
Pereira, 2007; Soares, 2007). Uma vinculação segura pode, assim, ser preditora
de menor envolvimento em comportamentos antissociais, e um comportamento parental
apoiante, ainda que com uma demarcação de limites, é essencial para que os
filhos se desenvolvam de forma saudável (Ainsworth, 1989; Bowlby, 1982;
Canavarro, 1999). No contexto do bullying,
os estudos sugerem que tanto bullies
como vítimas têm tendência a ser mais
estigmatizado pelos pares, a ter uma elevada solidão emocional e uma vinculação
insegura (Ireland e Power, 2004; Williams e Kennedy, 2012). Kokkinos (2013)
verificou numa amostra de 601 pré-adolescentes que os comportamentos de
agressão e de vitimização se relacionaram positivamente com uma vinculação
insegura e com a rejeição parental, e negativamente com o suporte emocional. A rejeição parental foi mesmo
identificada como o melhor preditor dos comportamentos de agressão e de
vitimização, ao passo que a vinculação insegura apenas foi preditora da
vitimização, pelo que o autor sugere que o estilo de vinculação desempenha um
papel mais importante no comportamento de vitimização.
Em síntese, a teoria da vinculação e as teorias da
parentalidade documentadas na investigação empírica sugerem que o padrão de
vinculação e o tipo de estilo educativo parental influenciam os modelos de
relação com os outros, podendo dificultar as relações sociais e favorecer
problemas de comportamento.
Objetivos
Perante este quadro teórico, propõe-se como
principal objetivo analisar a relação entre a qualidade da vinculação aos pais
e amigos, os estilos educativos parentais e os comportamentos de bullying
observados junto de adolescentes. Para tal, foram definidos os seguintes
objetivos específicos: 1) analisar os comportamentos de bullying, no que
respeita à frequência e associações entre as diferentes condutas e tipos de
conduta; 2) analisar as diferenças nos comportamentos de bullying em
função das variáveis sociodemográficas nível socioeconómico percecionado, sexo,
e (in)sucesso escolar; 3) estudar as associações entre as dimensões da
vinculação, dos estilos educativos parentais e os comportamentos de bullying.
MÉTODO
Desenvolvemos um estudo transversal, utilizando uma
metodologia de investigação quantitativa, descritiva e correlacional. A amostra
foi recolhida numa escola básica de 2º e 3º ciclo do ensino básico, junto de
alunos do 7º, 8º e 9º ano do 3º ciclo, após autorização concedida pelo diretor
da escola. Mediante a assinatura
do consentimento informado dos encarregados de educação e o consentimento
voluntário dos jovens, procedeu-se à aplicação coletiva dos protocolos em maio
de 2012, durante o período de aulas.
Instrumentos
Questionário Sociodemográfico. É composto por questões fechadas para recolher
informação sobre as características sociodemográficas: sexo, idade, ano de
escolaridade, (in)sucesso escolar (número de reprovações) e nível
socioeconómico da família percebido pelos sujeitos (“baixo”: dificuldades
económicas; “médio”: sem dificuldades económicas; “elevado”: com poder
económico). Considerando que poucos sujeitos identificaram pertencer a um nível
socioeconómico elevado, optou-se por recodificar esta variável, criando dois grupos:
nível socioeconómico baixo e médio/elevado.
Questionário
de Exclusão Social e Violência Escolar (QEVE). A versão portuguesa do QEVE de Diaz-Aguado (2004),
adaptado por Martins (2005) avalia o tipo e o grau de envolvimento do indivíduo
em condutas de bullying. É um
questionário tipo Likert, constituído por 79 itens de autorrelato organizados
em 7 escalas. Neste estudo apenas foram usadas 3 escalas, com um total de 45
itens, que avaliam as condutas de vitimação, agressão e observação de
vitimação/agressão na escola. Cada escala é constituída por 15 itens,
englobando situações de exclusão social/agressão indireta (4 itens), agressão
verbal (2 itens), violência com agressão física menor (5 itens) e violência com
agressão física grave (4 itens). As respostas são cotadas de 1 a 4 (1=nunca, 2=
algumas vezes, 3= muitas vezes, 4= quase sempre).
Martins (2005) obteve um alfa de
Cronbach de 0,84 na escala da vítima, 0,80 na escala do agressor e 0,89 na
escala do observador, dados que apontam para elevada fidedignidade deste
instrumento. No presente estudo, os alfas foram igualmente bons (Pestana e
Gageiro, 2008), podendo salientar-se que na escala do agressor o alfa de
Cronbach foi de 0,89, mais elevado do que na versão portuguesa, enquanto os
valores de alfa nas escalas de vítima e de observador foram de 0,82 e 0,93,
respetivamente, semelhantes à versão portuguesa.
Inventário
de Vinculação na Adolescência (IPPA). O
IPPA na versão portuguesa adaptada por Neves, Soares e Silva (1999) do Inventory of Parent and Peer Attachment
(IPPA) de Armsden e Grenberg (1987, cit. por Neves et al., 1999), visa avaliar
a qualidade da vinculação do adolescente à mãe ao pai e aos amigos, numa escala
tipo Likert de 5 pontos, com 75 itens, organizada em 3 escalas de 25 itens
cada: Mãe, Pai e Amigos. Este instrumento permite avaliar as seguintes
dimensões: Confiança (grau de compreensão e respeito mútuo); Comunicação
(extensão da comunicação falada, acessibilidade e responsividade das figuras de
vinculação); e Alienação (alguns estados emocionais – raiva, irritação e
ressentimento – dirigido às figuras de vinculação, bem como a desvinculação ou
o isolamento na relação. O IPPA é uma medida unifatorial, permitindo
classificar os indivíduos relativamente às figuras de vinculação como seguros (estado
de se sentir em segurança acerca da disponibilidade da figura de vinculação) ou
inseguros (experiências desfavoráveis quando o sistema de vinculação está
ativado) (Ainsworth, 1989).
No estudo de Neves e colaboradores
(1999) verificou-se uma elevada fidedignidade nas escalas Mãe, Pai e Amigos,
com valores de alfa de Cronbach de
0,92, 0,95 e 0,93, respetivamente. No presente estudo, os alfas de Cronbach
encontrados são de 0,81 na
escala Mãe, de 0,86 na escala Pai, e na
escala Amigos de 0,91. O valor de alfa na escala Amigos é idêntico aos valores da versão de Neves e colaboradores
(1999), enquanto os restantes alfas
relativos às escalas Pai e Mãe são mais baixos, mas podem ser considerados bons
(Pestana e Gageiro, 2008).
A
Parental Rearing Style Questionnaire for use with Adolescents (EMBU-A). O EMBU-A na
versão portuguesa, traduzido e adaptado por Lacerda (2005) do EMBU-A de Gerlsma, Van Der Veen e
Emmelkamp (1991, cit. por Lacerda, 2005), permite avaliar a perceção do sujeito
relativamente à frequência de determinados comportamentos educativos ocorridos
durante a adolescência (12 a 17 anos), em relação ao pai e mãe, separadamente. É constituído por 48 itens,
respondidos numa escala de Likert de quatro pontos que se distribuem por 3
dimensões: Suporte Emocional (expressão de amor, apoio emocional e aprovação);
Sobreproteção (regras e normas rígidas impostas pelos pais e ao controlo
excessivo por parte destes); e Rejeição (castigos e repreensões dados com o
objetivo de modificar os comportamentos dos filhos e que são sentidos como
rejeição por estes).
A adaptação portuguesa (Lacerda, 2005) revelou
características psicométricas razoáveis: a dimensão Sobreproteção evidenciou
alfas de Cronbach de 0,62 e 0,64 para mãe e pai, respetivamente; no Suporte
Emocional valores de alfa de 0,93 para pai e para a mãe de 0,91; e na Rejeição
valores de 0,91 (pai) e 0,87 (mãe). No presente estudo, os alfas encontrados na
análise da fidedignidade do instrumento foram mais elevados do que na versão
portuguesa de Lacerda (2005), tendo-se obtido na dimensão Suporte Emocional
alfas de 0,96 para o pai e de 0,93 para a mãe, na dimensão Sobreproteção alfas
de 0,78 e 0,73, para o pai e para a mãe respetivamente, enquanto na dimensão
Rejeição encontraram-se alfas para o pai de 0,91 e para a mãe de 0,93.
Análise estatística
Os dados obtidos foram tratados através do Statistical
Package for Social Sciences (SPSS), versão 19.0 para Windows. A análise da
distribuição das pontuações pelo cálculo do teste de Kolmogorov-Smirnov evidenciou
que as pontuações das diferentes variáveis em estudo não têm uma distribuição
normal, optando-se pelo uso de testes não paramétricos. A análise dos
resultados englobou o cálculo de medidas de tendência central, desvio padrão e
valores mínimos e máximo, apresentados nas respostas aos questionários. Foram
calculadas as médias ponderadas das pontuações obtidas no QEVE, nas condutas de
observação, de vitimização e de agressão. Para facilitar a leitura dos
resultados transformaram-se os valores absolutos em relativos, dividindo os
resultados de cada uma das dimensões das subescalas pelo número de itens
respetivos, podendo a pontuação variar entre 1 e 4. Analisou-se a associação
entre as variáveis consideradas através do teste de correlação ro de Spearman (ρ), utilizando-se também o teste U de Mann-Whitney para compreender as diferenças entre as dimensões
do QEVE em função do nível socioeconómico percecionado e do sexo dos
adolescentes.
Amostra
O tipo de amostragem usada nesta investigação foi a
não-probabilística acidental. Foi critério para inclusão no estudo, os
adolescentes apresentarem idades entre os 12 e os 17 anos, a frequentar o 3º
ciclo do ensino básico. Da amostra foram excluídos os alunos com necessidades
educativas especiais e institucionalizados.
|
TABELA 1 Caracterização Sociodemográfica
dos Adolescentes |
|
|||
|
|
n = 50 |
% |
Medidas
descritivas |
|
|
Sexo Masculino |
24 |
48,0 |
Mo:
Feminino |
|
|
Feminino |
26 |
52,0 |
|
|
|
Idade |
|
|
M =
14,24 |
|
|
12 – 14 Anos |
34 |
68,0 |
Mo:
12-14 Anos |
|
|
15 – 17
Anos |
16 |
32,0 |
DP =
1,37 |
|
|
Ano
de escolaridade |
|
|
|
|
|
7º Ano |
2 |
4,0 |
|
|
|
8º Ano |
34 |
68,0 |
Mo: 8º
Ano (34) |
|
|
9º Ano |
14 |
28,0 |
|
|
|
(In)sucesso
escolar |
|
|
|
|
|
Sem
reprovações |
33 |
66,0 |
Mo: Sem reprovações
(33) |
|
|
Com
reprovações |
17 |
34,0 |
|
|
|
Nível
socioeconómico |
|
|
|
|
|
Baixo |
10 |
20,0 |
Mo:
Médio/Elevado (40) |
|
|
Médio/Elevado |
40 |
80,0 |
|
|
|
Nota. n = número de sujeitos da amostra; Mo: moda; M = Média; DP =
Desvio-padrão. |
|
Assim, a amostra envolveu 50 adolescentes (n = 50), 26 raparigas (52%) e 24 rapazes
(48%), com idades compreendidas entre os 12 e os 17 anos, tendo uma média de
idade de 14,24 anos (DP = 1,37). A
maior parte dos alunos frequentava o 8º ano (68%), seguindo-se os alunos no 9º
ano (28%) e apenas uma minoria estava no 7º ano de escolaridade (4%),
constatando-se que a maioria nunca reprovou (66%). Quanto à perceção dos
adolescentes sobre o nível socioeconómico do seu agregado familiar, a maioria
dos alunos afirmaram não terem dificuldades económicas (nível socioeconómico
médio/elevado) (80%), comparativamente com os alunos que percecionam pertencer
ao nível socioeconómico baixo (20%) (Tabela 1).
RESULTADOS
Bullying
As condutas de observação tiveram um valor médio
mais elevado (M = 22,38; DP = 6,72), à qual se seguiram as
condutas de vitimização (M = 18,34; DP = 3,86) e de agressão (M = 17,46; DP = 4,16), com valores semelhantes. Quando se analisam os valores
relativos, destaca-se a pontuação relativa mais elevada (1,83) da exclusão
social e agressão verbal referente à conduta de observação (Tabela 2).
|
TABELA 2 Análise
Descritiva das Condutas e dos Tipos de Comportamentos de Bullying |
|
||||
|
Condutas e tipos de condutas |
M (VR) |
Min. |
Max. |
DP |
|
|
Exclusão social e agressão verbal |
8,34 (1,39) |
6 |
22 |
2,98 |
|
|
Agressão física |
10,00 (1,11) |
9 |
15 |
1,21 |
|
|
Conduta de vitimização (15 itens) |
18,34 (1,22) |
15 |
37 |
3,86 |
|
|
Exclusão social e agressão verbal |
9,04 (1,29) |
7 |
23 |
2,87 |
|
|
Agressão física |
8,42 (1,05) |
8 |
19 |
1,61 |
|
|
Conduta de agressão (15 itens) |
17,46 (1,16) |
15 |
42 |
4,16 |
|
|
Exclusão social e agressão verbal |
10,98 (1,83) |
6 |
22 |
4,33 |
|
|
Violência com agressão menor |
7,00 (1,40) |
5 |
16 |
2,31 |
|
|
Violência com agressão grave |
4,40 (1,10) |
4 |
8 |
0.90 |
|
|
Conduta de observação (15 itens) |
22,38 (1,49) |
15 |
45 |
6,72 |
|
|
Nota. M = Média; Valores Relativos; Min. = Mínimo; Max. = Máximo; DP =
Desvio-padrão. |
|
Foram testadas as associações entre as dimensões do
QEVE (diferentes condutas e tipos de condutas de bullying), através do coeficiente de correlação de Spearman. As diferentes condutas de agressão,
vitimização e observação apresentaram-se correlacionadas entre si de modo
positivo. Assim, a conduta de vitimização apresentou uma correlação positiva
moderada com a conduta de agressão (ρ = 0,62;
p < 0,01) e com a conduta de
observação (ρ = 0,46; p < 0,01). Do mesmo modo, a conduta de agressão correlacionou-se
de modo positivo e moderado com a conduta de observação (ρ = 0,41; p
< 0,01). As condutas de bullying
também têm uma correlação forte positiva com os tipos de conduta a si
correspondentes, ou seja, a exclusão social e agressão verbal da vítima (ρ = 0,94; p
< 0,01), do agressor (ρ = 0,96;
p < 0,01) e do observador (ρ = 0,96; p
< 0,01), correspondentes às três condutas de vitimização, agressão e de
observação, sendo este último tipo de conduta a apresentar uma associação mais
forte (Tabela 3).
|
TABELA 3 Correlações
entre as Condutas e Tipos de Condutas de Bullying |
|
||||||||||
|
Condutas
e tipos de condutas |
A |
B |
C |
D |
E |
F |
G |
H |
I |
|
|
|
A |
ES/AV |
— |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
B |
AF |
0,43** |
— |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
C |
CV |
0,94** |
0,67** |
— |
|
|
|
|
|
|
|
|
D |
ES/AV |
0,53** |
0,47** |
0,62** |
— |
|
|
|
|
|
|
|
E |
AF |
0,20 |
0,28* |
0,24 |
0,23 |
— |
|
|
|
|
|
|
F |
CA |
0,52** |
0,49** |
0,62** |
0,96** |
0,45** |
— |
|
|
|
|
|
G |
ES/AV |
0,49** |
0,22 |
0,47** |
0,49** |
0,20 |
0,49** |
— |
|
|
|
|
H |
VCAM |
0,41** |
0,24 |
0,42** |
0,23 |
0,23 |
0,24 |
0,76** |
— |
|
|
|
I |
VCAG |
0,07 |
0,07 |
0,05 |
0,16 |
0,17 |
0,14 |
0,44** |
0,59** |
— |
|
|
J |
CO |
0,48** |
0,19 |
0,46** |
0,41** |
0,19 |
0,41** |
0,96** |
0,88** |
0,59** |
|
|
Nota. Correlação de Spearman. **p <
0,01. ES/AV = Exclusão
social/agressão verbal; AF = Agressão física; CV = Conduta de Vitimização; CA
= Conduta de Agressão; VCAM = Violência com agressão menor; VCAG = Violência
com agressão grave; CO = Conduta de Observação. |
|
Analisou-se a variância no fenómeno de bullying, de acordo com o nível
socioeconómico percecionado pelos adolescentes. Recorreu-se à mediana (Me) como
valor de tendência central, uma vez que as pontuações apresentaram alguma
dispersão. Houve diferenças estatisticamente significativas na conduta de
vitimização (p < 0,01; Me = 16,00) e, dentro desta conduta, no recurso aos tipos de exclusão social e
agressão verbal (p < 0,01; Me = 7,00) e agressão física da vítima (p < 0,05; Me = 9,00), assim como no
tipo de violência com agressão menor por parte do observador (p < 0,05; Me = 6,00). Portanto, os
adolescentes com nível socioeconómico médio/elevado tiveram resultados
significativamente mais baixos nos tipos e condutas mencionados anteriormente, em comparação com os adolescentes de
nível socioeconómico baixo. Ou seja, estes jovens consideram que são menos
vítimas de bullying, designadamente
de exclusão social e agressão verbal, sofrem menos agressão física enquanto
vítimas e observam menos comportamentos de agressão menor (Tabela 4).
|
TABELA 4 Diferenças nos Comportamentos de Bullying em função do Nível
Socioeconómico |
|
||||||
|
|
Nível Socioeconómico |
|
|
||||
|
Condutas e Tipos de conduta |
Baixo (n = 10) |
Médio/Elevado (n = 40) |
|
|
|||
|
Me |
A |
Me |
A |
U |
p |
|
|
|
Exclusão
social e agressão verbal |
11,00 |
15 |
7,00 |
6 |
57,00 |
< 0,0001 |
|
|
Agressão
física |
10,50 |
6 |
9,00 |
3 |
117,00 |
0,033 |
|
|
Conduta
de vitimização |
20,50 |
20 |
16,00 |
7 |
56,00 |
< 0,001 |
|
|
Exclusão
social e agressão verbal |
9,00 |
9 |
8,00 |
16 |
154,50 |
0,260 |
|
|
Agressão
física |
8,00 |
3 |
8,00 |
11 |
169,00 |
0,282 |
|
|
Conduta
de Agressão |
17,50 |
10 |
16,00 |
27 |
143,50 |
0,161 |
|
|
Exclusão
social e agressão verbal |
12,00 |
12 |
9,50 |
16 |
134,50 |
0,111 |
|
|
Violência
com agressão menor |
8,50 |
5 |
6,00 |
11 |
118,00 |
0,039 |
|
|
Violência
com agressão grave |
4,00 |
2 |
4,00 |
4 |
175,50 |
0,515 |
|
|
Conduta
de observação |
24,50 |
17 |
19,50 |
30 |
130,00 |
0,089 |
|
|
Nota. U = Teste U de
Mann-Whitney; Me = Mediana; A =
Amplitude. |
|
O estudo das diferenças nas condutas e tipos de
condutas de bullying em função do
sexo dos adolescentes evidenciou apenas diferenças estatisticamente
significativas (p < 0,05) na
conduta de observação, designadamente no uso da exclusão social e agressão
verbal, em que as raparigas (Me =
12,00) recorreram mais a este tipo de conduta, comparativamente com os rapazes (Me = 9,50) (Tabela 5).
|
TABELA 5 Diferenças
nas Condutas e nos Tipos de Conduta de Bullying em função do Sexo |
|
||||||
|
|
Sexo |
|
|
||||
|
Condutas e Tipos de conduta |
Masculino (n = 24) |
Feminino (n = 26) |
|
|
|||
|
|
Me |
A |
Me |
A |
U |
p |
|
|
Exclusão
social e agressão verbal |
7,00 |
9 |
7,50 |
16 |
278,50 |
0,512 |
|
|
Agressão
física |
10,00 |
3 |
9,00 |
6 |
274,00 |
0,441 |
|
|
Conduta
de vitimização |
17,50 |
10 |
17,00 |
22 |
256,00 |
0,276 |
|
|
Exclusão
social e agressão verbal |
8,50 |
16 |
8,00 |
9 |
266,00 |
0,362 |
|
|
Agressão
física |
8,00 |
11 |
8,00 |
3 |
295,00 |
0,608 |
|
|
Conduta
de Agressão |
16,50 |
27 |
16,00 |
10 |
270,50 |
0,413 |
|
|
Exclusão
social e agressão verbal |
9,50 |
12 |
12,00 |
16 |
204,00 |
0,034* |
|
|
Violência
com agressão menor |
6,00 |
7 |
6,50 |
11 |
270,00 |
0,405 |
|
|
Violência
com agressão grave |
4,40 |
2 |
4,00 |
4 |
286,00 |
0,490 |
|
|
Conduta
de observação |
20,00 |
16 |
24,00 |
30 |
220,50 |
0,075 |
|
|
Nota.
Teste U de Mann-Whitney (*p < 0,05 ** p < 0,01); Me =
Mediana; A = Amplitude. |
|
Relação entre o bullying,
vinculação e estilos educativos parentais
Podem observar-se, na Tabela 6, as
correlações entre as dimensões do IPPA e do QEVE. Houve uma correlação negativa
baixa e moderada, respetivamente, entre a conduta agressiva e a comunicação com
o pai (ρ = -0,36; p < 0,05) e confiança com o pai (ρ = -0,48; p
< 0,01) e uma associação moderada positiva com a alienação ao pai (ρ = 0,41; p
< 0,01). Também na análise da qualidade da vinculação aos amigos se destaca
que a conduta de agressão se associou baixa e negativamente com a comunicação
com os amigos (ρ = -0,30; p < 0,05) e moderada e positivamente
com a alienação aos amigos (ρ = 0,40;
p < 0,01). Na conduta de vitimização, verifica-se
uma associação baixa negativa com a confiança paterna (ρ = -0,31; p
< 0,05) e com as três dimensões da vinculação aos amigos: moderada negativa
com a comunicação (ρ = -0,45; p < 0,01), baixa negativa com a
confiança (ρ = -0,37; p < 0,01) e moderada positiva com a
alienação (ρ = 0,44; p < 0,01).
Nenhuma das dimensões do IPPA mãe, nem o IPPA total
se correlacionaram com os diferentes tipos de condutas de bullying. Acrescente-se que a conduta de observação não apresentou
qualquer associação com a vinculação ao pai, à mãe e aos amigos.
Optou-se por não apresentar a classificação dos
adolescentes em grupos de vinculação segura e insegura a partir do IPPA porque,
devido ao tamanho reduzido da amostra, os sujeitos com uma vinculação insegura
constituíam um grupo bastante pequeno para possibilitar uma análise estatística
rigorosa.
|
TABELA 6 Correlações
entre as Dimensões da Vinculação e as Condutas de Bullying |
|
||||
|
|
|
|
Condutas de bullying |
|
|
|
|
Dimensões IPPA |
Vitimização |
Agressão |
Observação |
|
|
|
Comunicação |
0,03 |
-0,11 |
0,12 |
|
|
Mãe |
Confiança |
0,10 |
-0,12 |
0,26 |
|
|
Alienação |
0,17 |
0,25 |
0,11 |
|
|
|
Comunicação |
-0,23 |
-0,36* |
0,04 |
|
|
|
Pai |
Confiança |
-0,31* |
-0,48** |
0,07 |
|
|
Alienação |
0,27 |
0,41** |
0,13 |
|
|
|
Comunicação |
-0,45** |
-0,30* |
0,02 |
|
|
|
Amigos |
Confiança |
-0,37** |
-0,25 |
0,03 |
|
|
Alienação |
0,44** |
0,40** |
0,05 |
|
|
|
IPPA Total |
-0,27 |
-0,25 |
0,14 |
|
|
|
Nota. Correlação de Spearman. *p <
0,05; **p < 0,01. |
|
A leitura das correlações entre os estilos
educativos parentais e os comportamentos de bullying
indica apenas uma associação baixa positiva entre as condutas de agressão dos
jovens e a rejeição da mãe (ρ = 0,32;
p < 0,05) e baixa negativa com o
suporte emocional materno (ρ =
-0,31; p < 0,05). Não se verificou
nenhuma associação entre a conduta de agressão e as dimensões do estilo
educativo paterno (Tabela 7).
|
TABELA 7 Correlações
entre as Dimensões os Estilos Educativos Parentais e as Condutas de Bullying |
|
||||
|
|
|
|
Condutas de bullying |
|
|
|
|
Dimensões EMBU-A |
Vitimização |
Agressão |
Observação |
|
|
|
Suporte
emocional |
-0,17 |
-0,26 |
0,18 |
|
|
Pai |
Sobreproteção |
0,15 |
0,01 |
-0,06 |
|
|
|
Rejeição |
0,20 |
0,21 |
-0,08 |
|
|
|
Suporte
emocional |
-0,24 |
-0,31* |
0,09 |
|
|
Mãe |
Sobreproteção |
0,20 |
0,13 |
-0,08 |
|
|
|
Rejeição |
0,27 |
0,32* |
-0,08 |
|
|
Nota. Correlação de Spearman (*p <
0,05; **p< 0,01). |
|
DISCUSSÃO CONCLUSÃO
O nosso estudo coloca em evidência a
existência de comportamentos de bullying
entre os sujeitos da amostra, com recurso às condutas de vítima, de agressor e
de observador. As médias encontradas nas condutas de vitimização e agressão
encontram-se equiparadas, em conformidade com Seixas (2006) que refere uma
percentagem semelhante para o grupo de vítimas e de agressores. Porém, na
presente investigação, a conduta de observação apresenta médias ligeiramente
mais elevadas, comparando com as condutas de vitimização e agressão. Nesta
linha, tem sido sugerido que os observadores convivem de perto com os
agressores, tornando-se assim observadores frequentes de situações dos vários
tipos de agressão entre colegas (Carvalhosa et al., 2009; Freire et al. 2006;
Seixas, 2006), aprendendo a conviver com os agressores, calando-se e
tornando-se testemunhas das ações de bullying
(Barros et al., 2009).
Constatou-se que a exclusão social e
agressão verbal, tanto infligida pelo agressor, como sofrida pela vítima, bem
como ainda observada pelos jovens em posição de observador, são os
comportamentos mais evidenciados pelos adolescentes. Salienta-se em particular
a observação de exclusão social e agressão verbal como sendo o comportamento
mais frequente por parte dos jovens. Verificou-se, à semelhança de outros
estudos, a existência de correlações positivas e significativas entre as
condutas de vitimização, agressão (Seixas, 2006) e observação (Carvalhosa,
2010; Carvalhosa et al., 2001; Martins, 2007). Assim, os adolescentes experienciam
simultaneamente a condição de vítima, agressor e observador, em conformidade
com o estudo de Martins (2009). O tipo de conduta que apresenta uma correlação
mais forte com as três condutas é a exclusão social e violência verbal. Neste
sentido, e como frequentemente descrito na literatura, na nossa amostra
predomina o bullying exercido de
forma indireta (Bandeira e Hutz, 2012; Martins 2005; Olweus 1993; Pereira,
2008; Seixas, 2006; Simão et al. 2004).
As investigações referem que, por norma,
são os rapazes que mais se envolvem em situações de violência, nomeadamente na
forma de agressão física direta (Marini, Dane, Bosacki e Ylc-Cura, 2006;
Pereira, 2004, 2008; Rech et al., 2013; Seixas 2006). Porém, neste estudo, não
foram encontradas diferenças neste tipo de violência. Destacou-se, sim, que as
raparigas consideram praticar mais situações de bullying, principalmente como observadoras de exclusão social e de
violência verbal. Também outros autores verificaram uma tendência para as
raparigas estarem mais envolvidas em situações de bullying indireto e de observação (Bandeira e Hutz, 2012;
Carvalhosa et al., 2001; Freire et al., 2006). Ora, como refere Seixas (2009),
deve-se ter em conta o papel das variáveis de funcionamento cerebral, que
poderá justificar as diferenças comportamentais entre rapazes e raparigas,
sendo os rapazes mais propensos à ação e a comportamentos físicos, ao passo que
as raparigas são mais orientadas para utilizar as suas competências comunicativas
e a manipular as redes sociais. Refira-se, ainda, que existem expetativas
culturais associadas a diferenças de género, que se refletem no modo como os
dois sexos são educados. Assim, rapazes e raparigas são tratados de modo
diferenciado, sendo aceites, e até incentivados, comportamentos mais violentos
por parte dos rapazes, já às raparigas é exigida maior contenção na sua
conduta. Por fim, acrescente-se que as raparigas poderão estar mais atentas aos
comportamentos de bullying e, por
isso, reportem com maior frequência serem observadoras deste fenómeno.
No nosso estudo, os adolescentes que
percecionaram um nível socioeconómico baixo identificam mais frequentemente que
foram vítimas de exclusão social e violência verbal, bem como de agressão física
por parte dos colegas, e foram igualmente mais observadores de agressão menor,
comparativamente com os adolescentes de nível socioeconómico médio/elevado.
Resultados semelhantes foram descritos noutras investigações (Matos et al.,
2009; Whitney e Smith, 1993). Não, obstante, há estudos que não encontram
associações entre os comportamentos de bullying
e o nível socioeconómico (Rech et al., 2013) e outros que revelam associações
complexas com determinadas variáveis socioeconómicas, como o baixo nível de escolaridade,
o desemprego paterno e a inatividade económica materna (Magklara et al., 2012).
Pela dimensão da amostra e sua representatividade, importa referenciar um
estudo que envolveu 162 305 sujeitos, com idades compreendidas entre os 11 e os
15 anos, de 35 países europeus e norte-americanos, em que se constatou uma
maior prevalência de vitimação por bullying
nos jovens de famílias economicamente desfavorecidas (Due et al., 2009).
Reconhecendo os efeitos deletérios do bullying,
os autores sugerem que este pode constituir um factor de agravamento do já
pesado fardo dos jovens em desvantagem social, propondo como objetivo de
investigações subsequentes descortinar os mecanismos sociais que subjazem às
desigualdades socioeconómicas verificadas na vitimação por bullying, por forma a melhorar a intervenção.
Ao avaliar a relação entre a vinculação
e os comportamentos de bullying, a
vinculação ao pai e aos amigos (nomeadamente ao nível das dimensões comunicação
e confiança) apresentou associações com a conduta de vítima e de agressor,
enquanto a vinculação à mãe não tem associações com estas condutas. Estes
resultados sugerem que é a qualidade da vinculação ao pai e aos amigos que mais
contribui para um menor envolvimento em condutas de bullying, à semelhança de outros estudos que sublinham que os jovens com uma vinculação segura
reportaram menos envolvimento em comportamentos de bullying
(Kokkinos, 2013; Williams e Kennedy, 2012). Já a conduta de observação parece
não se associar à qualidade da vinculação. Assim, a análise conjunta destes
resultados evidencia o papel possivelmente protetor dos vínculos afetivos
desenvolvidos em contexto familiar (Bowlby, 1982), no que respeita à utilização
de comportamentos de bullying pelos
adolescentes. Fica, ainda, salientada a importância que uma relação de
qualidade com os pares, contexto relacional que promove a partilha de emoções,
aprendizagens e desafios próprios da idade (Medeiros, 2000), pode ter na vida
dos adolescentes e na sua vulnerabilidade ao bullying.
No que respeita aos estilos educativos
parentais, a conduta de agressão associou-se positivamente com a rejeição
materna e negativamente como o suporte emocional materno, resultados
corroborados pela literatura (Gomez e Gomez, 2000; Kokkinos, 2013). Refira-se
que o suporte e o afeto parentais agregam um conjunto de características
positivas para o desenvolvimento saudável dos filhos, ao passo que um
comportamento parental rejeitante se associa a piores indicadores
desenvolvimentais e comportamentais dos filhos (Cruz, 2005; Cummings, Davies e
Campbell., 2000; Pereira, 2007). Neste sentido, fica sugerido que um
comportamento parental caracterizado pelo suporte afetivo parece proteger os
jovens de se envolverem em comportamentos de bullying.
Em conclusão, para o fenómeno de bullying parece contribuir tanto a
qualidade de vinculação como os estilos educativos parentais, embora com
diferenças relativamente às personagens de referência. Deste modo, os jovens
mais envolvidos em fenómenos de bullying
percecionam uma menor qualidade de vinculação às figuras significativas,
nomeadamente ao pai e aos amigos, e um estilo educativo parental caracterizado
por maior rejeição e menor suporte emocional maternos. Sendo o bullying um fenómeno que ocorre na
relação, os resultados deste estudo sugerem que estes jovens terão maior
dificuldade em se relacionar, ora por terem padrões de vinculação mais
inseguros, ora por se sentirem rejeitados e pouco apoiados pelos pais.
Considera-se uma limitação desta
investigação a amostra apresentar dimensões reduzidas (n = 50), a
aplicação coletiva dos questionários, bem como o constrangimento que alguns
itens do EMBU-A geraram em alguns participantes, podendo ter influenciado
algumas respostas. Acrescente-se que os dados foram recolhidos junto de uma única
fonte, os jovens, pelo que acedemos apenas à sua perceção sobre o fenómeno de bullying. Portanto, será importante em
estudos futuros questionar diversos informadores, nomeadamente agentes
escolares e elementos da família destes jovens. É igualmente pertinente fazer
uso de metodologias mais qualitativas, com recurso a entrevistas
semiestruturadas, para avaliar a perceção que diferentes protagonistas do
sistema educativo têm do bullying.
Será, também, essencial obter informação mais pormenorizada sobre o que leva os
adolescentes a envolverem-se em comportamentos de bullying, assim como perceber de que forma o tipo de personalidade
em desenvolvimento se associa (ou não) a este fenómeno.
Em linha com as propostas de prevenção nos fenómenos
de violência e de bullying em
contexto escolar e considerando os resultados do presente estudo que sublinham
a associação do bullying com a
vinculação e os estilos educativos parentais, é essencial conduzir uma
intervenção não somente centrada nos comportamentos do aluno e na escola, mas,
principalmente, partindo de uma visão sistémica, vendo o indivíduo como
resultado das suas escolhas em função do meio envolvente (Musitu et al., 2011).
Ou seja, será importante estudar os sistemas que envolvem estes jovens,
promovendo melhores relações interpessoais com o seu ambiente mais próximo
(família, grupo de pares e valores culturais). Então, para além de se
considerarem as variáveis individuais, será pertinente focar as relações
afetivas, designadamente as relações pais-filhos e as relações estabelecidas
com outras figuras significativas (pares, professores), bem como os contextos
de pertença que podem influenciar de forma mais direta os comportamentos de bullying. Do mesmo modo, deverão ser
trabalhados os padrões de comunicação mantidos entre os diversos intervenientes
escolares, bem como as estratégias de resolução de conflitos, promovendo uma
interação mais positiva entre alunos e professores. Nesta perspetiva, refira-se
que é essencial agir preventivamente no contexto do bullying, com definição de programas de prevenção de práticas
agressivas (e.g., Diaz-Aguado et al., 1996; Pereira, 2008), e em que sejam
contemplados os sistemas indivíduo, escola, família e sociedade (Martins,
2011). Será útil incidir sobretudo na identificação destes fenómenos no
quotidiano escolar e, em presença do bullying,
planear intervenções direcionadas a extinguir comportamentos agressivos. Neste
sentido, realça-se a pertinência de criar formação para professores,
funcionários e pais dentro das escolas, estando mais sensibilizados e com
estratégias mais eficazes para lidar com este tipo de violência escolar.
Conflito de interesses |
Conflict of interest: nenhum | none.
Fontes de financiamento |
Funding sources: nenhuma | none.
REFERÊNCIAS
Ahmed,
E., & Braithwaite, V. (2004). Bullying and victimization: cause for concern
for both families and schools. Social Psychology of Education, 7(1), 35-54.
doi:10.1023/b:spoe.0000010668.43236.60 [Google Scholar]
Ainsworth,
M. (1989). Attachment beyond infancy. American Psychologist, 44(4), 709-716.
doi:10.1037/0003-066X.44.4.709 [Google Scholar]
Almeida,
A., Pereira, B., & Valente, L. (1995) A violência infantil nos espaços
escolares: Dados preliminares de um estudo no 1º e 2º ciclo do ensino básico
[The violence agaist children in school spaces: Preliminary data from a study
in the 1st and 2nd cycle of Basic education]. In L. Almeida & I. Ribeiro
(Eds.), Avaliação Psicológica: Formas e Contextos (pp.
225-262). [Google Scholar]
Amado,
J. S., & Freire, I. P. (2002). Indisciplina e violência na escola -
compreender para prevenir [Indiscipline
and violence in schools - understanding to prevent]. Porto: Edições
Asa. [Google Scholar]
Antunes,
D. C., & Zuin, A. A. S. (2008). Do bullying ao preconceito: os desafios da bárbarie
à educação [From bullying to prejudgement: The challenges of barbarism to
education]. Revista Psicologia e Sociedade, 20(1), 33-42.
doi:10.1590/S0102-71822008000100004 [Google Scholar]
Bandeira,
C. M., & Hutz, C. S. (2012). Bullying: prevalência, implicações e
diferenças entre os gêneros [Bullying: prevalence, implications and differences
between genders]. Revista Semestral da Associação Brasileira de
Psicologia Escolar e Educacional, 16(1),
35-44. doi:10.1590/S1413-85572012000100004 [Google Scholar]
Barros,
P. C., Carvalho, J. E., & Pereira, M. B. (2009). Um estudo sobre bullying no contexto escolar [A study about
bullying in the school context]. Paper presented at the IX Congresso Nacional
de Educação EDUCERE III Encontro Sul Brasileiro de Psicopedagogia – PUCPR,
Curitiba, Brasil. Retrieved from http://hdl.handle.net/1822/10169 [Google Scholar]
Bowlby,
J. (2001). Formação e rompimento dos laços afetivos [The making and breaking of affectional bonds] (3rd ed.).
São Paulo: Martins Fontes. [Google Scholar]
Canavarro,
M. (1999). Relações afetivas e saúde mental [Affective relations and mental health]. Coimbra: Quarteto
Editora. [Google Scholar]
Carrilho,
L., & Bacelar, T. (2010). Bullying - Agressividade em contexto escolar
[Aggressiveness in school context]. Ousar Integrar. Revista de
Reinserção Social e Prova, 6,
43-59. [Google Scholar]
Carvalhosa,
S., Lima, L., & Matos, M. (2001). Bullying – A provocação/ vitimação entre
pares no contexto escolar Português [Bullying – Provocation / victimization
among peers in the Portuguese school context]. Análise
Psicológica, 19(4), 523-537.
Retrieved from http://www.scielo.mec.pt/pdf/aps/v19n4/v19n4a04.pdf [Google Scholar]
Carvalhosa,
S., Moleiro, C., & Sales, C. (2009). A situação do bullying nas escolas
portuguesas [The bullying situation in Portuguese schools]. Interacções, 5(13), 125-146. Retrieved from
http://revistas.rcaap.pt/interaccoes/article/view/400/354 [Google Scholar]
Cruz,
O. (2005). Parentalidade [Parenting].
Coimbra: Quarteto. [Google Scholar]
Cummings,
M. E., Davies, P. T., & Campbell, S. B. (2000). Developmental
psychopathology and family process: Theory, research and clinical implications.
New York, NY: Guilford Press. [Google Scholar]
Due,
P., Merlo, J., Harel-Fisch, Y., Damsgaard, M. T., Holstein, B. E., Hetland, J.,
. . . Lynch, J. (2009). Socioeconomic inequality in exposure to bullying during
adolescence: A comparative, cross-sectional, multilevel study in 35
countries. American Journal of Public Health, 99(5), 907-914.
doi:10.2105/ajph.2008.139303 [Google Scholar]
Freire,
I., Simão, A., & Ferreira, A. (2006). O estudo da violência entre pares no
3º ciclo do ensino básico – Um questionário aferido para a população escolar
portuguesa [The study of peer violence in the 3rd cycle of basic education - A
questionnaire standardized for the Portuguese school population]. Revista
Portuguesa de Educação, 19(2),
157-183. Retrieved from
http://www.scielo.mec.pt/pdf/rpe/v19n2/v19n2a08.pdf [Google Scholar]
Gomes,
R., & Gomes, R. (2000). Perceived maternal control and support as
predictors of hostile-biased attribution of intent and response selection in
aggressive boys. Aggressive Behavior, 26(2), 155-168.
doi:10.1002/(sici)1098-2337(2000)26:2<155::aid-ab2>3.0.co;2-k [Google Scholar]
Ireland,
J. L., & Power, C. L. (2004). Attachment, emotional loneliness, and
bullying behavior: A study of adult and young offenders. Aggressive
Behavior, 30(4), 298-312.
doi:10.1002/ab.20035 [Google Scholar]
Kokkinos,
C. M. (2013). Bullying and victimization in early adolescence: Associations
with attachment style and perceived parenting. Journal of School
Violence, 12(2), 174-192.
doi:10.1080/15388220.2013.766134 [Google Scholar]
Lacerda,
M. (2005). A perceção das práticas parentais pelos adolescentes:
Implicações na perceção de controlo e nas estratégias de coping [The perception of parental rearing
practices by adolescents: implications for control perception and coping
strategies] (Unpublished master's thesis). Faculdade de Psicologia e de
Ciências da Educação da Universidade de Lisboa, Portugal. [Google Scholar]
Magklara,
K., Skapinakis, P., Gkatsa, T., Bellos, S., Araya, R., Stylianidis, S., &
Mavreas, V. (2012). Bullying behaviour in schools, socioeconomic position and
psychiatric morbidity: A cross-sectional study in late adolescents in
Greece. Child and Adolescent Psychiatry and Mental Health, 6(8), 1-13.
doi:10.1186/1753-2000-6-8 [Google Scholar]
Marini,
Z. A., Dane, A. V., Bosacki, S. L., & Ylc-cura. (2006). Direct and indirect
bully-victims: Differential psychosocial risk factors associated with
adolescents involved in bullying and victimization. Aggressive
Behavior, 32(6), 551-569.
doi:10.1002/ab.20155 [Google Scholar]
Martins,
M. J. D. (2005). Agressão e vitimação entre adolescentes, em contexto escolar:
Um estudo empírico [Aggression and victimization among adolescents in school
context: An empirical study. Análise psicológica, 23(4), 401-425. Retrieved from
http://www.scielo.mec.pt/pdf/aps/v23n4/v23n4a05.pdf [Google Scholar]
Martins,
M. J. (2007). Violência interpessoal e maus-tratos entre pares, em contexto
escolar [Interpersonal violence and abuse among peers in school context. Revista
da Educação, 2, 51-78.
Retrieved from http://hdl.handle.net/10400.26/4343 [Google Scholar]
Martins,
M. J. (2009). Maus-tratos entre adolescentes na escola [Abuse among adolescents in school].
Lisboa: Editorial Novembro. [Google Scholar]
Martins,
M. J. (2011). Prevenção da indisciplina, da violência e do bullying nas escolas
[Prevention of indiscipline, violence and bullying in schools]. Proforma, 3, 1-6. Retrieved from
http://www.cefopna.edu.pt/revista/revista_03/es_01a_03_MJDM.htm [Google Scholar]
Matos,
M., Simões, C., & Gaspar, T. (2009). Violência entre pares no contexto
escolar em Portugal, nos últimos 10 anos [Peer violence in the school context
in Portugal, the last 10 years]. Interações, 5(13), 98-124. Retrieved from
http://revistas.rcaap.pt/interaccoes/article/view/399/353 [Google Scholar]
Moz,
M. J., & Zawadski, M. L. (2007). Bullying: Estratégias de
sobrevivência para crianças e adultos [Bullying: Survival strategies for children and adults]. Porto
Alegre: Artmed. [Google Scholar]
Musitu,
G., Estévez, E., Jiménez, T., & Veiga, F. (2011) Agentes de socialização da
violência e vitimização escolar [Socialization agents of violence and school
victimization]. In S. Caldeira & F. Veiga (Eds.), Intervir em
situações de indisciplina, violência e conflito (pp. 43-73).
Lisboa. [Google Scholar]
Neves,
L., Soares, I., & Silva, M. (1999) Inventário da Vinculação na Adolescência
– IPPA [Inventory Attachment in Adolescence - IPPA]. In M. R. Simões, M. M.
Gonçalves, & L. S. Almeida (Eds.), Testes e provas psicológicas em
Portugal (pp. 37-48). Braga: APPORT/SHO. [Google Scholar]
Olweus,
D. (1993). Acoso escolar, “Bullying”, en las escuelas: Hechos e
intervenciones [School abuse,
"bullying" in schools: Facts and interventions]. Centro de
Investigación para la promoción de la salude. Universidade de Bergen,
Noruega. [Google Scholar]
Olweus,
D. (1994). Annotation: Bullying at school: Basic facts and effects of a school
based intervention program. Journal of Child Psychology and
Psychiatry, 35(7),
1171-1190. doi:10.1111/j.1469-7610.1994.tb01229.x [Google Scholar]
Morata,
O. D., & S L, (1998). Conductas de acoso y amenaza entre escolares [Behaviors of abuse and threat
between schoolars]. Madrid: Ediciones. [Google Scholar]
Pereira,
B., Mendonça, D., Neto, C., Valente, L., & Smith, P. K. (2004). Bullying in
Portuguese schools. School Psychology International, 25(2), 241-254.
doi:10.1177/0143034304043690 [Google Scholar]
Pereira,
B. O. (2008). Para uma escola sem violência: Estudo e prevenção das
práticas agressivas entre crianças [For
a school without violence: study and prevention of aggressive practices among
children] (2nd ed.). Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian. [Google Scholar]
Pestana,
M. H., & Gageiro, J. N. (2008). Análise de dados para ciências
sociais: A complementaridade do SPSS [Data
analysis for the Social Sciences: The complementarity of the SPSS].
Lisboa: Edições Sílabo. [Google Scholar]
Raimundo,
R., & Seixas, S. (2009). Comportamentos de bullying no 1º ciclo: Estudo de
caso numa escola de Lisboa [Bullying behaviors in the 1st cycle: a case study
in a school in Lisbon]. Interações, 5(13), 164-186. Retrieved from http://revistas.rcaap.pt/interaccoes/article/view/402/356 [Google Scholar]
Rech,
R. R., Halpern, R., Tedesco, A., & Santos, D. F. (2013). Prevalence and
characteristics of victims and perpetrators of bullying. Jornal de
Pediatria, 89(2), 164-170.
doi:10.1016/j.jped.2013.03.006 [Google Scholar]
Seixas,
S. R. (2005). Violência escolar: Metodologias de identificação dos alunos
agressores e/ou vítimas [School Violence: Methodologies of Identification of
the aggressors and / or victims students. Análise Psicológica, 23(2), 97-110. doi:10.14417/ap.75 [Google Scholar]
Soares,
I. (2007). Relações de vinculação ao longo do desenvolvimento: Teorias
e avaliação [Attachment relations
over development]. Braga: Psiquilibrios. [Google Scholar]
Williams,
K., & Kennedy, J. H. (2012). Bullying behaviors and attachment
styles. North American Journal of Psychology, 14(2), 321-338. Retrieved from
http://najp.us/north-american-journal-of-psychology-index [Google Scholar]