Violência e saúde: Consequências dos crimes de ódio homotransfóbicos em Portugal
DOI:
https://doi.org/10.31211/rpics.2025.11.1.404Palavras-chave:
Crimes de ódio, Preconceito por orientação sexual, Violência baseada na identidade de género, Saúde mental, SubnotificaçãoResumo
Contexto: A violência contra a diversidade sexual e de género constitui um fenómeno global e estrutural, afetando sujeitos independentemente da sua orientação sexual, identidade de género, expressão de género e/ou características sexuais. Embora ainda subexplorada em Portugal, esta forma de violência tem-se intensificado, particularmente em ambientes digitais, alimentada por discursos de ódio que desafiam os padrões heteronormativos e cisnormativos. Os seus impactos estendem-se para além das vítimas diretas, comprometendo também as suas redes relacionais. Objetivo: Analisar as consequências da violência homotransfóbica em Portugal, com base em denúncias formais registadas pelas Forças de Segurança Pública e investigadas pela Polícia Judiciária entre 2015 e 2020. Método: Estudo qualitativo, descritivo e documental, baseado na análise de conteúdo de 29 autos de denúncia e inquéritos criminais oriundos de diversos Departamentos de Investigação e Ação Penal. As consequências foram organizadas em categorias temáticas (psicológicas, sociais, económicas e físicas). Resultados e Conclusões: A maioria dos crimes de ódio homotransfóbicos envolveu crimes cibernéticos, frequentemente perpetrados por agressores anónimos e reincidentes. Verificaram-se múltiplas formas de violência, com efeitos interdependentes e duradouros na saúde e no bem-estar das vítimas diretas e indiretas. Os dados reforçam a necessidade de políticas públicas integradas e intersetoriais, com enfoque na prevenção, proteção e justiça social para populações LGBTQI+.
Downloads
Referências
Assembleia da República. (2009). Lei n.º 109/2009, de 15 de setembro. Diário da República, Série I, n.º 179/2009, 6319–6325. bit.ly/4jIQr4B
Balsam, K. F., Molina, Y., Beadnell, B., Simoni, J., & Walters, K. (2011). Measuring multiple minority stress: The LGBT People of Color Microaggressions Scale. Cultural Diversity and Ethnic Minority Psychology, 17(2), 163–174. https://doi.org/bhtm33
Bardin, L. (2016). Análise de conteúdo. Edições 70.
Bento, B. (2011). Transfobia: Identidades e direitos em disputa. Editora UFSCAR.
Butler, J. (1990). Gender trouble: Feminism and the subversion of identity. Routledge.
Carvalho, M. F., & Menezes, M. S. (2021). Violência e Saúde na Vida de Pessoas LGBTI. Editora Fiocruz. https://doi.org/ppws
Cellard, A. (2008). Uma análise documental. Em J. Poupart, J.-P. Deslauriers, L.-H. Groulx, A. Laperrière, R. Mayer & A. Pires (Orgs.), A investigação qualitativa: Enfoques epistemológicos e metodológicos (pp. 295–316). Instituto Piaget.
European Union Agency for Fundamental Rights. (2024). LGBTIQ equality at a crossroads: Progress and challenges. https://doi.org/ppwh
Figley, C. R. (1995). Compassion fatigue: Coping with secondary traumatic stress disorder in those who treat the traumatized. Brunner/Mazel.
Flores, A. R., Wilson, B. D. M., Langton, L., & Meyer, I. H. (2023). Violent victimization at the intersections of sexual orientation, gender identity, and race: National Crime Victimization Survey, 2017–2019. PLOS ONE, 18(2), Artigo e0281641. https://doi.org/ppwj
Hayeck, C. M. (2009). Refletindo sobre a violência. Revista Brasileira de História & Ciências Sociais, 1(1). https://bit.ly/3SuOhdt
Herek, G. M. (1992). The social context of hate crimes: Notes on cultural heteroxism. Em G. M., Herek, & Berril, K. T (Eds.), Hate crimes: Confronting violence against lesbians and gay men (pp. 89–104). Sage.
Herek, G. M. (2004). Beyond “homophobia”: Thinking about sexual prejudice and stigma in the twenty-first century. Sexuality Research & Social Policy, 1(2), 6–24. https://doi.org/bs9d7g
Herek, G. M. (2009). Hate crimes and stigma-related experiences among sexual minority adults in the United States: Prevalence estimates from a national probability sample. Journal of Interpersonal Violence, 24(1), 54–74. https://doi.org/b2jh66
ILGA Europe. (2023). Annual Review of the human rights situation of lesbian, gay, bisexual, trans and intersex people in Europe and Central Asia. bit.ly/4kJ0VBS
Leony, M. C. (2006). Homofobia, controle social e política pública de atendimento [Trabalho de conclusão de curso, Universidade Federal de Sergipe]. Repositório BICEN.
Menezes, M. S. (2017). A violência homofóbica em Sergipe e o serviço social: Entre o processo de revitimização e viabilização de direitos humanos e sexuais para com a população LGBT [Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Sergipe]. Repositório BICEN.
Menezes, M. S. (2021). Violência contra a diversidade sexual e de género em Sergipe: uma análise dos registos oficiais da Secretaria de Segurança Pública entre os anos de 2015 e 2018 [Tese de doutoramento, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro]. Repositório PUC/Rio. https://bit.ly/4e0Sjo5
Menezes, M. S. (2024). Crimes de ódio homotransfóbicos e interseccionalidades em Portugal: Análise de casos oficiais 2015–2020. European Public & Social Innovation Review, 9(1), 1–15. https://doi.org/ppwp
Meyer, I. H. (2003). Prejudice, social stress, and mental health in lesbian, gay, and bisexual populations: Conceptual issues and research evidence. Psychological Bulletin, 129(5), 674–697. https://doi.org/ctz7wp
Meyer, I. H. (2015). Resilience in the study of minority stress and health of sexual and gender minorities. Psychology of Sexual Orientation and Gender Diversity, 2(3), 209–213. https://doi.org/gg3qp6
Natarelli, T. R. P., Braga, I. F., Oliveira, W. A., & Silva, M. A. I. (2015). O impacto da homofobia na saúde do adolescente. Escola Anna Nery: Revista de Enfermagem, 19(4), 664–670. https://doi.org/ppwq
Organização Mundial de Saúde. (1986). Carte Ottawa: Primeira conferência internacional sobre promoção de saúde. bit.ly/45ulVYq
Organização Mundial de Saúde. (2002). Relatório mundial sobre violência e saúde. https://www.cevs.rs.gov.br
Presidência do Conselho de Ministros, Ministério das Finanças & Ministério da Justiça. (1997, 13 de Fevereiro). Portaria 98/97. Diário da República, Série I-B, n.º 37. bit.ly/4dJCthu
Presidência do Conselho de Ministros. (2018). Resolução do Conselho de Ministros n.º 61/2018 n.º 61/2018, de 21 de maio: Plano Nacional de Ação para o Combate à Discriminação em Razão da Orientação Sexual, Identidade de Género, Expressões de Género e Características Sexuais (PNAOIEC). Diário da República, 1.ª série, n.º 97. bit.ly/4mAUdiU
Robert Wood Johnson Foundation. (2010). New way to talk about the social determinants of health. Robert Wood Johnson Foundation. https://www.rwjf.org/
Russell, S. T., & Fish, J. N. (2016). Mental health in Lesbian, Gay, Bisexual, and Transgender (LGBT) youth. Annual Review Clinicall Psychology, 12, 465–487. https://doi.org/gfj4mw
Saleiro, S. P., Ramalho, N., Menezes, M. S., & Gato, J. (2022). Estudo nacional sobre as necessidades das pessoas LGBTI e sobre a discriminação em razão da orientação sexual, identidade e expressão de género e características sexuais. Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género. https://bit.ly/3Fr075z
Salerno, J. P., Williams, N. D., & Gattamorta, K. A. (2020). LGBTQ populations: Psychologically vulnerable communities in the COVID-19 pandemic. Psychological Trauma: Theory, Research, Practice, and Policy, 12(S1), S239–S242. https://doi.org/ffrq
Santos, A. C., Almada, M., & Capucho, R. (2020). A violência contra pessoas LGBTI em Portugal: Experiências de discriminação, vitimação e resistência. ILGA Portugal / CIEG-ISCSP.
Tagliamento, G., Silva, S. C., Silva, D. B., Marques, G. S., Hasson, R.., & Santos, G. E. (2020). Minha dor vem de você. Uma análise das consequências da LGBTfobia na saúde mental de pessoas LGBTs. Universidade Tuiuti.
United Nations. (2018). Transforming our world: The 2030 Agenda for Sustainable Development. United Nations. https://sdgs.un.org/2030agenda
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Secção
Licença
Direitos de Autor (c) 2025 Moisés Santos de Menezes

Este trabalho encontra-se publicado com a Creative Commons Atribuição-NãoComercial 4.0.
Os autores conservam os direitos de autor e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons - Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional que permite a partilha do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.