Rede social de pessoas com consumos aditivos e dependências

Autores

  • Ana Paula Caetano IPSS Florinhas do Vouga, Aveiro, Portugal https://orcid.org/0000-0001-7759-524X
  • Sónia Guadalupe Centro de Estudos da População, Economia e Sociedade; Centro de Investigação Universitário do Instituto Universitário de Lisboa; Instituto Superior Miguel Torga, Coimbra, Portugal http://orcid.org/0000-0003-4898-3942

DOI:

https://doi.org/10.7342/ismt.rpics.2017.3.1.44

Palavras-chave:

Consumos aditivos e dependências, Exclusão social, Rede social, Serviço social, Suporte social

Resumo

Contexto e Objetivos: As redes sociais desempenham um papel central na qualidade de vida da pessoa com comportamentos aditivos, determinantes, tanto na manutenção como na compensação e na reabilitação destes comportamentos. Este estudo tem como objetivo caracterizar as redes sociais de pessoas com consumos aditivos e dependências em situação ou risco de exclusão social. Métodos: Participaram 30 sujeitos consumidores de substâncias psicoativas, com idades compreendidas entre os 24 e os 65 anos (M ± DP = 43,03 ± 10,10), a maioria do sexo masculino (80,0%), não tendo fonte de rendimentos na maior parte (46,7%) ou sendo apoiados por medidas de política social (53,3%). A maioria tem como substância principal de consumo a heroína (63,3%). Avaliámos as dimensões estrutural, funcional e relacional-contextual das suas redes com o Instrumento de Análise da Rede Social Pessoal. Resultados: As redes dos inquiridos são constituídas, em média, por 7 elementos, predominando as relações familiares; são fragmentadas, constituídas essencialmente por membros das redes primárias, ainda que as secundárias representem cerca de ¼ dos membros. A reciprocidade e o nível de apoio social percebido são elevados, assim como o apoio emocional e informativo. Os indivíduos inquiridos, na sua maioria, refere ter membros na rede com CAD na rede social (77,0%), relações que ocupam mais de 20,0% do tamanho das redes. Analisámos comparativamente as redes segundo privação material e de abrigo, não tendo emergido diferenças significativas (p > 0,05), ainda que os perfis de rede sugiram diferentes estratégias de ativação do suporte. Conclusões: O estudo confirma a importância da avaliação da rede social em pessoas com comportamentos aditivos e dependências. A planificação da intervenção social deve integrar as características da rede pertinentes para o suporte na redução do uso abusivo de substâncias e dos riscos associados, assim como para a promoção do bem-estar social e da cidadania. 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Alarcão, M., & Sousa, L. (2007). Rede social pessoal: Do conceito à avaliação [Personal social network: From concept to evaluation]. Psychologica, 44, 353-376. [Google Scholar] [Handle]

Andrade, P. V., Carapinha, L., Sampaio, M., Shirley, S., Rodrigues, I., & Silva, M. (2007). Para além do espelho a intervenção de proximidade nas toxicodependências [Beyond the mirror, proximity intervention in drug addiction]. Toxicodependências, 13(2), 9-24. [Google Scholar] [URL]

Barbosa, J. (2011). Enfrentar “novos riscos” e resgatar a cidadania perdida: Práticas de Serviço Social no seio das políticas de redução de danos [Facing "new risks" and rescuing lost citizenship: Social service practices within harm reduction policies]. Toxicodependências, 17(1), 71-84. [Google Scholar] [Scielo]

Bohnert, A. S. B., Bradshaw, C. P., & Latkin, C. A. (2009). A social network perspective on heroin and cocaine use among adults: Evidence of bidirectional influences. Addiction, 104(7), 1210-1218. [Google Scholar] [CrossRef]

Born, M., & Lionti, A. M. (1996). Familles pauvres et intervention en réseau [Poor families and network intervention]. Paris: L’Harmattan. [Google Scholar]

Botella, H. C. (2007). Redes de apoyo para la integración social: La família [Support networks for social integration: The family]. Salud y Drogas, 7(1), 45-56. [Google Scholar] [Redalyc]

Castel, R. (1998). As metamorfoses da questão social: Uma crônica do salário [The metamorphoses of the social question: A chronicle of wages]. Pertópolis: Vozes. [Google Scholar]

Cavalcante, L. P., Falcão, R. S. T., Lima, H. P., Marinho, A. M., Macedo, J. Q., & Braga, V. A. B. (2012). Rede de apoio social ao dependente químico: Ecomapa como instrumental na assistência em saúde [social support net for chemically dependents: Ecomap as instrumental in health assistance]. Revista da Rede de Enfermagem do Nordeste, 13(2), 321-331. [Google Scholar] [CrossRef]

Chadi, M. (2000). Redes sociales en el trabajo social [Social networks in social work]. Buenos Aires: Espacio Editorial. [Google Scholar] [URL]

Costa, A. B. (2004). Exclusões sociais [Social exclusions]. Lisboa: Gradiva. [Google Scholar]

CRIA — Centro Respostas Integradas Aveiro. (2012). Resumo do diagnóstico “álcool e drogas” do concelho de Aveiro [Alcohol and drugs diagnosis summary of the county of Aveiro]. Portugal: Centro Respostas Integradas Aveiro. [PDF]

Davey, M. A., Latkin, C. A., Hua, W., Tobin, K. E., & Strathdee, S. (2007). Individual and social networks factors that predict entry to drug treatment. The American Journal on Addictions, 16(1), 38-45. [Google Scholar] [CrossRef]

El-Bassel, N., Chen, D. R., & Cooper, D. (1998). Social support and social network profiles among women on methadone. Social Service Review, 72(3), 379-491. [Google Scholar] [CrossRef]

EMCDDA. (2002). Relatório anual sobre a evolução do fenómeno da droga na União Europeia e Noruega [2002 Annual report on the state of the drugs problem in the European Union and Norway]. [URL]

Fernandes, L., Pinto, M. S., & Oliveira, M. (2006). Caracterização e análise crítica das práticas de redução de riscos na área das drogas em Portugal [Characterization and critical analysis of risk reduction practices in the drug area in Portugal]. Toxicodependências, 12(2), 71-82. [Google Scholar] [PDF]

Garmendia, M. L., Alvarado, M. E., Montenegro, M., & Pino, P. (2008). Importancia del apoyo social en la permanência de la abstinência del consumo de drogas [Social support as a protective factor of recurrence after drug addiction treatment]. Revista Médica Chile, 136(2), 169-178. [Google Scholar] [CrossRef]

Godinho, R. (2007). Estudo comparativo entre uma população toxicodependente sem-abrigo e uma população toxicodependente domiciliada: Aspetos psicossociais e psicopatológicos [Comparative study between a homeless drug-dependent population and a domiciled drug-dependent population: Psychosocial and psychopathological aspects]. Toxicodependências, 13(3), 3-14. [Google Scholar] [PDF]

Guadalupe, S. (2009). Intervenção em Rede: Serviço social, sistémica e redes de suporte social [Network Intervention: Social, systemic, and social support networks]. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra. [Google Scholar] [CrossRef]

Guay, J. (1984). L’intervenant professionnel face à l’aide naturelle [The professional speaker facing natural help]. Montréal: Gaëtan Morin. [Google Scholar]

Lacroix, J. (1990). L’individu, sa famille et son réseau: Les therápies familiales systémiques [The individual, his family and his network: Systemic family therápies]. Paris: ESF editeur. [Google Scholar]

Leandro, M., & Ferreira, L. (2011). Os laços sociais em questão: Metamorfoses sociais, metamorfoses de uma nação [The social ties in question: Social metamorphoses, metamorphoses of a nation]. In M. E. Leandro (Ed.), Laços familiares e sociais (pp. 27-57). Viseu: Psicossoma. [Google Scholar]

Ló, A. (2011). Integração social e estratégias de mediação [Social integration and mediation strategies]. Toxicodependências, 17(1), 53-60. [Google Scholar] [Scielo]

López, S. A. (2010). Estrategias para la diversificación de la red personal de personas drogodependientes en processo de reinserción [Strategies for the diversification of the personal network of drug addicts in the process of reintegration]. Revista Hispana Para el Análisis de Redes Sociales, 18(7), 163-182. [Google Scholar] [URL]

Matias, M., & Fernandes, L. (2009). Desarrumar o medo … o arrumador de carros como figura do medo na cidade [Dishevel fear ... the usher of cars as a figure of fear in the city]. Toxicodependências, 15(3), 9-22. [Google Scholar] [PDF]

Mericle, A. (2014). The role of social networks in recovery from alcohol and drug abuse. The American Journal of Drug and Alcohol Abuse, 40(3), 178-180. [Google Scholar] [CrossRef]

Panebianco, D., Gallupe, O., Carrigton, P. J., & Colozzi, I. (2015). Personal support networks, social capital, and risk of relapse among individuals treated for substance use issues. International Journal of Drug Policy, 27, 146-153. [Google Scholar] [CrossRef]

Paugam, S. (2000). A desqualificação social [Social disqualification]. In M. H. Soulet (Ed.), Da não-integração (pp. 107-135). Coimbra: Quarteto. [Google Scholar]

Pinto, M. S., & Peixoto, S. S. (2003). Trabalhos de rua com consumidores de drogas - Obstáculos sentidos no norte de Portugal [Street works with drug users - Obstacles felt in the North of Portugal]. Toxicodependências, 9(2), 51-60. [Google Scholar] [PDF]

Rosa, V., & Guadalupe, S. (2015). A rutura dos laços sociais nas narrativas da pessoa em situação de sem-abrigo. Intervenção Social, 42/45, 171-190. [Google Scholar] [ResearchGate]

SICAD — Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências. (2013). Relatório Anual 2013 - A situação do país em matéria de drogas e toxicodependências [Annual Report 2013 - The country's situation with regard to drugs and drug addiction]. [Google Scholar] [PDF]

Silva, J. A. S. (2001). As redes sociais e o percurso na toxicodependência: O tratamento como instrumento de reinserção [Social networks and the path in drug addiction: Treatment as an instrument of reintegration]. Toxicodependências, 7(1), 23-34. [Google Scholar] [PDF]

Sluzki, C. E. (1996). La red social: Frontera de la practica sistémica [The social network: Frontier of the systemic practice]. Barcelona: Editorial Gedisa. [Google Scholar]

Souza, J., Kantorski, L. P., Vasters, G. P., & Luís, M. A. V. (2011). Rede social de usuários de álcool, sob tratamento, em um serviço de saúde mental [The social network of alcohol users undergoing treatment in a mental health service]. Revista Latino-Americana de Enfermagem, 19(1), 1-8. [Google Scholar] [CrossRef]

Souza, J., & Kantorski, L. P. (2009). A rede social de indivíduos sob tratamento em um CAPS ad: O ecomapa como recurso [The social network of individuals under treatment at a psychosocial care center for alcohol and drugs (CAPS ad): The ecomap as a resource]. Revista da Escola de Enfermagem da USP, 43(2), 373-383. [Google Scholar] [CrossRef]

Souza, J., Kantorski, L. P., & Mielke, F. B. (2006). Vínculos e redes sociais de indivíduos dependentes de substâncias psicoativas sob tratamento em CAPS AD [Bonds and social networks among individuals dependent on psychoactive substances under treatment at a CAPS AD]. Revista Eletrónica Saúde Mental Álcool e Drogas, 2(1), 1-17. [Google Scholar] [CrossRef]

Tracy, E. M., Min, M. O., Park, H., Jun, M., Brown, S., & Francis, M. W. (2016). Personal network structure and substance use in women by 12 months post treatment intake. Journal of Substance Abuse Treatment, 62, 55-61. [Google Scholar] [CrossRef]

Tucker, J. A., Cheong, J., Chandler, S. D., Crawford, S. M., & Simpson, C. A. (2015). Social networks and substance use among at-risk emerging adults living in disadvantaged urban areas in the southern United States: A cross-sectional naturalistic study. Addiction, 110(9), 1524-1532. [Google Scholar] [CrossRef]

Vanegas, M. A. Z. (2009). La família, soporte para la recuperación de la adicción a las drogas [Family, recovery support for drug addiction disease]. Revista CES Psicología, 2(2), 86-94. [Google Scholar] [URL]

Downloads

Publicado

28-02-2017

Como Citar

Caetano, A. P., & Guadalupe, S. (2017). Rede social de pessoas com consumos aditivos e dependências. Revista Portuguesa De Investigação Comportamental E Social, 3(1), 14–26. https://doi.org/10.7342/ismt.rpics.2017.3.1.44

Edição

Secção

Artigo Original

Artigos mais lidos do(s) mesmo(s) autor(es)